sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ROTEIRO - OS SINAIS DA NATUREZA









Calma. Este é o primeiro item na tralha de quem quer ser um bom pescador amador. Com certeza a calma é o que falta na maioria das pescarias, pois é só nos aproximarmos da água para que comecemos a cometer uma série de erros que por certo estragarão qualquer pescaria, esteja ela sendo realizada no mar ou em águas interiores. Vamos começar raciocinando: o peixe, seja ele qual for, não irá sair do local onde se encontra, e isso já nos dará todo o tempo de que precisaremos para refletir e descobrir, no local da pescaria, quais são os sinais da natureza presentes, afim de que possamos usá-los em nosso próprio benefício. Vamos pegar, por exemplo, uma pescaria em praia. Como raciocinar para descobrir os sinais da natureza desse local? É simples e sem margem de erro. Começamos dizendo que nas praias (com exceção das de tombo), teremos que entrar na água para darmos os lances. Isto posto, vamos saber prontamente que nos meses quentes, nossa pescaria irá ser, pelo menos, mais confortável. Vamos ter que descobrir os canais de praia (Aruanã número 3) e neles jogar nossa isca. Ora, se a pescaria é na praia e mais uma vez raciocinando, saberemos que as melhores iscas serão as encontradas na própria praia, pois são essas iscas que o peixe vai procurar para se alimentar, e é com elas que está acostumado nesses locais. Simples, não?



Aqui um esclarecimento: procure saber a diferença entre isca natural e alimento. A primeira o peixe está acostumado a comer nas épocas certas, e o segundo, oferecemos a esse mesmo peixe e é algo que ele não encontra com a mesma facilidade. Por tal motivo, além de evitar, por certo não comerá com a mesma eficiência. Como nosso leitor deve ter percebido, estamos tentando fazer com que você pense e conclua se temos ou não razão. A melhor dica de todas é essa: a melhor isca natural para qualquer tipo de pescaria é aquela encontrada em abundância no próprio local da pescaria. O mesmo raciocínio do exemplo da pesca de praia poderá ser seguido então na pesca, por exemplo, de costão, de canais, alto-mar, rios, represas, açudes e lagos. Raciocinando como no exemplo que demos, com certeza chegaremos a um denominador comum, seja qual for o tipo de pescaria que formos praticar. Nosso sucesso será muito maior se conhecermos de antemão os hábitos dos peixes, sua alimentação principal, suas épocas propícias, suas características e principalmente os sinais da natureza que nos determinarão sua presença em determinados locais. Assim sendo, vamos relacionar quais os principais sinais da natureza.





AVES AQUÁTICAS

É este o melhor sinal de todos, pois as aves se alimentam de pequenos peixes. Em um local onde haja diversas aves, com certeza haverá alimentação em abundância de peixinhos. Ora, como se sabe, peixes predadores se alimentam também desses pequenos peixes. Se tivermos que escolher um local para pescar, vamos dar preferência para onde haja bandos de aves aquáticas juntas.

ILHAS OU PEDRAS

Nesses locais, o melhor sinal será procurar as rochas que mais tenham organismos vivos, tais como mariscos, ostras, cracas, etc. No caso de uma ilha, tais rochas sempre se encontram do lado de fora, ou seja, onde o mar é aberto. Do lado de dentro da ilha, é mais comodo e balança menos. Mas também terá menos peixe. Esse sinal também pode ser utilizado nos rios ou baías de litoral. Em água doce, as pedras são refúgios de pequenos peixes e é aqui que o peixe maior lhes dará caça.

PAUS OU ÁRVORES SUBMERSAS

Outro importante sinal que deve ser observado, tanto em rios de litoral como em rios de água doce ou represas.






Muitas são as espécies de peixes predadores que procuram esses locais para se alimentar, pois em volta de paus e árvores parcial ou totalmente submersas, se avolumam organismos vivos, que são as iscas de peixes maiores, como por exemplo, os robalos, o black bass, os tucunarés, etc.

MARGENS COM CAPIM

É um ótimo sinal para represas e rios de água doce, pois será nesses locais que os pequenos peixes se refugiarão para escapar dos ataques dos predadores, além de haver também uma infinidade de peixes que têm no capim sua base de alimentação. É também o capim o principal responsável pela quantidade de insetos no local, que neles ficam e constituem a alimentação de alevinos e pequenos peixes.

ÁRVORES DE FRUTAS


Mais um importante sinal da natureza, e estas tanto podem ser selvagens como caseiras. Várias espécies de peixe se alimentam de frutos. Por exemplo: um pé de goiaba à beira de uma represa. Se for tempo de goiabas maduras, com certeza as tilápias estarão se alimentando dessas frutas. Vamos raciocinar novamente e perguntar: qual a isca que deveremos usar nessa época e nesse local? 



A goiaba é apenas um exemplo, pois é enorme a variedade de frutos à beira d’água, assim como o peixe citado é apenas um exemplo. Se quisermos, poderemos citar, além da tilápia, peixes como o pacu, a carpa, a piracanjuba, a piaba e etc, pois todos tem o mesmo hábito.

PEQUENOS CURSOS D’ÁGUA

Constituem outro importante sinal da natureza que tanto pode ser usado em água doce como no mar. Aqui o detalhe é que os peixes grandes ficam à espera do alimento que invariavelmente sairá do pequeno curso d’água. O melhor local para a pesca é na junção das águas.

IDENTIFICAÇÃO DOS CANAIS


Com certeza, os peixes sempre trafegam pelos locais mais profundos, ou seja, os canais. A identificação desses locais é ampla e diversa. Por exemplo: no mar podemos descobri-los pela formação das ondas. Em baías e rios de litoral, pela formação das pedras ou terra firme. Vamos citar um exemplo somente. Na entrada de um canal, se tivermos de um lado praia e do outro lado um morro com pedras, com certeza o leito passará perto do morro. Em rios, será necessário descobrir-se os remansos, e isso pode ser feito através da observação de plantas aquáticas que ficam na superfície das águas.




 Em represas, vamos citar a moda “caipira”. Com um bambu ou uma corda com peso (preferencialmente de barco), vá batendo o fundo da represa. Quando chegar ao canal, a profundidade aumentará repentinamente.

BARRANCOS DE TERRA FIRME

É outro sinal da natureza, pois além de fundo, é o local onde o predador dá caça aos outros peixes, que não têm oportunidade de fugir. Nesse local, prefira pescar sempre observando a categoria do peixe desejado.

CACHOEIRA OU CORREDEIRAS


Quem é que não sabe que nas piracemas, os peixes menores têm que vencer esses obstáculos, rio acima, para a desova? Pois é, nas corredeiras, os peixes maiores costumam se alimentar, e isso, por si só, já constitui um excelente indicador de um bom local de pesca. Aí estão, portanto, alguns sinais da natureza citados por nós. A intenção principal é chamar a atenção do pescador para que raciocine e descubra outros sinais, já que muitos outros existem, para que cada vez mais possamos nos aprimorar em nosso tipo escolhido de pescaria. Descoberto o sinal da natureza certo, a isca correta, vai então o pescador amador descobrir o porquê do sucesso de outros pescadores, considerados “cobrões” na pesca e sempre obtém o melhor resultado. Aí, vamos descobrir que sorte em pescaria não existe. Mas o aprofundamento nesta informação – que pode se tornar polêmica, fica para uma próxima edição da sua ARUANÃ.




NOTA DA REDAÇÃO: Caso o leitor precise de maiores informações a respeito dos sinais da natureza que aqui relacionamos, podem entrar em contato comigo, que terei prazer em explicar, via Internet ou até pessoalmente quando for o caso. Sobre a sorte não existir, cito apenas um caso acontecido comigo. Eu estava combinado de fazer uma matéria na Rapala e a na Mustad, respectivamente Finlândia e Noruega. Estava certo também de uma pescaria de salmão. No período que antecedeu minha viagem, procurei saber detalhes do peixe salmão, completamente desconhecido por mim. Em Kirkenes, uma cidade da Noruega, ao chegar ao local, vi que era um rio de correnteza rápida e raso, com algumas pedras nas margens, onde deduzi que talvez fosse mais fundo e um bom esconderijo para que ele, o salmão, emboscasse os pequenos peixes que estariam na correnteza. O final dessa pescaria já publiquei aqui no blog. Apenas a pergunta: foi sorte ou sinal da natureza observado? Abraço Toninho Lopes. 

2 comentários:

  1. Beleza, Toninho! Simples, claro e objetivo, como tem que ser... Valeu pelas saudades e pela reciclagem! Abraços!

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  2. Obrigado Marcão: A pesca em si é bem simples. O pessoal é que complica cada vez mais. Para encerrar e "simplificar": nos últimos 30 anos, o que foi que mudou realmente no segmento pesca amadora? Quem souber, que responda rs. Abraço amigo

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