sexta-feira, 24 de abril de 2015

ROTEIRO RONDÔNIA - BARRAGEM SAMUEL











llhas de capim com galhadas                                                                                                                                                                    

O estado de Rondônia já era nosso velho conhecido, já que por lá havíamos feito matérias, principalmente na região do rio Guaporé. Mais recentemente estivemos nesse estado fazendo outra matéria e esta causou enorme repercussão entre nossos leitores – O Ultimo Tombo do Machado. Naquela ocasião, vindo de Porto Velho para Ariquemes, obrigatoriamente tivemos que passar junto à Barragem de Samuel, que, diga-se de passagem, nos impressionou bastante, tal a beleza de suas características, já que é uma represa bastante nova, construída há aproximadamente seis anos, e que mantém ainda sua mata original e parcialmente submersa. Para se ter uma idéia das “galhadas” existentes nessa barragem, dependendo do lugar e estando-se ao nível da superfície, quase não dá para ver a água da represa, tal é a quantidade de árvores em seu leito.

Fim da briga                                                                                                    

Da esquerda para direita: Edson, Denivaldo e Denilson                                                                                                                        

Por informação dos companheiros ariquemenses, soubemos que o peixe em evidência na região de Samuel é o tucunaré.  Na volta da matéria no Machado, fiz questão inclusive de parar às margens de Samuel, para verificar a cor da água e características de margem e solo. Naquela ocasião, ali mesmo da margem, conseguimos ver dois tucunarés pequenos perto de uma galhada caída. Como pescador, o leitor pode avaliar o quanto essa idéia de fazer matéria/pescaria, ficou martelando em nossa cabeça, pois por nossa experiência sabíamos de antemão que seria sensacional. Pois bem, só para se ter uma idéia, Samuel tem 130 quilômetros de extensão e aproximadamente 540 quilômetros quadrados de área alagada. São vários rios que jogam suas águas na barragem, mas em especial citaremos apenas o rio Preto e o rio Jamari, sendo este último o maior deles, que continua depois da barragem indo desaguar direto no rio Madeira.


De cima para baixo: o macho e a fêmea do tucunaré                                                                                                                          

O nosso ponto de pesca, escolhemos perto de uma ponte, sobre o rio Preto, de onde se consegue descer com segurança com o carro para se colocar o barco na água. Nessa ponte o rio Preto já está alagado, mas percebe-se perfeitamente bem seu traçado no meio das galhadas, e é por esse traçado que devemos navegar, pois há mais segurança. Estando no rio passamos então a escolher os pontos de pesca que mais podem nos interessar, e tal tarefa não é difícil, já que quem pesca tucunaré sabe que os melhores pesqueiros sempre estão perto de galhadas, e isso é coisa que não falta nesse local. Poderíamos até dizer que “existem mais galhadas do que água”. Pescamos dois dias perto dessa ponte, afastando-nos dela no máximo três quilômetros, ou seja, quase nada em matéria de exploração de pesqueiros. Nossa melhor opção foi descer o rio Preto até chegar na junção com o rio Jamari. 
                                                                                                                        

Piranha preta  

Nesse ponto, a baía abre-se bastante e teremos então uma largura de mais ou menos dois quilômetros de uma margem à outra. As galhadas continuam, mas no Jamari há uma outra boa opção para os tucunarés: aguapés. Lentamente entramos nessa baía e começamos a dar nossos lances junto às pequenas enseadas no meio dos aguapés. A resposta não demorou e já começamos a fisgar os primeiros tucunarés. Hoje, graças a Deus, o tucunaré está difundido em todo o nosso país, e já o pescamos nas mais diversas regiões, mas um capitulo à parte é esse tucunaré de Samuel, pois nunca vimos um peixe que brigasse tanto. Começamos a pescar com linha 0.30 mm e depois de três ou quatro peixes, passamos para a linha 0.40 mm, lamentando o fato de não termos uma 0.45 mm, pois quando os grandes fisgavam, na maioria das vezes não conseguíamos segurá-los: o peixe inevitavelmente se enrosca nas galhadas submersas.


Um belo exemplar de jacundá-pinima                                                                                                                                                  

O ideal para uma futura pescaria no Samuel “pode até ser uma linha de 0.40 mm”, mas será inevitável fazer-se um líder com linha 0.60 mm. Pescamos apenas dois dias nessa barragem, e entre peixes embarcados e aqueles dos quais não conseguimos nem ver a “cara”, com certeza foram mais de 200 tucunarés. Dentro do barco colocamos cerca de 60 tucunarés, escolhidos entre 1,5 a 4 kg. E com certeza, deve haver peixes bem maiores do que esses, já que alguns atacavam nossas iscas e iam direto para as galhadas submersas, não deixando a nós qualquer chance de tentar segurá-los. Lembro-me em especial de um, que no meio da briga estourou minha linha, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e quase caísse na água. Além dos tucunarés, fisgamos ainda jacundás e traíras. Sobre os tucunarés podemos afirmar que a espécie mais abundante (considerando a amostragem que fisgamos) é a amarela, e o nosso maior peixe embarcado chegou a 4.150 kg. 
                                                                                                                                              

A semelhança entre a isca natural e a artificial                                                                                                                                    
                                                                                                                           
Mas no rio Jamari há ainda outras opções de pesca, pois como dissemos, na citada ponte percebe-se claramente o leito do rio, onde praticamente é o início das águas represadas. Tivemos informação, por exemplo, que é possível fisgar nos poções peixes como pintado (máximo de 16 kg), jaú, barbado, cachorra, pirarara e jundiá, peixes de couro que atingem 12 quilos. Com uma boa ceva de milho e farelo, também pesca-se muito bem piaus enormes e pacus-prata. Como não poderia deixar de ser, existem também as piranhas, que são pretas de olhos vermelhos, e que chegam a pesar 4 kg. Fisgamos algumas de 2 kg. A média de profundidade do lago é de 20 metros, mas no leito dos rios as profundidades são bem maiores. Para explicar a quantidade de tucunarés, temos que obrigatoriamente falar da farta alimentação que há para eles, constituída de sardinha branca (fisgamos uma na isca artificial), lambari, piaus, ferreirinha e mais uma infinidade de outros pequenos peixes, que se consegue ver aos cardumes.        
                                                                                                          
Todos acima de 3 kg                                                                                                                                                                                

Há inclusive um muito bonito, que se assemelha a um lambari, mas que tem as nadadeiras e o rabo amarelos, e o corpo todo riscado de preto. No dia em que chegamos bem cedo no rio Jamari, ficamos impressionados com a ação dos tucunarés, pois conseguimos vê-los “batendo” na superfície da água atrás dos pequenos peixes. Quando isso aconteceu perto de nós foi uma covardia, pois era só jogar a isca em cima do “rebojo” e fisgar o peixe imediatamente. Como material usamos iscas artificiais Red Fin 900 (não importa a cor), Bomber 15 e 16, poppers e iscas de superfície tais como zaras e sticks. Usamos ainda varas de 30 libras e Abu 5.500 C3 e linha 0.40 mm. Um outro fato bastante curioso foi a presença de um jacaré-açu bem no meio do rio e na superfície da água. Chegamos bem perto do “bicho”, que parecia estar morto, mas quando a distância diminuiu, mergulhou. O detalhe é que ele tinha aproximadamente 5 metros e há muito tempo não víamos um jacaré desse porte.

O mapa da “mina”                                                                                                                                                                                     

Com toda nossa experiência acumulada em viagens por este Brasil afora, não temos nenhum receio de apontar a Usina de Samuel como um excelente local para a pesca. Infelizmente, no local não há nenhum tipo de infra-estrutura, e assim sendo, para pescar nesse local será necessário levar barco e motor. Se o pescador desejar, poderá acampar as margens da barragem, o que não deixa de ser uma boa opção. No entanto, pela proximidade da cidade de Ariquemes, que dista apenas 50 quilômetros da ponte citada, achamos melhor esta opção. Ariquemes é uma cidade de porte médio, com toda a infra-estrutura necessária, como hotéis, supermercados, farmácia, hospital, etc. A distância até a Barragem de Samuel partindo de São Paulo é de 2.870 quilômetros via Campo Grande, Cuiabá, Vilhena, etc. Pode a princípio parecer um pouco longe esse novo roteiro, mas a compensação é a piscosidade do local, ainda praticamente virgem no que se refere a pesca predatória. Vale a pena conferir os grandes tucunarés de Samuel. A estrada é totalmente asfaltada e em velocidade regular e com muita calma, consegue-se chegar em dois dias ou dois dias e meio, tendo São Paulo como ponto de partida.
Nós da Aruanã, como sempre fazemos, recomendamos esse novo pesqueiro, já que o pessoal da região afirma que os meses de outubro e novembro são os melhores para a pesca do tucunaré. Concordamos em parte, já que com base em nossa experiência e vivência com esse peixe, podemos assegurar que o ano todo será excelente para uma boa pescaria. Aí está, portanto, mais uma opção para nosso leitor fazer uma ótima pescaria, principalmente aquele que já não aguenta mais o Pantanal com os atos abusivos quer sejam do governo, fiscalização, péssimo atendimento e verdadeiros assaltos, salvo raras exceções, dos chamados “pesqueiros” ou “hotéis pesqueiros”.





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