Em Tupi Guarani, piracanjuba significa “peixe
de osso amarelo”. Membro de uma numerosa família onde estão incluídas a
matrinchã, a pirapitinga, a piabanha e a piraputanga, a piracanjuba
proporciona, a exemplo destas, uma briga única e de muita esportividade.
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Piracanjuba
A piracanjuba pertence à família dos Characidae e seu nome científico é Triurobrycon luindii. É um peixe muito bonito, de corpo cinza-esverdeado
e ventre mais claro. Seu focinho e nadadeira caudal apresentam tons
avermelhados. Sua carne, apesar das espinhas, é de excelente sabor, e pode ser
considerada como uma das melhores entre os peixes de água doce. Sua distribuição
geográfica no Brasil situa-se nos rios formadores da Bacia do Prata e do São
Francisco. Nesta época do ano, considerada a melhor para sua pesca, desde janeiro
até meados de abril, a piracanjuba está muito ativa e a espera dos nossos
anzóis, iscados com iscas artificiais ou naturais. A melhor maneira de se
pescar esse peixe a princípio será procura-lo nos rios de correnteza mais
rápida, dando preferência a locais onde haja corredeiras e pequenas cachoeiras.
E aqui a primeira dica: quando a correnteza é forte, a piracanjuba costuma
ficar atrás de pedras e outros obstáculos. Já com correnteza mais fraca, fica
nos mesmos locais, só que na frente dos mesmos obstáculos. Suas iscas naturais
preferidas são as frutas de beira de rio, coquinhos, figos e até folhas de
determinadas plantas e flores. Pega muito bem também em rãs, pequenos peixes,
minhocas, caramujo, caranguejo, pitu, insetos, massas e milho verde. Nos dois últimos
itens, pega principalmente quando está acostumada a comer nas cevas.
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Detalhe da
cabeça da piracanjuba
Uma boa ceva para a piracanjuba é aquela feita com milho,
pedaços de queijo e pão velho. Nas iscas
artificiais, sua preferência é por plugs no formato de peixes, colheres,
spinners e jigs. Mais uma dica para as iscas artificiais: o pescador amador
deverá pescar em locais rasos ou de média profundidade, no máximo de 2 metros e
de preferência junto a pontos de correnteza rápida, como acima descrevemos. O
material para sua pesca pode ser classificado como sendo de categoria leve a
média, já que a piracanjuba atinge até 8 quilos de peso. Assim sendo, uma carretilha ou molinete de
tamanho médio, linha, 35 mm e varas de tamanho de 2 metros com ponta
razoavelmente resistente, são os materiais mais indicados para sua pesca. No caso de iscas naturais, um bom anzol é o
de tamanho 1/0 ou 2/0, por exemplo, o Mustad 92676 ou 92247. Um pequeno empate
de aço, principalmente para os exemplares maiores (acima de 3 quilos) é
recomendável. No caso de iscas artificiais usamos, no máximo, um líder de linha
mais forte. Uma boa dica para quem está atrás das piracanjubas é a de não
desanimar caso ela não fisgue de imediato nos poços. Isto ocorre porque ela
costuma nadar distâncias de até 9 quilômetros por dia e estar sempre em movimentação,
sendo essa uma particularidade interessante desse peixe.
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“O peixe de
osso amarelo”
No entanto, para o pescador amador mais observador, a mãe
natureza nos dá algumas dicas fáceis de serem notadas. Por exemplo: árvores com
frutos na beira do rio e que estejam caindo na água, são uma indicação segura
de bons pesqueiros. Árvores com flores são também uma boa indicação. Plantas com suas folhas beirando a água são
também uma boa dica e se o pescador amador perceber suas folhas roídas, como se
estivessem cortadas por dentes, será um ótimo local. Nesse caso específico, é
bom observar essa folhagem por algum tempo, pois se for a piracanjuba, teremos
a oportunidade de ve-las saltando e cortando as folhas. No entanto, é bom
lembrar que o pacu também tem o mesmo hábito. Para o pescador que dispõe de mais
tempo, sem dúvida a ceva garante o melhor pesqueiro. Quando pescada, só apoite
o barco se o local for de corredeira e com oportunidade para bater em vários
lances. Caso contrário, tanto com iscas naturais como artificiais, o melhor
mesmo é pescar de rodada. Evidente está que nas cevas construídas ou nas cevas
naturais (árvores de frutos), deve-se pescar apoitado e no mais absoluto
silêncio. No que se refere à esportividade da piracanjuba, podemos afirmar que está
entre os mais cotados peixes de água doce. Quando fisgada, briga valentemente
chegando mesmo a dar saltos espetaculares para fora da água, só se entregando
quando completamente exausta. Por nossa observação e experiência, podemos
afirmar ser o rio Paraná um dos melhores pesqueiros dessa espécie e onde
encontraremos os maiores exemplares. Temos tido notícia também de boas
pescarias em rios afluentes do Paraná e em diversos rios de Minas Gerais e
Bahia. Só como curiosidade e para finalizar, é costume dos pescadores de Foz do
Iguaçu usarem gomos de mexerica para a pesca da piracanjuba. Segundo eles, nessa
região a mexerica em gomos é a melhor isca.
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Revista
Aruanã Ed: 32 Publicada em 02/1993
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Bela matéria, Toninho, as mesmas dicas para a pesca da matrinchã...
ResponderExcluirMuito bom ler essas linhas de sua lavra. Elas, com certeza, nos trazem um passado não muito distante, onde vivemos tudo isso que Deus nos dava. Valeu Marcão. Só temos a agradecer à ELE, essa oportunidade. Fraterno abraço.Muito obrigado.
ResponderExcluirEste peixe foi redescoberto nos anos 90 no rio Uruguai, na margem catarinense, foram capturados dez, que seriam usados para reprodução em cativeiro e posterior soltura.
ResponderExcluirSoube através de pessoas que vieram daquela região que a piracanjuba era muito comum nos rio Uruguai e afluentes, mas desapareceu devido a poluição das indústrias de celulose.
Quando me descreveram este peixe eu não sabia de que espécie se tratava, já que eles o chamavam de truta. Mas quando falavam que o peixe comia frutos e folhas que caiam na água eu percebi que o nome estava errado. Foi só quando a matéria saiu nos jornais que a ficha caiu. Não sei se o peixamento deu certo!
Marcelino: A piracanjuba está presente em toda a Bacia do Prata e no rio São Francisco. Em vários locais, onde ela existia, devida a pesca predatória, desapareceu completamente. Talvez isso tenha acontecido no rio Uruguai. Mas a natureza é pródiga e muitas vezes, por razões que desconhecemos, os peixes que se julgavam extintos, reaparecem o voltam a povoar os rios. Ela é de uma família muito conhecida a Characidae e seu nome científico Triuobrycom lundii, nos lembram outros peixes da mesma família e com a aparência quase igual. Obrigado
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