quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ESPECIAL - BARRAGENS PRIVATIZADAS







Subida dos peixes em Pirassununga


                                                PEIXES DE PIRACEMA

Matrinchã

Dourado
Pintado

Piracanjuba


Piau três pintas

Piaparas



Pacu
   


Ontem, 27 de setembro de 2017, quatro usinas hidrelétricas foram privatizadas. A saber, Barragem de Miranda – Rio Araguari Minas Gerais, Barragem de Jaguara- Rio Grande SP/MG, Barragem São Simão – Rio Paranaíba e Barragem Volta Grande – Rio Grande SP/MG.

O que isso pode significar para o meio ambiente brasileiro?



Escada de peixes (a primeira), construída entre 1920-22. Rio Mogi-Guassu, barragem de Cachoeira de Emas, Pirassununga, SP. Foto de 1941. Destruída em 1942-43.


Como todos nós sabemos, os peixes “lóticos” ou seja aqueles que precisam nadar rio acima para a desova, tiveram vários rios brasileiros interrompidos por barragens hidrelétricas, em nome do progresso mas, que anulou essa prática da desova. Comprovada cientificamente que havendo em uma barragem seja ela artificial ou natural, um canal de água corrente, os citados peixes deles se utilizam para desenvolver suas ovas e perpetuarem suas espécies. No entanto, a grande maioria das barragens construídas em rios do Brasil não tem esse canal de água corrente. Em estudos de custos da obra, feitas por especialistas, demonstraram que é menor do que 1% (um por cento) o valor das tais escadas para peixes. A negação da construção das escadas nas barragens, criou corpo quando consultados alguns estudiosos/especialistas estrangeiros do problema foram consultados. A bem da verdade, podemos afirmar que a opinião mais influente deles todos, era do Sr.J.H. Brunson – que a bem da verdade era um piscicultor americano, ou seja, criava peixes comercialmente – para vir ao Brasil e “dar sua opinião” a respeito, onde o mesmo, após “estudos de nossos peixes” afirmava que dificilmente essas espécies utilizariam essas escadas para continuarem sua migração para a vida, devido a sua altura. Essa “abalizada” opinião de um leigo, influenciou e muito a opinião de nossos governantes, tanto é que - os técnicos da CESP (Centrais Elétricas de São Paulo), entre 1968 e 1984, emitiram opiniões onde enfaticamente afirmavam que as escadas eram “onerosas e antibiológicas, não sendo suficientes em barragens de altura superior a 6 ou 8 metros” (Machado et alii 1968:2). Já outro técnico, de nome Torloni (1984:5), afirmou: “as escadas em barragens com altura superior a 8 metros tornam-se ineficientes, pois são raros os peixes que conseguem galgar o nível de montante...”
Prof. Manoel Pereira de Godoy

Escada de peixes construída em 1972 no Salto do Moraes, Rio Tijuco, região próxima de Ituiutaba MG. Na foto, detalhe da escada de peixes e da barragem.


Será isso verdade? É lógico que não. Voltemos ao rio Aar, na Suíça. Lá existem e funcionam escadas de peixes com 10, 12 metros de altura, até com 21 degraus-tanques. No rio Liffey, na Irlanda, as barragens com escadas estão entre 3 e 42 metros de altura. No estado de Oregon, nos Estados Unidos, a barragem de North Fork tem 59,4 metros de altura. E vamos por aí afora, não citando mais exemplos para não nos tornamos repetitivos. Essas informações podem ser lidas – em sua totalidade - em uma matéria no blog da Aruanã, postado em novembro de 2014.  Na mesma postagem vamos ler sobre o Prof. Manoel Pereira de Godoy que fez um estudo sobre escadas de peixes na construção da Barragem de Ilha Grande entre 1981 a 1985, onde – este sim um biólogo – dá parecer favorável a esse tipo de construção. Evidente está que não queremos nos alongar mais, pois falamos intensamente sobre escadas para peixes e piracema em nossas postagens no blog http://revistaaruana.blogspot.com.br nas datas de outubro e novembro de 2014 -vale a pena consultar – para se chegar à conclusão de que no Brasil, meio ambiente é uma piada de muito mau gosto e de longa duração, pois persiste até os dias atuais e, agora abrangendo muitos rios situados na Bacia Amazônica. Porém agora conseguimos visualizar uma pequena e ínfima luz em um túnel talvez imaginário, onde um pensamento nos aflora à mente: essas grandes empresas que adquiriram tais barragens, em um sinal de respeito ao meio ambiente e ao povo brasileiro, poderiam construir essas escadas para peixes? Provar que sua utilidade é verdadeira não há ninguém que discorde. Mostrar os custos de tal construção, que automaticamente seriam repassados para o seu produto, não é difícil. Será que vale a pena sonhar? Quem viver verá. 


2 comentários:

  1. Obrigado Reginaldo. Em termos de meio ambiente, qualquer esperança de dias melhores não pode e nem deve ser desprezada, venham de onde vierem. TFA.

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