sexta-feira, 9 de outubro de 2015

FOLCLORE BRASILEIRO --- O SACI



















O saci incorporou-se ao folclore e lendário nacional, fixando um marco indissolúvel de casos e histórias relacionadas com sua existência. Saci pererê é um conhecido negrinho de uma perna só, com sua clássica carapuça vermelha e apaixonado fumante de pitos. O saci tornou-se um mito clássico no folclore brasileiro, chegando a preocupar os intelectuais. Houve uma série de inquéritos, a fim de averiguar o prestígio deste “negrinho” buliçoso que se perpetuou e integralizou dentro do lendário nacional. O saudoso Monteiro Lobato, nos idos dias de 1947, lançava num jornal da Paulicéia uma série de estudos brasileiros. Denominou-a de “Mythologia Brasilica” e curiosamente assinava com um “L”. Foi precisamente no dia 28 de janeiro de 1927, um domingo, e o jornal era “O Estado de São Paulo”. Após a introdução humorística, típica do gênio do saudoso Lobato, ele nos fornece esses ensinamentos. “Das nossas criações populares, a mais original é o saci pêrere. Vem do autóctone que lhe deu o nome atual, corruptela de çaa cy perereg,... O mestiço meteu nele muita coisa de seu”. Da corruptela sofrida podemos assim expressar o significado: çaa cy = olho mau; perereg = saltitante. Sua variação etimológica é curiosa e variada, bem como sua forma. No sul, na sua gênese, o saci prima por uma forma típica de negrinho, de uma perna só, com a carapuça vermelha, muito buliçoso, na maioria dos casos com aspecto de menino. Pequenos detalhes atrofiam sua forma, variando conforme a região. Ele sofre algumas modificações marcantes atribuídas pelos caboclos das regiões paulistas e paranaense: ora é um caboclo, ora é um menino (conserva sempre a característica acima descrita); alguns afirmam vê-lo lustroso, outros peludos. Seu aparecimento em geral é noturno. Num belo estudo comparativo, Barbosa Rodrigues fornece detalhes de suas variantes. Oportuno torna-se descrevê-lo: “No Rio de Janeiro, onde a onda negra mais estragos fez, onde pelos sertões o cancro da escravidão mais tem corroído, o çacy tapererê, que por uma síncope passou a ser sapererê e que os negros fizeram sererê e siriri, tomou a cor negra e usou barrete vermelho, que os africanos recebiam nos armazéns do Vallongo, do Caju e nas costas Marambáia. Assim çacy passou a molequinho coxo ferido nos joelhos, porém mais ativo do que o caboclo”.

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