Fizemos este roteiro atendendo a um amigo que
era gerente de uma grande indústria em São Paulo, já que a diretoria da
Alemanha estava querendo fazer uma pescaria no Pantanal. A Foz do São Lourenço
foi à escolhida. Havíamos passado diversas vezes por esse local em nossas
aventuras. Sempre nos encantava sua beleza natural. Desta feita resolvemos
parar. É isso que abordamos nesta postagem.
|
Serra do
Amolar
Quando falamos ser a foz do rio São Lourenço uma das mais
belas paisagens do Pantanal, não estamos exagerando. Se olharmos o rio Paraguai
e o São Lourenço quando os mesmos se juntam, a paisagem é a mesma, já que os
rios são iguais, bem como a vegetação. No entanto, uma coisa espetacular
diferencia esse local, que é o complexo do Amolar. Amolar é uma cadeia de
montanhas que se estende por vários quilômetros de extensão e largura, formada
principalmente por rochas e uma vegetação característica de montanha. Até hoje,
existem locais onde ninguém ou muito pouca gente pisou.
|
|
Barco Hotel Cabexy
O acesso é difícil, e talvez seja essa razão de sua natureza
quase intacta. É muito bonito estar nessa região com esse complexo a oeste, ou
à esquerda de quem sobe o rio Paraguai, principalmente no horário do
pôr-do-sol. Mas voltemos à Foz do São Lourenço, que é uma região muito procurada
pelos pescadores amadores. Normalmente o mais indicado é usar os serviços do
barco hotel, já que na região não existe nenhuma infra estrutura de pousada ou
hotel. Se o pescador resolver acampar, deve-se preocupar com a distância, que
da cidade mais próxima, Corumbá, chega a aproximadamente 130 quilômetros rio
acima, ou seja, contra a correnteza, o que dará menor velocidade a seu barco.
|
|
Pacu
Podemos até calcular
que, com um motor de 25 HP, dependendo da carga a bordo de um barco comum de
alumínio, vamos gastar cerca de 8 a 10 horas aproximadamente. Não se deve
esquecer que teremos viagem de volta e mais as pescarias na região, e tudo
isso somado em gasto de combustível, dará aproximadamente 200 a 300 litros de
combustível. Para quem gosta de aventura, é uma boa. Mas voltemos à realidade e
ao conforto do barco hotel. É o mais indicado, apesar de seu custo. O rio São
Lourenço está à direita de quem sobe o rio Paraguai.
|
|
Corixo Boca
de Burro
Sua foz é bastante comum, e se não prestarmos atenção, nem se
percebe que o grande rio está ali a desaguar. Isto porque a foz é muito larga,
com águas calmas. Duas dicas apenas: a água do São Lourenço é um pouco mais
turva que a do rio Paraguai, e atrás de sua foz há um pequeno morro com ponta
íngreme, completamente isolado. Se não entrarmos no São Lourenço, e seguirmos o
Paraguai subindo, a famosa baía da Guaíva estará a apenas 35 quilômetros. Mas
nós escolhemos o São Lourenço para pescar. Assim que passarmos a foz, poucos
quilômetros acima teremos à esquerda um outro morro com pedras na beira do rio.
|
|
Piauçu
Dependendo da época, formam-se pequenas corredeiras e é um
bom local para dourados e pintados. Quase em frente a esse morro, só que agora
à direita, há um pequeno corixo que acaba em uma lagoa e forma uma corredeira
pequena, de aproximadamente 60 metros, mas que é uma boa parada de dourados.
Mas a boa dica mesma é parar cerca de 30 quilômetros rio acima, perto de um
poço chamado de “Rita Velha”. Nesse poço, as melhores “apoitadas” serão à
esquerda de quem sobe o rio, junto aos camalotes.
|
|
Poço Rita Velha |
Nesses locais, dourados, pintados e barbados costumam pegar.
Nesse poço, ainda como dica, é conveniente pescar de rodada ou então corricando
junto à margem direita. Uma outra boa dica é um corixo estreito, que parece
pequeno pela sua largura, mas que sua extensão tem mais de 20 quilômetros, e
ainda se divide em dois. Seu nome é Taquaralzinho, e é excelente para se pescar
pacus, tanto de batida (tucum) como apoitado, usando neste ultimo, caranguejo
como isca.
|
Vitória
Régia
|
Piavuçus, jurupocas e palmito também são comuns e até um ou
outro pintado costuma aparecer, sem falar nas raias que também dão as caras. No
que se refere a corixos com a mesma característica, podemos citar ainda o
Limoeiro e o Boca de Burro. No capítulo de poços do rio vamos citar dois
excelentes locais: a Bilica e o Porto XV. Todos esses locais, citados por nome,
são excelentes para a pesca. No entanto, e isso depende muito da época em que
lá formos pescar, todo o trajeto do São Lourenço é recomendado. Com o descer
das águas, novos pontos de pesca vão aparecendo. Podem ser poços, remansos,
praiados e barrancos altos. Às vezes, uma simples galhada caída na margem forma
uma pequena corredeira, e ali podem estar alguns dourados que antes não
estavam. No novos poços, com o nível mais baixo, pequenos e grande jaús
costumam parar. São detalhes que, se observados com cuidado, podem fazer com
que a nossa pescaria seja muito mais proveitosa.
|
Arraia
No que se refere à
iscas, uma nova moda está em vigor, ou seja, os piloteiros estão aconselhando a
usar o minhocoçu. A bem da verdade, o gênero “minhoca” é a isca mais velha do
Brasil, e todos os peixes quando não há outras opções, pegam nela. Além da
minhoca, pode-se usar caranguejos, tuviras, mussum, jeju e ainda os tucuns para
a pesca de batida, sem esquecer as bolotas de massa. Veja nesta edição (NR: na Revista Aruana) a
matéria Pesca de Traíras em lagoas.
|
|
Dourado
A traíra é uma excelente isca, inteira ou em pedaços. Com a
vazante das águas, muitas lagoas se formam ao longo do rio e às vezes longe dos
olhos do pescador. Pergunte ao piloteiro onde estão essas lagoas e pesque
algumas traíras de isca, porque o resultado vai ser muito bom, tanto para jaús,
pintados e dourados. Caso o piloteiro “não conheça” nenhuma dessas lagoas (o
que é difícil), use seu bom sendo e observe bem, pois facilmente se percebe
pelas margens de algum corixo que agora está seco. Nesse corixo existem lagoas
que ainda não secaram e a traíra estará presente em grande número.
|
|
Corixo
Taqualrazinho
Na parte de material de pesca, use três opções: barra leve,
média e pesada. A leve, traduzida em linha 0,30mm ou 0,35mm, servirá para as
piraputangas, jurupocas e piavuçus. Use um anzol encastoado de 2/0 até 5/0. Na média
use linhas 0,40mm a 0,50mm, para os pintados, cacharas e dourados. Como anzol,
também encastoado, recomendamos o 6/0 até o 8/0. Já na pesada, uma boa linha
estará entre 0,60mm até 0,80mm para jaús e grandes pintados. Os anzóis podem
ser 7/0 até o 10/0. Um bom anzol para pescar no Pantanal é o Mustad (NR:saudades) 92247.
|
|
Cachara
|
Para os pacus, que pode ser considerados como pescaria média,
temos duas opções: o 5/0 para a pesca de batida e o 7/0 ou 8/0 Mustad tipo
92676. As iscas artificiais que devem ser levadas só servirão para a pesca de
dourado e piraputangas. Assim sendo, para o dourado leve iscas médias e
grandes, mas o principal cuidado refere-se às garatéias, que obrigatoriamente
terão que ser de tamanho 2/0 até 4/0, porém dê preferência às do tipo três ou
quatro vezes fortes. Para as piraputangas, a melhor isca será o spinner, e uma
boa dica é trocar a garatéia por um só anzol. O melhor anzol para ser usado é o
5/0 citado acima para a pesca do pacu na batida. Para finalizar, não esqueça
que o São Lourenço é um rio que divide os dois estados de Mato Grosso, e
portanto pode, digo “pode”, haver problemas com a fiscalização. Isto porque,
além da licença do IBAMA (federal), o estado de Mato Grosso exige a licença
estadual, que eles não chamam de licença, mas sim de “cadastro de pescador
amador” (NR: claramente uma bi tributação). Em
Mato Grosso do Sul, serve a federal ou a estadual (NR:idem,idem),
e a cota de pescado, caso queira trazer algum peixe para casa, será, se você
sair por MS, de 15 quilos mais um exemplar de qualquer peso. Se sair por MT, a
cota será de 20 quilos ou um exemplar, de acordo com a Lei 7.155 de 21/7/1999
art. 7º. No mais, boa pescaria.
NR: Devido esta matéria ter sido publicada na
Revista Aruanã em agosto de 2000, as leis nos dois estados, “deram muitas e
muitas voltas e reviravoltas”. É bom que o pescador se atualize.
|
Revista
Aruanã Ed: 75 Publicada em 08/2000
|