Em princípio, todas as linhas de monofilamento são iguais, já
que são fabricadas a partir da mesma matéria prima. Nessa afirmativa, porém,
algumas explicações devem ser dadas. Vamos a elas.
|
Pesca na água azul
É praticamente impossível dizer-se quantas marcas de linhas
existem destinadas ao segmento pesca amadora. São diversas marcas dos mais
variados tipos, no que se refere a cores, volume, diâmetros e libras. No caso
de diâmetros e libras, o pescador menos avisado já comete erros quando quer
comparar essas duas medidas, já que uma é medida de comprimento e a outra de
peso. . Quantas vezes já ouvimos, por exemplo, a expressão: “20 libras é mais
ou menos 0.40 milímetros”. Totalmente errada essa comparação, já que 20 libras
é igual a 9 quilos e 72 gramas, e podemos ter uma linha 0.40 milímetros que
agüente esse peso, bem como uma linha 0,20 milímetros que também agüenta esse
peso. Portanto, primeira dica: não compare libras com diâmetro. Um outro erro
bastante comum é quando se compra uma vara de pesca e, tanto pescadores como
vendedores, afirmam: “é uma vara que aguenta 15/30 libras”. Novamente errado,
já que a expressão 15/30 libras marcada na vara não significa que a vara aguenta
essa pressão, mas sim (importante) que nessa vara devemos usar linhas nas
classe de 15/30 libras, pois com linhas mais forte, por exemplo, estaremos
comprometendo a resistência da vara. Como se vê, são muitas informações que, se
não observadas, podem comprometer a nossa pescaria. Mas voltemos às linhas de
monofilamento.
|
|
Equipamento pesado
|
Quando se trata de linhas nacionais, ou seja, fabricadas no
Brasil, vamos encontrar principalmente quatro fabricantes: Mazaferro, Manap,
Equipesca e Olímpica, e talvez mais alguns que teimam em se esconder e não
fazer publicidade de seus produtos. Dizer qual é a melhor marca fica difícil,
já que todas elas são fabricadas de forma mais ou menos parecidas. Nos teste
efetuados pela Aruanã, mostraram-se em
níveis semelhantes no que se refere à elasticidade, resistência,
durabilidade, diâmetros, embalagens,
carretéis, etc. E, sem distinção, todas deixam a desejar, não no quesito
qualidade, mas sim no quesito informação. Enquanto nas linhas importadas
achamos embalagens modernas, impressas com não só o tipo da linha, mas com
informações e dicas sobre a linha, nós recomendados, dicas sobre conservação,
etc., nas nacionais encontramos a linha algumas vezes com embalagem e outras
com o carretel somente; nada de dicas e informações, em qualquer dos dois casos.
Numa conversa com um diretor de uma das empresas aqui citadas, ele nos falou
que o custo é o principal problema no que se refere à embalagem, carretel,
etiquetas adesivas e folheto de informações.
|
Pesca de pacu no Pantanal
Pior que isso foi a informação que a linha para a pesca, na
sua indústria, representa uma parte mínima em faturamento sendo que outros
produtos são o forte da empresa em faturamento e mais: que a concorrência com
as importadas é muito grande, que o contrabando atrapalha e muito, e mais
outras desculpas. Podemos até aceitar esses argumentos mas jamais concordar,
visto que os pescadores pagam pelas importadas, na maioria dos casos, preços
duas e até cinco vezes o valor das
nacionais. Ora, se alguém paga por uma linha um valor tão alto, algum bom
motivo deve ter, já que ninguém é louco para jogar dinheiro fora. Fora do
Brasil é comum, em uma indústria de linhas, fazer-se pesquisas para o
lançamento de uma nova linha. Essas pesquisas, depois de serem feitas em
laboratório, são feitas em áreas de pesca, sendo as linhas exaustivamente
testadas por... pescadores amadores. Com o resultado dessas pesquisas e suas
modificações, a linha é então fabricada e lançada no mercado. No Brasil, são
muitos tipos de linha e de todas as marcas. Quantas vezes o fabricante pediram
opinião ou submeteram essas linhas a testes, por parte de pescadores, antes de
lançarem o produto no mercado? De nossa parte, não só na condição de pescador
amador, mas antes de tudo, como polarizador de opiniões somos, a resposta
é...nunca.
|
|
Apapá em linha 0.40 mm
|
Pois bem, deixemos de lado esse problema, não sem antes dizer
que, nas linhas importadas, seus fabricantes as fazem principalmente para seu mercado interno consumidor e para os
grandes centros consumidores, tais como Estados Unidos, Japão e Europa. Para
nós, resta obter essas linhas e ver qual pode-se adaptar melhor à nossas
condições de pesca. Portanto, ao comprar uma linha de pesca, verifique antes se
a linha é a linha certa, seja importada ou nacional. Adote alguns procedimentos
tais como: em que equipamento vamos usa-la no que se refere a
molinete/carretilha ou varas, se a pesca será em água salgada ou doce, se de
peixes predadores ou não, se a pesca é de praia ou costão ou ainda de mar
aberto, se a pesca é nas imediações de pedras ou outros obstáculos, se a pesca
é de categoria leve, média ou pesada, se os arremessos serão violentos ou não,
qual o tipo de tração a linha irá sofrer, qual a resistência dela em comparação
ao tipo de peixe e mais uma infinidade de posições. Só depois de pesar todos
esses itens compre sua linha, seja nacional ou importada, pois com certeza, e
isso independe do preço da mesma, sua pescaria será feita muito mais consciente
e segue suas reais possibilidades.
|
Pesca de piraputanga
Perder um peixe, ou mesmo não fisgar nenhum, pelo simples
fato de estar com uma linha inadequada, é coisa de um passado distante, quando
as opções eram limitadas em se tratando de linha de monofilamento. E a dica
final: adote estas normas no que se refere ao tempo de uso de linhas de
monofilamento, pois antes de chegarmos a estas conclusões, muitos foram os
testes realizados, tanto com linhas importadas quanto nacionais. No uso em
molinetes: Pesca no mar: 2 pescarias; Pesca em água doce: 4 pescarias. No uso
com carretilhas: pesca no mar 3 pescarias; pesca em água doce; 5 a 6 pescarias.
Depois de usar durante o tempo indicado, jogue a linha velha no lixo,
literalmente. Não doe a linha para nenhum pescador ribeirinho, já que uma vez
fizemos isso e, depois de algum tempo soubemos que esse pescador fabricou uma
rede com nossa doação. Não jogue a linha nas águas de rios ou mar, pois a mesma
poderá enroscar na rabeta de seu motor de popa ou de alguma outra pessoa,
causando sérios estragos no equipamento. Coloque sempre linha na capacidade do
carretel de seu equipamento, já que linha a mais ou a menos irá atrapalhar. E
as linhas de pesca que não são de monofilamento? Existem sim, mas isso é uma
outra conversa, que fica para uma próxima vez. Boa pescaria.
|
|
Revista Aruanã Ed:64 Publicada 08/1998
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário