sexta-feira, 23 de outubro de 2015

DICA: O PRIMEIRO PASSADOR













A pesca nas modalidades de praia e costão exige, na maioria das vezes, grandes e longos lances. No entanto, apesar de utilizar equipamentos de boa qualidade, há casos em que o pescador simplesmente não consegue fazer bons arremessos. Vamos agora descobrir as causas desse problema tão comum.












Pesca de praia
Em pescarias na praia e no costão, as varas de pesca devem obrigatoriamente ter como medida mínima os 3,5 metros de comprimento. Há também quem utilize varas de 4 ou até 5 metros nessas modalidades. Esses padrões de comprimento tem como base, no caso de praia, permitir bons arremessos e também manter a linha o mais longe possível das ondas, já que a arrebentação, ou se preferirem, a espuma branca das ondas, tende a trazer nossa linha para o raso. No caso do costão, o comprimento tem as mesmas funções, só que em vez de ondas, servirá para nos manter afastados das pedras. Como se vê nos dois casos o arremesso é muito importante.




Costão de pesca

Pois bem. Supondo que o pescador prefira utilizar um molinete, ele devera optar por um de grande tamanho, já que uma outra regra básica nessas modalidades é ter bastante linha de reserva no equipamento, pois o próprio lance já exige uma boa quantidade dela e os peixes muitas vezes só se cansam depois de uma boa briga e após levar bastante linha. É uma visão muito bonita presenciar um pescador dando um grande lance com seu equipamento. Ele costuma acompanhar com os olhos a trajetória descrita pela chumbada, e o faz por duas razões básicas: a primeira é ver exatamente onde consegue jogar e a segunda, não menos importante, é verificar se nenhuma isca caiu durante seu percurso até a água. Voltemos a primeira razão, ou seja, a distância do lance.



Pesca de praia: corvina

Porque será que apesar de colocar força suficiente, muitas vezes não conseguimos dar um lance satisfatoriamente longo? Se isto aconteceu ou está acontecendo com você, saiba que a culpa é do... primeiro passador. Há nesse caso uma regra, matematicamente certa e portanto sem exceções, que mostra que o primeiro passador da vara exerce influência vital na qualidade dos arremessos. Ele deve ter o diâmetro certo e estar disposto no corpo da haste na distância correta em relação ao molinete. Assim sendo, vamos dar alguns exemplos, considerando os grandes molinetes. Comece medindo o diâmetro externo do carretel de seu molinete. Digamos que seja de 95 milímetros. Sendo essa a medida exata, é obrigatório que o primeiro passador da vara apresente um diâmetro interno de 40 milímetros e esteja posicionado a uma distância que pode variar entre 1,2 e 1,4 metros do ponto onde está fixado o molinete. 



Ilustração: localização do primeiro passador através do giro da linha

Tudo isso montado em uma vara de 3,5 metros de comprimento. Se a vara tiver 4 metros, o local apropriado para o primeiro passador irá mudar, e assim sucessivamente, com varas maiores ou menores. Mágica? Nada disso. A explicação é lógica. Vamos a ela. Pegue uma vara somente com a ponteira (pequeno passador fixado na extremidade mais fina), sem nenhum outro passador colocado. Fixe nela o molinete e segure a haste de forma que o mesmo fique posicionado na parte superior do corpo da vara (normalmente ele é fixado na parte de baixo). Puxe a linha e amarre-a na ponteira. Solte a fricção do equipamento completamente, para que o mesmo enrolando, a linha não venha - ela está amarrada, lembra?




Fixação do passador com fita adesiva

Introduza a linha por ele e volte a amarrá-la na ponteira. Retome o teste “enrolando” a linha e veja se ela está raspando demais na borda internas do passador. Se isso ocorrer, solte o passador e vá afastando-o progressivamente, fixando-o com fita adesiva em vários pontos em direção à ponteira até perceber o local exato em que a linha passa por dentro dele sem raspar ou raspando levemente em suas bordas internas. Após determinar e marcar esse ponto, e de acordo com o diâmetro do carretel de seu molinete, você já pode fixar o primeiro passador, que poderá ser esse de 40 milímetros. Se a linha não raspar ou raspar só um pouquinho no passador, pronto: seu lance será perfeito. Se ficar raspando demais ou se houver muita folga, troque o passador por outro de diâmetro interno maior ou menor, lembrando sempre de que a determinação exata desse diâmetro está diretamente relacionada ao diâmetro do carretel do molinete.




Equipamento de praia

Os demais passadores não comprometem o lance, mas é recomendável que sejam colocados nos pontos corretos para que a vara de pesca execute a ação certa. A determinação desses pontos é feita da seguinte maneira: de posse da mesma vara, introduza a linha pela ponteira, ao invés de deixa-la amarrada. Puxe um pouco da linha e amarre a ponta em um local qualquer. Procure então envergar a vara como se estivesse brigando com um peixe. Segure a vara desta vez com o molinete na posição correta (para baixo) e estando ela envergada, a linha estará tensa e encostando na parte inferior do centro do primeiro passador.



Carretilha 

Pegue a linha com a mão e puxe-a de encontro ao corpo da vara em vários pontos, observando a proporção em que ela se mantém reta em relação ao passador anterior e assim sucessivamente, o que facilitará a determinação da medida da haste dos outros passadores (normalmente entre 10, a 15 milímetros), seu diâmetro e sua distribuição ao longo da haste da barra. Observe que em relação à vara, a linha deve ficar em distância igual ou pouco inferior à distância determinada para a haste do primeiro passador. Coloque quantos passadores achar necessário e considere que qualquer haste de vara tem “alma ou barriga”. O melhor exemplo do que é a “barriga” da haste, pode ser entendido a partir da velha e tradicional vara de bambu.



Pescaria de costão

Perceba como as “aberturas” dos gomos (pontos de onde os ramos saem do caule da planta) numa haste de bambu alternam-se entre a parte posterior e anterior da haste, não sendo encontrados nas laterais. A dica é simples: em uma vara de bambu, nunca monte os passadores em nenhuma das duas faces onde os gomos tem suas “aberturas” (para ficar mais claro, vamos chamar essas faces de norte e sul), optando por uma das duas laterais restantes onde eles não existem (”leste” ou “oeste”), que são as “barrigas” ou “almas” da haste.  No caso de varas de material plástico, é possível determinar a “alma” de uma haste girando-a e envergando-a continuamente, sendo que desse modo encontraremos um ponto de circunferência da haste em relação à envergadura dada que será mais mole, ou flexível.




A diferença dos passadores: para molinete e para carretilha 

A “barriga” estará do lado “contrário”, ou diametralmente oposto. Lá devem ser montados os passadores. Simples não? Quem pesca com carretilha pode fazer o mesmo teste explicado anteriormente para o molinete. Abra a ficção do equipamento e enrole a linha. Ao enrolar, note que com a carretilha, ao invés de descrever círculos, alinha correrá reta tanto para a frente como para trás, devido à ação do guia-linha. Observe a que distância ela passa paralela à vara e calcule o ponto para o primeiro passador, que deverá ter o diâmetro igual a essa distância. O comprimento do intervalo entre o ponto onde está fixada a carretilha e o primeiro passador é determinado da mesma maneira utilizada para o molinete no seguinte aspecto: uma carretilha maior pede um intervalo maior, o que não irá obrigatoriamente aumentar muito a medida do passador.




Posição especial para giro da linha

Hoje em dia já existem carretilhas que param o guia-linha no momento do arremesso. Se você tiver um equipamento desses, procure fazer com que o guia-linha permaneça sempre parado no centro. Só para finalizar: você já percebeu como o diâmetro do primeiro passador de uma vara apropriada para a carretilha é bem menor do que o de uma vara para molinete? Bons arremessos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário