sexta-feira, 27 de outubro de 2017

PEQUENOS RIOS, GRANDES PESCARIAS.










Às vezes, em um pequeno rio ou mesmo num riacho, podem ser feitas boas pescarias. Para tanto, será necessário analisar essas águas e tentar descobrir quais são suas reais possibilidades. O tamanho de um pequeno curso d’àgua, na maioria das vezes, esconde segredos que poucos sabem, mas que, descobertos, nos darão grandes alegrias.






Lambaris
Qualquer um de nós, se puxar pela memória, lembrará de já ter visto um pequeno rio em algum lugar de nossas andanças. Na maioria das vezes, passamos, olhamos por mera curiosidade e seguimos em frente, mais preocupados com nossas grandes pescarias feitas no Pantanal, Bacia Amazônica ou mesmo em represas e no mar. Ao longo do curso desses pequenos rios, normalmente existem propriedades, que vamos chamar de sítios, com açudes ou lagoas. Nesses locais, normalmente são criadas várias espécies de peixes, com destaque para tucunarés, black bass, tilápias, carpas, traíras e outras, dependendo da região onde estiverem. Na maioria das vezes, tais açudes não são construídos com o cuidado necessário e às vezes, uma chuva mais forte faz a barragem romper-se e a água represada desce rio abaixo, com os peixes juntos.

Tilápia

Pronto, naquela extensão a piscosidade do pequeno rio foi aumentada e muito. Há casos em que as barragens não rompem, mas os alevinos das criações dos açudes descem rio abaixo, fazendo então um peixamento natural. Outro exemplo são os pequenos rios, que com a construção das grandes barragens, passaram a jogar suas águas diretamente nestas. Ora, no rio maior que foi represado, poderiam existir várias espécies de peixes ótimas para pescar tais como dourado, pintado, pacu, piaus, piabas, curimbatás, piracanjubas, tabaranas e outras. Essas espécies são consideradas lóticas, ou seja, peixes de água corrente.   

Bagre

Evidente está, que com a barragem feita, o ambiente passou a ser lêntico ou de água parada. Nesse tipo de água, os peixes acima citados não desovam e, pela natureza, quando chega o período da piracema são impelidos a buscarem águas com correnteza para a perpetuação da espécie. Pronto, mais uma vez o pequeno rio ou riacho ali está, com o ambiente propício para os peixes. Temos também que falar sobre a alimentação, que nos pequenos rios é farta, principalmente para pequenos peixes. A foz desses locais junto à represa é um ótimo pesqueiro, pois os peixes maiores ficam à espera do que lhes trará a correnteza. 

Acará

Outro bom exemplo são os pequenos rios, também chamados de corixos no Pantanal e igarapés da Bacia Amazônica. Normalmente, esses cursos d’água são remanescentes de lagos, lagoas ou grandes baías. Em qualquer deles, dificilmente a água secará por completo, mantendo, portanto ao ano todo ambiente para a desova daquilo que o pescador chama de iscas, ou seja, os pequenos peixes. Com as cheias aumentando o volume de água, mais uma vez os peixes principais usarão os igarapés ou corixos para conseguirem entrar nesses locais em busca de alimentação. É uma excelente opção de pesca e, por diversas vezes, se o pescador insistir em pescar nos rios maiores, não terá o mesmo sucesso. 

A beleza dos pequenos rios
Mais um bom exemplo são as épocas de chuvas, quando a maioria das águas está suja e barrenta. Nos rios e represas maiores, com água suja fica impossível pescar. No entanto, por diversas vezes, em meio a toda a água barrenta, lá está um pequeno rio ou riacho com suas águas limpas a desafiar o período das chuvas. Milagre? Evidente que não, e a explicação: na maioria das vezes, o início desses riozinhos é uma nascente de água limpa e cristalina; em outras, devido ao seu curso de água e impelido pela nascente, o riozinho limpa suas águas mais rapidamente do que os cursos maiores. E não há uma só espécie de peixe que não saia da água suja para a água limpa, quer por segurança ou mesmo por alimentação. E os pequenos rios do litoral? 


Acará rajado

Esses são um exemplo maior de como pode ser feita uma grande pescaria. Qualquer que seja o rio e de que tamanho for, muitas espécies de peixes ali estáo à nossa disposição. Quem é que não sabe que o robalo entra rio adentro por muitos quilômetros? Mas não vamos falar de peixes do mar e sim de peixes de água doce, que estão nesses rios. Para acha-los, em qualquer curva do pequeno rio onde haja uma profundidade maior, lá estarão e em grande quantidade os lambaris, traíras, acarás, tambiús, saicangas e várias espécies de bagres, com referência especial ao jundiá, por seu aspecto bonito e a excelência de sua carne. Um outro bom exemplo desse tipo de pesca são os diversos rios de Campos de Jordão e da Serra da Bocaina. 


Pesque junto às margens com capim

Como se sabe, e isto já foi matéria da Aruanã, essa região foi escolhida para peixamento experimental de trutas no Brasil. Em quase todos os seus pequenos rios a truta está presente, já que muitas criações estão espalhadas por essas duas regiões e, lógico, com a descida de alevinos das criações tornam-se os pequenos rios bons pesqueiros de trutas. Finalmente, um exemplo de que todos, se já não presenciaram, pelo menos ouviram falar: pescarias incríveis de lambaris feitas em pequenos rios, que às vezes tem menos de um metro de largura. E como são esportivos os lambaris desses cursos d’agua. Isto sem falar de nossos pescadores do interior, que ao sinal da primeira trovoada e posterior ameaça de chuva, de posse de um enxadão, vão arrancar suas minhocas, pois sabem que em um pequeno rio próximo, os bagres ficam alvoroçados ao menor sinal de chuvas e, lógico, muito fáceis de serem fisgados. E vivam os pescadores 

Revista Aruana Ed:16 publicada em 06/1990

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