terça-feira, 1 de abril de 2014

PERIGO: ISCAS ARTIFICIAIS













Nada se compara a esportividade da pesca com iscas artificiais. No entanto, esses pequenos artefatos de pesca podem se tornar uma arma muito perigosa se não forem tomados certos cuidados. Confira



      Nessa hora é onde está o perigo, já que a isca pode se soltar do peixe e vir na direção do pescador.

Em uma pescaria, não existe nada mais emocionante e técnico do que usar uma isca artificial. Normalmente, elas se destinam à pesca dos chamados peixes predadores, apesar de que todos os peixes, sem exceção, atacam as iscas artificiais. Algumas espécies, no entanto, são menos fisgadas nesse tipo de isca, não porque não atacam as iscas, mas sim porque não conseguimos fazer com que as iscas cheguem aonde esses peixes estão. É o caso por exemplo de jaús, só para citar uma espécie. Dificilmente conseguirá o pescador fazer com que sua isca vá até a profundidade onde o jaú está. 
Existem diversos modelos e formatos de iscas artificiais. Normalmente, serão plugs, spiners, colheres, jigs em uma infinidade de tamanhos e cores. No que se refere a estas últimas, no entanto, a variedade não é muito importante, já que os peixes não enxergam colorido. (Ver matéria neste blog).
Podem ainda ser, no caso de plugs, de superfície, meia-água ou profundidade. A esportividade está então no trabalho que o pescador tem que executar para que a isca tome vida, parecendo um pequeno peixinho na água, o que por certo atrairá o peixe maior. Aliás, sobre isso costumamos dizer que a isca artificial tem que ter um trabalho que a torne o mais natural possível.
E os anzóis?
Pois bem, as iscas artificiais são providas de anzóis simples ou múltiplos, as chamadas garatéias. Esse é um outro palavrão, principalmente quando é pronunciado pelas chamadas “autoridades” de pesca ou meio ambiente, já que para eles as garatéias são sempre proibidas, pois afirmam que tal artefato é usado principalmente na pesca de lambada – esta sim, uma modalidade proibida por lei. Isso deu muito trabalho para a Aruanã no sentido de provar que a garatéia em isca artificial não se presta à pesca de lambada. Brigamos e conseguimos a liberação das iscas artificiais em todo o Brasil.
Voltemos à pescaria.


                Boné, um equipamento muito importante na proteção do rosto e da cabeça do pescador


Na pesca de arremesso, a precisão em colocar uma isca artificial junto a uma galhada ou outra estrutura qualquer, pode-se afirmar que chega a ser o mais importante, pois é ali, no meio dessas estruturas, que o peixe está. Por melhor que seja o pescador, os enroscos são inevitáveis, pois só enrosca quem tenta arremessar com precisão. E é aqui que começam os problemas. Alguns pescadores começam então a dar puxões com a vara, tentando livrar a isca do enrosco. Do enrosco, podemos traçar uma linha reta entre a isca e o pescador, e essa reta pode ser a linha de pesca. Dependendo da força da puxada, se a isca sair, virá em velocidade na direção do pescador e aí é um “Deus nos acuda”, pois junto com a isca estão as garatéias, com suas três pontas de anzóis afiadíssimas.
As vezes acontece, na briga com o peixe, que a isca escape e venha também em nossa direção. O acidente, que podemos classificar como grave, é inevitável, pois as garatéias  irão ferir o pescador em determinadas partes do corpo.
A solução para prevenir esses acidentes é simples e até alguns acham que é “frescura”, mas dão ótimos resultados. Portanto vamos classificar esses  equipamentos, como se segue: óculos polarizados, que irão proteger nossos olhos e parte do rosto; boné de pescador, com a aba para a frente, que irá proteger o rosto e a cabeça; colete de pesca, para proteger o peito; calça de preferência jeans protegendo ventre e pernas; camisa de manga comprida, que protege os braços e auxilia na proteção do peito.
Mas, se com tudo isso, mesmo assim sofrermos um acidente? Neste ponto, entra a calma e o cuidado para resolver o problema.


 O acidente mostra o antes                                               e o depois da remoção da garatéia.

Antes de tudo, devemos ter em nossa tralha e à mão, dois alicates, sendo um de corte e um de ponta. Não adianta querermos arrancar o anzol, já que a carne humana tem muita fibra e tal ato pode causar um ferimento muito maior, além da dor, que é insuportável. O certo portanto é fazer com que a ponta do anzol que está enterrada na carne volte a sair, trespassando o tecido. Vamos explicar como fazer isso.
Primeiramente, libere a garatéia da isca artificial. Corte com o alicate de corte as duas pontas restantes da garatéia. Agora, com cuidado, segure firmemente o “pé” da garatéia com o alicate de bico, fazendo com que a ponta do anzol fique voltada para a pele de fora, e com força faça o anzol furar a pele e ficar com a fisga para fora. Após isso, pegue novamente o alicate de corte e corte o anzol logo abaixo da fisga. Pronto, é só fazer o anzol voltar para trás, o que é fácil, pois já não há fisga a dificultar esse retorno.

Após a remoção da isca artificial e das pontas restantes da garatéia e tendo feito com que a ponta da garatéia ficasse à vista, agora é só cortá-la.

O único cuidado a se tomar nessa operação é verificar se não há osso ou unha na frente do anzol, já que se existir não há maneira de fazer o anzol furar esse tipo de tecido.
Não há duvida alguma que tal operação irá provocar uma forte dor, mas é suportável, ainda mais quando estamos em locais onde não haja socorro imediato e principalmente para não termos que interromper nossa pescaria. Passe então qualquer anti-séptico no local e, com certeza, nem cicatriz irá ficar, para contar ou lembrar da história.
Particularmente, eu nunca sofri esse tipo de acidente, já que uso toda a proteção possível, mas já fiz tal operação, e com sucesso, em mais de dez pescadores que estavam com esse problema. Boa Pescaria.

Nota da Redação: O acidente que aqui contamos e mostramos em foto, aconteceu no rio Araguaia e, bem distante de socorro imediato, com um amigo de pescaria.
A isca em questão escapou da boca de um tucunaré, vindo diretamente no rosto do pescador. Para ele, a preocupação foi imediata. Para nós, que já havíamos passado por situação semelhante, foi mais calma. Nas outras vezes em que esse acidente aconteceu, eram em pescarias normais, ou seja, sem reportagem e sem máquina fotográfica. Neste caso não, nosso equipamento estava a mão. O mais engraçado de tudo foi que tive como preocupação, pegar minha máquina e fotografar o rosto do pescador. Mais tarde no pesqueiro, demos boas risadas, já que na hora ele não falou, mas pensou, segundo ele, de como eu era folgado, já que antes de socorrê-lo me preocupei em tirar uma foto.

Este fato aconteceu em junho de 1999,. durante uma pescaria/reportagem no rio Araguaia, perto de Luís Alves



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