Considerada por alguns como uma terrível ameaça, a fama da
piranha é injusta e irreal. Senão vejamos
A respeito das piranhas, vamos encontrar nos livros
científicos que ela pertence à família dos Characidae;
seus nomes científicos começam sempre com Serrasalmus e aí vem o segundo nome que a identifica. Para nós,
pescadores, isso não chega a ter total importância, apesar de que saber nunca é
demais. Mas como esta é uma revista de pesca, vamos procurar nos fixar nos tipo
de piranhas que costumamos encontrar e fisgar em nossos rios e lagos. Assim
sendo, vamos explorar a piranha através das principais regiões por onde
pescamos.
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Piranha preta.
AMAZÔNIA
Vamos citar apenas duas espécies que costumamos fisgar: a
preta e a vermelha. No Araguaia, por exemplo, vamos encontrar uma piranha
vermelha, de tamanho que raramente ultrapassa 25cm. Chega até a ser bonita, já
que sua coloração é azulada no dorso, barriga branca e nas imediações da boca,
apresenta um colorido vermelho forte, parecendo muito com a cor do sangue vivo.
É um terror de nossas iscas naturais e artificiais. Em outros rios da Amazônia,
vamos encontrar a piranha preta, que é a campeã em tamanho, pois há notícias de
exemplares com cerca de 5 quilos. Seu colorido é quase totalmente preto,
passando a barriga à cor cinza escura. Uma curiosidade são seus olhos na cor
vermelha, com uma pequena listra vertical na cor preta. Voraz também, ataca
todo o tipo de isca, natural ou artificial. Só que essa piranha para o pescador
amador, é importante, pois ao ser fisgada briga esportivamente, chegando mesmo,
a dar muito trabalho ao pescador para cansa-la. Vamos encontrar na região ainda
a mesma pirambeba, igual à do Pantanal. Aliás a pirambeba está presente em todo
o Brasil, principalmente em represas. Sobre essa atuação da pirambeba, houve
estudiosos que afirmaram que esse peixamento foi realizados por aves aquáticas,
principalmente patos, que trouxeram grudados em suas penas os ovos da
pirambeba.
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Piranha da Amazônia
Até acreditamos que essa possibilidade seja real, já que
ninguém, pelo menos em bom juízo, iria fazer um “peixamento” dessa espécie,
que, a bem da verdade, não serve para nada, a não ser encher nossa paciência e
comer nossas iscas. Já a piranha do Pantanal, apesar dos mesmos defeitos, tem
excelente sabor em sua carne, apesar das espinhas abundantes. Aliás, quem é que
já não provou ou escutou falar do famoso caldo de piranha, que alguns dizem ser
afrodisíaco? Se é afrodisíaco ou não, é impossível saber, mas o que mais se
aproxima da verdade é que quem começou com isso, talvez tenha tido a idéia de
aumentar o consumo da piranha. Não vamos falar sobre sua pesca, já que ela pega
em qualquer isca natural ou artificial, em qualquer equipamento, a qualquer
hora do dia ou da noite, em qualquer anzol, ou seja, em qualquer coisa. Mas
podemos indicar um tipo de pescaria que chega a ser gostosa de fazer, e com
material bem simples. Usa-se uma vara de bambu ou telescópica, com linha do
tamanho da vara, e um anzol Mustad tipo 92676 e do tamanho 6/0, com encastoado
e sem chumbo. O importante é tirar a farpa do anzol, já que fica mais fácil
tirar a piranha do mesmo. Pegamos um peixe qualquer e tiramos um filé dos dois
lados, e desse filé fazemos pedaços de no máximo 2cmx2cm. Iscamos o anzol e
vamos pescar igual à pesca de pacu na batida, dando batidas na água com a isca,
duas ou três vezes, que é para chamar a piranha. A fisgada é imediata e a briga
muito esportiva. Pode-se fazer o pesque-e-solte, mas querendo, a carne da
piranha é de excelente sabor, tanto no caldo como frita.
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Piranha do Pantanal.
PANTANAL
Em todos os rios do Pantanal brasileiro vamos encontrar a
piranha, que antes de mais nada é o terror de nossas iscas naturais, Mede
aproximadamente 30cm e tem como coloração no dorso uma cor parda azulada, quase
roxa. Na barriga e embaixo da boca sua cor é branca, com grande incidência de
amarelo. Seus dentes, e isso em todas as espécies, são pontiagudos em grande
número em toda sua arcada dentária. Merecem respeito, e grandes acidentes já
provocaram. Temos ainda nessas águas a pirambeba, que é um pouco menor do que a
primeira e com cores diferentes, já que tem tons cinza-escuro e barriga branca,
e uma espécie de focinho, diferente da primeira, que tem a cabeça arredondada.
Como não poderia deixar de ser, é também muito voraz. Boa pescaria.
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Revista Aruanã Ed. 73 publicada em 04/2000.
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