Allouata
caraya
|
Conheça um pouco mais nossa fauna através de um interessante exemplo: o bugio.
É comum o pescador que está no Pantanal ouvir ruídos guturais
semelhantes aos sons emitidos por uma pessoa gargarejando.
O bugio vive em bandos de mais ou menos 12 indivíduos,
guiados pelo mais velho, que popularmente é chamado de “capelão”.
Esse barulho é assustador para quem não sabe identificá-lo.
Trata-se apenas de um grupo de bugios, macacos que possuem, entre outras, esta
interessante particularidade de emitir tais ruídos. A denominação bugio
compreende as cinco espécies brasileiras do gênero Allouatta (antigamente conhecido por Mycetes), havendo ainda várias
outras espécies no continente, do norte da Argentina até a América Central. O
gênero caracteriza-se anatomicamente pelo grande desenvolvimento do osso
hióide, que funciona como caixa de ressonância. São animais corpulentos, mas
ainda assim bastante ágeis quando querem; a cabeça é maciça, o queixo barbado,
principalmente nos machos velhos, cujo pescoço se avoluma em demasia, pelo
grande desenvolvimento, já mencionado do osso hióide. Em algumas espécies, o macho é preto e a fêmea
amarelo escura; em outras, os machos são ruivos e as fêmeas quase, pretas.
Sabem utilizar-se, melhor talvez que os demais quadrúmanos,
(animais que possuem quatro mãos) de sua quinta mão: a cauda.
Pela manhã e à tardinha, principalmente quando o tempo está
para mudar, põem-se a uivar (ou a “roncar”, como diz o povo), todos juntos, no
topo de uma grande árvore; nessas ocasiões, é possível ouvir-se suas vozes a
uma distância de aproximadamente 3 quilômetros. Os bugios alimentam-se de
brotos, folhas e frutos. Quando perseguidos, muitas vezes, em vez e fugir,
procuram se esconder entre as folhagens de galhos mais altos.
As mães são extremamente carinhosas com os filhos, que trazem
no colo ou às costas, quando novinhos.
Fazem-no constantemente, pois confiam mais na força da ponta
de seu rabo do que na segurança das mãos. Logo que a passagem de um galho para
outro exige maior cautela, o rabo enrosca-se firmemente e assim nunca lhes
acontece cair. Quando lhes ocorre, até sua refeição fazem dependurados. Mesmo
depois de gravemente ferido, o bugio continua suspenso na árvore, o corpo todo
caído, dependurado pela cauda. Dizem até que ele pode
permanecer assim por alguns dias e só vir a cair quando já em estado de
decomposição.
Lamentavelmente,
existem pessoas que apreciam a carne dos pequenos bugiozinhos, e capturam-nos,
o que não deixa de ser um ato de terrível violência contra a natureza. É
interessante registar o que diz a rima popular: “Guariba na serra, chuva na
terra”, isto é, o ronco insistente do símio seria um pronuncio de mau tempo.
Segundo o Dr. A. Neiva, existe uma curiosa crendice a respeito dos bugios: em
certas localidades onde há grande incidência de bócio, os curandeiros tenham
curar o “papo” do cliente aplicando-lhe água que tenha permanecido na vasilha
formada pelo grande osso hióide dos bugios machos, osso esse que caracteriza o
grande papo desses macacos. Como já dissemos, o povo denomina “capelão” ao
macho velho, ao qual, como patriarca, cabe entre outras atribuições, a de
manter vigilância em situações de perigo iminente, como por exemplo, quando os
outros membros do grupo estão saqueando uma roça de milho. É ele quem dá o
sinal para a fuga do bando, e segundo diz o povo, o capelão é duramente
castigado pelos outros membros quando se descuida e deixa de prevenir o grupo a
tempo sobre uma aproximação inimiga que venha lhes causar atribulações.
Bibliografia
consultada:
Dicionário dos Animais
do Brasil
Rodolpho Von Ihering
Nenhum comentário:
Postar um comentário