No meio ambiente, há inúmeros animais que poderão atuar como inimigos
do homem, se este não estiver capacitado a evita-los ou debelar os malefícios
que podem decorrer de sua peçonha ou de seu veneno.
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Animal peçonhento
É aquele que segrega substâncias tóxicas com o fim especial
de serem utilizadas como armas de caça ou defesa. Apresentam órgãos especiais
para sua inoculação. Portanto, para que haja uma vítima de peçonhamento, é
necessário que a peçonha seja introduzida por este órgão especializado, dentro
do organismo da vítima.
Animal Venenoso
É aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais,
exige contato físico externo com o homem ou que seja por este digerido. Como
exemplo de animais venenosos existem o sapo cururu e o peixe baiacu.
Função da Peçonha
Possui uma dupla ação: paralisante e digestiva. Em virtude da
reduzida mobilidade das serpentes, elas necessitam de sua vítima, de modo a
poder ingeri-la. Dai a função paralisante da peçonha. A digestão nos ofídios se
faz por putrefação, acelerada pela peçonha inoculada na vítima.
Ação Patogênica
da Peçonha
Vários fatores interferem na ação patogênica da peçonha. Será
de acordo com esses fatores que haverá maior ou menor gravidade para uma vítima
de peçonhamento.
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1ª PARTE – OFÍDEOS –
Família crotalidae
1 – Cascavéis
Gênero – Crotalus
Espécie – Crotalus durissus terrificus
As cascavéis possuem a cabeça triangular, recoberta por
escamas, e tem fosseta loreal (ou lacrimal) – um pequeno orifício entre os
olhos e as narinas. Seu corpo é recoberto de desenhos em forma de losangos
marrom-escuros, com frisos amarelo-pálidos ao longo da coluna vertebral. São
solenóglifas (possuem os dentes maxilar superior na parte anterior da boca,
apresentando um canal interno por onde circula e se escoa o veneno). De hábitos
noturnos, a cascavel vive em lugares arenosos e secos. Entretanto, confirmando
que a presença de serpentes numa área é consequência da própria presença do
homem, em Rondônia já foram identificadas cascavéis.
2 – Jararacas
Gênero - Brothrops
Espécies – Compreende todas as espécies e variedades
vulgarmente conhecidas como “jararacas”. É bem acentuada a forma triangular da
cabeça das jararacas, sendo em algumas quase bi-ogival, coberta por escamas.
Possuem fosseta loreal.
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Os desenhos ao longo de seu corpo variam quanto a forma e
cores. São solenóglifas. As serpentes desse gênero não vivem em lugares
específicos, mas a maioria é encontrada em locais úmidos e alagadiços. Porém,
no Nordeste, existe a jararaca de seca. Têm hábitos noturnos.
3 – Surucucu, surucutinga
Gênero – Lachesis
Espécies – Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata.
Tem a cabeça triangular, recoberta por escamas, possuindo
fosseta loreal. Os desenhos ao longo de seu corpo apresentam formato de
losangos irregulares, pretos sobre fundo amarelo. São solenóglifas e possuem
hábitos noturnos. Agressivas, podem picar a vítima mais de uma vez ou fazer
mais de uma vítima. Suas escamas são bem proeminentes. As Lachesis possuem porte bastante avantajado, já tendo sido
encontrados exemplares de 4 metros. Vivem nas partes altas das selvas, em tocas
de tatu e ocos de pau, ou enrodilhadas atrás de árvores caídas e embaixo de
montes de palhas ou cipoal.
Família Elapidae
Corais
Gênero – Micrurus
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Espécies – Devido à enorme dificuldade que há em diferenciar
as corais verdadeiras (peçonhentas) das falsas corais (não peçonhentas), já é
norma considerar toda coral como peçonhentas. A cabeça da coral não é
triangular, é coberta por placas e praticamente não se destaca do corpo. Não
possuem fosseta loreal. Com algumas variações, seus desenhos são em cores
(amarelo, vermelho e preto). Possuem a pupila redonda. As corais não picam,
mordem. Possuem vivenda subterrânea e, sendo de hábitos noturno, são
identificadas comumente ao amanhecer ou ao cair da tarde.
Família Boidae
A família Boidae
compreende vários gêneros, com inúmeras variedades, cujas dimensões variam
entre 50 cm e até 5 m. Não são peçonhentas, mas movimentam-se com extrema
agilidade, sendo o bote rapidíssimo, preparado para enrodilhar e constringir a
vítima. Não possuindo peçonha, matam por constrição, realizada por sua
musculatura extremamente desenvolvida. Em consequência das variedades que
comporta a família Boidae, também são
diversas as vivendas das espécies, sendo algumas aquáticas, arborícolas, ou
mesmo, simultaneamente aquáticas e terrestres ou terrestres e arborícolas.
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1 – Sucuri
Gênero – Eunecles murinus
Possuem manchas arredondadas, bem nítidas, dispostas em duas
fileiras sobre a coluna vertebral. Tem vida semi-aquática; por consequência,
procuram suas vítimas à margem de cursos d’água. Têm bote rapidíssimo e
musculatura poderosa, Pode atingir em média 6 m de comprimento.
2 – Jibóia
Gênero – Boa constrictor
Quando irritada, a jibóia emite um prolongado silvo. Possui
vivenda arborícula, terrestre ou aquática. Tem grande poder de constrição e
atinge, em média, 4 m de comprimento.
3 – Cobra-papagaio
Gênero – Corallus caninus
É muito encontrada no Norte do Brasil. Na Amazônia, é tida
pelos nativos como peçonhenta, apesar de não o ser. Tem vivenda arborícola.
Família Colubridae
1 – Cobra-cipó ou parelheira
Gênero – Philodryas schottii
É ifiófaga, e devora principalmente corais. É arborícola,
fina e totalmente esverdeada. A cobra-cipó não atinge mais de 1,5 m de
comprimento.
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2 – Caninana
Gênero – Spilotes pullatus
É arborícola, possui dorso escuro manchado de amarelo e
ventre amarelo com faixas negras transversais. Quando irritada, infla o pescoço
e investe com agressividade, embora não ofereça risco.
INFORMAÇÃO
Para realizar esta matéria de forma clara, objetiva e exata,
a REVISTA ARUANÃ, foi até o Instituto Butantã, em São Paulo. Em se tratando de
ofidismo, certamente é lá que se encontram as informações mais precisas e os
cientistas mais capacitados. Tivemos a oportunidade de conversar na seção de
Herpetologia, com a Drª Iara Lúcia Laporta Ferreira, pesquisadora científica,
que nos deu detalhes de grande importância para a execução deste artigo, e com
o também pesquisador científico, Dr. Giuseppe Puorto, que nos mostrou diversas
serpentes (algumas bem nervosas). É ele quem segura as serpentes que aparecem
nas fotos desta reportagem. No Instituto Butantan, há uma grande variedade de
livretos, prospectos, posters e folhetos explicativos sobre os diversos
aspectos dos ofídeos em geral. Todo esse material encontra-se à disposição do
público que visita o Instituto, e é de grande utilidade para todas as pessoas
que têm interesse em conhecer mais sobre o assunto. O Instituto Butantan
localiza-se em São Paulo à Av. Vital Brasil, 1500.
Na
próxima postagem:
2ª Parte
– Aranhas, escorpiões e escolopendras.
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Revista Aruanã Ed 03 publicada em 12/87
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