terça-feira, 18 de outubro de 2016

PARTICIPAÇÃO DO LEITOR: ADIÓS MUCHACHO








Mario Marinho é um Mestre em jornalismo. Fomos colegas por mais de 10 anos no Jornal da Tarde, onde ele era o editor chefe no Esporte e eu tinha uma coluna de pesca. Leitor do blog da Aruanã, na ultima postagem sobre abelhas, ele tem um caso a contar. Confira e constate como é grave o problema entre pescador e abelhas.
                            



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Mario Marinho
15 de out (Há 3 dias)
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para mim
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Caro Toninho,
Há uns 20 anos passados,  eu tinha um amigo, companheiro de tênis no Clube (Continental Parque Clube), chamado Carlos. Era um paraguaio muito alegre,sempre de  bom humor, piadista, sempre sorrindo.
O apelido dele era Muchacho.
Muchacho morava há alguns anos no Brasil, tinha uma família muito bonita e não havia conseguido se livrar do sotaque.
O sonho dele era pescar no Pantanal.
A mulher não deixava.
Das primeiras vezes, ela colocou a culpa na crise financeira que a família atravessava. Com sotaque carregado, Muchacho nos explicava.
- Ela tem ración. Nós facems muita economia em casa, non se puede gastar grana si mas ni menos.
Quando a situação melhorou, ela concordou com a pescaria.
Cheio de sorrisos contou pra todo mundo que aquele ano ele iria. Pois quando chegou a véspera da viagem a mulher dele, que era brasileira, roeu a corda e não deixou o cara ir.
Coitado do Muchacho. Além da tristeza, aguentar a gozação dos companheiros. Mas ele levou numa boa.
Uns dois anos depois, ele voltou à carga. Insistiu, insistiu e ela concordou.
Satisfeito e esperto, apresentou para ela um papel para ela assinar. Queria compromisso.
Ela assinou.
Lá se foi feliz para o Pantanal o nosso Muchacho.
No segundo dia de pescaria, o piloteiro os levou a pescar em um pequeno rio. Estavam perto das margens quando o Muchacho jogou sua linha que ficou presa em meio à vegetação.
O piloteiro (é esse mesmo o nome?) pediu calma e foi levando o barco em direção à margem. Quando já dava pé, Muchacho desceu e foi acompanhando a linha para liberar o anzol.
Quando já estava perto, ele resolveu dar um puxão na linha.
Ela veio e, junto com ela, uma caixa de abelhas que pegou em cheio no rosto dele. Seguiu-se o ataque no rosto, cabeça.
Segundo relato de um dos sobreviventes, parecia que em questão de segundos milhões e milhões de abelhas se uniram no ataque.
O pessoal que ficou no barco se jogou na água.
Alguns com medo de se afogarem, se seguraram nas bordas do barco e tiveram as mãos picadas. Aqueles que se jogaram na água, voltavam para respirar e ouviam o zumbido das abelhas que parecia um ronco assustador.
Foram alguns minutos que pareceram uma eternidade.
Quando finalmente as abelhas se acalmaram, eles foram emergindo da água. O piloteiro foi o primeiro. Ajudou e acalmou as pessoas que estavam junto ao barco.
Só então se deu conta de que faltava o Muchacho. O corpo dele boiava no meio da vegetação.
Veio o socorro, mas, o meu amigo Muchacho já estava morto.
Ele não sabia, a família não sabia, mas ele tinha alergia ao veneno da abelha.
Foi a primeira e única vez que ele foi ao Pantanal.

Um abraço,

Marinho

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