sábado, 27 de fevereiro de 2016

"CAUSOS" - HISTÓRIAS DE PESCADOR












São muitas as situações, nas pescarias, vividas pelos pescadores amadores. De todos os tipos, passamos por algumas como, embaraçosas, perigosas, constrangedoras, de revolta, mas, em sua grande maioria engraçadas. Esta aconteceu no Pantanal de MS.

                                                                           MAIO DE 1990


Havíamos marcado uma pescaria no Pantanal para levar os quatro pescadores sorteados entre nossos assinantes na promoção “Cabexy de Graça”. O patrocínio dessa promoção estava a cargo do Orozimbo Decenzo, da Pantanal Tours, e de seu barco hotel Cabexy. Fomos de avião até Corumbá (MS) e no aeroporto da cidade o Zimbo nos esperava. Embarcamos na Cabexy e viajamos a noite toda. Subindo o rio Paraguai, nosso rumo era o norte, mais precisamente em um local conhecido como Campo Dania. Pela manhã, colocamos os pescadores sorteados em dois barcos de alumínio com os melhores piloteiros e os “soltamos” para pescar. Afinal de contas, a pescaria era deles. Após a saída do pessoal, o Zimbo e eu pegamos outro barco e fomos pescar também. Havia uns dois ou três corixos mais acima de onde estávamos que já eram nossos velhos conhecidos e onde já havíamos fisgado alguns dourados. Chegando ao corixo, paramos na borda e demos alguns lances com iscas artificiais. Após algum tempo percebemos que os peixes não estavam por ali, mas sim no rio principal, beirando suas margens. O jeito então foi sair corricando rio acima. Nesse ponto, o leitor sabe que quando se está pescando, estamos à vontade, naquela “vidinha dura”. Enquanto o peixe não fisga, vão passando em nossa cabeça mil pensamentos. O nosso olhar fica perdido naquela beleza imensa de água, vegetação e muita vida animal. Foi quando, de repente, meus olhos pararam em cima daquela “coisa”. Demorou um tempo para o cérebro registar o que meus olhos viam. A única coisa que consegui dizer naquele momento foram alguns longos e demorados “ih”... Finalmente paramos o barco e descemos para ver a “coisa” de perto, e agora sim: era mesmo um crânio humano. Receosos a princípio, ficamos olhando a meia distância e percebendo os detalhes. No lado direito do crânio havia um pequeno orifício, bem redondinho... O que mais nos chamou a atenção foi o fato desse crânio estar colocado sobre um mourão de cerca, provavelmente posto ali por gozação. Passada a surpresa, nos aproximamos mais. Foi quando o Zimbo se posicionou ao lado do crânio e arreganhou os dentes, querendo imitar seu “sorriso” estampado. A cena foi muito engraçada e depois da gozação, foi só pegar a máquina fotográfica e registar o fato. Após revelar o slide e mostra-lo para algumas pessoas é que percebemos realmente a surpresa que a foto causa. Depois do primeiro impacto, o riso é geral.

NR: Em maio próximo, fará cinco anos que Orozimbo Decenzo, sem combinar, passou para o andar de cima. Grande amigo, colaborador da Revista Aruanã, defensor ferrenho do Pantanal e pioneiro em barco hotel em Corumbá - Mato Grosso do Sul, com sua Cabexy – A Nave Mãe do Pantanal. Saudades eternas.  


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