sexta-feira, 24 de junho de 2016

ESPECIAL: ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS - PARTE I










No meio ambiente, há inúmeros animais que poderão atuar como inimigos do homem, se este não estiver capacitado a evita-los ou debelar os malefícios que podem decorrer de sua peçonha ou de seu veneno.














                                             

                                             Animal peçonhento

É aquele que segrega substâncias tóxicas com o fim especial de serem utilizadas como armas de caça ou defesa. Apresentam órgãos especiais para sua inoculação. Portanto, para que haja uma vítima de peçonhamento, é necessário que a peçonha seja introduzida por este órgão especializado, dentro do organismo da vítima.

                                            Animal Venenoso

É aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais, exige contato físico externo com o homem ou que seja por este digerido. Como exemplo de animais venenosos existem o sapo cururu e o peixe baiacu.

                                           Função da Peçonha

Possui uma dupla ação: paralisante e digestiva. Em virtude da reduzida mobilidade das serpentes, elas necessitam de sua vítima, de modo a poder ingeri-la. Dai a função paralisante da peçonha. A digestão nos ofídios se faz por putrefação, acelerada pela peçonha inoculada na vítima.

                                           Ação Patogênica da Peçonha

Vários fatores interferem na ação patogênica da peçonha. Será de acordo com esses fatores que haverá maior ou menor gravidade para uma vítima de peçonhamento.




1ª PARTE – OFÍDEOS –
                                             Família crotalidae
1 – Cascavéis
Gênero – Crotalus
Espécie – Crotalus durissus terrificus
As cascavéis possuem a cabeça triangular, recoberta por escamas, e tem fosseta loreal (ou lacrimal) – um pequeno orifício entre os olhos e as narinas. Seu corpo é recoberto de desenhos em forma de losangos marrom-escuros, com frisos amarelo-pálidos ao longo da coluna vertebral. São solenóglifas (possuem os dentes maxilar superior na parte anterior da boca, apresentando um canal interno por onde circula e se escoa o veneno). De hábitos noturnos, a cascavel vive em lugares arenosos e secos. Entretanto, confirmando que a presença de serpentes numa área é consequência da própria presença do homem, em Rondônia já foram identificadas cascavéis.
2 – Jararacas
Gênero - Brothrops
Espécies – Compreende todas as espécies e variedades vulgarmente conhecidas como “jararacas”. É bem acentuada a forma triangular da cabeça das jararacas, sendo em algumas quase bi-ogival, coberta por escamas. Possuem fosseta loreal. 




Os desenhos ao longo de seu corpo variam quanto a forma e cores. São solenóglifas. As serpentes desse gênero não vivem em lugares específicos, mas a maioria é encontrada em locais úmidos e alagadiços. Porém, no Nordeste, existe a jararaca de seca. Têm hábitos noturnos.
3 – Surucucu, surucutinga
Gênero – Lachesis
Espécies – Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata.
Tem a cabeça triangular, recoberta por escamas, possuindo fosseta loreal. Os desenhos ao longo de seu corpo apresentam formato de losangos irregulares, pretos sobre fundo amarelo. São solenóglifas e possuem hábitos noturnos. Agressivas, podem picar a vítima mais de uma vez ou fazer mais de uma vítima. Suas escamas são bem proeminentes. As Lachesis possuem porte bastante avantajado, já tendo sido encontrados exemplares de 4 metros. Vivem nas partes altas das selvas, em tocas de tatu e ocos de pau, ou enrodilhadas atrás de árvores caídas e embaixo de montes de palhas ou cipoal.
                                               Família Elapidae
Corais
Gênero – Micrurus




Espécies – Devido à enorme dificuldade que há em diferenciar as corais verdadeiras (peçonhentas) das falsas corais (não peçonhentas), já é norma considerar toda coral como peçonhentas. A cabeça da coral não é triangular, é coberta por placas e praticamente não se destaca do corpo. Não possuem fosseta loreal. Com algumas variações, seus desenhos são em cores (amarelo, vermelho e preto). Possuem a pupila redonda. As corais não picam, mordem. Possuem vivenda subterrânea e, sendo de hábitos noturno, são identificadas comumente ao amanhecer ou ao cair da tarde.

                                              Família Boidae

A família Boidae compreende vários gêneros, com inúmeras variedades, cujas dimensões variam entre 50 cm e até 5 m. Não são peçonhentas, mas movimentam-se com extrema agilidade, sendo o bote rapidíssimo, preparado para enrodilhar e constringir a vítima. Não possuindo peçonha, matam por constrição, realizada por sua musculatura extremamente desenvolvida. Em consequência das variedades que comporta a família Boidae, também são diversas as vivendas das espécies, sendo algumas aquáticas, arborícolas, ou mesmo, simultaneamente aquáticas e terrestres ou terrestres e arborícolas.




1 – Sucuri
Gênero – Eunecles murinus
Possuem manchas arredondadas, bem nítidas, dispostas em duas fileiras sobre a coluna vertebral. Tem vida semi-aquática; por consequência, procuram suas vítimas à margem de cursos d’água. Têm bote rapidíssimo e musculatura poderosa, Pode atingir em média 6 m de comprimento.
2 – Jibóia
Gênero – Boa constrictor
Quando irritada, a jibóia emite um prolongado silvo. Possui vivenda arborícula, terrestre ou aquática. Tem grande poder de constrição e atinge, em média, 4 m de comprimento.
3 – Cobra-papagaio
Gênero – Corallus caninus
É muito encontrada no Norte do Brasil. Na Amazônia, é tida pelos nativos como peçonhenta, apesar de não o ser. Tem vivenda arborícola.

                                             Família Colubridae

1 – Cobra-cipó ou parelheira
Gênero – Philodryas schottii
É ifiófaga, e devora principalmente corais. É arborícola, fina e totalmente esverdeada. A cobra-cipó não atinge mais de 1,5 m de comprimento.




2 – Caninana
Gênero – Spilotes pullatus
É arborícola, possui dorso escuro manchado de amarelo e ventre amarelo com faixas negras transversais. Quando irritada, infla o pescoço e investe com agressividade, embora não ofereça risco.
                                                  INFORMAÇÃO

Para realizar esta matéria de forma clara, objetiva e exata, a REVISTA ARUANÃ, foi até o Instituto Butantã, em São Paulo. Em se tratando de ofidismo, certamente é lá que se encontram as informações mais precisas e os cientistas mais capacitados. Tivemos a oportunidade de conversar na seção de Herpetologia, com a Drª Iara Lúcia Laporta Ferreira, pesquisadora científica, que nos deu detalhes de grande importância para a execução deste artigo, e com o também pesquisador científico, Dr. Giuseppe Puorto, que nos mostrou diversas serpentes (algumas bem nervosas). É ele quem segura as serpentes que aparecem nas fotos desta reportagem. No Instituto Butantan, há uma grande variedade de livretos, prospectos, posters e folhetos explicativos sobre os diversos aspectos dos ofídeos em geral. Todo esse material encontra-se à disposição do público que visita o Instituto, e é de grande utilidade para todas as pessoas que têm interesse em conhecer mais sobre o assunto. O Instituto Butantan localiza-se em São Paulo à Av. Vital Brasil, 1500.

Na próxima postagem:
2ª Parte – Aranhas, escorpiões e escolopendras.

Revista Aruanã Ed 03 publicada em 12/87

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