sábado, 28 de janeiro de 2017

ESPECIAL: OS CABOS DAS VARAS DE PESCA.




                        Uma famosa marca


Se nós pescadores amadores tivermos o cuidado de analisar o nosso material de pesca, isentos de qualquer paixão, preferência ou marca, vamos chegar a algumas conclusões corretas para definir porque eles existem e estão em ofertas nas lojas de pesca.



Porta varas Yamato





Vara com “pistol grip”

Qual é de nós que não tem conhecimento de nomes que definem as grandes marcas de materiais de pesca. Vamos citar alguns mais conhecidos e evidente que não todos, já que isso é uma tarefa quase impossível e que iria tomar muito espaço e com certeza iríamos esquecer alguns e, tal esquecimento iria gerar criticas. Citemos por exemplo Berkley, Mitchel, Daiwa, Abu, Gamakatsu, Fenwick, entre outros. Pois bem, nos bons tempos quando havia algum lançamento de produto dessas ou de outras marcas famosas, o pescador amador, movido mais por paixão acumuladora do que pela razão, comprava o tal lançamento. Na época, os equipamentos ainda eram originais de seus países de origem e se destacavam os americanos, franceses, suecos, japoneses, alemães e alguma coisa “made in China”, o que, NA ÉPOCA, na era muito confiável, por ser de fabricação no quesito materiais, duvidosos. Hoje isso é diferente, pois os chineses fabricam boas coisas e isso se consegue ver, principalmente nos preços. 


Conjunto leve, médio e pesado Fenwick

Um mesmo produto e do mesmo tipo e marca, pode ter uma variação em seu preço de algumas centenas de dólares, o que mostra a qualidade de um ou outro produto. Exemplo: o molinete “X” da marca “Y” pode ter um preço, digamos de R$100,00 e o mesmo molinete “X” da marca “Y” pode ter um preço de R$1.400,00. Evidente está que essa diferença de preço, tem suas justificativas. Mas não é sobre isso que queremos falar já que o título desta postagem chama a atenção para fatos e argumentos. Vamos tentar explicar onde queremos chegar e de preferência, usando o bom senso. “É comum aparecer nas redes sociais fotos onde aparecem os materiais mais antigos, com observações tais como, “era muito usado”, tive um desses”, “estão comigo ainda originais”, “estão muito bem guardados”, etc. Ao vermos essas expressões nostálgicas, parece que os materiais comentados, estão completamente ultrapassados e que não mais servem nas pescarias, estando a eles reservados, um canto na prateleira para ficarem guardados. Ledo engano. Talvez tais equipamentos, mesmo antigos, ainda tem seu uso em pescarias e são até, digamos, muito melhores do que os novos, ainda nas lojas de materiais de pesca. 

Vara com cabo de cortiça

Vamos citar apenas um exemplo disso e certamente contamos com a experiência e inteligência do pescador, para que, se quiser, cite outros exemplos, já que eles existem. Vamos falar das varas de cabo curto ou se preferirem das varas “pistol grip”. Traduzindo ao pé da letra, “pistol” significa pistola e isso talvez pelo formato do seu cabo. Já “grip” tem várias palavras que se encaixam e muito bem no caso. Vamos usar uma: “agarrar firmeza”. Teríamos então no nosso idioma pátrio, uma tradução básica de agarrar com firmeza o cabo da pistola, no caso o tal formato do cabo da vara. Agora a pergunta: porque fábricas famosas lançaram tal formato de cabo de vara em suas hastes? E, não foi uma, mas praticamente todas elas, tinham suas varas com esse tipo de cabo. Neste ponto sou obrigado a emitir minha opinião e aceito criticas ou correções, mostrando que e se, estou enganado. Não existe veja bem, até hoje, nenhuma vara com esse cabo, que trabalhe melhor uma isca de superfície em imitação de um peixe em fuga, nos chamados “rápidos” tipo sticks, zaras, plugs dentre outros e com ação rápida. 

Vara com cabo médio

O cabo curto não atrapalha, não enrosca, não sai da mão, o cabo é anatômico e perfeito. O detalhe é que, ao se fisgar um bom peixe, era inevitável ter-se que levar o cabo a altura do peito e nele apoiar, para poder trabalhar a presa. Isso até poderia ser considerado um defeito, se não fosse a qualidade para o qual foi criado. Pouco tempo depois, lançaram um cabo um pouco mais comprido, em feltro ou cortiça, que dava a segurança do apoio do antebraço, para lutar com o peixe. Era mais fácil e seguro, mas não tão perfeito quanto o “pistol grip” no trabalho das iscas de superfície. Podíamos citar outros tipos de material mais antigos e que, alguns não entendiam porque as fabricas lançavam suas novidades. Quantas vezes eu vi, pescadores passando Araldite, para conservarem a cortiça dos cabos e não para perceberem que a cortiça tinha por finalidade dar maior segurança ao pescador na hora do arremesso. Muitos cabos untados com esse tipo de cola fizeram o pescador perder seu equipamento, já que escorregavam da mão e, em se estando em um barco, ver-se ele mergulhar na água. Perda total. E, vou parar por aqui, evidente deixando a cada leitor, que conte seu caso, onde um equipamento original foi mudado para “melhorar seu desempenho”. Abraço a todos



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A FEBRE SORUMBÁTICA








Estarão sujeitos a essa terrível doença, principalmente os pescadores que costumam acampar e ficar vários dias isolados em uma região remota qualquer. Os primeiros sintomas são o nervosismo que começa a nos atacar, quando tudo começa a nos aborrecer. A cura, por incrível que pareça, é à volta à civilização. É só meter o pé de volta na estrada, que a sorumbática desaparece. Tudo começa mais ou menos assim...



     
  A euforia que toma conta dos pescadores, na véspera de uma pescaria, seja no Pantanal ou na Bacia Amazônica ou ainda em qualquer outro local distante do seu lar, é enorme. É um tal de arruma isso, desarruma aquilo, compra de novos materiais – é incrível que sempre esquece-se de alguma coisa – e reuniões para se combinar com os companheiros, os detalhes finais da viagem. No dia marcado, tralha toda arrumada e ajeitada e lá vamos nós em busca de um prazer compreendido somente por quem pesca. Qualquer viagem dessas é sensacional, ainda mais quando se vai em caravana, pois sempre tem um que atrasa, fazendo os outros esperarem, e lógico, devidamente censurado pelos companheiros. Os mais antigos o apelidavam de Chico Landi, atualmente talvez já chamem o retardatário de Sena ou mesmo Piquet. E chega-se ao local do acampamento. Monta-se tudo na mais perfeita ordem e aqui um parêntesis, já que um dos nossos conhecidos gosta de arrumar tudo tão bem, que quando chega nos finais, está na hora de voltarmos. Por incrível que pareça, esse pescador faz prateleiras, mesas, bancos, banheiros, cozinha, etc. Sua paixão é ficar arrumando o acampamento, mesmo que isso possa lhe custar a pescaria.  Mas vamos voltar à “febre sorumbática” e para tanto, vou contar dois casos acontecidos com um particular amigo nosso, e merecedor de todo nosso respeito, mas que são realmente muito pitorescos. Para que não haja problemas, vou chama-lo de senhor H. Para que o leitor associe a imagem ao fato, digo que o senhor H é um homem de posses, já beirando os 50, estatura mediana, assim como sua compleição física. Para finalizar ele tem um sotaque bem acaipirado, o que por certo lhe dá um charme maior em seus feitos.

                                                      1º Caso 

   Aconteceu em um sertão qualquer de Mato Grosso do Sul, não importa. O certo é que no terceiro dia de permanência, o senhor H, que estava numa caminhoneta nova, começou a ser atacado pela “febre sorumbática”. Nada mais lhe dava sossego, nem mesmo os dourados e pintados grandes que estavam sendo fisgados. Escutar os companheiros que tentavam lhe acalmar era motivo de mais febre. Acometido pela “terrível doença”, o senhor H fazia de tudo para vir embora, com o que, lógico, seus companheiros não concordavam, afinal de contas, estavam à beira do rio havia apenas três dias. Mas o senhor H estava acometido da febre e não queria nem saber. Começaram então suas façanhas. De início, em uma casa de caboclo que havia próxima do acampamento, ele fez um acordo, ou compra, de pelo menos um alqueire de canavial. Preço justo e acertado, pago em dinheiro na hora, o senhor H, de posse de sua caminhoneta, começou a arrasar o canavial todo. Era da esquerda para a direita, marcha ré, curva fechada ou aberta e valentemente, seu carro ia derrubando os pés de cana, que “teimosamente” ficavam à sua frente. Foram mais ou menos duas horas de uma fúria incontida contra o canavial, que só parou, porque a fricção do carro pifou. E só quem estava lá é que pôde verificar o olhar de vitória estampado na face de nosso herói, que montado em sua pick-up, valentemente arrasou com os inimigos. Mal comparado, parecia D. Quixote, em luta contra os moinhos de vento, no caso, a cana. Aquela noite ele dormiu com os anjos.Mas no segundo dia após sua particular luta, a febre o acometeu de novo. Agora, em seu cérebro nasceu a idéia brilhante: como ninguém queria ir embora, sorrateiramente, à noite, ele esvaziou todos os tambores de gás do acampamento. Sem gás para cozinhar, todo mundo veio embora.




Na estrada, o mais indignado era ele, que vinha “metendo o pau” nas companhias especializadas em envasamento de gás, por fabricarem bujões com esse defeito e arrematava: “se fosse com um só, vá lá, mas em todos? Não dá mais para confiar”. (?)
                                                      
                                                    2º Caso

E mais uma vez, lá foi o senhor H pescar e com os mesmos companheiros da vez anterior, ou se preferirem, do gás. Desta feita, a turma já sabedora de sua facilidade em contrair a sorumbática, se preveniu: fecharam a chave todos os bujões e não deixaram ir com seu carro. O destino dessa viagem era mais uma vez um sertão qualquer e já com algumas mordomias, pois nessa viagem, estavam levando um cozinheiro. Acampamento montado, muito peixe e uma boa bóia, era a vida para ninguém botar defeito. No terceiro dia, o senhor H começou a notar que o cozinheiro, após os afazeres do dia, ao se recolher à sua barraca, de posse de sua viola, ficava tirando alguns acordes, a bem da verdade sempre os mesmos – noite adentro. Na manhã do quarto dia, os olhos do senhor H brilhavam de alegria. No almoço, chegou-se para perto do cozinheiro e disse que tinha gostado da viola e que gostaria de adquiri-la. Começaram a negociação e após longo papo, o cozinheiro disse que aquela viola ele tinha comprado em Campo Grande por, na época, 150 cruzeiros. Foi o que o senhor H precisava e na hora, tirando dinheiro do bolso, ofereceu 500 pela violinha. Ante o dinheiro o cozinheiro não pensou duas vezes e entregou a viola ao senhor H, que triunfante a levou até uma árvore próxima e a encostou com carinho no tronco. Afastou-se e foi até sua barraca. Passados alguns minutos voltou com sua calibre 12 nas mãos e diante dos olhares estupefatos dos companheiros, meteu os dois canos, com cartuchos chumbo 3 T, fazendo a viola em pedaços.



Mais uma vez a sua cara era de incrível paz e satisfação interior. Dois dias mais, e novamente ele começou a ser atacado pela febre. Agora, em conversa com outros companheiros , começou a perguntar de onde vinha aquela música, que todas as noites ele ouvia de sua barraca. Informado que vinha da barraca do cozinheiro, mais uma vez ele foi visita-lo. O ex-dono da viola tinha ficado bastante impressionado com o modo como o senhor H tinha “tocado” a viola, e quando na conversa ele mandou que se abrisse o preço no radinho de pilha, o cozinheiro, como um louco, saiu correndo e abraçado ao seu Spica (alguém se lembra?), e enquanto corria gritava: “no meu radinho ninguém vai dar tiro não”. No dia seguinte todos estavam na estrada novamente, pois o acampamento teve que ser desfeito, por falta de cozinheiro, que furtivamente durante a noite, carregou todos os “trens” da cozinha e se embrenhou no mato, sem antes prometer que nunca mais cozinharia para pescadores. Estes dois casos são verídicos, cujos personagens aí estão para confirmarem as duas histórias. Ainda mais: posso dizer, com certeza, que quando esta edição estiver circulando, o telefone irá tocar e do outro lado da linha, uma voz com sotaque bem arrastado irá dizer: “Toninho, ocê é bem fio da puta para ficar contando meus causos”. Vamos dar boas risadas com esse telefonema.

NOTA DA REDAÇÃO: Nos bons tempos, era comum os pescadores se reunirem na Pesca Pinheiros, (com o Edison pai) para um bom bate papo e saber das novidades de pesca e equipamentos. Foi lá que eu conheci os dois personagens desta história, que infelizmente, há muito estão pescando em outras águas. O nome “febre sorumbática” era usado pelo narrador das aventuras. O senhor H era figura constante na loja e boas risadas demos com suas histórias.

Revista Aruanã Ed: nº12 – Outubro de 89

sábado, 21 de janeiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - MARTIM PESCADOR










Quantas vezes em nossas pescarias, nos deparamos com este pássaro, que com certeza, é muito melhor pescador do que todos nós. Vamos conhece-lo um pouco melhor.





Como o próprio nome diz, o Martim Pescador está sempre à beira de rios e lagos, onde sua principal fonte de alimentação pode ser conseguida. A base dessa alimentação são os pequenos peixes, que ele os consegue, dando rápidos mergulhos nas águas e, após trespassa-los com o bico, retorna ao seu galho preferido, onde com jeito e sempre pela cabeça, engole-os. Sua família é a dos Alcedinídeos, com um único gênero Ceryle. Seu nome em tupi-guarani é arirambas.Há 5 espécies brasileiras: o Ceryle torquata (com 44 cm de tamanho); o Ceryle amazona (com 33 cm); os Ceryle americana e inda (com 20 cm) e o Ceryle aenea (13 cm). Seu colorido pouco difere de uma espécie para outra. Predomina a cor verde-esmeralda, com traços e pontilhados brancos; no peito e no ventre há uma mistura de branco e verde e algum colorido vermelho ferrugíneo. O modo de vida de um é o de todos. Pousado sobre galho curvado sobre o rio, vigia a superfície das águas e, descobrindo o que lhe pareça indício de peixe, prontamente se deixa cair, desaparecendo por alguns momentos debaixo da água, dando caça ao único alimento que lhe apetece: os peixes. O autor O. Monte em trabalho no ano de 1926, refere-se ao modo de caçar desses pássaros. Diz ele: “Interessante é o ardil empregado por esta ave, com o fim de atrair o peixe. Um dia estive por muito tempo apreciando seu sistema engenhosíssimo. Pousado sobre um fio telegráfico, que passava por uma lagoa, a ave de vez em quando dava um mergulho na água trazendo em seu bico um peixinho. Para atrair o pescado, o Martim pescador, fazia certa necessidade, que, caindo na água, era logo motivo de ajuntamento dos peixes, que era então aproveitado para a pescaria. E isto por várias vezes, concluiu ele”. No entanto na Europa, onde há espécies semelhantes e com os mesmos hábitos, os criadores de peixes querem muito mal a esta ave e, no ultimo caso, com boa razão, já que dizimam vários peixes desses criadores. Outra curiosidade são os ninhos dessa espécie, já que todos eles são feitos nos barrancos dos rios, achando-se a câmera no fim de um canal de mais de 2 metros de comprimento, que é escavado por essa ave. Por diversas vezes já aconteceram alguns casos entre o pescador esportivo e o martim pescador, principalmente quando o primeiro está usando em sua pescaria, iscas artificiais. Após dar o lance, usando iscas de superfície, se houver algum martim-pescador por perto, percebe-se que essa ave, começa a dar uma atenção especial a isca artificial trabalhada pelo pescador. Daí a um mergulhar e tentar “arpoar” a isca com o bico, é questão de segundos. Não consegue é claro, fisgar a isca em seu bico, em virtude do material da isca que é duro, mas por diversas vezes, com o impacto da ave na água, costuma se enrolar não só na linha, mas também nas garatéias da isca. Resta então ao pescador, traze-lo até o barco e com cuidado, solta-lo da isca. Parece tarefa fácil mas não é, já que nas mãos do pescador, essa ave costuma dar investidas com seu bico, que é duro e grande, causando mesmo dor nas mãos do pescador, tal é a força com que aperta o local onde consegue morder. Os pés com unhas pontudas é um outro problema, porém menor se comparado ao estrago feito pelo seu bico. O certo é segurar a ave pela cabeça, evitando a ação do bico, e livra-la da linha e das garatéias. É interessante notar que quando o soltamos, ele sai gritando, até parar em um galho não tão próximo do pescador. Uma afirmação pode ser feita e refere-se a dizer que, não existe um só curso de água doce, onde não haja um martim-pescador em suas margens. A não ser é claro, que nessas águas não exista peixe, o que deu margem a uma citação, que quando queremos nos referir a um mau local de pesca dizer: “não tem nenhum martim-pescador, quanto mais peixe”. Sinônimos: pica-peixe e arirambas.


Fonte consultada:Dicionário Aruanã Animais do Brasil Rodolpho Von Ihering                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - CARANHA














Após fisgada, a caranha costuma fugir para as pedras, o que acaba provocando enroscos e ruptura da linha. Um verdadeiro desafio para o pescador amador.




A caranha do mar, Lutjanus griséus, é um peixe que tem por hábito penetrar nos estuários dos rios e nesses locais alimentar-se de peixes e crustáceos. Até aí nada de mais, já que outros peixes tem o mesmo costume. Entretanto, o que a diferencia das demais espécies é que a caranha atinge a 1,4 m de comprimento e 80 kg. Fica fácil portanto, para o pescador imaginar o que pode acontecer em um encontro desses, com um peixe bastante voraz e violento. É normal, para quem pesca em um canal, usar linhas de bitola no máximo 0,50 milímetros, que são mais do que suficientes para trabalhar peixes como o robalo, a pescada e o linguado, habitantes naturais desses cursos d’água. De repente, em um lance mais caprichado num poço fundo e pedregoso “engata-se” uma caranha de bom tamanho. Só com muita sorte vamos conseguir cansá-la e retirá-la da água, ainda mais tendo esse peixe o péssimo costume de após fisgado, buscar proteção nas pedras, que em rios de beira mar são cobertas de ostras, cracas e mariscos, verdadeiras navalhas, terrivelmente cortantes. Uma linha de nylon, seja de que bitola for, não resiste ao mínimo contato com essas pedras e com certeza se romperá, levando do pescador, anzol e chumbada e o pior, dando ao peixe fisgado a liberdade. O colorido da caranha é vermelho róseo, passando a cobre, e possui dentes fortes, o que desde já aconselha o cuidado na hora em que se vai retirá-la do anzol. A carne é de excelente sabor, principalmente quando frita, mas assada é uma outra excelente opção. Suas iscas preferidas são a sardinha, o parati, o amborê, a caratinga e o camarão. Nas iscas artificiais, pega muito bem em plugs de superfície, tipo Rapala, Red Fin ou ainda Rebel. Um outro tipo de pesqueiro onde também poderá ser encontrada a caranha, já que ela está ali por causa das pedras, são os costões e ilhas marítimas. Nesses lugares, o melhor equipamento para sua pesca, é o varejão de bambu e linha de aço trançada.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

REALIDADE - NÃO ERA ÉPOCA!








Todos os anos, a história se repete com os mesmos detalhes. O pescador amador marca sua pescaria no Pantanal/Bacia Amazônica e depois de gastar muito, percebe que a pescaria não teve o sucesso por um fato muito simples, “já havia passado a melhor época de pescar”. Como evitar essa falha? É o que veremos a seguir.






Em primeiro lugar, temos que saber que o Pantanal pode e deve ser dividido em três regiões, a saber: Pantanal norte (região de Cuiabá), Pantanal centro (região de Corumbá) e Pantanal sul (região de Porto Murtinho). Como ocorre todos os anos, desde que o mundo é mundo e que existe o Pantanal, existem duas épocas distintas: as das chuvas e a das secas. E mais, sempre começa a chover no norte, mais ou menos em outubro/novembro. Vamos imaginar que todo o Pantanal é uma grande concha. Ora, com a chuva no norte, essa região ficará, com os rios sujos, água nos campos e portanto ruim de pescar. Por volta de março, dependendo da chuva, que determinou a altura da cheia, a água começa a limpar e nos rios a piscosidade aumenta e muito, tendo então o pescador amador que escolheu essa região para pescar, muito mais sucesso. Vamos tomar por base o rio Paraguai para dar a dica seguinte e esta não é imaginária, pois está cientificamente comprovada: a vazão desse belo rio, desde sua foz até o Oceano Atlântico, é de aproximadamente um centímetro por quilômetro. O próprio pescador amador pode raciocinar então que, com esse declive suave, toda a água acumulada pelas chuvas começará a descer da região norte para a região centro e depois para a região sul. Tal prática é inevitável. Pois bem, uma boa dica é saber o quanto choveu no norte e que altura a cheia atingiu. 





Para saber disso o pescador pode acompanhar o noticiário da imprensa, que fala sempre, às vezes com sensacionalismo, das enchentes pantaneiras. Se a cheia foi muito forte, a melhor época para a pesca na região norte é mais ou menos um mês depois que as águas começaram a baixar. Isso pode acontecer em março ou abril e talvez até antes. Ora, se em março o norte está cheio, o mesmo não acontece no centro e no sul. Pela prática, podemos dizer que as águas do norte chegarão ao centro mais ou menos a partir de maio e no sul a partir de julho. Nessa época, no centro e no sul, diferentemente do norte, onde as águas estão baixando, os rios começarão a subir, provocando então as mesmas enchentes e notícias da imprensa. Vamos colocar então, como informação principal para a nossa pescaria, como exemplo o mês de março, com base na região norte. A resposta a nossa pergunta tem que ser segura e verdadeira. No mês de março vem à informação de Cuiabá dizendo que o nível dos rios já começou a baixar, por exemplo, três centímetros por dia. Pronto, o período da vazante começou e aí o pescador que quiser marcar sua pescaria para o Pantanal norte pode se preparar. A sua disposição, para uma boa pescaria, estarão os meses de março até junho ou julho e, se houver chuvas atrasadas, até agosto e meados de setembro. 





Outra dica: se no Pantanal norte as águas começaram a baixar três centímetros por dia, com certeza (isso é regra), no Pantanal centro o nível das águas estará subindo. Afinal de contas é a mesma água “ladeira” abaixo. Quando as noticias derem conta que no Pantanal centro as águas começaram a baixar, e isso ocorre mais ou menos em junho, e na mesma proporção de alguns centímetros por dia, é o sinal para marcar sua pescaria para essa região. Na região sul, o nível das águas, na mesma época, ainda estará subindo, e a dica é esperar também que comece a baixar, o que deve ocorrer por volta de agosto ou setembro. A bem da verdade deve-se dizer que os meses citados nesta matéria podem ser diferentes, pois o que irá determinar o mês certo será a quantidade de chuva que cair, determinando a altura da cheia.  Pronto, aí está uma regra que deve ser rigorosamente obedecida, para quem quer ir pescar e pescar bem. Uma outra dica muito importante: pela nossa experiência, diríamos ou aconselharíamos ao pescador que procure pescar sempre quando começar a vazante, com o nível de água alto. Eu explico: com bastante água limpa movimentando-se na vazante, a água do Pantanal estará nos campos, onde se pescará muito bem o pacu, no sistema de batida, tanto no campo como na saída deste para o rio. Os corixos estarão cheios e nas suas entradas ou saídas para o rio irão se formar pequenas corredeiras, onde a água correrá mais rápida. 



São os melhores locais para a pesca de dourados e pintados. Quando as primeiras praias começam a aparecer, as beiradas são excelentes pesqueiros para pintados e jurupocas. Com a água no mato, e se houver um ninhal em cima das árvores, estes locais tornam-se excelentes para a pesca esportiva da piraputanga. Para finalizar, diríamos ainda que, com a vazante, as saídas de água para o rio são ótimos pesqueiros, pois estas águas estarão trazendo as iscas naturais para o rio principal. Citamos tais iscas: frutas e coquinhos (pacu); pequenos peixes, que se movimentam em cardumes, para saírem dos baixios e não ficarem presos em lagoas, tais como: lambaris, sauás, sairús, traíras, jejus, tuviras, etc (dourados e pintados). Para finalizar, podemos afirmar que todas essas dicas acontecem exatamente iguais, porém em épocas diferentes, nos três “Pantanais” aqui citados. No entanto, se o pescador amador continuar a marcar sua pescaria com um ano de antecedência, ele estará jogando com a sorte. Se suas férias coincidirem com o período e a quantidade de chuvas e cheias certas, “aleluia”, a pescaria será excelente. Se não, haverá a triste constatação de que, mesmo com todo o dinheiro gasto, “não era a época certa”, desculpa esta que além de não explicar, não justificará o mau resultado. Dica final: nunca pergunte ao dono de um pesqueiro como está de peixe, pois esperando sua presença e seu dinheiro, ele, com raras exceções, dirá sempre que está muito bom de peixe. 






Com sua chegada e verificação de que não está tão bom assim, a justificativa será sempre a mesma: o cardume estava aqui “na porta do pesqueiro” ainda ontem. Com certeza já passou. E lá vai nosso rico dinheirinho e não vêm nossos pobres peixinhos. Já nos rios da Bacia Amazônica, essas dicas variam e muito. Devemos abrir exceção nessa variação sobre as chuvas. São elas, as chuvas, que irão determinar também, na região qual será a melhor época para fazer sua pescaria. Mas isso é outra história a ser publicada brevemente.

NOTA DA REDAÇÃO: A Revista Aruanã tinha um serviço ao seu leitor chamado de SOS PESCADOR, que podia ser acessado por telefone. Qualquer problema que o pescador tivesse, bastava ligar para o SOS é nós tentávamos resolver da melhor maneira possível. Muitos problemas foram resolvidos com nossa atuação. Um desses problemas, que gerava muitas consultas, era qual a melhor época para marcar uma pescaria, tanto no Pantanal como na Bacia Amazônica. Para dar uma resposta exata, contávamos nós com uma série de amigos, pantaneiros ou amazonenses, que nos davam a posição, em altura, das águas dessas Bacias. Isso facilitava muito a ida do pescador, em sua pescaria anual. Observando certas regras, dificilmente o pescador errava sua pescaria. 


     Amazônia na época das secas


Nossa informação principal – que era passada ao leitor – tinha por norma prever as melhores épocas, apenas passada a época das chuvas. Não adiantava marcar a pescaria, por exemplo, com 6 meses de antecedência, já que era impossível prever a quantidade de chuvas na região. Passada a fase das chuvas, tínhamos então a altura das águas, por exemplo, em Cuiabá, onde podíamos calcular, pelo volume, qual seria a melhor época no Pantanal Norte, Centro e Sul, já que inevitavelmente, as águas seguiriam seu rumo rio Paraguai abaixo, mostrando cheias e vazantes. Na Bacia Amazônica, as informações partiam dos amigos de Santarém, Manaus, Porto Velho e outros. Simples mas, bastante seguro e com praticamente nenhuma margem de erro.  Dito isso, alguns fatos engraçados. Sempre informávamos que era bobagem perguntar ao dono do pesqueiro como “estava de peixe”, já que a resposta era sempre muito boa e que a reserva podia ser efetuada a qualquer tempo ou época. Evidente está que havia exceções. Raras, mas havia. Marcando uma pescaria, pela agenda do empresário do setor, este já podia fazer suas contas de onde e como investir, pois o sinal já havia sido depositado. Acertar uma boa pescaria, marcada com muita antecedência, era então uma questão de sorte determinada pela altura das águas na época e, no local. Um fato verídico acontecido com uma turma nossa conhecida e, por ela a nós relatada. 

Corredeira em corixo

Chegada à data marcada ligaram para o pesqueiro escolhido perguntando como estava de peixe. Resposta: “muito bom de dourado, pintado e pacu”. Com essa boa notícia, lá foram eles para a pescaria anual dos sonhos. Chegando ao pesqueiro, a verdade foi outra. Praticamente nada de peixe “bom”. O empresário disse então à turma: “até um dia antes de vocês chegarem, tinha um cardume enorme aqui na porta. Pelo jeito deve ter passado, mas deve melhorar logo, logo”. Não foi verdade e a turma voltou praticamente sem nenhum peixe. Dinheiro gasto à toa. E o pior de tudo foi que, o tal empresário, para garantir seus clientes telefonou para o chefe da turma e teve a cara de pau de dizer: “no dia seguinte, depois que vocês foram embora, acreditam que um cardume enorme de pintados e dourados ‘encostou’ aqui na região? Foi muito azar de vocês, mas ano que vem a coisa deve mudar”. Com certeza não precisamos dizer mais nada. E, reservo-me o direito de não informar o pesqueiro ou a região, por motivos óbvios. E mais, não marque sua pescaria com muita antecedência, já que conforme a altura dos rios, ela pode ser ou não, de boa qualidade. E, não se preocupe com as vagas, pois por certo elas estarão à sua disposição, na época certa. E melhor ainda: caso não tenha vagas, acampe. Dá um pouco mais de trabalho, mas os resultados serão muito melhores.


Revista Aruanã Ed.25 -  dezembro de 1991

sábado, 7 de janeiro de 2017

FOLCLORE BRASILEIRO - A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA













Como em outras regiões, a influência indígena e negra no folclore é muito grande. Os contos e lendas do Amazonas caracterizam bem o folclore do lugar. Através de heróis indígenas, eles explicam a origem das coisas. Como na lenda da Vitória Régia.







Segundo a crença indígena, a lua, tal qual a vemos no céu, é um guerreiro belo e forte, que, nas noites de luar, desce a terra para escolher na tribo uma índia e casar-se com ela, após o que a índia escolhida torna-se uma estrela, a fazer parte de alguma das muitas constelações que existem no céu. É com essa simplicidade, e a partir de muita observação do meio que o envolve, que o índio encontra explicações para todos os fenômenos naturais que o cercam. Em certa tribo do Amazonas, vivia uma índia jovem e formosa, cujo nome era Naiá. Quando soube que a lua era um guerreiro belo e poderoso, por ele se apaixonou, e passou a namorar a lua, sendo tão avassaladora sua paixão que recusava as mais diversas propostas de casamento que lhe faziam os homens mais fortes e bravos da tribo. Todas as noites, Naiá ia para a floresta e ficava admirando a lua com seus raios prateados. Às vezes, ela saia correndo através das matas, para ver se conseguia alcançar a lua com seus braços. Mas esta continuava sempre afastada e indiferente apesar dos esforços da índia para atingi-la. Numa noite, Naiá chegou à beira de um lago. Viu nele, refletida, a imagem da lua. Ficou radiante! Pensou que era o guerreiro branco que tanto amava, e para não perde-lo, lançou-se nas águas profundas do rio. Morreu afogada. Então a lua, que não quisera fazer de Naiá uma estrela do céu, ao saber da paixão que esta lhe devotava, resolveu homenagea-la transformando-a em uma estrela das águas. Tomou seu corpo e fe-lo virar uma linda flor, imensa e radiosamente bela. Todas as noites, essa flor abre suas pétalas enormes para que a lua ilumine sua corola rosada. Essa flor é a Vitória Régia.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - AMBORÊ


    AMBORÊ



Porque o amborê é um peixe muito especial? Simplesmente porque na pescaria de costão, praia, rios e canais do litoral, este pequeno peixe é a isca mais preferida por espécies como robalos, pescadas, meros, badejos, garoupas, caranhas, e mais uma infinidade de peixes esportivos.





Peixinhos do litoral, da família Gobildeos, e seu nome científico é Gobiodes broussonnetii. Sua coloração principal é de tons amarronzados com pequenas manchas claras branco azuladas. Sua principal característica é que ele possui na parte inferior do corpo, nadadeiras ventrais, transformadas em discos adesivos. Suas escamas são quase subcutâneas. Sua presença está registrada em todo o litoral do Brasil e até o México. Seu habitat preferido são as tocas de pedras e grotas, podendo ser tanto em água salgada, como doce e salobra. Em algumas regiões, na pesca de robalos e pescadas, ele chega a ser melhor do que o próprio camarão vivo. Sua serventia como isca pode ser comparada à do lambari nas águas doces. Outra particularidade do amborê é que se ele ficar, por qualquer motivo, preso a alguma lagoa ou pequena quantidade de água, se esta começar a secar, simplesmente vai para as margens e consegue percorrer grandes distâncias por terra, até achar uma lagoa para sua nova moradia. Nesse percurso, o amborê tem um jeito todo especial de “andar”, que consiste em movimentos iguais ao de uma cobra, só que bem mais rápido, parando vez por outra para descansar. Outro fato interessante que pudemos observar nessas caminhadas, é que sua pele fica seca, parecendo uma folha e talvez isso lhe sirva de destaque para algum predador que o queira fazer de alimento. No Nordeste são conhecidos nas variantes “amoré” e outras. A família em apreço, caracterizada pelas nadadeiras ventrais em disco adesivo, abrange para mais de 20 espécies e desta forma é provável que as duas denominações (amboré e muçurango) devam definir subdivisões, como também foram estabelecidas em sistemática. As espécies da subfamília Eleotrígineos, gênero Dormitator e Eleotris  estão em qualquer água do litoral, salobra ou mesmo doce, ao passo que os da subfamília Gobilíneos preferem a água mais batida do mar. Não tem valor econômico, a não ser como isca. No Brasil, dependendo da região onde ele está, pode ser conhecido por vários nome, e entre esses destacamos: amare, aimoré, amaré-guaçu, chimboré, moréia–do-mangue, amoré, amaborê, amoreia, babosa, cundunda, emboré, amiuíra, maria-da-toca, muçurango e tajacida.


Nota da Redação: A melhor maneira de pegar o amborê é com o uso de uma linha de mão ou caniço simples, um pequeno anzol e de isca, pedaços pequenos de camarão, sardinha e até mesmo massa de farinha. A fisgada é visual, basta apenas descer a isca em uma loca de pedra que, havendo amborés, a fisgada e imediata. Um pequeno balde com água irá mante-lo vivo por várias horas.