Nesta edição, a seção Folclore traça um perfil deste típico
habitante da região sul do Brasil, e de seus costumes característicos.
Gaúcho é o habitante dos pampas do Rio Grande do Sul,
descendente de indígenas, portugueses e espanhóis que no século XVIII, foi o
instrumento de fixação portuguesa no sul do Brasil. O mesmo nome é dado aos
argentinos e uruguaios de hábitos e origem semelhante ao gaucho brasileiro. Só
entre esses povos de origem hispânica a palavra é dissílaba com acentuação no
“a”: gáucho. Aos poucos a denominação a se estender a todos os habitantes do
Rio Grande do Sul. A princípio, a palavra designava os peões vadios, ladrões de
gado sem escrúpulos, que hoje, na região são chamados de “gaudérios”. Com o
tempo a palavra perdeu o sentido pejorativo e passou a ser elogiosa, designando
a reconhecida habilidade campeira do gaúcho e aptidão para a guerra que se
tornava importante para manter as fronteiras do Brasil. Como lembrança desse
tempo, ficou a palavra “gauchada” para designar embrulhada, valentia inútil,
fanfarronada. No gaúcho são proverbiais a coragem, a valentia, o apego à terra
e o amor à liberdade. A vida nômade dos primeiros gaúchos ficou marcada em suas
tradições, em seu folclore e até na culinária típica. A condução da tropa de gado
de uma região para outra tinha, geralmente, o acompanhamento de uma carroça
(carreta) na qual levavam os trens de cozinha e outros. Uma culinária
simplificada, mas nem por isso menos saborosa, nasceu dessas viagens: o
churrasco temperado com água e sal, o arroz carreteiro, etc.. Não é possível
falar do gaúcho sem falar do mate e do churrasco. O mate ou “amargo”, como eles
chamam, é uma tradição que se estendeu não só às cidades do Rio Grande do Sul,
como ainda a qualquer grande metrópole onde se fixa um gaúcho. Consiste o
“amargo” na erva mate servida em uma cuia sobre a qual se derrama água
fervendo, aos poucos. Bebe-se através de um canudo com boquilha de prata. O
“amargo” vai passando de mão em mão, fechando a roda de amigos e congraçando
hospedeiro e hóspedes. Entre figuras folclóricas gaúchas se sobressai o
Negrinho do Pastoreio (publicado no blog em
dezembro/2016), a cuja devoção se entrega todo o peão que perdeu o
animal. Ao Negrinho se acendem velas nos pampas gaúchos e o peão jura que ele
trará o animal de volta ao seu dono. Vítima de um senhor de escravos cruel que
o torturou até a morte por ter perdido um cavalo, a alma do Negrinho continua
nos pampas ajudando a quem dele precisa. As danças típicas gaúchas, cultivadas
com carinho pelos inúmeros centros folclóricos, exigem roupa também típica:
bombachas, botas, camisa, lenço vermelho ao pescoço, chapelão de boiadeiro para
o homem; para a mulher é o vestido ramado e largo e o lenço ao pescoço. As
danças são alegres e românticas com floreios e voltas em torno do lenço seguro
pelos pares ou, saltitante e corajosa com o bater das esporas.
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