Nova partida e lá vamos nós. De Maracaju até Rio Brilhante
foram cinco paradas, ou se preferirem “cinco buracos”. Noite bem dormida, pela
manhã nosso destino era o Posto Zuzu pois ali sabíamos que existia um bom
mecânico. De fato, chegamos lá às 8 horas da manhã e o mecânico nos atendeu.
Pois bem, além de ser um bom mecânico, o tal senhor mais parecia um cirurgião
plástico, tal era o cuidado com que manuseava as ferramentas. Para cada aperto
de um parafuso ele demorava “um século”. Enquanto ela fazia sua “arte”, outro
mecânico, o “Japa”, soldava a bandeja. Eram 13 horas quando acabaram, mas não
sem antes nos mostrar que a barrada direção estava segura apenas por um
parafuso ... também. Consertamos a barra da direção. Agora, “com o carro jóia”,
já desenvolvíamos maior velocidade. Foi quando começou um barulho estranho no
pneu. Era um “ploc, ploc” na traseira do carro. Paramos no acostamento e
percebemos que o pneu traseiro da Veraneio era recauchutado e estava soltando a
borracha. O Kuringa não teve dúvida, e como ele mesmo falou: “a gente corta o
pedaço que está saindo e pronto”. Munido de sua faca de pesca, cortou o pedaço
e fomos adiante. A bem da verdade, o barulho parou. Pois bem, fizemos cinco
paradas para cortes no pneu. Era só escutarmos o ploc, ploc, que descíamos com
a faca de pesca na mão. A esta altura estávamos perto de Bataguassu, quando o
pneu da carreta (o consertado) estourou. Parada e troca pelo estepe. Seguimos
viagem e quando paramos no posto para almoço, compramos um pneu para a carreta.
Eram 16 horas. Assim que saímos do posto, começou uma forte chuva que a
Veraneio vencia sem dificuldade, apesar de que, claro, na subida ela estava
perdendo sensivelmente a potência. Já escurecendo, paramos em um posto já no
estado de São Paulo. Foi aí que percebemos porque a Veraneio estava perdendo a
potência. O barco que estava sendo puxado, com a chuva foi enchendo de água.
Como o tampão de escoamento estava no lugar, ele encheu até a borda. Olhares
entre nós e ninguém disse nada. Abrimos o tampão e “inundamos o posto”. Vez por
outra um funcionário do posto passava perto e lançava olhares de reprovação à
“enxurrada”. Como já era noite e ainda estávamos longe de São Paulo, e tendo
que pegar estrada novamente, resolvemos dar uma olhada na iluminação traseira
da carreta. Não foi surpresa nenhuma mais, verificar que nada estava aceso.
Saímos do posto e encostamos no eletricista. Perdemos cerca de 2 horas para
retornar à viagem. Desse ponto em, diante, coube a eu dirigir a Veraneio e a
minha parte seria até a Castelo Branco.
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Uma aventura tem começo, mas fim não, porque trazemos na memória o aprendizado e a sabedoria que toda aventura nos fornece.
ResponderExcluirUma viagem inesquecível, publicado na edição 20 da revista Aruanã foi uma destas, se então era complemento da aventura cumprir com o nosso destino foi uma epopeia.
O Chico que trouxe a Veraneio 74, com os afazeres que ele teve naquela semana, somente saiu de Corumbá no dia em que deveria nos pegar em porto Murtinho e por isto fez a viagem por terra.
-Mas pelas estradas de dentro assim me disse ele, e como estava atrasado andou o mais rápido que pode. Na carreta que pulava demais, ele colocou uma tora de madeira atravessada em cima das rodas, tocou o pau, e com os solavancos os parafusos da Veraneio foram se soltando.
A matéria que publicaste na Aruanã, foi vista não só pelo Paggiaro da Leverfort como também pelo André Bier da GM, e depois de umas negociações me ofereceram outra Veraneio novinha para fazermos nossas matérias. Recusei, quer dizer preferi aquela B.20 vermelha com cabine dupla e caçamba estendida que usamos para fazer a matéria do Rio Araguaia. Agora daria para levarmos os motores de popa em pé. Levei sim a Veraneio para o mecânico que a reajustou toda e achou o problema elétrico, era um sistema de segurança e um fio se soltou, era passar por um buraco que ele encostava na lataria e cortava a corrente.
A pancada leve na direção voltava a funcionar todo o sistema, inclusive os faróis. Se soubesse que era um fiozinho? O Pneu depois o Chico me contou que era o estepe, o de uso furou e ele não teve tempo de arrumar.
Graças a tua publicação um conhecido do meu mecânico, depois de ler reconheceu a Veraneio e quis compra-la. Agora leia isto com atenção.
- Um dia, uns cinco anos atrás reconheci a Veraneio e principalmente o numero da placa, já era nova com três letras porem achei muita coincidência os números 9923 e a cor cinza numa Veraneio 74, acreditei que o proprietário tinha conseguido manter os números. Parei ao lado e perguntei para um rapaz de uns 25 anos que a dirigia se ele era o dono.
-Me contou que tinha sido do pai dele que comprou de um pescador porque ela havia saído numa revista de pesca, e que ficou de herança para ele. Perguntei se venderia, ficou bravo me dizendo que mais que história esta Veraneio tinha personalidade, isto seu pai o havia ensinado.
Apresentei-me e fui até minha casa, era bem perto do posto onde estávamos tomando café. Quando entreguei a revista a ele, quase chorou e eu também. Apertamos as mãos e nunca mais o vi. Mas o rapaz tem razão aquela Veraneio tem personalidade e cumpriu o dever de quem um dia parte que é voltar ao porto seguro.
Um grande abraço amigo Toninho, J A Kuringa.
Um final que emociona, a história da sua Veraneio. Bons tempos, onde a pesca amadora era simplesmente algo de lazer e divertimento, sem qualquer frescura como nos dias atuais se vê. Além disso, nosso meio ambiente era muito mais protegido e com muito mais peixes. Foi a primeira aventura que fizemos pela Aruanã. Muitas outras se sucederam. Só no Pantanal, cumprimos mais de 6.500 km de rios, pescando e acampando. No Araguaia, foram 1.300km. E, só a Revista Aruanã fez pautas desse tipo. Os frutos disso, agora colhemos mais um pouco. Valeu Kuringa, pescador e companheiro de aventuras. Obrigado.
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