Capa da Edição nº 19
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Em dezembro de 1990, o Jornal da Tarde e a Revista Aruanã começavam uma briga das
boas contra um frigorifico de nome LA PESCA, sediado em Ladário que é uma cidade colada a Corumba MS. Essa capa acima, foi da revista original, publicada em
dezembro de 1990.Dedico esta postagem a você que é um defensor do pesca
e solta para a pesca amadora/esportiva. Vamos racionar juntos a respeito.
Democraticamente.
Na foto Wilson da Costa Neves e o fruto de sua atividade.
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“Este nosso país tem
detalhes que são difíceis de acreditar. Há muitos anos estamos acompanhando a
trajetória do Frigorifico La Pesca e de seu proprietário, Wilson da Costa
Neves. E até hoje não conseguimos compreender como um só homem, comprovadamente
um criminoso contra o meio ambiente, consegue burlar a legislação existente.
Com a palavra as nossas autoridades de meio ambiente. Wilson, proprietário do
Frigorifico La Pesca, desafia a autoridade de toda a nação e continua a
praticar atos que, senão coibidos irão apressar sobremaneira a devastação do
Pantanal, já que sua ação criminosa e ilegal se estende por toda a região. No
período compreendido entre 1980 e 1984, esse frigorifico foi autuado 12 vezes
por atos de pesca predatória. No ano de 1985, ele foi indiciado, processado e denunciado
pelo crime de cárcere privado e constrangimento ilegal, praticado contra
agentes da fiscalização. No ano de 1990, em um período de 6 meses, o La Pesca
foi autuado 5 vezes por atos comprovados de pesca predatória. Aplicada
novamente a legislação vigente contra esse contumaz predador, seu
estabelecimento foi interditado por 37 dias. O dia em questão era um sábado. Na
segunda-feira, o juiz Dorival Renato Pavan, da 3ª Vara Cível, concedeu liminar
determinando a reabertura das atividades do La Pesca e, considerou essa ação
como ‘abuso de poder’. Segundo o juiz, a interdição só poderia ser realizada
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente ou pelo Judiciário.”(sic)
NR: O IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente, nunca se manifestou sobre o problema.
Repare nos detalhes da foto.
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Soubemos ainda outras “novidades”: Os
caminhões que transportavam o pescado ilegal para, principalmente São Paulo,
eram lacrados em Corumbá, por um funcionário do SIF. O Serviço de Inspeção Federal, conhecido
mundialmente pela sigla S.I.F. e vinculado ao Departamento
de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA (fonte Internet). Pois bem, o tal funcionário, por "coincidência", morava em um apto dentro do La Pesca. Na época se dizia que “era proibido
romper esse lacre federal”, o que mais tarde se mostrou que não era verdade tal afirmação. Qualquer autoridade podia sim abrir qualquer caminhão, para fiscalizar sua carga. E por
aí vamos. Depois de muitos anos, ficamos sabendo que o La Pesca mudou-se para a
vizinha Bolívia e lá continuou a pescar no Rio Paraguai e a mandar peixes
para o Brasil. Não tenho a informação se isso ainda acontece nos dias de hoje.
OS
CIGANOS
Com certeza o leitor habitual da Revista Aruanã, sabe o que
significa essa palavra dentro do contexto pesca no Pantanal. Para os que não
sabem, explico: ciganos eram proprietários de caminhões comuns, que iam comprar
peixes ilegais no Pantanal e os transportavam em isopores, sem qualquer
controle e higiene, para peixarias paulistas. Como eles conseguiam passar pelas
barreiras da fiscalização? Nunca soubemos, ou conseguimos provar, apesar de imaginarmos.
PEIXES
SEM CABEÇA
Essa prática era muito comum na época e tinham como objetivo
aumentar o preço do quilo, pois a cabeça dos peixes de couro é enorme. Mas, o
motivo principal e verdadeiro era para esconder a marca das malhas das redes de
pesca. Uma curiosidade: haviam pescadores que usavam essa palha de aço comum nas cozinhas e "lixavam" as marcas da rede. Posteriormente essa prática foi proibida, mas só depois de muita luta e denuncias.
“Revisando o equipamento”.
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Vamos comentar sobre a pesca profissional/artesanal, já que
ela existe e o Brasil é um dos poucos países no mundo que a permite em águas
interiores. Aliás é incentivada, já que no período da piracema/defeso, seus
praticantes recebem um salário mínimo – para não pescarem – enquanto durar a
proibição. Mais um comentário que é comum nas redes sociais: que o pescador
amador seja proibido de levar peixes para casa. Se quiser que o coma na beira
do rio. Ora, se eu for comer meu peixe na beira do rio, porque vou ficar em um
hotel? Prefiro então acampar. Só que sobre isso também há uma lei e esta é de
Corumbá e se não me engano, de uma associação das empresas de turismo, que
proíbem acampamentos na beira dos rios de MS, a menos de 100 metros da margem. Radical?
Pois é. Mas ainda tem mais radicalismo. O Sr. João Marcos R. de Lima, da
Associação Amigos do rio Paraguai em Cáceres – MT em uma carta publicada na
Aruanã em dezembro de 1994, pág.9 tinha como título “TURISTA NÃO FAZ FALTA!”. E
dizia (sic) “É fácil querer destruir a casa do vizinho quando a sua já foi
destruída. Digam-me se existe um rio no Estado de São Paulo com uma piscosidade
semelhante à do Pantanal. Com certeza não existe, não por causa de um capricho
da natureza e sim pelo instinto destruidor de seus conterrâneos”. Isso entre
outras coisas da carta. Radical essa Associação, além de um ‘bairrismo
sectarista’? A Aruanã respondeu essa carta. Portanto meu amigo pescador, menos
radicalismo e mais bom senso.
PINTADO NA BRASA
Muito comum em churrascaria servir o pintado (nem sempre é
ele) em espeto e pedaços nobres.
Peixaria em São Paulo. Você compra peixes de águas interiores nesses locais? |
Dificilmente não se encontrava esse prato em qualquer
churrascaria à nossa disposição. Para o leitor mais atento ou fiel crítico, com
certeza poderá afirmar que tais peixes vem de criatórios particulares. Mas na
época desta matéria eles ainda não existiam e, pior, depois que isso se tornou
prática comum, a proteção de nossos peixes naturais, se tornou pior ainda, já
que nos criatórios não se respeita e nem são obrigados a respeitar os tamanhos
mínimos determinados por lei, às espécies. Vários grandes supermercados na época foram autuados
por essa desobediência. O Jornal da Tarde fez algumas reportagens a respeito.
Depois dos criatórios, ao se visitar uma peixaria nos mercados, em companhia da
Polícia Ambiental, éramos surpreendidos com as “notas fiscais” dos peixes
comprados com origem particular. Mas todos sabiam que no meio dos peixes
criados artificialmente, se misturavam peixes do Pantanal. Isso era difícil
comprovar mas, os rumores existiam. E a presença dos "ciganos" no Ceagesp era comum. Como se vê, defender o meio ambiente em um
país como o Brasil, não é fácil.
MARÇO 2016
Nos dias de hoje, é comum ver nas redes sociais postagem com
opiniões inflamadas da prática do pesca e solta, para todos os pescadores
amadores, sem exceção. A bem da verdade existem leis estaduais que permitem em
alguns estados, que o pescador, devidamente licenciado, possa trazer para sua
casa, a cota lá estabelecida onde foi pescar. Em minha opinião até defendo quem
trás peixe para casa, para o consumo de sua família, já que normalmente, a
família do pescador não tem condições de ir junto com ele pescar. Defendo e
pratico também o pesca e solta. Mas eu gosto, por exemplo, de comer um peixe
por mim pescado esportivamente. Eu tenho esse direito.
Proveniente de pesca legal ou
predatória?
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Mas, dificilmente
compro peixe em peixarias ou outros tipos de estabelecimentos que se dedicam a
venda de pescado, a não ser de determinadas espécies, que não se pescam com anzóis.
Sou radical também, em restaurantes, de nunca pedir peixe pois com certeza eles
são proveniente da pesca de profissionais/artesanais. Para finalizar, cito que
no mês de dezembro de 2015, publicamos no nosso blog, uma pesquisa de opinião.
Queríamos saber quem era o maior beneficiário com a prática do pesca e solta.
Alertávamos que não valia a opção “meio ambiente”. Acho que essa pesquisa não
foi entendida ou algum outro motivo, já que não tivemos nenhuma resposta de quem
seria o beneficiário. Pois bem, voltando aos velhos tempos, vamos responder e,
ressalto, em minha opinião: os maiores beneficiários do pesca e solta são
os chamados pesqueiros, sejam fixos ou em barco-hotel, pois isso vai “garantir”
a sobrevivência de seu ramo de negócio. E pior, ao tirar fotos, o pescador
mostra não só o peixe, mas diz onde o pescou citando ainda todos os detalhes do
pesqueiro. Isso é uma bobagem e lembre que você está pagando e muito bem, pelos serviços da
empresa. Com a publicação da foto nas redes sociais, o pescador ganha algum desconto extra na hora de pagar a conta? Marketing grátis é bom demais e no Face então, sem comentários. Mais
uma pergunta: você conhece algum pesqueiro que tenha colocado seu “rico
dinheirinho” em proveito do nosso meio ambiente? Por exemplo, fazendo peixamentos
de alevinos de peixes da região (um biólogo decide a espécie e cuidado com os
exóticos)? Alguma ajuda financeira aos órgãos de fiscalização? Alguma ação
contra a pesca predatória feita por artesanais/profissionais na sua região?(Abro exceção ao Zimbo da Cabexy já que ele lutou e muito). Aqui um parêntesis, já que só denunciar é muito pouco. Tem
mesmo é que por a mão na massa e, por exemplo, parar sua pescaria e ir buscar
uma autoridade para prender o predador. Você já fez isso? A autoridade no caso, por lei, não pode recusar
essa fiscalização, seja ela civil ou militar. E por aí vamos. E finalmente, como sobrevivem os veículos de
mídia sobre pesca sem a publicidade paga de todos os segmentos que exploram a
pesca amadora? Pois é meu amigo pescador, estes são apenas alguns comentários
sobre nosso esporte/lazer e, quando emitir opinião sobre o pesca e solta, tenha
cuidado de não ser radical ao extremo. Todos nós somos pescadores amadores/esportivos e condôminos do meio ambiente. Grande abraço.
EM TEMPO: Acabo de saber – por fonte fidedigna em Corumbá - que
o Frigorífico La Pesca não mais existe... faliu.
Faliu tarde!!! Perfeita matéria meu rei!!!
ResponderExcluirMas foi uma luta desgraçada durante anos. Briga de gente grande. Só no Brasil mesmo "Tudo sobre traíra". Infelizmente.
ResponderExcluirToninho acompanhei tuas matérias e brigas contra o LaPesca, lembro inclusive que vc foi ameaçado de morte, e me disse que não iria parar que iríamos a Corumbá, foi quando conheci Zimbo e Ney, a luta valeu e continuará valendo a pena. força. e abços.
ResponderExcluirKuringa: É uma pena que a pesca profissional/artesanal, tal qual uma praga, está alastrada por todo o Brasil, tanto no mar como em águas interiores e, pelo visto não temos "ainda" um antídoto para isso. Mas diante da atual situação no país, como querer que o meio ambiente tenha alguma atenção. Até acabaram com o "Ministério da Pesca" que, aliás, não servia para nada mesmo. Abraço meu amigo e sempre que puder, vamos lutando.
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