terça-feira, 5 de maio de 2020

MODALIDADE - OS HABITANTES DA ESPUMA







Em uma pescaria de praia, todas as opções de pesca devem ser exploradas. A pesca na espuma é uma delas, e é bastante esportiva. Confira.


Carapicu 
Em uma pescaria de praia, quando a maré está na enchente, é muito comum que as ondas venham cada vez mais lavar a areia que antes estava seca. Para o pescador mais observador, a visão de organismos tais como minúsculos tatuíras, sarnambis, outros pequenos vermes é frequente. Com a espuma das ondas, esses organismos mudam constantemente de lugar. Os tatuíras, por exemplo, têm pouco mais de um centímetro de comprimento. São exatamente esses minúsculos organismos que pequenas betaras, pampos, carapicus, paratis-barbudos, galhudos, peixe-rei e outros vêm caçar para se alimentar. Se o pescador estiver preparado com o material certo, poderá se divertir a valer, fisgando exemplares dessas espécies. 


Pampo galhudo 
Na maioria serão pequenos peixinhos, mas não estranhe se de repente um peixe maior abocanhar a isca. O importante é que, enquanto se realiza a sua pescaria, lá mais para o fundo, aqui bem perto de seus pés um verdadeiro mundo de pequenos peixes estará se alimentando, já que este é o lugar certo para eles estarem. Como dica principal diríamos para usar um material ultra-leve, por exemplo: uma vara pequena (1.50m) e que tenha uma ponta bem fina; um molinete pequeno (o menor que houver); linha 0.10mm ou 0.12mm; anzol pequeno (o melhor é o chamado “mosquito”, bastando apenas um); e um pequeno chumbo, de qualquer formato, com peso de no máximo dez gramas. Pronto, nosso material está preparado para fisgar os “habitantes da espuma”. 

Tatuíras 
E a isca? Mais uma vez ela tem que ser especial, no que se refere apenas ao tamanho, já que no tipo ela é bem comum, ou seja, o tradicional camarão morto. O modo de preparo dessa isca é também bastante simples, bastando apenas que se descasque o camarão e se o esmague contra uma superfície dura. Esse ato de esmagar pode ser feito com o dedo polegar: está pronta a “massa” para a isca. O passo seguinte é separar esse camarão esmagado em pedaços bem pequenos, e o melhor instrumento para isso é uma lâmina de barbear ou um estilete, ou ainda uma pequena faca de ponta fica e afiada. Serve também uma pequena tesoura. 


Betaras 
O tamanho da isca deverá ser igual à cabeça de um palito de fósforo. Estando a isca pronta, basta passar o anzol por ela, que o mesmo estará fisgado. Os locais de arremesso podem ser em volta do pescador, tanta para a direita como para a esquerda, e a distância que achar necessário. O importante é que sejam efetuados na espuma. Como profundidade dessa espuma, basta apenas que seja de cinco centímetros no mínimo. Um outro conselho é deixar a fricção do molinete o mais leve possível, já que, com um peixe um pouco maior, ela irá “cantar”. Uma outra dica, para quem não quer usar o molinete, é usar uma vara telescópica (3 a 4 metros) também bem fina. 

Praia rasa 
Usa-se a mesma linha, anzol, chumbo e a isca. A linha pode ser um pouco mais longa que o comprimento da vara que irá se usar – por exemplo - um metro a mais. Os lances aqui serão mais curtos, e devemos mudar um pouco de lugar para conseguirmos bater mais pesqueiros. No mais tudo será igual à pescaria realizada com a vara de molinete. Se você nunca tentou esse tipo de pescaria, tenha a certeza de que vale a pena, pois a esportividade é a produção serão muito boas. Sinta como aqueles pequenos peixinhos puxam violentamente (guardadas suas proporções), e veja que muitas vezes irão roubar a sua isca sem que você perceba. Só para afirmar mais uma vez a piscosidade da espuma, saiba que existem até campeonatos de pesca especializados somente nesse segmento. Bom divertimento. 


Habitantes da espuma 
NOTA DA REDAÇÃO: Não vai longe o tempo, talvez uns cinco ou seis anos que vi, em Peruíbe, uma senhora que era uma verdadeira especialista nesse tipo de pesca. Sua pescaria começava com um pequeno puçá (imitando um jerere) e ia passando ao longo da praia, - perto da espuma - arrastando para pegar isca. Suas iscas presas então eram camarões minúsculos em sua maioria. Após coletar a quantidade que ela achava ideal, passava então a pescaria. Uma vara telescópica de uns 4 ou 5 metros, linha fina, anzol mosquito, chumbo tipo oliva e a linha um pouco mais longa que a vara. Na praia em Peruíbe, existem vários bancos e quando vi a senhora fazendo aquela pescaria parei o carro e fui apreciar a “arte” dela. Perto tinha alguns pescadores de praia com o material que conhecemos. A mesma rotina: entra na água, dá o lance e volta para perto do secretário e coloca a vara na espera. Enquanto a pescadora pegava uns cinco ou seis peixes pequenos, só uma vez vi um deles pegando uma betara um pouco maior em tamanho, das que aquela senhora estava fisgando continuadamente. Foi um verdadeiro banho na quantidade de peixes fisgados. E olhe que os pescadores citados, não eram novatos, pois o material deles era de excelente qualidade e, usavam corrupto como isca. Dizer o que mais?


Revista Aruanã Ed:61 Publicada em 02/1998

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