A conhecida frase “o sertão vai virar mar” define muito bem o
panorama da Represa de Ilha Solteira. Dividindo os estados de Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais e São Paulo, essa represa foi alvo do roteiro da equipe
Aruanã. Confira.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrPxIdBXp9IaKXQu1UxPe5MSv4pjnhImx8Ny_jev0ftFX_Ihkir15EhUoCa-UgmtOM7lrB28dGJyLdcrA2q5-8hu-SDfpYEON4u6SXT5M4NjPEpDv5NrIHPtqmEwHTJMRgZ0lJyB7gtD9e/s640/img789.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCUHWFF5USb4_exH6GcRioR6rmvT1HyIpb8iqM91jnwZNC4UdisULCBu4RmiLXUu8F9F0vPnuFuKlmmFKdvxo-4vhcqVicIEwvzV0QrMiODdSgpwdKuEhhdMPcWsALPQarAPDsVNzzWpG4/s640/img773.jpg) |
Mapa indicando os limites entre SP, MG e MS
.Para falar com mais propriedade desse nosso “sertão que virou
mar”, temos alguns números oficiais fornecidos pela CESP – Centrais Elétricas
de São Paulo, que dizem o seguinte: Ilha Solteira foi oficialmente inaugurada
em 16 de janeiro de 1974. Seu espelho de água (área alagada) é de 1195
quilômetros quadrados e sua extensão, medindo-se desde a barragem de Água
Vermelha (imediatamente anterior) é de 130 quilômetros. Os cursos d’água que a
alimentam são outra curiosidade bastante interessante, pois é em Ilha Solteira
que os rios Grande e Paranaíba se juntam para formar o majestosos rio Paraná.
Aliás, a junção desse dois rios e a formação do terceiro fazem as “três
fronteiras” estaduais entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso
do Sul. Uma outra curiosidade é que quando navegamos em suas águas e olhamos
para o horizonte, não temos visão alguma, a não ser da curvatura do nosso
planeta, quando se fundem então céu e água no horizonte lá longe.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxOks9DzHsCDhaM3NtBht15_7uMtO3OBZQ-np9VSXuovR-O2WHFLrfn3oUAVhxlJOYXHYppzn2U5zlRBdsbwKb1Tu86OXAU3fUQ8HZWXySGGqdu444KyavKE_hglAc54o9rLjwliSwmWrO/s640/img774.jpg) |
Cabeças-secas
Suas margens são formadas em sua maioria por pastagens com
fazendas de gado, sendo que, de matas mais densas, vamos encontrar uma ou outra
mancha ainda natural. Pedras em pontos isolados e margens de cascalho mais
grosso completam a descrição. As águas são limpas e cristalinas, principalmente
as que vêm do rio Grande, já que o Paranaíba, com as chuvas, costuma traze-las
mais barrentas. Várias são as espécies de pássaros encontradas nas margens, e
dentre elas podemos destacar cabeças-secas, tuiuiús, colhereiros, garças,
paturis, patos selvagens, várias espécies de pombas selvagens, biguás, siriemas
e até emas que “pastam” tranquilamente, sendo que o melhor horário para
avista-las é entre 14 e 16 horas, pois com o sol forte, esses animais vêm às
margem para beber água. Dos campos de pastagem chegam aos nossos ouvidos os
piados característicos de inhambu-chitãs, xororós, codornas e perdizes, sendo
que estes são praticamente impossíveis de se ver.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9AU3j2UesVnSWvUqFq77sMRjqJU4MpujtIW4INqL9bQ5xD1TS1F7J98XC6MpjGlzZ8CPt_-qpUxkl40_YrOrjZfvnqSS5F3B4-6yIMQuLV5i8aJJoSRHOYk3xRfiHup9YYG4LkRlShEtA/s640/img775.jpg) |
Isca “Durinho”
Animais mais comuns são os tatus, capivaras e um ou outro
gambá. Por essa descrição, já podemos nos imaginar no paraíso, levando-se em
conta ainda o calor, que nos proporciona memoráveis e deliciosos banhos de
represa. Mas o paraíso é ainda mais atraente, pois além de tudo temos a pesca,
que é farta. As espécies de peixes mais comuns são as piabas, piaus, acarás,
tilápias (para pesca-las será necessário fazer-se cevas), barbados, um ou outro
pintado (raramente), apaiaris e as mais pescadas: corvinas e tucunarés.
PESCA
DA CORVINA
Essa espécie de corvina, também conhecida como pescada-do-Piauí,
é identificada cientificamente como Pachyurus
franscisci e pertence à família Sciaenidae,
ou seja, a mesma família das tradicionais corvinas do mar, o que vem comprovar
a tese científica de que são o mesmo peixe, apenas tendo se aclimatado em água
doce.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwl4FBF-nBmTdzENm7WOF-Hh506UvOzVHtM9TVvLZTXRjT_FIaVC5FLMVqO7AEF3iWzSAYoBkMGdfXuOPODb0HNPjhAbvpqROtvcUMqvCkIFyPqgslZrloGoomYvRBC7m0V3mwMHj9lDPC/s640/img776.jpg) |
Pesqueiro de corvinas
Sua pescaria é simples, e como iscas devemos usar pequenos
peixes, de preferência vivos, tais como lambaris, guarus e um outro peixinho
muito comum na região conhecido como “durinho”, que nada mais é do que uma
espécie de chimboré. Os melhores locais são as galhadas isoladas no meio dos
braços ou no canal principal da represa, que tenham uma profundidade média
entre 10 e 20 metros. Há casos de profundidades de até 40 ou 50 metros, só que
aí é muito demorada a operação de descer e subir o peixe fisgado. Explica-se
então a recomendação das profundidades menores. Pesca-se com qualquer
equipamento, seja molinete, carretilha, linhada de mão, etc. O importante é
que, encontrando a galhada onde irá pescar e amarrando o barco em um dos
galhos, o pescador procure sempre se posicionar a favor do vento, evitando,
portanto que o barco se choque com a galhada. Desça a isca, e assim que ela
tocar o fundo, esteja atento, já que estando lá o cardume, a fisgada será
imediata.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirqgqghfSDb4LANTjj89kvP3emuboerzIK2x3EPm_cn0_eFOo3dqlPq7abFctP3_sTB2R09G_KgLv1cLJKWu6YJM7pHsHfQTFf3bvPJ1IqUIa25ubm6NKF_sauFa08oEQOyIZPQk71V0d5/s640/img779.jpg) |
Cuidado com as corvinas
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgphfgR-4l2vdkjkLZxvwVIjPKZwozB8I-dKudw-jjB_CFTZl9XwMrrEUb3CILUpFfCSzMM7tuIRxpZPUjdLotJoPxWrfy-80LGA0ZCRtQqmymdLR46xQCE2ncuVoW9G5jXBJ09zVe3fA18/s640/img778.jpg) |
Corvinas
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1PJSB3wTt-jyZWEjm3inZ5Y53T_sSZxCdgorisW2DWhrcWi-8h2Ji9IxAMOKv3VUUXOfYRXEM0TVEV3STKIu-NZdETwiNmsgh6D2DKvyHQJQjuiED8vr-N52RWmDjA80vxmfCwityFPRh/s640/img780.jpg) |
Tucunaré azul
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLUvFg_onBEMEcv6dThq2SPDqxW2a6mb_mMLdyCYjMmZfVCYvfvQSMyYNveAai_LHrQhkBmnMhoX7a7SBOXDLvvEeU_WhmtobChkjKtRMef1J0xsysNFpyZg-6yCUtzuOvSQksrsnH0dNg/s640/img781.jpg) |
Pesqueiro de tucunaré
Aliás, anote esta dica: desconfie dos locais onde você desce
a isca e a corvina demore a fisgar. O melhor nesses casos é sair e procurar
outra galhada. A pegada de peixe se traduz em um ou dois cutucões e uma pequena
corrida, que indica o momento exato para fisgar. A briga só vai ser boa com peixes
acima de 500 gramas, e mesmo assim é rápida. Outra dica e montar o equipamento
tendo o cuidado de deixar o chumbo embaixo e o anzol em cima, com uma distância
de mais ou menos 50 centímetros entre eles. Um só anzol é suficiente, e este
dever ser de número 4, 3 ou 2. Normalmente dizemos que a isca natural viva deve
ser iscada pelo lombo ou pela boca, afim de que permaneça viva por mais tempo.
Continuamos a afirmar isso, porém, na pesca da corvina, devemos iscar o
peixinho pelo rabo, ou seja, logo após a barrigada, pelo simples fato de que
dessa maneira pegaremos com a mesma isca 4 ou 5 corvinas, antes de perdê-la.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr9_d_TWoBOfK1bQx2sF_pi9MD2y9Qt4k_nuRJwRASI0skYS01ImI0F8wcwLGwR10MQorwxAbbimk5ND566SjSKizDa-9Qh71AdRjDG8dA8vsDyuWzqOkiB9JD68tm7GpIarQkU6rfqBWO/s640/img782.jpg) |
Duble de tucunaré
Uma outra dica muito importante refere-se à conservação dos
peixes pescados. Imediatamente após serem retiradas do anzol, as corvinas devem
ser colocadas no gelo, já que elas estragam muito facilmente, pois sua carne é
muito delicada, o que atesta posteriormente o sabor da mesma, que é
sensacional. Chegando ao porto, limpe imediatamente os peixes para então
congela-los. Para atestar a piscosidade do local em termos de corvinas,
afirmamos que em uma hora de pescaria em nossa viagem, fisgamos mais de 50
exemplares. Um outro detalhe a ser observado é que de maneira nenhuma é
possível praticar o “pesque e solte” com a corvina, já que ao ser içada das
profundezas até a tona, a descompressão que sofre é muito grande e se a
soltarmos, será inevitável que morra.
A
PESCA DO TUCUNARÉ
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJaVNzn9rJVRs-I3BXevTnXrNjH5h9Pn6fzW6WIHr1jEKPQAmSa2kqJVAw970hpgYn-SGicP2osklgDi8z5ci3SWq7-U4KchPMtZw5SgOUoU5ftp8H8C8Vg-ZhfBXo4oL5ltuHJ0AjVW9/s640/img784.jpg) |
Duble de tucunaré
Aqui um capítulo todo especial, já que a esportividade dessa
modalidade mostrará ao pescador a valentia dos tucunarés de Ilha Solteira. São
duas variedades encontradas lá: o tucunaré azul e o amarelo. Para que o
pescador tenha uma idéia de como são esses peixes, há registros de exemplares
com 5 quilos, sendo porém mais comuns peixes pesando entre 2 e 3 quilos,
evidentemente sem falar dos pequenos, que são muito atrevidos e brigadores.
Estes sim devem ser soltos, em uma prática que deveria ser obrigação do verdadeiro
pescador amador.Os pesqueiros mais visitados por nós são o início do rio Grande
e o início do Parnaíba, onde em pequenas baías, com pedras e galhadas, estão os
locais mais produtivos. Porém foi no rio Paraná que fizemos as melhores
pescarias (veja indicação no mapa) de tucunarés , pegando peixes com 2 e 3
quilos. Não usamos iscas naturais para pesca-los, e entre as artificiais,
citamos as MirreOlure, Rapalas Husky, Jumpin’Minnow, Popper, Bomber e Red Fin,
destacando o trabalho dessas iscas, principalmente na superfície.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2SHA-pNVCpQfFrKySbywa8nmMxe12pord8Kh0kM8cbPTnqaISKwAK_EgOp-i04Y5QhTWvNxU-QLxQ8Lv9QPsaN5klkFcfNMOjJpW7zYVQeFq3NGgWZbkfnrBOa9VU-cfNSXImQTZxrTwT/s640/img786.jpg) |
Mapa dos melhores pesqueiros
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5KleGcGxmhlN-M7Ic_T2FPAMWKeHJ74hYOTdFdf37RPTATb7Y8AjKP10mYymg2hpqmOul5lLPGkF0oWV744K0O58W2ljuLwF7pjytfFUoXD5ChPvw52s0nYHmt-LUUlmE-Ekc8BH_PdZc/s640/img787.jpg) |
O nascente na ilha
Como dica, podemos afirmar que a melhor época para a pesca do
tucunaré seria de abril a agosto. Evidente está que o peixe permanece lá o ano
todo, porém nos outros meses costuma ficar “manhoso”, exigindo do pescador
amador muito mais trabalho para ser fisgado. É bom salientar também que, de
outubro a final de janeiro e até meados de fevereiro, o tucunaré tem sua época
de desova, que deve ser respeitada, pois nessa ocasião se reproduzem e protegem
a prole valentemente, tornando-se então, pela vulnerabilidade ocasionada por
sua valentia, presas fáceis de pescadores menos esportistas. Como dica final, diríamos que dependendo da
altura das águas, a pescaria tem pequenas alterações em suas características, e
assim sendo afirmamos que os melhores pesqueiros quando a represa estiver com o
nível de água baixo serão os locais próximos às pedras e às galhadas existentes
nas margens.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH5tJxjCJGSQ3b5k9o5U5YlU6hiH-zns5ep8DAh6N7rrSeEtrz-lfWpz-0m5VaTAw5DFupFpNiFNWD61EUiM9Nq-VFKJXQY4MFMi8U3TsmT4YCaeb1ujqs1ycjnz3GktXtYLm2pR2mEvGb/s640/img788.jpg) |
Pousada Eco Pesca
Já com o nível de água
mais alto, os melhores locais serão junto ao capim das margens (arbustos como o
arranha-gato e saram) e às ilhas de capim, que se formam por ocasião das
cheias. Boa pescaria.
NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria foi feita, tendo como base de
apoio a Pousada Eco Pesca em Rubinéia em São Paulo via Rodovia Euclides da
Cunha. Recepcionaram-nos a Fátima e o Adilson, seus proprietários. Uma pousada
de excelente qualificação e completa (foto). Deixamos de repetir tels, que com
certeza terão sido alterados seus números e não temos a informação se ainda
prestam esse tipo de atendimento.
|
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1SnCPRs-Pzk8EPfS1LgCmwEP6HQOxFv4XynljytkZP9NMapFMKcD1DEHJidmdZCyPnOCEUMCYSGBCwuCOiM35Pueox9LhrLphvr6SD2jEgxgtMYsft-2WDzGWAY8okk179pfUkPo_XONJ/s400/img790.jpg) |
Revista Aruanã Ed: nº49 – 02/1996
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário