Às vezes, em um pequeno rio ou mesmo num
riacho, podem ser feitas boas pescarias. Para tanto, será necessário analisar
essas águas e tentar descobrir quais são suas reais possibilidades. O tamanho
de um pequeno curso d’àgua, na maioria das vezes, esconde segredos que poucos
sabem, mas que, descobertos, nos darão grandes alegrias.
|
Lambaris
|
Qualquer um de nós, se puxar pela memória, lembrará de já ter visto um pequeno rio em algum lugar de nossas andanças. Na maioria das vezes,
passamos, olhamos por mera curiosidade e seguimos em frente, mais preocupados
com nossas grandes pescarias feitas no Pantanal, Bacia Amazônica ou mesmo em represas
e no mar. Ao longo do curso desses pequenos rios, normalmente existem
propriedades, que vamos chamar de sítios, com açudes ou lagoas. Nesses locais,
normalmente são criadas várias espécies de peixes, com destaque para tucunarés,
black bass, tilápias, carpas, traíras e outras, dependendo da região onde
estiverem. Na maioria das vezes, tais açudes não são construídos com o cuidado
necessário e às vezes, uma chuva mais forte faz a barragem romper-se e a água
represada desce rio abaixo, com os peixes juntos.
|
Tilápia
Pronto, naquela extensão a piscosidade do pequeno rio foi
aumentada e muito. Há casos em que as barragens não rompem, mas os alevinos das
criações dos açudes descem rio abaixo, fazendo então um peixamento natural.
Outro exemplo são os pequenos rios, que com a construção das grandes barragens,
passaram a jogar suas águas diretamente nestas. Ora, no rio maior que foi
represado, poderiam existir várias espécies de peixes ótimas para pescar tais
como dourado, pintado, pacu, piaus, piabas, curimbatás, piracanjubas, tabaranas
e outras. Essas espécies são consideradas lóticas, ou seja, peixes de água
corrente.
|
|
Bagre
Evidente está, que com a barragem feita, o ambiente passou a
ser lêntico ou de água parada. Nesse tipo de água, os peixes acima citados não
desovam e, pela natureza, quando chega o período da piracema são impelidos a
buscarem águas com correnteza para a perpetuação da espécie. Pronto, mais uma
vez o pequeno rio ou riacho ali está, com o ambiente propício para os peixes.
Temos também que falar sobre a alimentação, que nos pequenos rios é farta,
principalmente para pequenos peixes. A foz desses locais junto à represa é um
ótimo pesqueiro, pois os peixes maiores ficam à espera do que lhes trará a
correnteza.
|
|
Acará
Outro bom exemplo são os pequenos rios, também chamados de
corixos no Pantanal e igarapés da Bacia Amazônica. Normalmente, esses cursos
d’água são remanescentes de lagos, lagoas ou grandes baías. Em qualquer deles,
dificilmente a água secará por completo, mantendo, portanto ao ano todo
ambiente para a desova daquilo que o pescador chama de iscas, ou seja, os pequenos
peixes. Com as cheias aumentando o volume de água, mais uma vez os peixes
principais usarão os igarapés ou corixos para conseguirem entrar nesses locais
em busca de alimentação. É uma excelente opção de pesca e, por diversas vezes,
se o pescador insistir em pescar nos rios maiores, não terá o mesmo sucesso.
|
|
A beleza dos
pequenos rios
|
Mais um bom exemplo são as épocas de chuvas, quando a maioria
das águas está suja e barrenta. Nos rios e represas maiores, com água suja fica
impossível pescar. No entanto, por diversas vezes, em meio a toda a água barrenta,
lá está um pequeno rio ou riacho com suas águas limpas a desafiar o período das
chuvas. Milagre? Evidente que não, e a explicação: na maioria das vezes, o
início desses riozinhos é uma nascente de água limpa e cristalina; em outras,
devido ao seu curso de água e impelido pela nascente, o riozinho limpa suas
águas mais rapidamente do que os cursos maiores. E não há uma só espécie de
peixe que não saia da água suja para a água limpa, quer por segurança ou mesmo
por alimentação. E os pequenos rios do litoral?
|
Acará rajado
Esses são um exemplo maior de como pode ser feita uma grande
pescaria. Qualquer que seja o rio e de que tamanho for, muitas espécies de
peixes ali estáo à nossa disposição. Quem é que não sabe que o robalo entra rio
adentro por muitos quilômetros? Mas não vamos falar de peixes do mar e sim de
peixes de água doce, que estão nesses rios. Para acha-los, em qualquer curva do
pequeno rio onde haja uma profundidade maior, lá estarão e em grande quantidade
os lambaris, traíras, acarás, tambiús, saicangas e várias espécies de bagres,
com referência especial ao jundiá, por seu aspecto bonito e a excelência de sua
carne. Um outro bom exemplo desse tipo de pesca são os diversos rios de Campos
de Jordão e da Serra da Bocaina.
|
|
Pesque junto
às margens com capim
Como se sabe, e isto já foi matéria da Aruanã, essa
região foi escolhida para peixamento experimental de trutas no Brasil. Em quase
todos os seus pequenos rios a truta está presente, já que muitas criações estão
espalhadas por essas duas regiões e, lógico, com a descida de alevinos das
criações tornam-se os pequenos rios bons pesqueiros de trutas. Finalmente, um
exemplo de que todos, se já não presenciaram, pelo menos ouviram falar:
pescarias incríveis de lambaris feitas em pequenos rios, que às vezes tem menos
de um metro de largura. E como são esportivos os lambaris desses cursos d’agua.
Isto sem falar de nossos pescadores do interior, que ao sinal da primeira trovoada e posterior ameaça
de chuva, de posse de um enxadão, vão arrancar suas minhocas, pois sabem que em
um pequeno rio próximo, os bagres ficam alvoroçados ao menor sinal de chuvas e,
lógico, muito fáceis de serem fisgados. E vivam os pescadores
|
|
Revista
Aruana Ed:16 publicada em 06/1990
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário