sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL --- BUGIO





Allouata caraya


   Conheça um pouco mais nossa fauna através de um interessante                                                   exemplo: o bugio. 



É comum o pescador que está no Pantanal ouvir ruídos guturais semelhantes aos sons emitidos por uma pessoa gargarejando.
O bugio vive em bandos de mais ou menos 12 indivíduos, guiados pelo mais velho, que popularmente é chamado de “capelão”.

Esse barulho é assustador para quem não sabe identificá-lo. Trata-se apenas de um grupo de bugios, macacos que possuem, entre outras, esta interessante particularidade de emitir tais ruídos. A denominação bugio compreende as cinco espécies brasileiras do gênero Allouatta (antigamente conhecido por Mycetes), havendo ainda várias outras espécies no continente, do norte da Argentina até a América Central. O gênero caracteriza-se anatomicamente pelo grande desenvolvimento do osso hióide, que funciona como caixa de ressonância. São animais corpulentos, mas ainda assim bastante ágeis quando querem; a cabeça é maciça, o queixo barbado, principalmente nos machos velhos, cujo pescoço se avoluma em demasia, pelo grande desenvolvimento, já mencionado do osso hióide.  Em algumas espécies, o macho é preto e a fêmea amarelo escura; em outras, os machos são ruivos e as fêmeas quase, pretas. 



Sabem utilizar-se, melhor talvez que os demais quadrúmanos, (animais que possuem quatro mãos) de sua quinta mão: a cauda.
Pela manhã e à tardinha, principalmente quando o tempo está para mudar, põem-se a uivar (ou a “roncar”, como diz o povo), todos juntos, no topo de uma grande árvore; nessas ocasiões, é possível ouvir-se suas vozes a uma distância de aproximadamente 3 quilômetros. Os bugios alimentam-se de brotos, folhas e frutos. Quando perseguidos, muitas vezes, em vez e fugir, procuram se esconder entre as folhagens de galhos mais altos.
As mães são extremamente carinhosas com os filhos, que trazem no colo ou às costas, quando novinhos.

Fazem-no constantemente, pois confiam mais na força da ponta de seu rabo do que na segurança das mãos. Logo que a passagem de um galho para outro exige maior cautela, o rabo enrosca-se firmemente e assim nunca lhes acontece cair. Quando lhes ocorre, até sua refeição fazem dependurados. Mesmo depois de gravemente ferido, o bugio continua suspenso na árvore, o corpo todo caído, dependurado pela cauda. Dizem até que ele pode permanecer assim por alguns dias e só vir a cair quando já em estado de decomposição.



 Lamentavelmente, existem pessoas que apreciam a carne dos pequenos bugiozinhos, e capturam-nos, o que não deixa de ser um ato de terrível violência contra a natureza. É interessante registar o que diz a rima popular: “Guariba na serra, chuva na terra”, isto é, o ronco insistente do símio seria um pronuncio de mau tempo. Segundo o Dr. A. Neiva, existe uma curiosa crendice a respeito dos bugios: em certas localidades onde há grande incidência de bócio, os curandeiros tenham curar o “papo” do cliente aplicando-lhe água que tenha permanecido na vasilha formada pelo grande osso hióide dos bugios machos, osso esse que caracteriza o grande papo desses macacos. Como já dissemos, o povo denomina “capelão” ao macho velho, ao qual, como patriarca, cabe entre outras atribuições, a de manter vigilância em situações de perigo iminente, como por exemplo, quando os outros membros do grupo estão saqueando uma roça de milho. É ele quem dá o sinal para a fuga do bando, e segundo diz o povo, o capelão é duramente castigado pelos outros membros quando se descuida e deixa de prevenir o grupo a tempo sobre uma aproximação inimiga que venha lhes causar atribulações.

Bibliografia consultada:
Dicionário dos Animais do Brasil

Rodolpho Von Ihering

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