A Estrada
da Graciosa tem sua entrada na BR 116 já no Estado do Paraná. Essa pequena, mas
linda estrada nos leva até Morretes, onde teremos toda a infra estrutura para a
pesca no rio Nhundiaquara (que em Tupi Guarani significa “o rio dos bagres”).
Esse rio lembra muito os rios europeus. É um rio de águas muito limpas com
praias de areia e pedras, em sua maioria arredondadas. Os peixes dessa região,
além dos robalos nos rios, são bem variados. No mapa vemos onde ele junta suas
águas aos outros rios e baías.
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Visão geral
do Nhundiaquara, seus baixios e melhores pesqueiros
Saímos de São Paulo via BR116 até a divisa com o estado do
Paraná, e de lá até a entrada da estrada de Graciosa são aproximadamente 75 km.
Na passagem puder rever uma ponte sobre a Represa de Capivari onde já tive a
oportunidade de pescar muito black bass. Na rodovia que liga São Paulo a
Curitiba, ve-se com destaque placas indicativas da estrada de Graciosa, citando
ainda a cidade de Antonina no litoral paranaense. Nosso destino final era a
cidade de Morretes, onde alguns amigos do Iate Clube de Morretes nos
aguardavam. Mas voltemos à tal estrada de Graciosa, que a par da singeleza do
nome, podemos afirmar que é realmente uma das mais belas paisagens que já
vimos.
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A baia de Paranaguá
Começa por sua entrada, onde há uma cancela e um posto da
Polícia Rodoviária, o que a princípio nos faz pensar que iremos trafegar por
uma estrada particular. À medida que fomos descendo – com cuidado, pois é uma
estrada bastante estreita e cheia de curvas – a beleza aumentando, já que em
alguns locais a vista é excelente, sendo possível inclusive ver a baía da foz
do rio, além das cidades de Paranaguá e Antonina. Já mais para o fim da estrada
da Graciosa, começamos a ver à direita o rio Hhundiaquara com paisagens que
lembram muito os rios europeus. É um rio de águas muito limpas, com praias de
areia e pedras, em suas maiorias arredondadas. Parece bem um rio de trutas,
igual a muitos que temos oportunidade de ver em fotos e vídeos importados.
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Praia de
Matinhos
Para se chegar até Morretes, passamos por duas pontes, sendo
a ultima de estrutura metálica, a mais bonita de todas, pois lá se parando, ao
olhar para baixo, conseguíamos ver centenas de lambaris fazendo evoluções na
água. A paisagem realmente é muito bonita. Já em Morretes, dirigimo-nos ao Iate
Clube, que ficam distante apenas seus quilômetros da cidade. Mais uma surpresa,
pois o Nhundiaquara passa bem no meio da cidade, e conforme informações que
recebemos, alguns moradores já conseguiram fisgar robalos, pescando dentro da
praça da cidade. No Iate Clube estavam nos esperando os amigos Remi, Jorge e
Maneco, que dariam à nossa equipe toda a estrutura necessária para a pesca de
robalos e a reportagem no citado rio. Marcamos nossa saída para o dia seguinte,
bem cedo. Começamos a pescar no rio São João, afluente do Nhundiaquara.
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Trecho do
rio na cidade
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Aliás, pescamos em
todos afluentes do rio principal, e nosso leitor poderá ve-los no mapa
publicado nesta matéria. Infelizmente, junto conosco chegou também uma frente
fria, o que acabou baixando sensivelmente a pressão atmosférica, e isso, em
termos de pesca é fatal. Mas mesmo assim conseguimos fisgar alguns robalos de
tamanho razoável, além de termos também observado a ação de alguns grandes
robalos próximos as nossas iscas artificiais. Um detalhe muito importante é que
muitos pescadores usam como isca para a pesca do robalo o lambari vivo.
Conversamos com alguns deles, e todos nos disseram que naqueles dias os peixes
estavam muitos “manhosos”, mas que mesmo assim haviam fisgado vários
exemplares.
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Isca de lambari vivo
O pessoal que pesca com lambaris vivos, conforme pudemos
constatar dá preferência ao rio das Neves. Em todos os rios onde estivemos,
pudemos perceber a existência de galhadas, pedras e bons poços, que normalmente
se localizam junto às curvas mais acentuadas, onde há barrancos com mata
natural. Podemos também dar destaque especial ao “Moleques”, que é um conjunto
de pedras que se estendem da margem até o meio do Hundiaquara, já bem perto de
onde se abre para formar uma grande baía. Outro destaque especial (veja o mapa)
vai para o “Moreira de Baixo”, à margem esquerda de quem olha o rio para esse
pequeno canal. Foi nesse trecho que tivemos mais ação dos grandes robalos, que
infelizmente não chegaram a ser fisgados.
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Pesqueiro do
Moleque
Aliás, também nesse trecho do rio encontramos o Antonio
Carlos, um dos membros da APIAPAR (Associação dos Pescadores com Iscas
Artificiais do Paraná), que é um velho amigo que hoje reside em Curitiba. O “Tonico”,
conforme nos relatou, também obteve boas ações de peixes nesse ponto do rio. A
bem da verdade há alguns anos soubéramos por intermédio dele que era possível
fazer boas pescarias com grandes badejos, ciobas, caranhas e outros peixes,
todos fisgados com iscas artificiais. Não entramos na baía, pois optamos por pescar
nos afluentes do Hundiaquara, mas caso o pescador queira seguir este roteiro,
aí está uma boa dica, sendo que os bons pesqueiros estão indicados nos mapas,
referindo-se principalmente a ilhas e parcéis de pedras. Junto conosco mais uma
vez estava o amigo Nelson de Mello, nosso especialista em pesca de praia.
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Robalo no
lambari
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Existem várias praias localizadas a uma distância de 60 km
partindo-se do centro da cidade de Morretes. Segundo informações obtidas junto
a outros pescadores amadores, a mais indicada para a pesca seria a praia de
Morrinhos, à esquerda de um pequeno canal, bem visível da rua principal junto à
praia. É uma praia de tombo e oferece toda a infra estrutura desejável por quem
pratica essa modalidade. Inclusive para a aquisição de iscas naturais, existe
no local o Porto dos Pescadores, com um pequeno mercado de pescado onde
poderemos comprar camarões, já que, pelo menos na praia de Morrinhos, não
existem iscas como o corrupto. Usando então o camarão morto, Nelson conseguiu
fisgar uma boa corvina, com cerca de dois quilos e um robalo de aproximadamente
um quilo, além de vários outros peixes típicos da praia, como pampos, betaras,
bagres, paratis barbudos e especialmente um “galhudo” de bom tamanho.
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Pesca em
praia de Tombo
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Na opinião do Nelson, trata-se de uma excelente praia para a
pesca, e os resultados de sua pescaria foram por ele considerados
razoáveis. Para aqueles que quiserem seguir
este roteiro, recomendamos levar barcos e motor de popa (para pescar no rio),
já que não existe esse serviço no local. De resto. Morretes tem bons hotéis e
ótimos restaurantes, onde o prato principal é o “barreado”, prato típico da
região, feito à base de carne de boi cozida e misturada com farinha de mandioca
e alguns temperos, que o tornam muito saboroso. Se você gosta de pescar com
iscas vivas, terá oportunidade de conseguir facilmente lambaris e camarões.
Para se ter acesso ao rio, pode-se usar a rampa do Iate Clube de Morretes, e se
a opção for acampar, pode-se faze-lo dentro das dependências do clube, pois há
ali um local especialmente destinado para esse fim.
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Corvina na
praia
Aproveitamos aqui para agradecer publicamente ao Marcos
Flávio, o “Marquito”, secretário do Iate Clube, que fez questão de colocar à
disposição dos leitores da Aruanã mais essa comodidade. Agora a fica final, e
com certeza a mais importante: se você já ouviu falar em Cananéia, no litoral
sul de São Paulo, com seus rios maravilhosos, baías e enseadas, saiba que a
estrutura das águas de lá e da região do Hundiaquara são as mesmas, já que se
quisermos sair de Morretes pela água, passaremos pela baía de Paranaguá, dos
Pinheiros, Ariri, Cananéia e chegaremos até Iguape e Icapara, que é justamente
onde começa esse complexo de rios e baías, a partir do estado de São Paulo. A
pescaria é a mesma, as águas são iguais, as iscas e o material utilizado
também, sendo que a única diferença a favor do Paraná é que lá a região é muito
mais intocada, e muito menos gente pesca por ali.
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Robalo na
isca artificial de superfície
Finalizando, informamos que os principais peixes dessa região
– além do robalo nos rios, que foi nossa meta – são bem variados, sendo que
vamos encontrar com facilidade espécies tais como pescadas amarelas, badejos,
corvinas, garoupas, miraguaias, cavalas, e anchovas, e é bom ressaltar que
algumas espécies atingem tamanhos enormes, como é o caso dos badejos e
garoupas. Se você já pescou em Cananéia, vale a pena pescar também em Morretes,
local com muito menos fama, mas com uma piscosidade que com certeza faz lembrar
a Cananéia dos velhos tempos. Aqui está portanto mais um roteiro aprovado e
recomendado pela equipe Aruanã, e encerrando, dirigimos um agradecimento especial
a todos os associados do Iate Clube de Morretes, já que sem sua ajuda e
colaboração, esse roteiro certamente não teria sido a beleza que foi. Obrigado
a todos.
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Revista
Aruanã Ed:45 publicada em 06/1995
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