Mario Marinho é um Mestre
em jornalismo. Fomos colegas por mais de 10 anos no Jornal da Tarde, onde ele
era o editor chefe no Esporte e eu tinha uma coluna de pesca. Leitor do blog da
Aruanã, na ultima postagem sobre abelhas, ele tem um caso a contar. Confira e
constate como é grave o problema entre pescador e abelhas.
|
15 de out (Há 3 dias)
|
|||
|
Caro Toninho,
Há
uns 20 anos passados, eu tinha um amigo, companheiro de tênis no Clube
(Continental Parque Clube), chamado Carlos. Era um paraguaio muito
alegre,sempre de bom humor, piadista, sempre sorrindo.
O
apelido dele era Muchacho.
Muchacho
morava há alguns anos no Brasil, tinha uma família muito bonita e não havia
conseguido se livrar do sotaque.
O
sonho dele era pescar no Pantanal.
A
mulher não deixava.
Das
primeiras vezes, ela colocou a culpa na crise financeira que a família
atravessava. Com sotaque carregado, Muchacho nos explicava.
-
Ela tem ración. Nós facems muita economia em casa, non se puede gastar grana si
mas ni menos.
Quando
a situação melhorou, ela concordou com a pescaria.
Cheio
de sorrisos contou pra todo mundo que aquele ano ele iria. Pois quando chegou a
véspera da viagem a mulher dele, que era brasileira, roeu a corda e não deixou
o cara ir.
Coitado
do Muchacho. Além da tristeza, aguentar a gozação dos companheiros. Mas ele
levou numa boa.
Uns
dois anos depois, ele voltou à carga. Insistiu, insistiu e ela concordou.
Satisfeito
e esperto, apresentou para ela um papel para ela assinar. Queria compromisso.
Ela
assinou.
Lá
se foi feliz para o Pantanal o nosso Muchacho.
No
segundo dia de pescaria, o piloteiro os levou a pescar em um pequeno rio.
Estavam perto das margens quando o Muchacho jogou sua linha que ficou presa em
meio à vegetação.
O
piloteiro (é esse mesmo o nome?) pediu calma e foi levando o barco em direção à
margem. Quando já dava pé, Muchacho desceu e foi acompanhando a linha para
liberar o anzol.
Quando
já estava perto, ele resolveu dar um puxão na linha.
Ela
veio e, junto com ela, uma caixa de abelhas que pegou em cheio no rosto dele.
Seguiu-se o ataque no rosto, cabeça.
Segundo
relato de um dos sobreviventes, parecia que em questão de segundos milhões e
milhões de abelhas se uniram no ataque.
O
pessoal que ficou no barco se jogou na água.
Alguns
com medo de se afogarem, se seguraram nas bordas do barco e tiveram as mãos
picadas. Aqueles que se jogaram na água, voltavam para respirar e ouviam o
zumbido das abelhas que parecia um ronco assustador.
Foram
alguns minutos que pareceram uma eternidade.
Quando
finalmente as abelhas se acalmaram, eles foram emergindo da água. O piloteiro
foi o primeiro. Ajudou e acalmou as pessoas que estavam junto ao barco.
Só
então se deu conta de que faltava o Muchacho. O corpo dele boiava no meio da
vegetação.
Veio
o socorro, mas, o meu amigo Muchacho já estava morto.
Ele
não sabia, a família não sabia, mas ele tinha alergia ao veneno da abelha.
Foi
a primeira e única vez que ele foi ao Pantanal.
Um
abraço,
Marinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário