quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

OPINIÃO - LEMBRANÇAS DE UMA LUTA INGLÓRIA.





Revista Aruanã Ed.27 Publicada em 04/1992


Praticamente, nas primeiras horas da manhã, revejo minhas edições encadernadas da Revista Aruanã procurando alguma matéria para publicar no blog. Dificilmente, não foi esse o procedimento de hoje, olho para os Editoriais. Por um acaso, já que a página abriu por causa do ventilador ligado para afastar o calor, li este editorial. Com uma sensação de raiva/saudades, voltei 28 anos no tempo, quando ele foi publicado. Foi uma das muitas lutas que perdi ao longo desta vida. 
                                                                       
                                                          “O EDITORIAL”




segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

ESPECIAL: BASS UMA QUESTÃO DE BOM SENSO




Na região sul e sudeste do Brasil, o Black bass é um peixe que está sempre presente em várias represas. Excelente para se pescar e para a mesa, este peixe depende exclusivamente do pescador amador para sua sobrevivência. Preserva-lo é dever de todos nós.

Represa de bass
Originário do Canadá e não dos Estados Unidos, como muita gente pensa, o bass foi introduzido no Brasil em 1922, no Estado de Minas Gerais. Cientificamente recebe o nome de Micropterus salmoides e pertence à família dos Centrarchidae. Sua importação para nossas águas deu-se por um único motivo: nossas autoridades necessitavam de um peixe de ambiente lêntico, ou seja, de águas paradas (lagos e represas) para combater uma praga que está presente em todo o Brasil que é a pirambeba. Esta espécie de piranha teve sua população muito aumentada e vinha causando vários estragos na população de nossos lagos. Até hoje é comum ver-se várias espécies de peixes mordidos pela pirambeba,  principalmente em suas nadadeiras caudais. Nossas autoridades começaram a importar o bass e cria-lo em cativeiro, soltando os alevinos em diversas represas do estado de São Paulo. 

Detalhe da cabeça do bass
 Era uma verdadeira “febre” pelo peixe, chegando esses mesmos cientistas a importar também o blue gill, um pequeno peixe também do Canadá para que o bass se alimentasse. Esse peixe é semelhante ao nosso popular cará. Já por essa atitude, nota-se que a “febre do bass” foi conduzida de maneira irracional e movida por sentimentos, não por dados científicos. Imagine importar peixes para sua alimentação, como se eles não comessem, por exemplo, acarás e lambaris. O bass então foi criado e solto em larga escala. Mas um dia, infelizmente, alguma “cabeça pensante” achou que o bass era um predador muito voraz, pois ataca pequenos peixes, que na verdade são a base de sua alimentação. Foi o bastante para que todo o amor que se tinha pelo peixe se transformasse em verdadeiro ódio. Encerrou-se a criação dos alevinos e não foram mais soltos peixes em outros reservatórios. 

O bass costuma desovar na areia e em troncos submersos 
Em Pirassununga, onde havia a criação oficial, acabaram com todas as matrizes e o bass ficou relegado ao esquecimento. Mas graças a Deus ele continuou sobrevivendo em várias represas e até hoje continua a existir e a desovar. Para quem pesca o black bass, a esportividade e a técnica é algo apaixonante, além de termos em nossos lagos mais uma espécie de peixe para nosso lazer. Quanto a ele ser um predador, não o é nem mais ou menos do que o tucunaré, por exemplo. Mas decidiu-se condena-lo injustamente.  No entanto, hoje muita gente pesca e ama o bass. A APIA – Associação de Pescadores com Isca Artificial, por exemplo, foi ainda mais longe. Com recursos próprios soltou milhares de alevinos em represas próximas a São Paulo e hoje, completamente ambientados, fazem a alegria de vários pescadores. Nós da Aruanã também fizemos nossa parte, pois após muita luta conseguimos aprovar uma portaria em 1986 (a revista ainda não existia, mas a força do Jornal da Tarde sim), criando os Santuários de Pesca Amadora.

O black bass 
Essa Portaria nº N-08 defende o bass e fixa seu tamanho mínimo em 30 centímetros para sua pesca, proíbe sua pesca no período de 1º de setembro a 15 de dezembro nas represas Cachoeira do França, da Fumaça, Guarapiranga, Billings, Paraibuna, Jaguarí, Ibiúna, Paiva Castro e Atibainha. Quando aprovamos em Brasília essa portaria, fomos muito criticados, principalmente pelos pescadores profissionais, pois nessas represas sua ação foi proibida. Mas o pior de tudo foram as críticas de alguns amadores, pois segundo eles “proibiu-se na melhor época para pescar o bass”. Depois de seis anos, finalmente os resultados obtidos por essa proibição começaram a aparecer, mostrando que tínhamos razão quando fizemos a Portaria. Vamos esclarecer agora alguns itens. Realmente a época de proibição coincide com a melhor época para sua pesca, já que o peixe fica bastante agressivo e ataca qualquer tipo de isca artificial. 

Locais de desova 
O principal motivo dessa agressividade é defender sua desova e seus filhotes. Ora, matar peixes nessa época é, no mínimo, burrice. E quando se diz “proibido pescar” quer se dizer na realidade “proibido matar”. No entanto, se o pescador amador usar o sistema “pegue e solte”, o peixe poderá continuar a cuidar da sua desova e teremos cada vez mais peixes. Simples, não? O “pesque e solte” tem que ser imediato e no mesmo local onde o peixe foi fisgado. De maneira nenhuma deve-se colocar a mão na guelra do peixe. Fique com o bass na mão o menor tempo possível. Tanto o macho como a fêmea são importante na desova, pois uma fêmea serve a vários machos e após a desova é ele que cuida dos alevinos. Os ninhos do bass são feitos principalmente em fundo de areia ou em paus submersos.

Minhoca artificial: só pra quem sabe usar  
Cada fêmea chega a desovar mais de 5.000 ovos. Aí está meu prezado pescador, uma boa razão para que todos nós que gostamos de pescar o bass, façamos de tudo para protege-lo. A continuidade desse peixe em nossas águas depende exclusivamente de nós. Seja você também um fiscal do bass. Se avistar alguém pescando ou matando o bass entre 1º de setembro e 15 de dezembro, procure mostrar a esse pescador o crime que está cometendo. Captura-lo com tamanho inferior a 30 centímetros também é crime, já que não teve ainda a oportunidade de desovar. Agora, como sabemos que nossas autoridades são contra o bass e de que de maneira nenhuma irão protege-lo ou criá-lo, cabe a nós, pescadores amadores conscientes, a tarefa de protege-lo contra tudo e contra todos. Isto, se quisermos continuar a te-lo em nossas águas e a pesca-lo, garantindo a pesca esportiva. Raciocine e veja se tudo não é uma questão de bom senso.
NOTA DA REDAÇÃO: A minha paixão pelo bass era tanta, que a luta para sua preservação foi muito grande. A Portaria do Ibama, citada acima, devo agradecer ao Jornal da Tarde pois foi com sua aprovação que minhas viagens à Brasília eram possíveis. Foi muito importante também a cooperação da Polícia Florestal (hoje Ambiental) devido a diversas fiscalizações nas represas também citadas. Enumero uma, feita na Cachoeira do França, em época proibida para a pesca do bass, e quando abordamos um barco com dois pescadores, eu tive o desprazer de ver, no isopor, uma fêmea de bass com as ovas para fora de seu corpo. Minha revolta foi tão grande que a vontade era de pular no pescoço dos dois pescadores e xinga-los de tudo quanto fosse palavrão, pois aquela imagem era a mesma coisa que cuspir na minha cara. O comandante dessa fiscalização era o capitão Benjamim e ao perceber minha revolta, segurou meu braço e piscou para mim, como se falasse que era para eu ficar calmo. Foram multados e tiveram todos os seus equipamentos apreendidos. No meu íntimo, eu pensava que aquilo era pouco, já que por mim, o melhor do que a multa, era muita porrada na cara dos dois. Outra coisa que revoltava era ver o pessoal com varinhas de bambu, usando minhocas naturais, fisgando entre lambaris e acarás, pequenos alevinos de bass, com 10 centímetros, quando muito, presos nas fieiras de arame dentro da água. Certa vez quis dizer a eles que não fizessem aquilo, pelas razões que expliquei. Como resposta recebi a seguinte frase: “os peixes são seus?” Como eu pescava na época sempre sozinho, apesar de portar arma, achei melhor deixar pra lá. É isso. Finalmente queria pegar o idiota que soltou tucunarés nessa represa, já que a transposição para todas abaixo foi natural e inevitável. Fraterno abraço.

Revista Aruanã Ed:30 Publicada em 10/1992


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

DICA I - NÃO BAIXE O NÍVEL










Um item indispensável em nosso barco de pesca é o viveiro.  Ele serve não só para deixar os peixes capturados vivos como também para manter as iscas naturais vivas que são o sucesso garantido em nossas pescarias. Mas essa prática tem segredos. Confira.


O kit no viveiro do barco
Em princípio todos os viveiros dos nossos barcos são iguais, já que ele tem um orifício que serve de entrada de água e outro que serve de saída, no chamado "viveiro". É normal que o fabricante mande junto com o viveiro, dois “tampões”, que servem para vedar completamente a saída da água. E mais, esses tampões vêm com duas cavidades, sendo uma vedada completamente e outra com quatro furos, que estando nessa posição, servem para regular a entrada ou a saída de água do viveiro. Até aí nada de mais, visto que o diâmetro e a rosca desses tampões servem em todos os tipos de barcos, mesmo de fabricantes diferentes. No entanto, há alguns problemas que frequentemente acontecem nos viveiros dos barcos e o mais comum deles, quando se está navegando em alta velocidade, é que o nível de água suba muito e transborde. Isso é bastante inconveniente, já que a água irá se acumular na popa do barco, apesar de haver um tampão de saída para evitar esse acúmulo. Mas, por diversas vezes e isso é comum de acontecer, abrimos esse tampão de saída e o esquecemos aberto quando paramos para pescar, e tal fato só é lembrado quando a água começa a molhar nossos pés. E aí, a solução é por novamente o barco em movimento para escoar a água acumulada. Esse também é um procedimento correto no caso de chuva ou algum vazamento no barco. Voltemos ao viveiro. Normalmente, já que é projetado por engenheiros marítimos, quando se está navegando, deixando os dois tampões abertos ou regulados para os quatro furos, não há transbordamento mesmo havendo excesso de carga ou quando se está parado. 

O anel de regulagem (borracha) do nível
No entanto, quando há iscas vivas ou peixes no viveiro, é praticamente inevitável que eles obstruam a saída de água, fazendo com que o viveiro transborde. Não há nada mais chato para quem pilota o barco do que o fato de ser ele quem percebe o vazamento. Aí, tem que parar a marcha (e muitas vezes isso não é possível) para limpar a saída do viveiro. Além do piloteiro, há quem perceba também de imediato quando um viveiro está transbordando e essa pessoa é o companheiro de pesca, que está sentado no banco do viveiro. Resta saber exatamente se ele percebe, ou melhor, sente essa água vazando, pois terá seus “fundilhos” que de imediato perceberão o vazamento. E convenhamos, ficar com a bunda molhada o resto da pescaria não é lá muito agradável. Por diversas vezes isso aconteceu conosco, não só de ver mas como também sentir o vazamento. Começamos a “dar tratos à bola” e a imaginar alguma engenhoca que sanasse o problema.  Fizemos várias tentativas até que finalmente chegamos à perfeição desejada. Usando os próprios tampões do fabricante, bolamos um caninho de alumínio para a entrada, que possui uma curva que joga o jato de água de entrada de cima para baixo. No tampão de saída, um outro caninho, e esse completamente reto, com vários furos pequenos de todos os lados para dar vazão à água de entrada. A tal engenhoca que batizamos de “kit viveiro”, resolveu de vez todos os nossos problemas. Vejamos:

O kit em funcionamento
    A)  Na saída de água, mesmo que haja peixes ou iscas no viveiro, jamais eles conseguirão tampar completamente todos os furos do cano de saída.
B)  Qualquer que seja a isca viva colocada no viveiro, não irá morrer nem se perde, no caso de pequenos camarões ou pitus, que saem pelo buraco.
C)   Mesmo que o barco esteja parado, o nível de água estará mantido, conservando as iscas e os peixes vivos.
D)  Durante o trajeto de navegação, mesmo em alta velocidade, o nível de água será sempre o mesmo.
E)    Finalmente nunca mais o viveiro irá transbordar.
Para encerrar apenas um conselho: conforme a altura do viveiro de seu barco, faça mais furos no cano de saída, de acordo com sua vontade, para manter então o nível desejado. E novamente vem à lembrança aquele velho chavão usado por um antigo pescador: “Em pesca, quanto mais se vive, mais se aprende”.

NOTA DA REDAÇÃO: Nós tínhamos esse kit viveiro em nossa loja. Chegamos a vender centenas deles em nosso balcão e mesmo pelo reembolso postal, até que vimos no mercado uma cópia perfeita da engenhoca descoberta pela Aruanã. Fazer o que? E terminando, aquela borracha de vedação amarela, que aparece no cano de entrada de água, a melhor que apuramos e usamos, é do tipo látex, o mesmo usado para o torniquete que as farmácias usam para dar injeções em nossas veias. Apenas o diâmetro é que deve ser adaptado o bitola do cano de entrada.

Revista Aruanã Ed:26 publicada em 02/1992

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

ROTEIRO II - ILHA DOS PORCOS







 Situada no litoral fluminense, em frente a Arraial do Cabo, esta ilha proporciona ótimas pescarias de costão, com diversas espécies de peixes. Este é um roteiro considerado excelente pela Aruanã. Confira.

Mapa de acesso (Rio de Janeiro)

A cidade de Arraial do Cabo é bastante bucólica, e apesar da aparência do vilarejo, tem toda a infraestrutura necessária para acomodar seus visitantes. São vários hotéis e pousadas, com preços considerados médios para a comodidade que oferecem. Restaurantes e lanchonetes servem pratos bons, também a preços médios. Situada a 170 km da capital do Rio de Janeiro, podemos atingi-la pela rodovia RJ-106. A Ilha dos Porcos fica distante do litoral cerca de seis quilômetros e deve seu nome a uma antiga criação de suínos na ilha, que hoje não existe mais. Mas se não tem porcos, tem cabritos selvagens, e durante nossa permanência lá, conseguimos avistar vários deles. 

Porto do forno

São cabritos normais, iguais aos domesticados, porém, tornaram-se selvagens com o tempo. São os chamados “alongados”, ou se fossem bois, seriam “baguás”. Para se chegar à ilha, deve-se tomar embarcações e essas podem ser facilmente encontradas no Porto do Forno, que é um porto de atracagem de pescadores profissionais. Os barcos são do tipo baleeiras, e oferecem segurança. A travessia até a ilha dura aproximadamente 20 minutos e o preço, que deve ser negociado na hora, fica em torno de R$10,00 por pessoa. Por esse preço, o barqueiro leva o pescador até a ilha e vai busca-lo de volta no dia seguinte ou quando o pescador marcar. 

Costão da Ilha dos Porcos

O local para descer na ilha é na face voltada para o continente, pois aí o mar é mais calmo. Procure levar o mínimo necessário, já que após a descida do barco, deve-se caminhar cerca de um quilômetro até o melhor pesqueiro da ilha, denominado “pesqueiro do lado de fora”. Esse pesqueiro fica na parte leste, de frente para o mar aberto. É um paredão de mais ou menos 4 metros de altura, onde as ondas batem menos. Estando-se no pesqueiro avistaremos do lado direito a Ilha do Farol, e do lado esquerdo, mais para fora, a Ilha da Âncora, além de ser possível ver também a cidade de Cabo Frio.

Da esquerda para a direita: Ronaldo, Paulo, Carlos, Osnério e Severino 

É importante lembrar ao pescador que leve principalmente água, já que a ilha não dispõe de nenhuma fonte de água doce, e em quantidade sempre superior ao que se calcule gastar. Como iscas, deveremos usar sardinha, parati e bonito, que são fáceis de conseguir na região. Normalmente usa-se essas iscas em pedaços grandes, e o material de pesca deve ser o de categoria média a pesada, com varas de no mínimo 4 metros, linha 0,60 ou 070 mm e anzóis encastoados de com aço, de preferência 6/0. Os melhores sistemas de pesca são de fundo (neste caso deve-se dar lances o mais longe possível) e com boia luminosa, já que as melhores pescarias são feitas à noite.

A Ilha dos Porcos

Usa-se também o sistema de isca e anzol sem chumbo ou boia, deixando-se a isca ao sabor da correnteza. Uma outra boa dica é levar agasalhos, pois durante a noite o clima esfria bastante devido ao vento que sopra do mar.  E por que material pesado? Seria a pergunta que o leitor faria. Pois bem, ao fisgarmos um peixe e após cansa-lo, devido ao paredão já citado, deveremos traze-lo até nós, usando para isso a vara e a linha. Normalmente os peixes fisgados nesse pesqueiro variam entre 3 e 8 kg de peso, podendo vez por outra fisgar-se espécies maiores. Durante nossa estada na Ilha do Porcos, fisgamos marimbás, pargos, uma ou outra moreia e anchovas. 

As iscas: bonito, parati e sardinha
 Aliás foram 15 anchovas com peso variando entre 3 e 5 kg. A “pegada” da anchova na isca é violenta, o que demonstra ao pescador a necessidade de estar sempre atento no que se refere à vara de pesca, devendo a mesma ficar na mão ou então em frestas na pedra, desde que ofereçam segurança. Neste ultimo caso é conveniente deixarmos a fricção do equipamento bem solta, para não termos surpresas desagradáveis. Na Ilha dos Porcos, os melhores pesqueiros, além deste no qual estivemos, são identificados facilmente pelos pescadores que nos transportam até a ilha. É só perguntar e, de acordo com as condições do mar, o barqueiro irá aconselhar os melhores para aquele dia. 



O resultado da pescaria

Na Ilha do Farol (onde não pescamos), os melhores pesqueiros são conhecidos pelos seguintes nomes: Pedra Vermelha, Pedra Amarela, Escada, Escadinha, Ponta Leste e Gaivota. Existem ainda outros pesqueiros no continente que podem portanto ser atingidos a pé, e dentre eles, os melhores são: Caminho Novo, Ponta da Prainha, Pedra da Baleia e Ponta da Cabeça. Para quem gosta de pesca de praia, teremos então uma boa praia, junto à cidade, chamada de Praia Grande ou ainda a Praia do Foguete. São praias relativamente fundas, permitindo-se dar-se os lances direto da areia. 






Anchova fisgada à noite
 Os peixes mais comuns na modalidade de costão são os marimbas, olhos-de- cão, pargos, cações (alguns enormes), espadas, garoupas e principalmente anchovas. Temos registros de pescarias de anchovas feitas no mesmo local onde pescamos, que contaram no final de uma note, cerca de 45 peixes. Agora a melhor dica de todas. Se você quiser fazer uma pescaria na Ilha dos Porcos ou em outro pesqueiro qualquer, inclusive na praia, contate o Sr. Osnério Lima, que é um profundo conhecedor da região e de todos os pesqueiros citados. Melhor ainda: se você marcar sua pescaria com antecedência, o Sr. Osmério poderá reservar o barco, conseguir as iscas e inclusive aconselhar o tipo de material a ser usado pelo pescador visitante. 



Isca de filé de parati

O sr. Osmério é uma pessoa muito simpática e com sua ajuda certamente a pescaria terá melhores resultados. Além disso, ele pesca junto a nós e pesca muito bem. O endereço do sr. Osmério é: Rua da Caixa D água nº 12, na Praia Grande – Arraial do Cabo - RJ – CEP 28930-000. Se preferir, ligue para (0246) 22-1383 (recados) de deixe seu número. O sr. Osmério ligará de retorno para então combinar a ida do pescador até Arraial do Cabo. Por tudo isso ele cobra uma pequena taxa, mas em compensação facilitará muito a vida do pescador que quiser utilizar-se das dicas deste novo roteiro.De nossa parte, podemos afirmar que se trata de um excelente roteiro, aprovado sem restrições pela equipe da Aruanã. Vale a pena uma pescaria na Ilha dos Porcos.


NOTA DA REDAÇÃO: Evidente está que o leitor, agora do roteiro no blog, deve confirmar os nomes, endereços, valores e telefones citados acima, já que decorridos 26 anos, muita coisa deve ter mudado. Porém, a nossa opinião sobre a Ilha dos Porcos, continua a mesma, pois recebemos recentemente relatos de ótimas pescarias, e feitas com iscas artificiais nesse local.

Revista Aruanã Ed:42 publicada em12/1994

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

DICA - O CARAMUJO DA PEDRA







Se a pergunta for qual a melhor isca natural, a resposta é bem simples: é a isca do próprio local da pescaria. Na pescaria do costão, temos uma excelente isca: o saquaritá. Descubra por quê.

Costão: o habitat do caramujo
 Não há nada neste mundo que atrapalhe mais a vida do pescador: a pressa e a preguiça. Vamos começar pela pressa. Uma pescaria, na maioria das vezes, é marcada com relativa antecedência e portanto o que não falta é tempo para podermos prepara-la com cuidado. Essa é a regra e infelizmente, como não poderia deixar de ser, existem as exceções. Assim sendo, temos o “apressadinho” que vai arrumar sua tralha só na noite anterior à pescaria. Começa por aí. A linha que está no equipamento, ele nem lembra quando foi que a colocou, portanto pode estar ressecada e quebradiça.

Quebrando a casca do saquaritá
 O equipamento que tanto pode ser carretilha ou molinete há muito não é lubrificado, limpo e às vezes, pasmem... lavado após o uso em água do mar. Ora, se o procedimento como equipamento foi esse, fica desnecessário dizer-se sobre a vara de pesca, que pode estar com os passadores apresentando estrias (cortam a linha) e o punho do engate mal lubrificado. Anzóis e chumbos? Ora, o que é isso? Qualquer um serve e enferrujado (no caso do anzol) é melhor ainda, já que passou por outras pescarias. E a caixa de pesca? Bem, se o pescador se encaixou em qualquer uma das citações anteriores, seria melhor chamar sua caixa de pesca de...caixa de surpresas, já que na maioria dos casos tem o que não se precisa e não tem o que se precisa.

O saquaritá sem casca
 E por aí adiante. Ou seja, deixou-se tudo para a última hora, e o velho refrão é mais do que nunca citado? “a pressa é inimiga da perfeição”. Mais: chegando ao local da pescaria, sai da frente porque senão ele te atropela, tal é a pressa de jogar a isca na água. Lugar, tipo de costão, maré, horário, bem, tudo isso por causa da pressa, não deu tempo de observar. E a preguiça? Para começar podemos dizer que todos os itens acima, se encaixam perfeitamente também neste “atributo” de pescador amador. Só que neste ponto, temos que citar um item muito importante na pescaria de costão: a isca. Por pressa ou preguiça, o nosso “pescador”, passou na peixaria e mandou vir dois quilos de camarão “sete barbas” e 1 quilo de sardinhas. 

Dependendo do tamanho, dá para duas iscas
Alguns até não têm preguiça de preparar esse tipo de isca e chegam a colocar sal para endurecer mais a isca, ou então no caso da sardinha embrulhar uma a uma (parece até propaganda de drops) para que fiquem mais firmes na hora de iscar. Pois bem, na maioria das vezes, quem pratica no seu dia a dia pescarias como nos exemplos anteriores, terá muitas vezes resultados sofríveis ou até nulos na pesca de costão. Agora, o pescador que for até o costão sem pressa, para verificar que as melhores pedras serão aquelas que mais têm organismos vivos, tais como mariscos, e ostras, baratinhas do mar, santolas (pequenos caranguejos) e outros, saberá de antemão que ali é um bom pesqueiro.

Algumas formas de iscar o saquaritá
Pelo menos é onde os peixes estão, devida à maior quantidade de alimentos. Se ele não tiver preguiça, descerá com cuidado até nas pedras mais próximas da água, e verificará que no meio dos organismos citados também estará o saquaritá, que é um caramujo de casca dura, que se quebrado com cuidado, dá uma excelente isca, ou até duas, conforme seu tamanho e sendo partido ao meio. Teremos então a melhor isca natural que existe, pois ela é do próprio local e está bem fresquinha, bem melhor e mais barata do que o camarão e a sardinha. E olhe que não há uma só espécie peixe do costão que não fisgue no saquaritá. 

O saquaritá iscado corretamente
Podemos até citar alguns, tais como sargos, badejos, garoupas, meros, caratingas, miraguaias e os considerados de “passagem”, como pampos, anchovas, olhetes, robalos, espadas, etc. Então meu prezado pescador, em que categoria você se enquadra? Se por acaso você é dos que não têm pressa e nem preguiça, parabéns, já que os resultados de sua pescaria serão sempre muito melhores do que os dos outros pescadores. Se quiser melhorar ainda mais sua pescaria: procure fazer uma ceva natural, usando mariscos das pedras triturados e jogados aos punhados no próprio local da pescaria. 

As cascas podem ser usadas como ceva
E tem mais: após iscado, o saquaritá não cai do anzol em hipótese alguma. Use a parte duro do corpo dele, para fisgar o anzol por ali. Para finalizar, uma curiosidade: saquaritá é uma palavra em tupi guarani que tem em português o significado de: “caramujo” ou “concha da pedra”.


NOTA DA REDAÇÃO: Propositalmente não mencionamos o uso do corrupto na pescaria de costão, visto que ele não é uma isca, apesar de natural, por não ser do próprio local da pescaria. Mas nem por isso deixa de ser uma boa isca, já que muitos peixes são fisgados com ele. Admitimos o corrupto como uma isca natural de costão, “se houver uma praia por perto”.  Em caso contrário, deverá o pescador que gosta de usa-lo, antes de ir para o costão, perder algum tempo em uma praia, para adquirir alguns deles para usar como isca. Se for preparado antecipadamente, e conservado com sal, já muitos o fazem, dá bons resultados também. 


 Revista Aruanã Ed:41 Publicada em 10/1994