quarta-feira, 1 de abril de 2015

A BARRAGEM DE IGUAPE - UM DESASTRE AMBIENTAL





Como em um “passe de mágica” uma moita de aguapés aparece na praia.


Quero deixar bem claro minha opinião como jornalista que sou. “Se” a Barragem do Valo Grande tivesse sido construída, por certo muitos dos problemas aqui citados e mostrados, não teriam acontecido.



O aguapé já seco e troncos de árvores jogados na praia.
Há algum tempo venho pensando em denunciar este crime ambiental que está acontecendo no rio Ribeira em Iguape e no Mar Pequeno e praias da Ilha Comprida. Depois de muito pesquisar e cansar os olhos de tanto ler documentos e artigos já escritos e alguns publicados na imprensa deste nosso Brasil – para não escrever bobagens - cheguei à conclusão de que “vou ser mais uma voz pregando no deserto”, no que se refere a este assunto. Assim sendo, vou publicar trechos, citando os autores, que eu “pincei” na Internet, bem como as fotos de minha autoria, que com certeza mostrarão melhor do que as minhas palavras, o “tal” crime ambiental. Deixo de citar a Refinaria de Plumbum, que extraia chumbo no Alto Ribeira e que funcionou durante 50 anos na região. O leitor mais atento poderá na Internet, constatar que até as águas do rio Ribeira foram (ou ainda estão?)contaminadas. 

Restos de aguapé, ainda verdes, nas praias da Ilha Comprida.


Texto do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica publicado na Internet.

Barragem do Valo Grande 

O empreendimento conhecido por Barragem do Valo Grande se diferencia dos demais em termos de concepção e de finalidade. O barramento foi executado em 1977/78 para fechar o leito do canal denominado Valo Grande, na zona urbana de Iguape, no município de mesmo nome. O Valo Grande liga o rio Ribeira de Iguape ao Mar Pequeno, e foi executado para encurtar em cerca de 60 km a distância de transporte entre o bairro Três Barras e o então Porto de Iguape, situado no Mar Pequeno. 

Antes da abertura do canal, a viagem era feita percorrendo parte pelo leito original do rio e parte pelo Mar Pequeno. A barragem foi construída com os objetivos de: 

a) evitar a descarga contínua de água do Ribeira de Iguape para proteção ambiental do Mar Pequeno; 

b) interligar a rodovia SP-222, onde a travessia era feita por balsa; 
c) evitar a erosão contínua das margens. 
Com o barramento, porém, começaram a ocorrer inundações em áreas ocupadas por agricultura e áreas urbanas, dada a incapacidade de drenagem do leito antigo do Ribeira de Iguape, por este estar assoreado devido ao longo período de permanência com vazão, que passou a veicular preferencialmente (estima-se cerca de 60% do total) pelo Valo Grande. 

Como solução para atender de forma conciliadora os conflitantes interesses de, por um lado, à necessidade de mitigar os impactos das cheias à montante da obra e, de outro, possibilitar a proteção ambiental da região do Mar Pequeno, à jusante, o DAEE contratou, em 1980, estudos para melhor avaliação dos impactos socioeconômicos e ambientais devidos à obra. 

Dentre as diversas alternativas estudadas, foi aprovada pelo CEEIGUAPE (Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape) a que contempla a implantação de mecanismo de controle de vazão, de tal forma que as águas sejam barradas durante as estiagens, para proteção ambiental à jusante, e maximizada a capacidade de drenagem, para diminuir os problemas advindos das cheias à montante. 

Local: Iguape/ canal artificial Valo Grande
Quantas comportas: 18
Vertedouro: controlado por comporta
Eclusa para pequenas embarcações (dimensões da câmara da eclusa: 5x15m)
Vazão regularizadora: capacidade máxima de vazão: 1.600 m3/s
Quando foi construída: Barragem (1977/78); Vertedouro (1990/1992)

Praias de areias sujas.


   Os trilhos para o guindaste da barragem. São 36 no total
Em Agosto de 2011, a Juíza de Direito Fernanda Alves da Rocha Branco de Oliva Politi, da 2ª Vara Judicial de Iguape, determinou que a barragem do Valo Grande fosse concluída, o canal limpo e drenado e definitivamente fechado, com a esperança de que os peixes e mariscos voltem ao Mar Pequeno, e que o Porto de Iguape volte a ser um importante entreposto agrícola. Só o tempo dirá se a determinação será cumprida. Texto de Frederico Landre.

Neste trecho ao norte da Ilha Comprida, muitas casas desabaram.
Texto Internet da página do Dep. Samuel Moreira

O prefeito Décio Ventura, da Ilha Comprida, agradeceu ao deputado Samuel Moreira e ao governador José Serra pela obra. “Dentre todas as obras que você conquistou para a região, eu não tenho dúvida que a construção das comportas do Valo Grande é a de maior impacto porque permitirá vermos de novo o Mar Pequeno como era e fará a diferença para a região de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia”, afirmou.

O deputado Samuel lembrou que as comportas da Barragem do Valo Grande são reivindicadas há 25 anos. “É uma luta histórica e de muita gente”, ressaltou ele, lembrando que recuperar a salinidade do Mar Pequeno, naquela região, será importante para São Paulo e para o Brasil. Destacou que o governador José Serra participou de perto desse processo, desde que era secretário do Planejamento, e que o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes, também conhece o problema. (N.R. Discursos no lançamento da obra)


A Barragem de Iguape a jusante
Moitas de aguapés nas margens

Barragem de Iguape a montante

Técnicos debruçaram-se sobre o problema e propuseram como melhor, e bem pensada, solução para o complexo problema a construção de uma nova barragem, mas agora com vertedouro e comportas de controle de vazão e com eclusa para possibilitar a navegação. A proteção das margens e do fundo do canal contra a erosão constituía parte integrante desse mesmo projeto. Em 1993 as obras civis da nova barragem foram concluídas, porém as instalações hidráulicas (vertedouro, comportas e eclusa) não foram executadas por alegada escassez de recursos financeiros para tanto (quantos votos tem Iguape?). Boa parte dessas obras civis já foi hoje também comprometida. (Parte de texto do autor na Internet)

Álvaro Rodrigues dos Santos É geólogo, autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar” e “Cubatão”; consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia.
Há três semanas eu parei meu carro na sombra deste chapéu de sol agora caído.                                                                       
                                                                                                                        

Esta construção “era” uma lanchonete há um mês atrás


Restos de construções destruídas. Cena comum nas praias da Ilha Comprida.

NOTA DA REDAÇÃO: Como sempre faço em minhas matérias publicadas, caso eu queira acrescentar alguma coisa a mais na pauta, não poderia agora deixar de dar esta nota. Eu chego a ter vergonha de ser brasileiro. Não por ter nascido neste país maravilhoso chamado Brasil, mas sim, pelos políticos eleitos - mesmo não tendo neles votado - e que me representam como cidadão em todos os órgãos nas mais diferentes esferas do poder. A data de publicação desta matéria é 1º de abril de 2015. Não foi esta data planejada, mas veio bem a calhar, tantas são as mentiras aqui contidas. E o que é pior, muitos dos políticos aqui citados, até hoje ocupam cargos a que foram eleitos pelo voto. Isto se chama democracia. Antonio Lopes da Silva

Leia também a continuação desta postagem Parte II em Junho/2015 e Parte III setembro/2015.

6 comentários:

  1. o que aconteceu em minas a barragem que rompeu , aqui em iguape acontece todo ano, com essa agua barrenta , e ninguem ta nem ai, aqui ta tudo açoreado por causa da lama e ai cade o meio ambiente

    ResponderExcluir
  2. Prezado Armando Verasto: Com os meus botões eu já tinha conversado seriamente sobre o nosso problema e as muitas coincidências, guardadas as proporções, com o rompimento da barragem da Samarco e suas consequências. Senão vejamos: ao compararmos os dois textos que aparecem na mídia, palavras iguais podem ser comparadas - barragem, água barrenta, destruição de meio ambiente, pessoas prejudicadas, turismo diminuído, peixes mortos, dejetos verdes diretos no mar, etc. O "nosso problema" apesar de ser muito mais antigo, também mostra a ineficácia de nossas autoridades de meio ambiente, bem como de nosso judiciário, pois há uma ação na 2ª Vara Civil de Iguape, que determina o fechamento dessa ignóbil barragem e não cumprida. Políticos como José Serra, na época governador – hoje senador – Geraldo Alkmin, na época Secretário de Estado e hoje governador – Samuel Moreira na época Dep. Estadual e hoje Dep. Federal – Décio Ventura na época e hoje Prefeito de Ilha Comprida, diziam ser a barragem de Iguape, a maior obra que o Vale do Ribeira teria recebido dos políticos citados. O tempo provou que continua sendo a “maior obra” sim do Vale do Ribeira, só que agora em termos pejorativos. Como escrito em nossas postagens (são três) sobre a barragem, mostramos os aguapés crescendo em todo o Mar Pequeno, fechando passagens, estreitando caminhos aquáticos, matando manguezais e asfixiando as águas do canal, além de que, nas “marés grandes” serem jogados no mar às toneladas, virando depois, montanhas de lixo enormes em nossas tão decantadas, em prosa e verso, praias da Ilha. Qual a finalidade da Barragem de Iguape continuar aberta? Quanto foi gasto em verba publica para a construção do que ali está? E finalmente a pergunta que fica e que deve ser respondida não por um jornalista, mas sim por um técnico no assunto: essa barragem aberta é o motivo do assoreamento da ponta norte da Ilha Comprida, que já consumiu cerca de 2 km de praia e derrubou dezenas de casas? E ainda, é a barragem a responsável pela mudança de curso do Rio Ribeira de Iguape, estando agora a formar uma única saída com o Mar Pequeno, na chamada Praia do Leste? É de se lamentar a atual situação e, vamos esperar que, os políticos aqui citados nominalmente, tenham a hombridade de nos responder. Obrigado pela sua participação.

    ResponderExcluir
  3. Os Srs. acham que Serra e companhia Ltda. estao preocupados com uma mera barragem.
    Cade o DECIO VENTURA prefeito da ilha e o prefeito de iguape o que fazem.
    Nada e nada.
    Com a abertura definitiva do valo grande a 5 anos atras acabou a pescaria de robalo.
    O mar pequeno na regiao de iguape virou um lixao, e nosso dois prefeito bem tranquilo.
    O de Iguape cassado e o da Ilha comprida no mesmo caminho.
    Com este politico na administracao acha que vai sair barragem do valo grande.
    Nem DEUS sabe.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado amigo(a): Eu não costumo responder à anônimos. Mas na sua carta, você apenas dá sua opinião e percebo que não leu todas as nossas matérias sobre a Barragem de Iguape, já que responde junto ao rodapé da matéria primeira que fizemos em abril de 2015.Vou então abrir uma exceção. Primeiro saiba que fizemos mais duas matérias sobre a barragem: em maio e em setembro de 2015. Recomendo que as leia. Vamos lá. Você cita o prefeito de Ilha Comprida Décio Ventura (PSDB) e o prefeito de Iguape Joaquim Antonio Coutinho Ribeiro, vulgo "Tony" (PMDB) e deixa de lado os "pais da Barragem" estes sim, os principais responsáveis pela obra: José Serra, hoje senador, era Governador do estado de São Paulo, seu Secretário do Desenvolvimento na época era Geraldo Alckmin, hoje Governador de São Paulo e o principal articulador da obra era o dep. estadual Samuel Moreira, hoje deputado federal. Dado os "nomes aos bois", vamos aos fatos. Na citadas matérias acima e por nós publicadas em nosso blog, fazemos alusão ao problemas que o Mar Pequeno sofre com suas águas sempre sujas. Manguezais sendo destruídos, várias espécies de peixes que não entram mais no canal com sua água, guardadas as proporções, da mesma tonalidade das de Mariana MG.Vários outros organismos aquáticos estão desaparecendo também. Com tristeza vejo publicações no Facebook, onde se mostra a "fartura" de manjubas, sendo vendidas a R$2,00 o quilo.O robalo se fosse pescado no canal, teria seu preço por volta de R$20,00 o que significa que para um quilo de robalo, seriam precisos 10 quilos de manjubas para o mesmo ganho. E o prejuízo em se tratando de turismo? Quantos pescadores amadores deixaram de vir aqui pescar, em virtude das citadas águas? O que lucram mercados, pousadas, pesqueiros, vendas de iscas, etc? É isso meu amigo(a), entendo a sua revolta. Ela é mutua. Mas desta vez temos uma boa arma nas mãos: as eleições municipais estão aí neste ano. Façamos o seguinte - não vote em nenhum candidato que os dois prefeitos citados indicarem, bem como nos candidatos a vereador dos dois partidos. É que nos resta, até termos "alguém" com vergonha na cara o suficiente para repararmos esse absurdo que é essa barragem aberta. Abraço

      Excluir
  4. Dragar o antigo curso do Rio, recuperando a profundidade, não seria a solução para fechar o Valo Grande definitivamente sem acarretar problemas aos moradores das margens? O antigo curso do rio pelo que deu a entender está completamente assoreado por causa do desvio do fluxo.

    ResponderExcluir
  5. Essa talvez, já que não sou técnico no assunto, seja uma das soluções José Santos. Mas acredito que o custo dessa obra seria colossal, em se tratando de meio ambiente, que não é levado a sério por nossos governantes. Que está assoreado não há dúvida alguma, já que se percorrermos o canal com um sonar, veremos que a profundidade média, desde a ponte até o foz é de apenas 4,5 metros e cada vez diminui mais. No entanto, fechar a barragem, com certeza, evitaria mais o assoreamento, já que é o rio que trás toda o material que o provoca. Mas para a defesa da Ilha, o que precisamos mesmo, ainda na opinião de um não técnico seria um molhe lá na foz, com uma distância razoável, para que os detritos do rio Ribeira, fosse jogados para mais longe das nossas praias, já que hoje a foz do canal e do rio estão uma só. E mais: fazer um muro de contenção de verdade e não esse feito pelo Prefeito, usando material tirado do calçamento de ruas aqui da Ilha Comprida, com areia como sua base. Um muro usando-se estruturas com concreto e base de fundação, como é feito em outros países, resolveria os desabamentos. Ou então, usando material mais barato, fazer a fundação com grandes pedras e usando-as para barragem praia a adentro, evitariam as ressacas com certeza. pedras grandes, podem ser entendidas como as usadas, por exemplo, nos canais de São Vicente e de Santos, na Ponta da Praia, molhes de Rio Grande - RS - para não relacionar outros locais, Brasil e mundo afora. Grato por sua participação.

    ResponderExcluir