sábado, 8 de novembro de 2014

ESPECIAL: UMA BOA PESCARIA DE PRAIA












Pode parecer, à primeira vista, que praia é praia, e portanto, pode-se pescar em qualquer uma delas, ao longo dos 8.000 quilômetros do nosso litoral. A verdade é bem outra. Confira.





Com a chegada da primavera, nosso clima começa a ficar mais quente, e então a pesca de praia se torna mais convidativa e, porque não dizer, produtiva.
Temos que observar então que existem praias e praias. Podemos dividi-las em dois tipos mais comuns: rasas e de tombo. Praias rasas, todos sabem, são aquelas em que o pescador entra na água para jogar sua isca preferencialmente nos canais existentes, que são facilmente identificados pelas ondas, que ao passarem por eles perdem sua espuma. As de tombo, mais fundas, praticamente não têm ondas, a não ser já bem perto da areia, onde quebram em apenas um ou dois metros de comprimento. Em qualquer uma delas, poderá o pescador fazer ótimas ou péssimas pescarias.
Vamos então falar das ótimas pescarias, pois fazer ao contrário do que aqui estamos afirmando, é certeza de que a pescaria não irá ser proveitosa. Senão, vejamos, e desde já afirmamos que nestas regras existem poucas e raras exceções.

Os arrastões de praia, evite-os.

MARÉS

Devemos sempre escolher as marés de maior altura, que normalmente acontecem por volta das datas das luas grandes, ou seja, cheia ou nova. Normalmente, também devemos escolher, nesses dias, as menores marés, chamadas de baixa mar (ou vazias), traduzidas em alturas de 0,00 metros, -0,10 metros ou menores ainda. Isto porque, nessas marés baixas, vamos conseguir nossas iscas da própria praia, ou sejam, corruptos, sarnambis, minhocas, etc. As iscas da própria praia serão sempre melhores do que outros tipos de isca. Uma boa dica é começar sua pescaria sempre na enchente da maré, desde o seu começo, e a hora não terá muita importância, podendo ser durante o dia ou a noite, já que os peixes da praia fisgam em qualquer horário. Teremos então um período de pesca de aproximadamente 6 horas, que é o tempo que a maré dura em seu ciclo de enchente. Quando a maré começar a vazar, pode-se parar de pescar, já que o sucesso da pesca de bons peixes diminuirá em cerca de 70%.

Pescador em praia rasa com obstáculo.

Para escolher a praia certa, algumas dicas podem ser dadas. Por exemplo: procure pescar em praias que tenham rios que nela desemboquem. Praias que tenham obstáculos, tais como navios afundados, pedras ou recifes, serão sempre melhores do que praias comuns.
Havendo esses obstáculos, o local certo para se pescar será sempre à direita dos mesmos, e em distâncias nunca superiores a 500 metros. Junto aos obstáculos, costumam-se formar buracos mais fundos (pela ação da maré) que são também ótimos pesqueiros. O único problema é evitar enrosco ou mesmo que peixes maiores levem para perto do obstáculo a linha, que irá ser rompida em suas formações de cracas, mariscos, etc.

Esperando a fisgada.

No caso de rios, procure descobrir o seu leito dentro da praia, ou seja, qual a direção que ele toma na praia. Normalmente, em nosso litoral o rio sai para a esquerda, fazendo logo a seguir uma volta tomando o rumo da direita, para então desaparecer o seu canal. Nesses leitos dos rios na praia, costumam-se formar buracos fundos, onde várias espécies de peixes gostam de ficar à espera de alimentos vindos do rio.
Apesar de ser difícil de achar, uma boa praia rasa ou de tombo para a pesca será aquela cujo leito esteja original, ou seja, onde não haja arrastões de barcos com suas redes a mexer no fundo. Essa ação costuma afastar os peixes. Procure pescar sempre em praias abertas – e quando falamos em praias abertas –  referimo-nos àquelas que não tenham em sua localização enseadas, baías ou mesmo sejam encobertas por ilhas. As verdadeiras praias abertas são aquelas com o mar totalmente livre à sua frente.

Ao anoitecer, também um bom horário para se pescar.

DISTÂNCIA DO ARREMESSO:

É um outro fator muito importante. Nem sempre o mais longo dos arremessos irá garantir o melhor ou maior peixe. Nas praias rasas, o ideal é pescar nos canais de praia, pois como já falamos são facilmente identificados pela espuma das ondas. Porém, são muitos os casos em que o pescador joga sua isca no terceiro ou quarto canal, e o peixe bom está no primeiro ou no segundo canal. O melhor caminho a seguir então é ir testando todos os canais e distâncias até se achar o peixe. E mesmo achando-se os peixes, durante o período da pescaria essa regra poderá ser alterada, havendo então a mudança de canal.
Na praia de tombo, os canais praticamente não existem, e então a fórmula é testar a distância. Inicie a pescaria jogando a isca bem próxima à arrebentação e vá aumentando a distância dos arremessos progressivamente.

Rio de litoral.

Uma dica: duas varas serão sempre melhor do que uma. Use então a vara de pesca fixa; a outra, a “marisqueira”, será a vara para ir tateando até achar-se o peixe.
No restante, esperamos que o pescador esteja usando o equipamento certo, ou seja: varas, molinetes/carretilhas, linhas, lideres, chicotes, pernadas, anzóis, chumbos e iscas. Com tudo isso certo, e com a pressão atmosférica adequada, fica praticamente impossível o pescador não fazer uma boa pescaria.
Para o leitor que não está habituado a ler regularmente a Aruanã, alguns termos usados nesta matéria poderão parecer estranhos, mas com certeza, ao longo de nossas publicações, abordamos todos eles exaustivamente. Mesmo assim, uma boa dica para o leitor que deseja se familiarizar mais com o assunto é adquirir nosso vídeo Pescando com a Aruanã – Pesca de Praia, que certamente tirará todas as dúvidas do pescador amador. Boa pescaria.





 NOTA DA REDAÇÃO: Em muitos anos de pesca de praia, onde aprendemos tudo com os dois mestres Nelson de Mello e Takeshi Tanabe, chegamos à conclusão em diversas praias onde pescamos ao longo do litoral de todo o Brasil, que cada uma tem suas particularidades. Em nosso vídeo Pesca de Praia (acima), onde esses dois mestres nos ensinam, procuramos detalhar o máximo possível todas essas dicas. Apesar de hoje (novembro de 2014), muitos materiais se modernizaram em suas formas e tipos, mas as dicas, as iscas, os arremessos, os canais de praia, os peixes, a pressão atmosférica, etc, citados, continuam todas iguais. O que mudou nesses anos todos, infelizmente, foi a depredação, os arrastões de praia, a falta de vergonha em nosso país e em nosso segmento, que estão muito piores.

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