Numa matéria especial para a Revista Aruanã,
Rubens Junqueira Vilella ensina de modo claro como nos orientar pela bússola,
seja de bolso ou náutica Guie-se por aqui.
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Foi na idade Média que duas invenções abriram ao homem o
caminho para a conquista da navegação em alto mar: o leme e a bússola. Quanto a
esta ultima, não resta dúvida de que os chineses, desde a mais remota
antiguidade, conheciam as propriedades da agulha imantada, mas somente a partir
do século XIII ela fez sua aparição no Ocidente, por intermédio dos árabes. Seu
uso difundiu-se rapidamente, mas era ainda um instrumento muito rudimentar: uma
pequena agulha suspensa por finíssimo fio, ou apoiada sobre leve pena que
flutuava livremente na água em um recipiente. Ela indicava com boa aproximação
a direção da estrela polar do hemisfério norte, na constelação da Ursa Menor,
astro cuja fixidez no céu servia há muito para orientação. É mais provável que
você, pescador, possua uma bússola pequena, dessas de bolso.
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Quando você a segura na mão, firme e nivelada, a agulha gira
e oscila, cada vez mais lentamente, até parar, apontando para o norte (N). Caso
você alinhar o mostrador circular (limbo) por baixo da agulha colocando a ponta
desta posição “N”, poderá ler qualquer direção que desejar: Leste (E), Sul (S),
Oeste (W), ou outro ponto intermediário. Esta tendência da agulha magnetizada
de procurar o norte quando montada para girar livremente, é o princípio no qual
se baseia a construção de todos os tipos de compasso magnético, como se diz em
linguagem náutica. No entanto, existe um outro tipo de bússola magnética, mais
usada nas embarcações maiores e nos aviões, cuja montagem difere da bússola de
bolso e é sujeita, portanto a outra forma de leitura, o que poderá confundi-lo.
Na bússola de bolso, a agulha gira independentemente do mostrador.
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No tipo náutico, o próprio mostrador esta montado sobre um de
agulhas que flutua num líquido (água e álcool) de tal maneira que o mostrador
todo é que gira até permanecer apontado sempre na direção norte, ao
estabilizar-se. Quando o barco altera o
rumo, o habitáculo que contém a bússola gira junto com ele, enquanto o
mostrador permanece estacionado. Existe uma linha de referência externa chamada
de linha de fé, alinhada com a proa do barco, que indica o rumo magnético da
embarcação, pela posição da linha de frente ao mostrador circular graduado
geralmente de 0 a 359 graus, de um em um grau. Para evitar a perturbação da
bússola pelo jogo do barco o aparelho pode ser montado num eixo cardan.
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OS ERROS DA BÚSSOLA
Como dissemos no início, e os antigos já sabiam disso, a
agulha da bússola não aponta exatamente para “norte geográfico e sim para o
“norte magnético”. A Terra não é um imã perfeito e o eixo magnético não está
alinhado exatamente com o eixo de rotação que determina os pólos geográficos.
Na maior parte do Brasil, a agulha da bússola aponta cerca de 10 a 20 graus à
esquerda, ou seja, a oeste da linha norte sul geográfica. Este ângulo de desvio
entre a direção no norte verdadeiro (geográfico) e o norte magnético é
conhecido como “declinação magnética”. Apenas no Acre a declinação é zero, ou
seja, ali a bússola aponta exatamente o norte verdadeiro. Já no Nordeste brasileiro,
a declinação alcança 22 graus oeste. O valor da declinação magnética acha-se
indicado nas cartas náuticas.
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Como ele varia de ano para ano, também é indicado o valor da
variação anual a partir de determinado ano. Por exemplo, no litoral de São Paulo
a declinação indicada é de 17 graus 45 minutos em 1985, e a variação anual é de
11 minutos positivos (crescente). Portanto, para atualizar a declinação em
1992, é preciso multiplicar a variação anual por 7. Temos 7 vezes 11 igual a 77
graus, que devemos somar a 17 graus 45 minutos, o que dá 17 graus 122 minutos
ou finalmente, 19 graus 02 minutos. Portanto, na região de São Paulo, a agulha
da bússola aponta 19 graus à esquerda do norte verdadeiro. Visto de outra forma
a direção norte está a um ângulo de 19 graus “à direita” da direção apontada
pela bússola. A ponta da agulha que aponta o norte costuma ser pintada de azul.
A regra é: somar à direção dada pela agulha o valor da declinação para obter a
direção verdadeira, sempre que a declinação seja a oeste (subtrair se for
leste).
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COMPENSAÇÃO DA BÚSSOLA
Outra fonte de erro da bússola, além da declinação, é a
presença de qualquer objeto metálico nas imediações do aparelho, como o próprio
casco da embarcação, fiação e baterias, ou mesmo uma faca de aço no bolso do
timoneiro. A correção deste erro é exigida pelos regulamentos da Marinha (para
lancha esporte de recreio classificação D2J, por exemplo) e faz-se pela chamada
compensação. Trata-se de uma técnica que aplica internamente ao aparelho
pequenos pedaços de ferro para alinhar corretamente a bússola. Esse alinhamento
deve ser feito a cada 5 ou 10 graus girando o barco ou colocando-o em rumos
conhecidos.
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Pode-se, por exemplo, usar bóias, faróis, pontas, etc., marcadas
nas cartas náuticas como referência de direção. Mas é um trabalho delicado, e
ao invés de mexer no aparelho é preferível fazer um pequeno gráfico de correção
que deve ser colado no painel junto à bussola.
COMO DETERMINAR A DECLINAÇÃO
A declinação magnética em qualquer local pode ser determinada
usando-se a própria bússola, desde que se conheça com precisão a direção
norte-sul verdadeira. Esta pode ser obtida pela carta náutica. Sem carta
náutica, e com menos precisão, pode-se usar o Cruzeiro do Sul: prolonga-se o
braço maior da cruz quatro vezes o seu comprimento e ali encontraremos a
direção do pólo sul da esfera celeste.
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Revista
Aruanã Ed: 28 Publicada em 06/1992
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