Inicialmente classificada como Mylossoma bidens, esta
espécie teve sua identidade definitiva estabelecida em 1977 por H.A. Britski,
passando então a ser chamada de Colossoma bidens. Para que o
pescador identifique melhor, a pirapitinga pertence à mesma família (Characidae)
e assemelha-se muito ao pacu e ao tambaqui, sendo o principal fator a
distingui-la deste ultimo é a característica das nadadeiras adiposas de ambas as
espécies: enquanto a pirapitinga possui esta nadadeira carnosa, no tambaqui ela
apresenta-se óssea, com pequenos raios finos. A simples comparação da
pirapitinga com as espécies citadas já permite que o pescador faça uma idéia da
importância e da esportividade de tal peixe no que se refere à pesca amadora.
Trata-se de espécie onívora, e de acordo com os estudos
realizados, chega a atingir as seguintes proporções: exemplares adultos medirão
79 cm de comprimento e chegarão a pesar até 11 kg. Esportividade, valentia, e
boa de briga, além da carne de excelente qualidade, são alguns dos valiosos
itens que a pirapitinga oferece ao praticante da pesca esportiva. Quando
fisgado, o peixe luta bravamente para se livrar do anzol, só se entregando,
completamente extenuado, ao final da briga. Esta espécie é encontrada em vários
rios da Bacia Amazônica e também do Estado de Goiás. Quanto à aparência, a
pirapitinga apresenta coloração predominantemente amarronzada, com alguns tons
azulados. Uma de suas principais características, além de viver em cardumes, é
procurar na época da desova, as águas mais movimentadas. Ali, dá caça a suas
presas (lambaris e outros pequenos peixes) e alimenta-se vorazmente de frutas e
coquinhos, que constituem a base de sua dieta.
No que se refere a iscas, podemos dizer que além dos pequenos
peixes vivos, coquinhos e frutas já citados, a pirapitinga pode fisgar em iscas
artificiais também, embora isso ocorra mais raramente. Entre as artificiais que
podem dar melhores resultados, destacamos os plugs pequenos providos de
barbelas, que podem ser usados na superfície ou meia água, no sistema de
corrico. Vale ressaltar novamente que uma excelente dica para o pescador amador
é basear-se sempre na comparação da pirapitinga com o pacu e o tambaqui, tanto para
se familiarizar com seus hábitos como para definir os equipamentos apropriados
para a pesca dessa espécie. Assim como o pacu e o tambaqui, a pirapitinga
aprecia quando as águas dos rios estão altas, ocasião em que adentra os campos
e alimenta-se fartamente de raízes, folhas e vegetais variados.
Nos rios, serão excelentes pesqueiros os pontos localizados
logo abaixo de árvores de frutos e flores, considerados ótimas cevas naturais.
NOTA DA REDAÇÃO: Pela primeira vez, e isso pode ser
facilmente comprovado, vamos colocar uma NR, em um peixe publicado em nosso
DICIONÁRIO ARUANÃ DE PEIXES DO BRASIL. Eu explico.
Fico muito preocupado e apreensivo, quando vejo ou leio,
matérias sobre peixes (exemplo tucunarés), onde os autores dão nomes
científicos a determinados peixes e, sabe lá Deus onde acharam (ou inventaram)
tais nomes. Começa então, mal informados, pescadores, a usar esses nomes sem
ter a preocupação de saber de onde partiram ou como foram criados.
Aqui, usando a pirapitinga como exemplo, vamos explicar, sem
margem de duvida, como devemos usar um nome científico sem medo de errar e até
falar asneiras sobre o assunto.
Em seu livro (sic)
Monographia Brazileira de Peixes Fluviaes, publicado em 1931, o grande Agenor
Couto de Magalhães, cita a pirapitinga cientificamente como Brycom pirapitinga, aliás, com uma
citação deliciosa de se ler. Eu tenho essa edição em minha biblioteca.
Já, o não menos famoso,
Rodolpho V. Ihering, considerado o pai da piscicultura no Brasil, cita em seu
livro Dicionário dos Animais do Brasil, publicado e editado em 1968 (são várias
as edições) a pirapitinga cientificamente como Chalceus opalinus. Eu tenho essa edição em minha biblioteca.
Já Hitoshi Nomura em
seu Dicionário dos Peixes do Brasil, publicado em 1984, cita a pirapitinga como
Colossoma bidens. Descreve o peixe em seus detalhes totais e cita no final de
seu texto o que se segue: “ (sic)Até há pouco
tempo era crismada de Milossoma bidens, mas sua identidade definitiva foi
estabelecida em 1977 por H.A. Britski”. Eu tenho essa edição em minha
biblioteca.
Eu tive a honra de partilhar da companhia e dos ensinamentos
do Prof. Heraldo Antonio Britski, em seu local de trabalho, no Museu de
Zoologia, no bairro do Ipiranga, atrás do Museu Ipiranga, em São Paulo. Por
diversas vezes, pescando por este Brasil afora, quando me deparava com peixes,
com nomes estranhos dados pelos ribeirinhos, fazia questão de trazer um desses
peixes, para a apreciação do Prof. Heraldo, que de imediato o identificava e
mostrava em sua enorme coleção, o tal peixe conservado em vidros para estudo. E
mais, mostrava-me publicações cientificas de sua autoria e de outros
cientistas, que PESQUISARAM E, PORTANTO
DERAM NOMES AS ESPÉCIES, BASEADOS EM PESQUISAS, QUE ÀS VEZES DEMORAM ANOS PARA
SEREM CONCLUÍDAS. Portanto pescador,
antes de usar nomes científicos, procure pesquisar para saber se tal nome é
“verdadeiro”. E mais, eu tenho a honra de ter meu modesto livro Dicionário
Aruanã de Pesca Amadora, com o prefácio do Prof.Dr. Heraldo Antonio Britski e,
devidamente analisado por ele. E honra maior ainda de poder afirmar que na
época, esse livro, foi a primeira obra literária, em termos de linguagem de
pescador amador, publicada no Brasil. Abaixo, com texto escolhido na Internet,
“um pouco” de quem é quem do Prof. Heraldo.
Possui graduação em História
Natural pela Universidade de São Paulo (1960) e doutorado em Ciências
Biológicas (Zoologia) pela Universidade de São Paulo (1973). Tem experiência na
área de, com ênfase em Ciências Biológicas, atuando principalmente nos
seguintes temas: taxonomia, peixes de água doce neotropicais, peixes, peixes de
água doce e peixes neotropicais. (Fonte: Currículo Lattes).
Antonio Lopes da Silva.
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