sábado, 10 de dezembro de 2016

FOLCLORE BRASILEIRO - NEGRINHO DO PASTOREIO









Quem quiser encontrar um objeto perdido, é só pedir ao Negrinho e acender uma vela, cuja luz ele leva ao altar de Nossa Senhora e depois atende o pedido.






Ele era um pretinho muito obediente, escravo de um senhor de grandes terras e muitos animais, que era muito rico e muito malvado. Além do dinheiro, as duas únicas coisas de que ele gostava na vida eram seu filho, também muito malvado, e um cavalo baio, que ele dizia não existir igual. Negrinho, sofria muito, pois comia e dormia mal, além de ser constantemente judiado pelo filho do estancieiro, que não o deixava em paz. Certa vez, um vizinho do estancieiro foi negociar com ele na estância, viu Negrinho montado no cavalo baio, ao qual elogiou muito e dizendo ter um cavalo tão bom quanto aquele, propôs ao estancieiro que fosse feita uma corrida para ver qual era melhor. A principio o estancieiro não quis aceitar o desafio, mas ao ser alertado pelo visitante de que haveriam apostas e isso lhe renderia um bom dinheiro caso fosse o vencedor, concordou de imediato. Os dois também apostaram grande quantias em dinheiro, só que o visitante destinaria o prêmio, caso vencesse, aos pobres, ao contrário do estancieiro, que queria o dinheiro todo para si. No dia da corrida, o povo se acotovelava para ver o que aconteceria. Negrinho iria montar o baio, e mostrava-se muito esforçado para dar o melhor de si, pois sabia que se perdesse, o estancieiro não o perdoaria. A corrida começou, e os dois cavalos corriam lado a lado, não sendo suficiente os esforços dos cavaleiros para que houvesse uma ultrapassagem. De repente o cavalo baio assustou-se com alguma coisa, deu um pulo, quase derrubou o pretinho e não quis mais correr. O outro acabou ganhando a corrida e o estancieiro teve que pagar a aposta ao outro, que conforme havia prometido doou o dinheiro aos pobres. Assim que chegaram à estância, após a festa, Negrinho tratou de ir guardar o baio, mas o estancieiro não deixou. Você vai ficar 30 dias e 30 noites no pasto, tomando conta, junto com o baio, da minha tropilha de 30 cavalos negros. E bateu de chicote no Negrinho, até se cansar. Logo que chegou ao pasto, o Negrinho dormiu. As corujas voaram e pararam no ar. Os cavalos assustados, fugiram todos, fazendo barulho. Negrinho despertou, mas já era tarde: os animais haviam desaparecido. O filho do estancieiro, que havia seguido Negrinho para pega-lo em alguma falta, foi contar ao pai que os cavalos haviam fugido. Negrinho foi arrastado para casa, e depois de outra surra de chicote, deveria voltar ao lugar do pastoreio para reunir os cavalos. Antes de ir, pensou em Nossa Senhora e apanhou um toco de vela que estava no oratório, aceso, e o levou consigo. Como cada pingo da vela se transformava numa luz muito brilhante, a noite virou dia e negrinho pode reunir os cavalos. Depois disso a vela se apagou e ele adormeceu. No dia seguinte, o filho do estancieiro foi ao pastoreio pensando pegar o Negrinho em falta. Quando viu que a tropilha estava reunida, tratou logo de espantar os cavalos e correu avisar o pai que os cavalos haviam fugido de novo. Desta vez, a surra que o negrinho levou foi violenta, e o pequeno escravo caiu no chão, como se estivesse morto. O estancieiro então sentou-se para descansar e depois mandou que dois escravos levassem Negrinho dali, indo atrás deles com o filho, que não parava de pular de contentamento. No caminho, passaram por um enorme formigueiro, e o estancieiro ordenou que o negrinho fosse jogado ali, sendo imediatamente atacado pelas formigas. No dia seguinte, todos foram ver como estava Negrinho, e levaram grande susto: Negrinho encontrava-se de pé, muito alegre, junto de Nossa Senhora. Perto deles, o cavalo baio e os outros trinta cavalos. Negrinho saltou para o baio e saiu galopando, seguido pelos outros cavalos. Muitas pessoas dizem que já viram Negrinho passar, montado no baio e pastoreando a tropilha de cavalos negros. Passam em disparada e desaparecem num instante, dentro de uma nuvem de poeira dourada.

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