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Pode parecer, à primeira vista, que praia é praia, e
portanto, pode-se pescar em qualquer uma delas, ao longo dos 8.000 quilômetros
do nosso litoral. A verdade é bem outra. Confira.
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Com a chegada da primavera, nosso clima começa a ficar mais
quente, e então a pesca de praia se torna mais convidativa e, porque não dizer,
produtiva.
Temos que observar então que existem praias e praias. Podemos
dividi-las em dois tipos mais comuns: rasas e de tombo. Praias rasas, todos
sabem, são aquelas em que o pescador entra na água para jogar sua isca preferencialmente
nos canais existentes, que são facilmente identificados pelas ondas, que ao
passarem por eles perdem sua espuma. As de tombo, mais fundas, praticamente não
têm ondas, a não ser já bem perto da areia, onde quebram em apenas um ou dois
metros de comprimento. Em qualquer uma delas, poderá o pescador fazer ótimas ou
péssimas pescarias.
Vamos então falar das ótimas pescarias, pois fazer ao
contrário do que aqui estamos afirmando, é certeza de que a pescaria não irá
ser proveitosa. Senão, vejamos, e desde já afirmamos que nestas regras existem
poucas e raras exceções.
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Os arrastões de praia,
evite-os.
MARÉS
Devemos sempre escolher as marés de maior altura, que
normalmente acontecem por volta das datas das luas grandes, ou seja, cheia ou
nova. Normalmente, também devemos escolher, nesses dias, as menores marés, chamadas
de baixa mar (ou vazias), traduzidas em alturas de 0,00 metros, -0,10 metros ou
menores ainda. Isto porque, nessas marés baixas, vamos conseguir nossas iscas
da própria praia, ou sejam, corruptos, sarnambis, minhocas, etc. As iscas da
própria praia serão sempre melhores do que outros tipos de isca. Uma boa dica é
começar sua pescaria sempre na enchente da maré, desde o seu começo, e a hora
não terá muita importância, podendo ser durante o dia ou a noite, já que os
peixes da praia fisgam em qualquer horário. Teremos então um período de pesca
de aproximadamente 6 horas, que é o tempo que a maré dura em seu ciclo de enchente.
Quando a maré começar a vazar, pode-se parar de pescar, já que o sucesso da
pesca de bons peixes diminuirá em cerca de 70%.
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Pescador em praia rasa
com obstáculo.
Para escolher a praia certa, algumas dicas podem ser dadas.
Por exemplo: procure pescar em praias que tenham rios que nela desemboquem.
Praias que tenham obstáculos, tais como navios afundados, pedras ou recifes, serão
sempre melhores do que praias comuns.
Havendo esses obstáculos, o local certo para se pescar será
sempre à direita dos mesmos, e em distâncias nunca superiores a 500 metros.
Junto aos obstáculos, costumam-se formar buracos mais fundos (pela ação da
maré) que são também ótimos pesqueiros. O único problema é evitar enrosco ou
mesmo que peixes maiores levem para perto do obstáculo a linha, que irá ser
rompida em suas formações de cracas, mariscos, etc.
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Esperando a fisgada.
No caso de rios, procure descobrir o seu leito dentro da
praia, ou seja, qual a direção que ele toma na praia. Normalmente, em nosso
litoral o rio sai para a esquerda, fazendo logo a seguir uma volta tomando o
rumo da direita, para então desaparecer o seu canal. Nesses leitos dos rios na
praia, costumam-se formar buracos fundos, onde várias espécies de peixes gostam
de ficar à espera de alimentos vindos do rio.
Apesar de ser difícil de achar, uma boa praia rasa ou de
tombo para a pesca será aquela cujo leito esteja original, ou seja, onde não
haja arrastões de barcos com suas redes a mexer no fundo. Essa ação costuma
afastar os peixes. Procure pescar sempre em praias abertas – e quando falamos
em praias abertas – referimo-nos àquelas que
não tenham em sua localização enseadas, baías ou mesmo sejam encobertas por
ilhas. As verdadeiras praias abertas são aquelas com o mar totalmente livre à
sua frente.
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Ao anoitecer, também um
bom horário para se pescar.
DISTÂNCIA DO ARREMESSO:
É um outro fator muito importante. Nem sempre o mais longo
dos arremessos irá garantir o melhor ou maior peixe. Nas praias rasas, o ideal
é pescar nos canais de praia, pois como já falamos são facilmente identificados
pela espuma das ondas. Porém, são muitos os casos em que o pescador joga sua
isca no terceiro ou quarto canal, e o peixe bom está no primeiro ou no segundo
canal. O melhor caminho a seguir então é ir testando todos os canais e
distâncias até se achar o peixe. E mesmo achando-se os peixes, durante o
período da pescaria essa regra poderá ser alterada, havendo então a mudança de
canal.
Na praia de tombo, os canais praticamente não existem, e
então a fórmula é testar a distância. Inicie a pescaria jogando a isca bem
próxima à arrebentação e vá aumentando a distância dos arremessos progressivamente.
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Rio de litoral.
Uma dica: duas varas serão sempre melhor do que uma. Use
então a vara de pesca fixa; a outra, a “marisqueira”, será a vara para ir
tateando até achar-se o peixe.
No restante, esperamos que o pescador esteja usando o
equipamento certo, ou seja: varas, molinetes/carretilhas, linhas, lideres,
chicotes, pernadas, anzóis, chumbos e iscas. Com tudo isso certo, e com a
pressão atmosférica adequada, fica praticamente impossível o pescador não fazer
uma boa pescaria.
Para o leitor que não está habituado a ler regularmente a
Aruanã, alguns termos usados nesta matéria poderão parecer estranhos, mas com
certeza, ao longo de nossas publicações, abordamos todos eles exaustivamente.
Mesmo assim, uma boa dica para o leitor que deseja se familiarizar mais com o
assunto é adquirir nosso vídeo Pescando com a Aruanã – Pesca de Praia, que
certamente tirará todas as dúvidas do pescador amador. Boa pescaria.
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NOTA DA REDAÇÃO: Em muitos anos de pesca de praia,
onde aprendemos tudo com os dois mestres Nelson de Mello e Takeshi Tanabe, chegamos
à conclusão em diversas praias onde pescamos ao longo do litoral de todo o
Brasil, que cada uma tem suas particularidades. Em nosso vídeo Pesca de Praia
(acima), onde esses dois mestres nos ensinam, procuramos detalhar o máximo
possível todas essas dicas. Apesar de hoje (novembro de 2014), muitos materiais
se modernizaram em suas formas e tipos, mas as dicas, as iscas, os arremessos,
os canais de praia, os peixes, a pressão atmosférica, etc, citados, continuam
todas iguais. O que mudou nesses anos todos, infelizmente, foi a depredação, os
arrastões de praia, a falta de vergonha em nosso país e em nosso segmento, que
estão muito piores.
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