Aqui está um peixe que pode ser considerado como o mais
importante de nossos rios. Presente em todo o Brasil, a tabarana tem sua
história. Confira.
Há várias razões para considerarmos a tabarana como um peixe
muito importante. Vamos a elas. Diferentemente de outras espécies, ela está
presente em todo o Brasil, pois vamos encontra-la na Amazônia, na Bacia do rio
Paraguai, no rio Paraná, no rio São Francisco, no rio Jaguaribe e até no
Orinoco, na Venezuela. Seu nome científico é Salminus Hilarii e sua
família pertence a espécie Characidae, o que desde já nos
afirma que ela é prima-irmã do famoso dourado. Mais um detalhe a afirmar esse
parentesco é a maneira de se identificar machos e fêmeas, já que na aparência
todos os peixes são iguais: a nadadeira anal do macho é áspera e a da fêmea é
lisa. No dourado é do mesmo jeito. Caso você não saiba como fazer isso, aqui
vai uma dica: a nadadeira anal é aquela perto do anus do peixe. Com dois dedos
(polegar e indicador) alise lentamente nessa nadadeira e teremos a resposta que
identifica macho e fêmea. Um outro dado muito importante é salientar que a
tabarana foi o primeiro peixe a ser identificado e estudado, quanto à idade,
pela contagem dos anéis das escamas, e esse fato aconteceu em 1931 por Rodolpho
Von Ihering e C.Penteado. Sua desova acontece nos rios e pode ser considerada
como um peixe de piracema, pois executa essa trajetória entre outubro e
fevereiro. Uma fêmea com apenas 30cm a 34cm de comprimento chega a ter suas
gônadas 52.000 óvulos. Após a desova, as larvas eclodem entre 6 a 8 dias
dependendo da temperatura das águas. Sua principal fonte de alimentação são os
pequenos peixes e entre estes destacamos os lambaris, piquiras, saúas,
saguairus, acarás e tilápias entre outros. Na pesca com iscas artificiais, pega
e muito bem em pequenos plugs de meia água ou de superfície, colheres e
spinners.
São muitos os pescadores amadores que também usam como isca,
pequenas rãs, pitus e gafanhotos. A tabarana prefere locais onde haja
correnteza, com pedras e fundos arenosos, mas também não é difícil de ser
encontrada em represas onde a água é mais calma, principalmente em barrancos
altos, onde dá caça aos pequenos peixes. Quando fisgada costuma dar saltos
espetaculares e é nessa hora que costuma soltar-se do anzol que a prende. A
exemplo do dourado sua carne é boa, apesar do número de espinhas. Um bom
material para sua pesca pode ser o de categoria leve, com carretilha ou
molinete pequenos, linha o,25mm a 0,35mm e, se for o caso de iscas naturais use
anzol 1 ou 2/0, com pequeno encastoado de 10cm. Nas iscas artificiais, os plugs
podem ser médios e pequenos, bem como as colheres. No caso de spinners, use um
só anzol em vez de garatéia, pois com esse método é mais difícil do peixe
escapar quando saltar após ser fisgado. A opção de pesca com equipamento de fly
também costuma ser muito produtiva. O formato do seu corpo é o mesmo do
dourado, só que a cor predominante na tabarana é um branco prateado, com parte
do rabo (nadadeira caudal) vermelho e uma estria preta no meio dele. Por
incrível que pareça, as maiores tabaranas em peso e comprimento eram as
fisgadas no rio M’Boi Guassu, que abastece a represa de Guarapiranga, na cidade
de São Paulo. Aliás, Guarapiranga em tupi-guarani, significa “garça vermelha”,
que com certeza não existem mais na represa, bem como, e infelizmente, já que
as águas dessa represa estão bem poluídas, poucas ou nenhuma tabarana, que em
tupi-guarani significa “faca de lâmina larga”.
Excelente matéria, peixe extremamente importante para a pesca e ao mesmo tempo sensível a abusos ambientais. Vamos preserva-la!
ResponderExcluirE você Leandro Couto, como um emérito pescador e conhecedor deste peixe, tem toda a razão. E eu sinto saudades das grandes tabaranas da represa Guarapiranga em São Paulo. Abraço e obrigado
ResponderExcluirGrande abraço amigo!
ExcluirLeandro