sexta-feira, 2 de março de 2018

HISTÓRIA DE PESCADOR - O PORTO








Começando a atracação no porto                                                                                      



 São muitas as histórias engraçadas que já tivemos oportunidade de viver em nossas andanças por esse Brasil afora. Isso até já é um projeto para um futuro livro. Esta história, por exemplo, aconteceu no rio das Velhas, em Sacramento (MG).
                                                                                 

Rio da Velhas

Na ocasião, havíamos ido ao Rio das Velhas com a finalidade de fazer uma matéria sobre “tubaranas” (que depois descobrimos serem pirapitingas). Nessa pescaria estavam presentes além de mim, o Amir, o Lester e o Mauricio, todos residentes em Sacramento. Da matéria, publicada na revista, o leitor deve se lembrar: descemos o rio das Velhas desde a pequena cidade de Desemboque, até um determinado trecho do rio, na fazenda do amigo Abrão, percorrendo mais ou menos 35 quilômetros. Rio bonito, muitas corredeiras, água muito limpa e muita pirapitinga fisgada. No que se refere a “bóia”, ou seja, o que comeríamos durante a viagem, ficou acertado que seria de responsabilidade do Amir, que iria fazer uma farofa de frango à mineira. De fato, ao entrarmos no rio em Desemboque, o caldeirão da farofa lá estava e foi acomodado em um canto do barco. 

As pirapitingas

Lá pelas tantas, deu fome no pessoal e cada um de nós com uma lata de refrigerante nas mãos, literalmente “atacou” a farofa. Realmente estava muito bem temperada, mas a bem da verdade devo dizer que havia muito pouco frango propriamente dito. O Mauricio disse então que apesar de ser aquela uma farofa de frango, deste só tinha mesmo pescoço, “grade” (costela) e pé. Prosseguiu revelando que o Amir havia comido o peito e as coxas do frango na noite anterior à pescaria. Bem, o que o Amir respondeu é impublicável, mas proporcionou-nos boas risadas durante o dia. O interessante era que o caldeirão de farofa passava de mão em mão. E cada um dava uma “ciscadinha” na farinha para ver se achava um pedaço de frango. 


Mas o mais engraçado estava por vir. Continuamos a descer o rio e já no final da tarde estávamos chegando ao nosso destino: o porto. Após uma curva do rio, eu e o Amir tivemos o seguinte diálogo: - Olha lá o Porto anunciou ele. – Onde? Indaguei. – Lá! E projetava o lábio inferior em forma de bico apontando à frente. – Onde é que está esse porto, que eu não estou vendo? – Ali, pô, onde está aquele bambu seco encostado. – Você está brincando... – Que nada sô! Lá é o melhor lugar para “subir” o barco. Pois é, leitor, o “porto”, solitariamente sinalizado por uma vara de bambu encostada no paredão de pedra do rio, estava lá. Eu disse paredão? Então bota mais paredão nisso. Para se ter uma idéia, o tal paredão tem mais ou menos uns 20 metros acima do nível do rio, sendo o principio de pedra e o resto de terra, com várias árvores no meio do trajeto. Incrédulo, dirigi-me ao Amir: “Vocês estão brincando que vão tirar o barco por aí” E ele: “fique o senhor sabendo que esse é o melhor porto do Rio das Velhas!”. 

A “operação subida”

Pois bem. Optei por sentar, aprontar minha máquina fotográfica e registrar a “espetacular” subida do barco. Pelas fotos o leitor pode ter uma idéia da “beleza e comodidade” oferecidas por aquele que era o “melhor” porto do rio. A “operação subida” deu-se mais ou menos assim: amarraram a ponta de uma corda comprida na proa do barco e o Lester subiu o morro levando outra ponta. Lá em cima, deu uma laçada em uma árvore e comandou a subida. Aqui embaixo, o Amir e o Maurício pegaram cada um do lado do barco e começaram a levanta-lo. A essa altura chegaram amigos da fazenda do Abrão, que também deram uma “mãozinha”. A cada grito do Lester lá no alto o pessoal aqui embaixo dava um empurrão no barco para cima. Após mais ou menos 15 minutos, o barco estava descansando no pasto da fazenda enquanto o pessoal da “operação subida” arfava e suava em bicas. E então o Amir lançou a observação fatal: “Viu, panaca? Agora fala a verdade, você já viu porto melhor e mais seguro do que este?” O silêncio foi minha resposta final, pois para subir o “porto”, precisei do auxílio de cordas. Sem comentários.



Revista Aruanã Ed: 55 publicada em 12/1994
                                                           


2 comentários:

  1. Esta é uma das histórias que me deu dor de barriga de tanto rir.

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  2. Realmente foi muito engraçado. Ainda recentemente tive oportunidade de relembra-la com o Amir, um dos participantes nessa história. Demos boas risadas. valeu

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