Este elegante e empertigado habitante das grandes campinas
úmidas e dos espraiados dos rios e das lagoas, caracteriza-se bem por ter
algumas penas longas na região posterior da cabeça e um esporão encarnado no
encontro das asas. O colorido geral é cinza-claro, com ornatos pretos na
cabeça, peito, asa e cauda; as coberteiras menores das asas são
verde-metálicas, as maiores e a barriga são brancas; o bico e as pernas
destacam-se pela cor vermelha.
Sua voz diz claramente as duas sílabas que lhe valeram as
denominações onomatopeicas, gritadas com timbre quase metálico. As capivaras
tiram bom proveito com a convivência com o quero-quero; pastando no campo, elas
prestam atenção aos gritos da ave e quando, pela entoação característica,
percebem que o clamor denuncia a aproximação do caçador, prontamente os grandes
roedores se refugiam nas águas. Relatou o Dr. Sérgio Meira Filho que em seu
aviário várias vezes tirou prova de que esta ave perscruta a terra, batendo com
o pé. Quando percebe algo que lhe pareça suspeito, insiste na auscultação,
tateando fortemente ora com um, ora com outro pé. Finalmente, convencida de ter
achado o que procurava, escava a terra e infalivelmente o bico arranca de lá
uma minhoca. Como explicar tal agudez de sentido e como interpretar essa
auscultação?
São aves briguentas, que provocam rixas com quaisquer de
outra espécie, habitantes das mesmas campinas; a própria ema é atacada, às
vezes por um casal apenas, mas com tal insistência e petulante violência, que a
grande ave, disposta a princípio a não ligar-lhe importância e procurando
afugentá-los com movimentos bruscos de cabeça e das asas, por fim se vê
obrigada a correr quase meia légua, para livrar-se dos importunos
atormentadores.
O. Monte (Alm. Brasil, 1926) relata que no norte o matuto, na
sua gíria, diz que “tem sono de ‘téu-téu’ quem acorda facilmente, com qualquer
rumor”.
Bibliografia:
Dicionário dos Animais
do Brasil
Rodolpho Von Ihering
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