sábado, 25 de junho de 2016

ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS - PARTE II











Nesta edição, damos prosseguimento à matéria de animais peçonhentos e venenosos apresentando a parte II, onde estão as dicas de como enfrentar os males causados por aranhas, escorpiões, insetos e escolopendras.









                                                  Aranhas

São do grupo dos animais peçonhentos por terem glândulas de veneno e poderem injetá-los através de seus ferrões. Os acidentes podem ser fatais, principalmente com crianças. As aranhas venenosas no Brasil pertencem a 4 gêneros, com mais de 15 espécies espalhadas por todo o território, com predominância nos estados do sul. A identificação das aranhas é difícil, mas pode ser feita pelos desenhos encontrados em seu dorso e pela coloração, geralmente parda ou escura. Os principais gêneros são: Loxoceles, Latrodectus, Phoneutria, Lycosa. Veremos a seguir algumas espécies e suas características.
1 – Armadeira (Phoneutria nigriventer)
A aranha armadeira possui desenhos semelhantes a pares de folhas no dorso do corpo. Geralmente é encontrada em montes de telhas, tijolos, tábua velhas e bananeiras. São agressivas.
2 – Tarântula (Lycosa erythrognatta) ou aranha de grama, de jardim.
As tarântulas são encontradas em jardins. Debaixo de paus podres, pedras ou capim alto. Costumam picar ao serem tocadas.
3 – Viúva-negra (Ltrodectus curacaviensis)
Os acidentes com a viúva-negra são pouco frequentes. O perigo que representa não justifica sua fama. É pouco agressiva, pequena, faz teia irregular e é encontrada sob arbustos e campos cultivados.





           4 – Aranha-marrom (Loxosceles gauch0, L.laeta.L simílis. Etc).

São aranhas pequenas de até 1 cm de tamanho de corpo e que fazem teias semelhantes a fios de algodão esparsos sobre um substrato, sempre em lugares escuros. Aranhas de índole mansa, só picam quando espremidas contra o corpo na roupa.
5 – Caranguejeira
Aranha cabeluda encontrada nas regiões tropicais. Atinge até 25 cm de comprimento. Apesar do tamanho, a caranguejeira não é considerada perigosa pelo tipo de veneno que apresenta. Sua picada, contudo, é dolorosa (mais pela ação mecânica do que pela ação do veneno). Ao se defender, tira os pelos do abdômen e os joga, o que causa um efeito irritante, podendo desencadear um processo alérgico.
                                                    
                                                 Ação da peçonha

A ação da peçonha das Lycosas pode ser proteolítica. Há dor no local no momento da picada. São as menos perigosas. A peçonha dos demais aracnídeos tem ação neurotóxica, atuando sobre os centros nervosos. No local da picada deixam como vestígio um sinal puntiforme ou uma erosão epidérmica. Dificilmente fazem vítimas e, no caso, somente em indivíduos em más condições físicas, em crianças, ou ainda em pessoas de pequena massa corporal. De 24 a 48 horas após a picada ou a aplicação da terapêutica analgésica, os sintomas desaparecem. 




A soroterapia só é indicada quando houver dor muito acentuada e sinais clínicos de gravidade. A dor, que é o principal sintoma, deve ser combatida com analgésicos e sedativos. Os anti-histamínicos são sempre indicados. Antibióticos, só quando houver necrose e infecções, o que raramente acontece.

                                                    Escorpiões

Há cerca de 150 espécies de escorpiões no Brasil. Dentre elas, as mais perigosas são o Tityus serrulatus, no sul; Tityus bahinsis no centro sul; Tityus canbriggei, na Amazônia e norte e Tityus stigmurus, no nordeste. O maior número de acidentes ocorre nos meses quentes, e 70% dos casos no sudeste devem-se ao Tityus bahiensis, também chamado de escorpião preto. O Tityus cambridgei também é preto, porem de porte maior. Os escorpiões ocultam-se em lugares sombrios e frescos, debaixo de paus, tábuas, pedras, e picam ao serem molestados. Na selva amazônica é comum serem encontrados em plenas áreas inóspitas, chegando a causar surpresa pelo seu número.
                                                    Ação da peçonha

Predominantemente neurotóxica, deixando no local da picada apenas um sinal puntiforme, sem reação. Provoca dor muito intensa, leve hipotensão arterial, taquicardia e sudorese.



                                                       
                                                      Tratamento

Administrar sedativos e analgésicos, pois a dor, que é o principal sintoma, deverá ser combatida. Para tanto, a inserção do membro afetado em água quente traz bons resultados. Anti-histamínicos terão efeito coadjuvante. Sempre nos casos graves será aplicado o soro antiescorpiônico por via venosa. Se possível, anestesiar a região picada e fazer aplicação de cálcio por via venosa. Observação: os escorpiões não se suicidam quando colocados dentro de um círculo de fogo; morrem desidratados. A cauda se enverga seguindo um movimento natural de sua musculatura e articulações. Além disso, seu ferrão não é capaz de perfurar a carapaça de seu corpo para causar envenenamento.
                                                    Insetos e Escalopendras
                                                                 (Lacraias)

As abelhas, vespas e lacraias podem produzir acidentes dolorosos pela inoculação de peçonha, que contém histamina, através de seu ferrão. As reações locais são a sensação de ardência ou queimadura e a formação de edemas. As reações gerais podem ser determinadas por picadas múltiplas, principalmente na face, pescoço e cabeça. A gravidade do caso estará na dependência do número de picadas ou de ter a vítima se tornado alérgica por picadas anteriores. Nesses casos, o quadro clínico rapidamente se agravará com o estado de choque anafilático e morte por edema da glote. Quase todos os casos mortais são devidos a estas manifestações. O tratamento consiste na administração de analgésicos e anti-histamínicos, ou gluconato de cálcio, por via venosa. 



                                               
                                                     Medidas preventivas

As seguintes regras poderão ser utilizadas, a fim de evitar as picadas de ofídios, aranhas, escorpiões e lacraias.
1 – Andar sempre com uma vara, batendo-a nas árvores e galhos; o ruído espantará os animais, e a própria vara poderá servir de defesa.
2 – Antes de sentar ou deitar, verificar o local com a própria vara ou com os pés; evitar sentar sobre toras ou árvores caídas, sem antes examinar à sua volta, pois são locais preferidos, pelo frescor e pela sombra para abrigo de serpentes.
3 – Ao vestir-se, verificar se não há animais peçonhentos que tenham vindo abrigar-se nas peças de roupa, bastando sacudi-las.
4 – Examinar bolsas e sapatos antes de calçá-los, virando e batendo na sola, pois são os locais preferidos para abrigo de aranhas e escorpiões.
5 – Ter cuidado ao mexer em folhas de palmeira, montes de folhas ou palhas e paus e tábuas empilhadas.
6 – Na selva, evitar sempre andar isolado. Quando possível, deslocar-se, no mínimo, em grupos de três pessoas.
                                                       INFORMAÇÃO
Complementando a matéria sobre animais peçonhentos, a revista ARUANÃ voltou ao Instituto Butantã, em São Paulo.


       Drª Sylvia Lucas 

Lá conversamos com a Drª Sylvia Lucas, bióloga formada pela USP, pesquisadora científica do Instituto, chefe da Seção de Animais Peçonhentos há 20 anos e diretora da Divisão de Biologia há 5 anos, que nos cedeu as informações acerca de aranhas, escorpiões e escolopendras que ora publicamos. Aqui uma relação dos principais órgãos de atendimento em todo o Brasil especializados em tratamento de acidentes com animais peçonhentos:
Acre (Rio Branco), Alagoas (Maceió), Amapá (Macapá), Amazonas (Manaus), Bahia (Salvador), Ceará (Fortaleza), Distrito Federal (Brasília), Espirito Santos (Vitória), Goiás (Goiânia), Maranhão (São Luís), Minas Gerais (Belo Horizonte), Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Campo Grande), Pará (Belém), Paraíba (João Pessoa), Paraná (Curitiba), Pernambuco (Recife), Piauí (Teresina), Rio Grande do Norte (Teresina), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista), São Paulo (São Paulo), Santa Catarina (Florianópolis) Sergipe (Aracajú).

Nota da Redação: Na matéria original, publicada na Revista Aruanã edição nº2, em abril de 1988, mostramos os telefones de cada cidade citada. Evidente está que seu uso não é mais indicado, devido as modificações que aconteceram durante os anos posteriores mas, essas informações atuais podem ser conseguidas atualmente, em vários veículos de procura. É de interesse de cada pescador ou leitor, essa importante atualização.


Revista Aruanã Ed.04 Publicada em 02/88



2 comentários:

  1. http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2013/08/primeiros-socorros-aos-acidentados-por.html

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  2. Rodrigo: Registrada a sua opinião e indicação. Obrigado pela participação.

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