OUTROS BICHOS
É tarefa difícil
descrever a beleza do colorido dessas criaturas, que parecem jóias vivas, pois
não bastariam os nomes de todas as pedras preciosas e metais brilhantes para
dar uma idéia da variedade de seus matizes, sempre cintilantes.
Beija-flor é o nome usado para
designar as minúsculas aves da família dos Troquilídeos,
a qual encerra cerca de 500 espécies, todas elas só da América do Sul e
Central. É entre os beija-flores que se encontra o menor representante de toda
a classe das aves, medindo apenas 65mm de comprimento total. Descontando porém a
cauda e o bico, restam apenas 35mm como dimensão do corpo propriamente dito,
havendo portanto muitas moscas que são mais volumosas do que tais avezinhas. Há
também beija-flores gigantes, que medem até 20cm (Topaza pella, da Amazônia), no entanto, tais dimensões avantajadas
são atingidas em boa parte à custa do bico, que se tornou tão ou mais comprido
que o corpo todo, ou então às penas caudais, que se alongam outro tanto.
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Muitos naturalistas, depois de descreverem a mimosa estrutura
dos beija-flores, salientam, em contraste, o gênio irascível, briguento e mesmo
violento dessas criaturas. Pequenas escaramuças, entre dois beija-flores que se
encontram, são acontecimentos frequentes. A alimentação dessas aves consiste
quase que unicamente de néctar e pequenos insetos. É á procura deles que vemos os
beija-flores “sugar” as flores. Os ninhos são lindos e delicados, como seus
habitantes adultos; os míseros filhotes são, ao contrário, talvez as mais feias
criaturas: quase nus, apresentam um enorme bico ao qual está apenso um corpo
tão desajeitado quanto se possa imaginar. Também a descrição do modo como a ave
mãe os alimenta, inspira comiseração: ela enfia o longo bico, juntamente com o
alimento já digerido, quase até o fundo do estômago dos filhos e assim o faz
repetidas vezes, parecendo antes querer matá-los do que cuidar deles.
Os ovos são sempre alvíssimos, variando o tamanho entre 1 e
1,5cm. São chocados em duas semanas, mais ou menos (de 12 a 16 dias).
O material empregado na construção do ninho é a mais fina
paina, branca ou amarela, disposta em forma de taça ou de cadinho e de tamanho
de um pêssego quando muito. Por fora é enfeitado com líquens de cores variadas
e escamas de samambaias. Além disso, a ave ainda serve-se de teias de aranha
como amarrarilhos, e de fato, assim consegue aliar a máxima delicadeza à
necessária solidez. Há dois tipos de arquitetura: os beija-flores de bico reto
constroem tigelas ou taças, ao passo que os de bico curvo adotaram a forma de
maçã, ornada de apêndices mais ou menos compridos em que termina o ninho
propriamente dito.
“Beija-flor” é termo empregado na linguagem culta,
brasileira; cuitelo dizem os caipiras (derivados de cutelo, segundo Amadeu
Amaral, em alusão ao bico); “guanambi” é a denominação de tupi e colibri é
termo de origem americana, usado mais comumente pelos europeus e pelo poetas.
Bibliografia consultada:
Dicionário dos Animais do Brasil – Rodolpho Von Ihering
COLEÇÃO ARUANÃ DE ANIMAIS DO BRASIL
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