Existem várias espécies de aves consideradas como urubus. Mesmo
pertencendo todas à mesma família, vamos nos fixar na espécie mais conhecida e
encontrada em todo o Brasil: o urubu preto. Vamos conhece-lo melhor.
Considerado como ave de rapina, os urubus pertencem à família
dos Catartídeos.
O Urubu Preto, mais especificamente, tem como nome científico Catharista
atratus brasiliensis. Sua plumagem é preta, e a cabeça nua e preta. As
hastes das rêmiges (penas mais longas) das mãos são brancas, bem como a ponta
da asa. Vivem em bandos que, circulando no ar, procuram carniça, de que
unicamente se alimentam, reunindo-se então às dezenas, para em pouco tempo
descarnarem uma rês. Sua fama de saneador de campos pode até ser contestada,
mas não resta dúvida de que, havendo qualquer animal morto, resta aos urubus o
trabalho de comer a carniça, deixando os ossos limpos de vestígios de carne. Nas
cidades também se nota a presença deles, ficando em nossa cabeça a pergunta: se
só se alimentam de carniça, como é que sobrevivem nas grandes cidades? A
resposta a essa pergunta não é difícil de ser respondida, já que é o acumulo de
lixo. Nos tradicionais lixões em aterros sanitários, devem fornecer alimento em
abundância a essa ave. Satisfeito o seu apetite, podem até procurar os grandes
prédios para seu pernoite noturno, e é comum o prejuízo que causam ao pousarem
em antenas de televisão ou mesmo antenas de transmissão, pois devido ao seu
peso e de várias outras aves de seu bando, chegam a entortar ou quebrar as
hastes das antenas. Uma outra particularidade sobre o urubu são as lendas que o
acompanham. Na Amazônia, por exemplo, é comum dizer-se que a espingarda que
matou um urubu perde a mira e fica inutilizada para o resto da vida. Outra lenda
bem conhecida é aquela que fala de uma festa no céu, onde por certo o urubu
iria. Com fama de gozador, o urubu “malando” passou pela casa de seu compadre
sapo e perguntou se o mesmo também iria a tal festa. A resposta do sapo foi
afirmativa, e isso motivou o urubu a dar gostosas gargalhas. Aproveitando a
visita a casa do sapo, o urubu foi dar um abraço na comadre e deixou sua viola
encostada em um canto da sala. Disso se aproveitou o compadre sapo, para se
esgueirar para dentro da viola. Quando o urubu alçou vôo, levando a viola em
baixo da asa, percebeu que estava mais pesada e olhando pelo buraco, avistou o
sapo todo encolhido a um canto. Fez um movimento rápido com a viola e o sapo
despencou lá do alto, esborrachando-se no chão. Filosofando, continuou a voar o
urubu, dizendo que a festa do sapo tem que ser no brejo e bem perto do chão.
Por outro lado, o urubu costuma por de três a quatro ovos. Não tem a mínima
preocupação em fazer seus ninhos, podendo estes serem em buracos na terra, em
pedras ou ainda em morros íngremes e de difícil acesso. Seus ovos são muito
brancos, maiores do que os dos patos, um pouco alongados e com manchas escuras
na ponta rombuda. A incubação demora cerca de 32 dias, e os filhotes após
nascerem têm pelugem amarelado e o bico reto de cor azul. Ao atingir um mês, já
é do tamanho de uma galinha, conservando ainda a plumagem original e uma ou
outra pena na cor preta. Aos dois meses, já está quase que totalmente preto,
mas ainda incapaz de voar, o que faz somente aos três meses. Dizer que o urubu
só se alimenta de carniça seria uma meia verdade, já que são muitos os fatos
registrados, principalmente em fazendas de gado, quando os urubus atacam os
bezerros recém nascidos e mesmo carneiros, cabritos e ovelhas. Porém não se
pode negar de forma alguma o fator benéfico que os urubus possuem de eliminar
de nossos campos e matas, os animais mortos, sejam eles domésticos ou
selvagens.
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