sexta-feira, 20 de maio de 2016

FOLCLORE DO BRASIL - FAMALIÁ












Bastante conhecido do povo do sertão mineiro, o Famaliá é um diabinho caseiro que se diz pertencer a alguns fazendeiros da região. Antes chamado de Familiar, seu nome mudou na viagem do tempo e dos lugares onde é contada esta lenda.



Usar um pé de coelho para dar sorte, ter em casa uma ferradura atrás da porta, pendurar uma figa numa correntinha para afastar os maus olhados. Cada qual com seu amuleto. Mas existe um para se conseguir riqueza e tudo o que se queira chamado Famaliá, muito difícil de ser conseguido. Primeiro porque se trata de um diabinho, e segundo porque ele nasce de um ovo de galo e os galos quase nunca botam ovos. Às vezes, demora-se anos para se conseguir o Famaliá e é necessária muita luta e perseverança. Quem deseja ter o seu, precisa primeiro fazer um pacto com o diabo e lhe dirigir algumas palavras que muito poucos sabem quais são. Só então se vai procurar nos galinheiros o ovo do galo. É um ovo bem pequeno, do tamanho de um ovo de pomba juriti. Todo cuidado é pouco. Quando encontrado, leva-se então para casa e espera-se a quaresma chegar. Na primeira sexta feira da quaresma vai-se a uma encruzilhada de caminhos sem nenhuma luz por perto. Já bem à noite, quando bater a hora da viração, coloca-se cuidadosamente o ovo debaixo do braço esquerdo, na axila. Volta-se então para casa e deita-se, porque uma febre ataca. A febre serve para ajudar a chocar o ovo. Fica-se deitado durante quarenta dias e à meia noite, no final da quarentena, o ovo picará. Mas não espere que venha um pintinho, pois o que nasce é um diabinho de mais ou menos um palmo de tamanho. Coloca-se o diabinho numa garrafa preta, arrolha-se bem e guarda-se em segredo absoluto, de preferência num oratório velho onde ninguém mexa, a não ser o dono da casa. O Famaliá faz tudo que se queira: traz riqueza e boa posição social. Basta que seu dono o coloque na palma da mão e lhe faça o pedido. Imediatamente será atendido. Depois guarda-se o diabinho novamente na garrafa preta. Só não se sabe se o Famaliá traz felicidade, pois o diabo com o qual se faz o pacto, sempre sai ganhando.
Obra consultada – Histórias, costumes e Lendas – Alceu Maynard Araújo.

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