Calma. Este é o primeiro item na tralha de quem quer ser um
bom pescador amador. Com certeza a calma é o que falta na maioria das
pescarias, pois é só nos aproximarmos da água para que comecemos a cometer uma
série de erros que por certo estragarão qualquer pescaria, esteja ela sendo
realizada no mar ou em águas interiores. Vamos começar raciocinando: o peixe,
seja ele qual for, não irá sair do local onde se encontra, e isso já nos dará
todo o tempo de que precisaremos para refletir e descobrir, no local da
pescaria, quais são os sinais da natureza presentes, afim de que possamos
usá-los em nosso próprio benefício. Vamos pegar, por exemplo, uma pescaria em
praia. Como raciocinar para descobrir os sinais da natureza desse local? É
simples e sem margem de erro. Começamos dizendo que nas praias (com exceção das
de tombo), teremos que entrar na água para darmos os lances. Isto posto, vamos
saber prontamente que nos meses quentes, nossa pescaria irá ser, pelo menos,
mais confortável. Vamos ter que descobrir os canais de praia (Aruanã número 3)
e neles jogar nossa isca. Ora, se a pescaria é na praia e mais uma vez
raciocinando, saberemos que as melhores iscas serão as encontradas na própria
praia, pois são essas iscas que o peixe vai procurar para se alimentar, e é com
elas que está acostumado nesses locais. Simples, não?
Aqui um esclarecimento: procure saber a diferença entre isca
natural e alimento. A primeira o peixe está acostumado a comer nas épocas
certas, e o segundo, oferecemos a esse mesmo peixe e é algo que ele não
encontra com a mesma facilidade. Por tal motivo, além de evitar, por certo não
comerá com a mesma eficiência. Como nosso leitor deve ter percebido, estamos
tentando fazer com que você pense e conclua se temos ou não razão. A melhor
dica de todas é essa: a melhor isca natural para qualquer tipo de pescaria é
aquela encontrada em abundância no próprio local da pescaria. O mesmo
raciocínio do exemplo da pesca de praia poderá ser seguido então na pesca, por
exemplo, de costão, de canais, alto-mar, rios, represas, açudes e lagos. Raciocinando
como no exemplo que demos, com certeza chegaremos a um denominador comum, seja
qual for o tipo de pescaria que formos praticar. Nosso sucesso será muito maior
se conhecermos de antemão os hábitos dos peixes, sua alimentação principal,
suas épocas propícias, suas características e principalmente os sinais da
natureza que nos determinarão sua presença em determinados locais. Assim sendo,
vamos relacionar quais os principais sinais da natureza.
AVES AQUÁTICAS
É este o melhor sinal de todos, pois as aves se alimentam de
pequenos peixes. Em um local onde haja diversas aves, com certeza haverá
alimentação em abundância de peixinhos. Ora, como se sabe, peixes predadores se
alimentam também desses pequenos peixes. Se tivermos que escolher um local para
pescar, vamos dar preferência para onde haja bandos de aves aquáticas juntas.
ILHAS OU PEDRAS
Nesses locais, o melhor sinal será procurar as rochas que
mais tenham organismos vivos, tais como mariscos, ostras, cracas, etc. No caso
de uma ilha, tais rochas sempre se encontram do lado de fora, ou seja, onde o
mar é aberto. Do lado de dentro da ilha, é mais comodo e balança menos. Mas também terá menos peixe. Esse sinal também pode ser utilizado nos rios ou baías de
litoral. Em água doce, as pedras são refúgios de pequenos peixes e é aqui que o
peixe maior lhes dará caça.
PAUS OU ÁRVORES SUBMERSAS
Outro importante sinal que deve ser observado, tanto em rios
de litoral como em rios de água doce ou represas.
Muitas são as espécies de peixes predadores que procuram
esses locais para se alimentar, pois em volta de paus e árvores parcial ou
totalmente submersas, se avolumam organismos vivos, que são as iscas de peixes
maiores, como por exemplo, os robalos, o black bass, os tucunarés, etc.
MARGENS COM CAPIM
É um ótimo sinal para represas e rios de água doce, pois será
nesses locais que os pequenos peixes se refugiarão para escapar dos ataques dos
predadores, além de haver também uma infinidade de peixes que têm no capim sua
base de alimentação. É também o capim o principal responsável pela quantidade
de insetos no local, que neles ficam e constituem a alimentação de alevinos e
pequenos peixes.
ÁRVORES DE FRUTAS
Mais um importante sinal da natureza, e estas tanto podem ser
selvagens como caseiras. Várias espécies de peixe se alimentam de frutos. Por
exemplo: um pé de goiaba à beira de uma represa. Se for tempo de goiabas
maduras, com certeza as tilápias estarão se alimentando dessas frutas. Vamos
raciocinar novamente e perguntar: qual a isca que deveremos usar nessa época e
nesse local?
A goiaba é apenas um exemplo, pois é enorme a variedade de
frutos à beira d’água, assim como o peixe citado é apenas um exemplo. Se
quisermos, poderemos citar, além da tilápia, peixes como o pacu, a carpa, a piracanjuba,
a piaba e etc, pois todos tem o mesmo hábito.
PEQUENOS CURSOS D’ÁGUA
Constituem outro importante sinal da natureza que tanto pode
ser usado em água doce como no mar. Aqui o detalhe é que os peixes grandes
ficam à espera do alimento que invariavelmente sairá do pequeno curso d’água. O
melhor local para a pesca é na junção das águas.
IDENTIFICAÇÃO DOS CANAIS
Com certeza, os peixes sempre trafegam pelos locais mais
profundos, ou seja, os canais. A identificação desses locais é ampla e diversa.
Por exemplo: no mar podemos descobri-los pela formação das ondas. Em baías e
rios de litoral, pela formação das pedras ou terra firme. Vamos citar um
exemplo somente. Na entrada de um canal, se tivermos de um lado praia e do
outro lado um morro com pedras, com certeza o leito passará perto do morro. Em
rios, será necessário descobrir-se os remansos, e isso pode ser feito através
da observação de plantas aquáticas que ficam na superfície das águas.
Em represas, vamos
citar a moda “caipira”. Com um bambu ou uma corda com peso (preferencialmente
de barco), vá batendo o fundo da represa. Quando chegar ao canal, a
profundidade aumentará repentinamente.
BARRANCOS DE TERRA FIRME
É outro sinal da natureza, pois além de fundo, é o local onde
o predador dá caça aos outros peixes, que não têm oportunidade de fugir. Nesse
local, prefira pescar sempre observando a categoria do peixe desejado.
CACHOEIRA OU CORREDEIRAS
Quem é que não sabe que nas piracemas, os peixes menores têm
que vencer esses obstáculos, rio acima, para a desova? Pois é, nas corredeiras,
os peixes maiores costumam se alimentar, e isso, por si só, já constitui um
excelente indicador de um bom local de pesca. Aí estão, portanto, alguns sinais
da natureza citados por nós. A intenção principal é chamar a atenção do
pescador para que raciocine e descubra outros sinais, já que muitos outros
existem, para que cada vez mais possamos nos aprimorar em nosso tipo escolhido
de pescaria. Descoberto o sinal da natureza certo, a isca correta, vai então o
pescador amador descobrir o porquê do sucesso de outros pescadores,
considerados “cobrões” na pesca e sempre obtém o melhor resultado. Aí, vamos
descobrir que sorte em pescaria não existe. Mas o aprofundamento nesta
informação – que pode se tornar polêmica, fica para uma próxima edição da sua
ARUANÃ.
NOTA DA REDAÇÃO: Caso o leitor precise de maiores
informações a respeito dos sinais da natureza que aqui relacionamos, podem
entrar em contato comigo, que terei prazer em explicar, via Internet ou até
pessoalmente quando for o caso. Sobre a sorte não existir, cito apenas um caso
acontecido comigo. Eu estava combinado de fazer uma matéria na Rapala e a na
Mustad, respectivamente Finlândia e Noruega. Estava certo também de uma
pescaria de salmão. No período que antecedeu minha viagem, procurei saber
detalhes do peixe salmão, completamente desconhecido por mim. Em Kirkenes, uma
cidade da Noruega, ao chegar ao local, vi que era um rio de correnteza rápida e
raso, com algumas pedras nas margens, onde deduzi que talvez fosse mais fundo e
um bom esconderijo para que ele, o salmão, emboscasse os pequenos peixes que
estariam na correnteza. O final dessa pescaria já publiquei aqui no blog.
Apenas a pergunta: foi sorte ou sinal da natureza observado? Abraço Toninho
Lopes.
Beleza, Toninho! Simples, claro e objetivo, como tem que ser... Valeu pelas saudades e pela reciclagem! Abraços!
ResponderExcluirObrigado Marcão: A pesca em si é bem simples. O pessoal é que complica cada vez mais. Para encerrar e "simplificar": nos últimos 30 anos, o que foi que mudou realmente no segmento pesca amadora? Quem souber, que responda rs. Abraço amigo
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