sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

RAPALA: A HISTÓRIA DE UMA ISCA ARTIFICIAL









Lago Päijänne    
                             
                                
Conhecer a Rapala foi algo emocionante, já que seus produtos há muito são conhecidos e utilizados pelos pescadores amadores brasileiros, principalmente aqueles que se dedicam em especial à pesca com iscas artificiais. Venha conosco e vamos descobrir como são fabricadas as famosas iscas Rapala.






Situada na cidade de Vääksy, a mais ou menos 125 quilômetros de Helsinki, capital da Finlândia, a fábrica da Rapala é muito bonita. Em um prédio térreo grande, rodeado de pinheiros que são as árvores nativas em toda aquela região, são fabricadas mensalmente 900 mil iscas artificiais, que são distribuídas em todo o mundo.
À entrada da fábrica, na fachada, o famoso “peixinho” nas cores verde e amarelo identificava suas instalações. À porta, nos aguardavam Risto Rapala, seu diretor fundador e Pertti Rautio, seu diretor comercial e nosso velho amigo, pois já nos conhecêramos aqui no Brasil, onde ele costuma vir uma vez por ano. Após conhecer os escritórios e tomar um gostoso e completo café, fomos visitar a fábrica, começando do depósito onde é recebida e armazenada a madeira balsa, matéria prima para a confecção das iscas, que é importada do Peru. Para mim, é grande a expectativa e também uma honra, pois sou o primeiro jornalista latino-americano a ser convidado especialmente para conhecer as instalações da Rapala.


Pois bem. A madeira balsa é cortada em ripas, já com a espessura aproximada dos modelos a serem fabricados. Em tornos automáticos, as ripas (seis de cada vez) são colocadas, e os peixinhos, já em seu formato definido, vão caindo em cestos à frente da máquina. Após essa operação, vão para a primeira seção de acabamento, onde são lixados e recebem o arame do meio da isca. Após isso, o arame é fixado através de uma colagem e é feito um primeiro tratamento na madeira. O passo seguinte é a seção de pintura, sendo o fundo dado por imersão da isca na tinta. Já o dorso, recebe a pintura manualmente, com auxilio de revólver de pintura. O passo seguinte é a pintura decorativa, como escamas, listas, etc. As iscas já tem agora o aspecto definitivo. Em uma outra seção, onde, em uma máquina desenvolvida pela própria Rapala, são colocadas as argolas e as garatéias. Aliás, todo o maquinário da fábrica foi desenvolvido pela própria Rapala.
A operação seguinte, já com a isca pronta, é levar todas para o setor de teste, onde diversos funcionários treinados testam uma a uma as iscas de todos os tipos que foram produzidas.  Existem dois tipos de tanque de teste. Um deles tem comprimento de mais ou menos dois metros (são vários tanques). Em cada tanque de dois metros, um funcionário (usam moças e rapazes para isso), com uma pequena varinha provida de linha e gancho na ponta, faz a isca nadar várias vezes a fim de verificar seu balanceamento. O outro tipo de tanque de teste é grande, redondo e giratório, podendo sua velocidade ser controlada de acordo com o tipo de isca a ser testada.


São vários funcionários, sentados em cadeiras especiais e munidos da mesma espécie de varinha, que ficam testando o balanceamento e ação (que deve ser perfeita) de todas as iscas. As aprovadas são então remetidas para a embalagem final e então despachadas para os clientes. Nessa visita a fábrica, conseguimos perceber que para Risto Rapala é questão de honra fabricar suas iscas em madeira balsa, que é a matéria prima original das iscas que têm seu acompanhamento pessoal durante a fabricação.
Fomos então ao setor de plásticos injetados, onde são feitas as barbelas das iscas e somente dois modelos com corpo em plástico: a Rattlin Rapala e a Rattlin Fat Rap. Os cuidados com esses modelos são os mesmos dispensados às iscas de madeira, e passam pelas mesmas operações de fabricação. Tudo nas iscas e produzido pela própria Rapala, com exceção dos anzóis. Hoje a Rapala conta com cerca de 500 funcionários divididos da seguinte forma: 300 deles trabalham na Finlândia, e o restante divide-se nas fábricas da Irlanda, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.



Além disso, a Rapala mantém hoje o controle de outras empresas, como a Blue Fox, a Vibrax e a Normark.
Após a visita ao setor de fabricação, voltamos aos escritórios e encontramos uma grande surpresa: em um quadro, na sala de reuniões, está a primeira isca Rapala, fabricada artesanalmente por Lauri Rapala, pai de Risto. É estranho tê-la nas mãos, e o primeiro pensamento, incrível, é mais ou menos como lembrar da moeda número 1 do Tio Patinhas. Existem também na fábrica, em setores especiais, as velhas máquinas artesanais onde Lauri Rapala fazia suas iscas. É uma espécie de museu, com tudo original e típico. Saímos então para o almoço e ficamos sabendo que à tarde iríamos para a casa de campo de Risto Rapala, à beira do Lago Päijänne, onde iríamos pescar trutas.


Nesse lago há uma corredeira cujo nome Kalkkinen, por onde a água passa rapidamente e fazendo evoluções. Há uma pequena ilha, ligada por uma ponte, existem muitas pedras e a vegetação natural é composta predominantemente de pinheiros. Nessas pescarias foram fisgadas algumas trutas de lago. Pescamos até as 8:00h da “noite”, que lá ainda é dia e tem sol. Após a pescaria, fomos para a casa de Risto, onde nos aguardava um belo jantar e o prato principal era uma truta assada, de mais ou menos 5 quilos. Voltamos para o hotel, já que no dia seguinte iríamos para o norte, em Ivalo, para uma pescaria de salmão. Em outra matéria desta edição, contamos essa pescaria.
O mais importante nessa visita à Rapala foi ver pessoalmente a fábrica, a fabricação das iscas e as próprias iscas, nossas velhas conhecidas de muitas pescarias. A propósito: a Rapala foi fundada em 1949.


NOTA DA REDAÇÃO: Por mais que eu tente, jamais vou conseguir transcrever a emoção que senti ao chegar à frente da fábrica da Rapala. Várias vezes eu havia visto em catálogos aquela foto com o nome Rapala e o citado peixinho. Estar ali pessoalmente era inacreditável. Eu conheci as iscas Rapala, por volta de 1969, quando elas começaram a aparecer nas lojas de pesca em São Paulo. Eram os modelos mais comuns chamados de “original”, com barbelas e nas cores dorso preto e dourado com a barriga branca. Eu já pescava com iscas artificiais, mas que eram fabricadas e muito mal feitas por mim. Descobrir as Rapala, trazia à mente qual seria meu sucesso nas futuras pescarias. Comprava várias e de todos os tamanhos e cores. Salvo erros, os tamanhos à venda eram o 5, 9, 11, 15 e 18. As garatéias eram de cor bronze e foi aí que aprendi a trocá-las por mais fortes, já que as de bronze abriam com facilidade, na boca de grandes robalos, tucunarés e black bass. Compará-las com as iscas atuais e de diversos fabricantes em todo o mundo, inclusive no Brasil, chega a ser ridículo. Mas faça uma reflexão e volte no tempo, 46 anos, com certeza você vai entender o que estou escrevendo e, o que eu sentia naquela época, com aquelas “verdadeiras joias” nas mãos. No entanto, uma citação se faz necessária e é incontestável nas pescarias da época: havia muitos mais peixes, muito maiores e a depredação quase não existia. Com certeza e, isso é impossível de voltar a ser como era. As novas iscas, ora, as novas iscas, são lindas, infelizmente não podermos dizer o mesmo dos “novos” peixes e da depredação.


PS: Caso o leitor não tenha prestado atenção na foto (acima) da isca de Lauri Rapala, olhe com cuidado para ver a data de sua fabricação. Como jornalista que sou, tentei descobrir como estaria hoje a Rapala, já que os irmãos Rapala, venderam a fábrica. Na Internet, vi sua nova denominação: Rapala VMC. Corporation e no contato da empresa são citadas pessoas na Finlândia. 

2 comentários:

  1. Boa tarde!
    Comprei duas rapala - shadow rap deep sdrd11 jerkbait para pesca do tucunare, paguei caro, as iscas são boas porem as garateias são pessimas, muito frageis, perdi vários exemplares o que estragou com meinha pescaria. jjaraujonet@yahoo.com.br

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  2. Prezado JJaraujo – Me parece ser esse seu nome, já que na sua publicação veio como anônimo. Muito justa essa sua reclamação. No entanto em 2015, eu consegui reunir o diretor Comercial da Mustad e o Diretor Comercial da Rapala, em uma pescaria no Pantanal. Minha intenção era mostrar aos dois, que os anzóis que vinha nas iscas Rapalas, não era fortes suficientes para nossos peixes, abaixo te passo o link dessa matéria. Ficou acordado então, que todas as iscas Rapala que viriam para o Brasil/Paraguai, seriam então com as garatéias mais fortes. Durante muito tempo isso aconteceu. Só que agora, a Rapala não é mais de propriedade da família Rapala – tive oportunidade de visitar a fábrica na Finlândia e então, não posso te afirmar que esse acordo vem sendo cumprido. Caso queira ver a postagem desse encontro no pantanal, segue o link abaixo:
    http://revistaaruana.blogspot.com.br/2015/05
    Forte abraço e obrigado pelo contanto.

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