terça-feira, 15 de novembro de 2016

EXCLUSIVO: OS SENTIDOS DO PEIXE









Conhecer um peixe em seus mínimos detalhes pode ajudar o pescador a melhorar suas pescarias. Conhecendo os sentidos do peixe , com certeza o pescador amador verá aumentadas suas possibilidades de não errar, ou, por outro lado, entender porque algumas vezes deixamos de fazer uma boa pescaria. 



Como todo ser vivo, os peixes, sem exceção, tem suas defesas próprias e delas fazem uso em seu habitat para continuar vivendo. Em sua luta diária pela sobrevivência, quer contra predadores naturais ou mesmo contra o homem pescador, os sentidos dos peixes são usados a todo instante. A própria natureza dotou os peixes de certos atributos, onde alguns sentidos são mais desenvolvidos do que outros, para que com isso, as espécies possam sobreviver no meio ambiente. Para o pescador amador, conhecer essas faculdades facilita a prática do esporte, e sabendo disso, podemos melhorar nossas pescarias, ou mesmo deixarmos de cometer erros primários. Desse conhecimento adquirido e usado em nossas pescarias, aprendemos também o respeito que devemos ter pelos cardumes. Um pescador amador, quando pesca bem, deve antes de tudo, ter parâmetros de conduta com o meio ambiente. Conhecedor profundo do que está fazendo, não há dia ruim, em pescaria, para o pescador amador. Vamos conhecer os sentidos do peixe, e com isso, antes de tudo, vamos apurar um sentido que deve ser aguçado em todos nós: o respeito para com o meio ambiente. Conhecer é preciso, não depredar é necessário e uma questão de honra, para quem realmente é um bom pescador amador. Vamos aos sentidos do peixe.

                                                  VISÃO

Os órgãos visuais da maioria dos peixes, apesar das grandes proporções que atingem, estão constituídos e adaptados para enxergar em um limitado raio visual. Este aspecto se deve principalmente a dois fatores:

Olho do Tucunaré – Visão: ao contrário do que muitos acreditam, ineficiente

1 – Condições físicas da água, que como é sabido, facilita imensamente a dispersão dos raios luminosos. Absorvendo-os na primeira camada, em pouca profundidade, mesmo sendo límpida, a água torna-se progressivamente obscura.
2 – A lente do olho do peixe é esférica e não pode variar em sua forma, como acontece com os animais superiores; isto nos revela o exame da estrutura anatômica. A retina é fracamente dotada de células sensitivas, de maneira que, na maioria dos casos, não possui, como na generalidade dos animais vertebrados, senão uma capacidade visual muito reduzida. Por outro lado, a lente esférica que nos peixes não varia, dando lhe uma impressão imperfeita do objeto visado, nos animais terrestres se achata quando se procura enxergar um objeto distante e se curva fortemente tanto quanto este objeto se aproxima.

Os peixes, imersos em um líquido que absorve grande parte dos raios luminosos, dotados de uma imperfeita estrutura visual como aquela neles observada e estudada pelo Dr. Th. Berr (Die Accomodation in der Thierrewich, 1898) não podem, de maneira alguma, ter a acuidade visual que parecem ter e que muitos pescadores lhes querem dar, acontecendo na realidade que muitos fatos que parecem, à primeira vista, depender da percepção visual, nada mais são que a correlação desta ultima com suas desenvolvidas faculdades auditivas. Podemos concluir então que os peixes sentem por meio da gustação, por intermédio da audição, por sensações nervosas que recebem da linha lateral e que são transmitidas ao centro auditivo, manifestações estranhas a nós, que os fazem pressentir, com extraordinária facilidade, ruídos, presenças de corpos estranhos, etc., sem intervenção direta do órgão visual, que lhes serve somente para averiguar, que por ultimo, o que passa ao redor deles.

Boca do tucunaré – O paladar age em conjunto com o olfato

                                                          OLFAÇÃO

Os peixes, vivendo dentro d’água, muito dificilmente sentem o cheiro de qualquer substância que lhe fica distante alguns metros, porque a propagação da matéria odorante que se põe na água, ou uma solução corante, se da muito lentamente. O peixe tem pouco desenvolvidos os órgãos da olfação, assim como da visão. Como já vimos atrás. O animal terrestre sente o cheiro rapidamente porque o meio físico é muito diverso daquele dos peixes – qualquer gás se expande rapidamente na atmosfera, enquanto se perde e lentamente se propaga na água.  Os peixes são dotados, anatomicamente, de duas aberturas nasais que, geralmente, estão situadas entre o focinho e os olhos; esse orifícios são protegidos, em muitos peixes, por duas válvulas que se regulam a entrada e saída da água. Cada orifício esta dividido em duas partes, onde circula a água que penetra nas ditas aberturas, sentindo assim, o peixe, o cheiro da substância que produziu a emanação dentro do líquido. Essa percepção é, porém, muito grosseira, e o peixe ordinariamente só percebe o cheiro quando está superativo. Olfato se traduz intencionalmente pela sensação que sentimos de emanações na camada de ar que nos envolve; este mesmo termo não se prestará para exprimir a sensação que ao peixe causa a substância odorante dissolvida na água, porque na verdade, o peixe sentirá mais o gosto do líquido do que propriamente o cheiro. E isto se explica facilmente porque a substância sápida ou odorante chega ao mesmo tempo ao paladar e à olfação, impressionando, portanto, concomitantemente, os dois sentidos. É sobre este particular que se pode afirmar que “olfato e paladar comunicam-se entre si”.                 



Anchova na isca artificial
                                                    AUDIÇÃO

A audição é o sentido mais pronunciado na maioria dos peixes. Vivendo em um meio bom condutor de som, como é a água, podem os peixes ouvir facilmente a grande distância, e nitidamente qualquer ruído, que é algumas vezes ampliado pela irradiação sonora através da massa líquida. O peixe ouve, geralmente, dez vezes mais do que o animal terrestre. O som emitido dentro da água se propaga muito mais facilmente, isto é, com mais velocidade do que através da camada atmosférica. Os peixes utilizam-se do ouvido e das ramificações nervosas que se acham espalhadas pelas linhas laterais do corpo para, em ação conjugada, perceberem uma terceira sensação, para nós completamente estranha e inexplicável, mas que a ciência já procurou definir como “sensação espacial”. É notável também a faculdade que têm os peixes em sentir a baixa ou a alta da água em que estão. Uma insignificante diminuição do nível é imediatamente percebida pelo peixe que repousa no fundo. Da mesma forma, são eles muito sensíveis aos fenômenos meteorológicos. Pressentem, com muita intensidade, o aproximar dos temporais e ouvem os rumores dos trovões a distâncias incalculáveis. A pressão atmosférica é outro fator preponderante no comportamento dos peixes (NR:vide Aruanã nº1). Qualquer pessoa, antes de se aproximar das margens de rios e lagoas, poderá avaliar o apurado sentido acústico dos peixes: bastará pisar no chão, como normalmente fazemos, para se verificar que os peixes fogem das margens, rapidamente para a proteção de águas mais profundas. Bibliografia Brasileira de Peixes Fluviais. (Agenor Couto de Magalhães). 




NOTA DA REDAÇÃO: Dizer o que mais sobre esse assunto? Esta matéria foi publicada na Revista Aruanã em seu número 5 em junho de 1988. Mal sabíamos nós que o Dr. Dwigth A. Burkhardt da Universidade de Minesota (EUA) estava há anos, fazendo uma pesquisa científica muito mais ampla do que as informações aqui contidas, estudando o globo ocular dos peixes. Nós a publicamos na Revista Aruanã número 18 em outubro de 1990. Aqui no blog, foi publicada em 6 de maio de 2014, sob o título “Os peixes vêem cores”? Até hoje é uma das postagens mais lidas conforme nossas estatísticas. Agora com a publicação dos “Sentidos do peixe”, acredito, ter jogado uma pá de cal sobre este assunto e com certeza até os mais obstinados pescadores irão reconhecer esta verdade e, com reconhecimento científico. Só como informação, a obra que pesquisamos “Bibliografia Brasileira dos Peixes Fluviais de Agenor Couto de Magalhães foi publicado em 1931 e o título original é (sic) “Monographia Brazileira de Peixes Fluviais”“. 


Portanto prezado pescador, ao ir a uma loja escolher uma isca artificial, tenha como principal preocupação em escolher o modelo certo da isca, com o cuidado dela se parecer o mais possível com uma isca natural que você sabe existir onde irá pescar. No resto aproveite e faça de conta que você está olhando para uma linda árvore de Natal. Veja que cores lindas e perfeitas são as bolas e outros enfeites que nela estão pendentes. São várias cores, tamanhos, formatos, brilhantes ou opacas, enfim lindas. Pode comparar com as iscas artificiais que você está olhando. Escolha a que mais gostar e isso não vai fazer diferença alguma, em sua pescaria.


Revista Aruanã Ed: nº5 – Junho de 1988

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