sábado, 1 de junho de 2019

ROTEIRO - A FOZ DO SÃO LOURENÇO














     
Fizemos este roteiro atendendo a um amigo que era gerente de uma grande indústria em São Paulo, já que a diretoria da Alemanha estava querendo fazer uma pescaria no Pantanal. A Foz do São Lourenço foi à escolhida. Havíamos passado diversas vezes por esse local em nossas aventuras. Sempre nos encantava sua beleza natural. Desta feita resolvemos parar. É isso que abordamos nesta postagem.



      Serra do Amolar

Quando falamos ser a foz do rio São Lourenço uma das mais belas paisagens do Pantanal, não estamos exagerando. Se olharmos o rio Paraguai e o São Lourenço quando os mesmos se juntam, a paisagem é a mesma, já que os rios são iguais, bem como a vegetação. No entanto, uma coisa espetacular diferencia esse local, que é o complexo do Amolar. Amolar é uma cadeia de montanhas que se estende por vários quilômetros de extensão e largura, formada principalmente por rochas e uma vegetação característica de montanha. Até hoje, existem locais onde ninguém ou muito pouca gente pisou.   

Barco Hotel Cabexy

O acesso é difícil, e talvez seja essa razão de sua natureza quase intacta. É muito bonito estar nessa região com esse complexo a oeste, ou à esquerda de quem sobe o rio Paraguai, principalmente no horário do pôr-do-sol. Mas voltemos à Foz do São Lourenço, que é uma região muito procurada pelos pescadores amadores. Normalmente o mais indicado é usar os serviços do barco hotel, já que na região não existe nenhuma infra estrutura de pousada ou hotel. Se o pescador resolver acampar, deve-se preocupar com a distância, que da cidade mais próxima, Corumbá, chega a aproximadamente 130 quilômetros rio acima, ou seja, contra a correnteza, o que dará menor velocidade a seu barco.

Pacu 
Podemos até calcular que, com um motor de 25 HP, dependendo da carga a bordo de um barco comum de alumínio, vamos gastar cerca de 8 a 10 horas aproximadamente. Não se deve esquecer que teremos viagem de volta e mais as pescarias na região, e tudo isso somado em gasto de combustível, dará aproximadamente 200 a 300 litros de combustível. Para quem gosta de aventura, é uma boa. Mas voltemos à realidade e ao conforto do barco hotel. É o mais indicado, apesar de seu custo. O rio São Lourenço está à direita de quem sobe o rio Paraguai. 

Corixo Boca de Burro
Sua foz é bastante comum, e se não prestarmos atenção, nem se percebe que o grande rio está ali a desaguar. Isto porque a foz é muito larga, com águas calmas. Duas dicas apenas: a água do São Lourenço é um pouco mais turva que a do rio Paraguai, e atrás de sua foz há um pequeno morro com ponta íngreme, completamente isolado. Se não entrarmos no São Lourenço, e seguirmos o Paraguai subindo, a famosa baía da Guaíva estará a apenas 35 quilômetros. Mas nós escolhemos o São Lourenço para pescar. Assim que passarmos a foz, poucos quilômetros acima teremos à esquerda um outro morro com pedras na beira do rio. 

Piauçu
Dependendo da época, formam-se pequenas corredeiras e é um bom local para dourados e pintados. Quase em frente a esse morro, só que agora à direita, há um pequeno corixo que acaba em uma lagoa e forma uma corredeira pequena, de aproximadamente 60 metros, mas que é uma boa parada de dourados. Mas a boa dica mesma é parar cerca de 30 quilômetros rio acima, perto de um poço chamado de “Rita Velha”. Nesse poço, as melhores “apoitadas” serão à esquerda de quem sobe o rio, junto aos camalotes. 

Poço Rita Velha
Nesses locais, dourados, pintados e barbados costumam pegar. Nesse poço, ainda como dica, é conveniente pescar de rodada ou então corricando junto à margem direita. Uma outra boa dica é um corixo estreito, que parece pequeno pela sua largura, mas que sua extensão tem mais de 20 quilômetros, e ainda se divide em dois. Seu nome é Taquaralzinho, e é excelente para se pescar pacus, tanto de batida (tucum) como apoitado, usando neste ultimo, caranguejo como isca.

Vitória Régia
 Piavuçus, jurupocas e palmito também são comuns e até um ou outro pintado costuma aparecer, sem falar nas raias que também dão as caras. No que se refere a corixos com a mesma característica, podemos citar ainda o Limoeiro e o Boca de Burro. No capítulo de poços do rio vamos citar dois excelentes locais: a Bilica e o Porto XV. Todos esses locais, citados por nome, são excelentes para a pesca. No entanto, e isso depende muito da época em que lá formos pescar, todo o trajeto do São Lourenço é recomendado. Com o descer das águas, novos pontos de pesca vão aparecendo. Podem ser poços, remansos, praiados e barrancos altos. Às vezes, uma simples galhada caída na margem forma uma pequena corredeira, e ali podem estar alguns dourados que antes não estavam. No novos poços, com o nível mais baixo, pequenos e grande jaús costumam parar. São detalhes que, se observados com cuidado, podem fazer com que a nossa pescaria seja muito mais proveitosa.



Arraia 
No que se refere à iscas, uma nova moda está em vigor, ou seja, os piloteiros estão aconselhando a usar o minhocoçu. A bem da verdade, o gênero “minhoca” é a isca mais velha do Brasil, e todos os peixes quando não há outras opções, pegam nela. Além da minhoca, pode-se usar caranguejos, tuviras, mussum, jeju e ainda os tucuns para a pesca de batida, sem esquecer as bolotas de massa. Veja nesta edição (NR: na Revista Aruana) a matéria Pesca de Traíras em lagoas. 

Dourado
A traíra é uma excelente isca, inteira ou em pedaços. Com a vazante das águas, muitas lagoas se formam ao longo do rio e às vezes longe dos olhos do pescador. Pergunte ao piloteiro onde estão essas lagoas e pesque algumas traíras de isca, porque o resultado vai ser muito bom, tanto para jaús, pintados e dourados. Caso o piloteiro “não conheça” nenhuma dessas lagoas (o que é difícil), use seu bom sendo e observe bem, pois facilmente se percebe pelas margens de algum corixo que agora está seco. Nesse corixo existem lagoas que ainda não secaram e a traíra estará presente em grande número. 

Corixo Taqualrazinho 
Na parte de material de pesca, use três opções: barra leve, média e pesada. A leve, traduzida em linha 0,30mm ou 0,35mm, servirá para as piraputangas, jurupocas e piavuçus. Use um anzol encastoado de 2/0 até 5/0. Na média use linhas 0,40mm a 0,50mm, para os pintados, cacharas e dourados. Como anzol, também encastoado, recomendamos o 6/0 até o 8/0. Já na pesada, uma boa linha estará entre 0,60mm até 0,80mm para jaús e grandes pintados. Os anzóis podem ser 7/0 até o 10/0. Um bom anzol para pescar no Pantanal é o Mustad (NR:saudades) 92247. 




Cachara

Para os pacus, que pode ser considerados como pescaria média, temos duas opções: o 5/0 para a pesca de batida e o 7/0 ou 8/0 Mustad tipo 92676. As iscas artificiais que devem ser levadas só servirão para a pesca de dourado e piraputangas. Assim sendo, para o dourado leve iscas médias e grandes, mas o principal cuidado refere-se às garatéias, que obrigatoriamente terão que ser de tamanho 2/0 até 4/0, porém dê preferência às do tipo três ou quatro vezes fortes. Para as piraputangas, a melhor isca será o spinner, e uma boa dica é trocar a garatéia por um só anzol. O melhor anzol para ser usado é o 5/0 citado acima para a pesca do pacu na batida. Para finalizar, não esqueça que o São Lourenço é um rio que divide os dois estados de Mato Grosso, e portanto pode, digo “pode”, haver problemas com a fiscalização. Isto porque, além da licença do IBAMA (federal), o estado de Mato Grosso exige a licença estadual, que eles não chamam de licença, mas sim de “cadastro de pescador amador” (NR: claramente uma bi tributação). Em Mato Grosso do Sul, serve a federal ou a estadual (NR:idem,idem), e a cota de pescado, caso queira trazer algum peixe para casa, será, se você sair por MS, de 15 quilos mais um exemplar de qualquer peso. Se sair por MT, a cota será de 20 quilos ou um exemplar, de acordo com a Lei 7.155 de 21/7/1999 art. 7º. No mais, boa pescaria.
NR: Devido esta matéria ter sido publicada na Revista Aruanã em agosto de 2000, as leis nos dois estados, “deram muitas e muitas voltas e reviravoltas”. É bom que o pescador se atualize.

Revista Aruanã Ed: 75 Publicada em 08/2000

2 comentários:

  1. Toninho. Hoje em dia os "pescadores" não encaram uma aventura dessas, só vão na boa e com a presensa de guias. Parabéns!

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  2. Mas o pouco que conhecem, já se "acham" capazes em dar opinião, que na maioria das vezes são ineficientes ou incompletas. Mas, todos eles que assim procedem, na volta mostram as fotos e os vídeos da grande pescaria. E ainda por cima, dizem que o Pantanal é como a casa deles. Conhecem tudo. Fiz essa brincadeira só para ver se alguém respondia, já que os nomes citados, são famosos pontos de pesca na Foz do S.Lourenço. Valeu meu amigo.

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