quarta-feira, 6 de maio de 2015

BARRAGEM DE IGUAPE DESASTRE AMBIENTAL - PARTE II














Uma pauta, que em jornalismo significa um assunto, não tem data para ser encerrado já que com o passar do tempo, novos fatos podem se somar a essa pauta gerando com isso, mais uma etapa da mesma reportagem. No caso da barragem de Iguape, se raciocinarmos sobre sua utilidade hoje, constatamos que foi uma obra inútil e mais uma vez nosso rico dinheirinho foi jogado fora como, aliás, é comum acontecer em nosso país. Mas, pensando melhor e, pesquisando, ela ainda pode ser muito útil. Senão vejamos.

Capim e aguapés provenientes do Mar Pequeno

Retornamos ao desastre ambiental que foi cometido sem o término da Barragem de Iguape. Além de muito dinheiro gasto, o que nós moradores, tanto de Iguape como da Ilha Comprida constatamos, é que nossos representantes e eleitos pelo voto popular, não estão nem aí para a nossa população. Aos moradores da Ilha Comprida, o desastre é muito maior, pois é fácil constatar que todo o "lixo" – e entendam-se como lixo, - o capim, aguapés, árvores e mais uma infinidade de resíduos verdes, que tem como seu destino final as praias da Ilha.
Chegamos a rir, quando vemos citações como: (sic) “74 quilômetros de praias mais limpas do litoral sul”, ou “A Ilha Comprida tem as praias mais limpas do litoral sul”. Essas citações que encontramos em diversas placas ou faixas e mesmo em out doors, são mentirosas e continuam a ser politiqueiras. Caso o leitor quiser verificar no local, irá ver montanhas de lixo verde, acumulado em toda a extensão da Ilha Comprida. Vamos corrigir um pouco essa afirmação, já que no centro da Ilha, ou se preferirem no Boqueirão e imediações, a municipalidade limpa com certa regularidade esses locais.

Capim com lixo

No resto, é como por a sujeira embaixo do tapete, para usar um texto comum e muito conhecido. E mais distante do centro da Ilha, além do lixo verde, vamos encontrar peixes e mais peixes apodrecendo que a maré alta deixou no limite da areia. Constatamos essa afirmação, logo após o aparecimento de 8 toneladas de peixes mortos em nossas praias e noticiadas na imprensa da Baixada Santista. Desde o desvio para a praia, onde acaba a estrada e perto de Pedrinhas, até o “navio afundado” vimos quilômetros de peixes mortos e bando de urubus e gaivotas, além de muitos enxames de moscas.

E aí a vista é perfeita. Muitos urubus e outras espécies de pássaros fazem sua “limpeza” nesses restos. Porém nessa “limpeza” o problema é que as aves, não consomem totalmente os restos do peixe. As carcaças resistem ao ataque das aves e sobram restos da cabeça, do rabo e a espinha dorsal e, isso passa a ser um verdadeiro banquete para milhares de moscas, que após fazerem sua tarefa e, desovarem, espalham-se por toda a ilha e chegando mesmo a Iguape, conforme nos informaram moradores, e entram em nossas casas, bastando apenas que deixando janelas e portas abertas, tenhamos essas moscas em nossas moradias. 



Moitas de capim com restos de construção

 Segundo biólogos, essas moscas, ao se reproduzirem e terem seus ovos (200 a 400) depositados nos restos dos peixes chegam a voar por cerca de 100 quilômetros e a duração de sua vida é de aproximadamente 30 dias.
As moscas estão onde o povo está. Elas marcam presença tanto em áreas urbanas quanto rurais. São ativas durante o dia e dormem à noite e adoram ambientes sujos, onde exista matéria orgânica em decomposição (lixo, esgoto, aterros sanitários etc.). Como vivem na imundície, as moscas levam sujeira para todo lugar - quando pousam nos alimentos, podem contaminá-los com bactérias e outros microorganismos patogênicos, propagando doenças como diarréia, cólera ou febre tifóide. (texto Internet/ Yuri Vasconcelos).
Infelizmente o convívio com as moscas, além de incomodo, sujo e de mau aspecto, além de nojento, poderia ser evitado bastando apenas que nossas praias fossem visitadas diariamente por pessoal de limpeza e recolhessem os peixes mortos, cujo aparecimento é diário nas areias. São frutos de pesca predatória ou mesmo de outros “acidentes” naturais ou provocados. 

                    
A ponta norte da Praia do Leste –  Ao fundo parte da Barra da Juréia

Mas ainda temos visto coisas piores, já que são muitas as pessoas que colhem esses peixes mortos e os levam para seu consumo. Em conversa com uma dessas pessoas, fui informado que esses peixes, seriam servidos como tira-gosto em seu bar. Fica a pergunta: tais peixes estão bons para o consumo humano? Com a palavra o Departamento de Saúde de Ilha Comprida, já que saúde é um problema não só de órgãos municipais, mas também de estaduais e federais.




O Rio Ribeira e o Mar Pequeno, juntos em sua foz. Perceba que não se vê nenhuma margem da Ilha/Juréia.

                O DESASTRE AMBIENTAL


Voltando ao desastre ambiental, não precisa ser nenhum especialista nessa área, para fazer a afirmação de que, mais do que nunca, a barragem de Iguape precisa ser urgentemente fechada, pois “ainda” dá tempo para salvarmos o Mar Pequeno, de sua destruição total. São vários os exemplos em nosso país de que nosso meio ambiente, mesmo que parcialmente depredado, se pararmos com a ação predatória, ele se recupera e volta ao seu estado natural, ainda que isso possa demorar alguns anos. É o mínimo que podemos fazer e deixar isso às gerações futuras. Os aguapés são plantas aquáticas da família das Pontederiaceae e seu nome científico é Eichomia crassipes. São também conhecidos pelos nomes vulgares como jacinto d’água, gigoga, mururé, camalote, rainha-dos-lagos, etc. Quando em abundância como é nosso caso, impede a proliferação de algas responsáveis pela oxigenação da água, causando a morte dos organismos aquáticos. A solução/fórmula para exterminar essa “praga” de aguapés, sem prejudicar ainda mais o meio ambiente, é simples e rápida. Se a barragem for fechada, a água salgada voltará a circular com mais intensidade no Mar Pequeno e, qualquer leigo poderá constatar que o aguapé não resiste à água salgada. 
           
           
                   
Moitas de aguapés soltas e boiando no rio.

E quando nos referimos a essa planta aquática como praga, não estamos praticando nenhum exagero, pois podemos perceber que a cada dia ele cresce mais e em alguns locais, já está fechando o espelho de água. E tentar limpar o Mar Pequeno com embarcações e colheita, será como jogar dinheiro no lixo, atitude tão comum aos nossos governantes. Se essa idéia ainda não ocorreu a nenhum dos nossos “políticos”, e isso deve estar acontecendo, pois não se toma nenhuma providência para sanar esse problema, que de tão simples se torna ridículo, eu abro mão da autoria. Toda a nossa população merece que esta providência venha a ser tomada o mais rápido possível, já que com isso, quem lucrará será o meio ambiente que voltará ser como era anos atrás. Quem já não ouviu as maravilhas dos cardumes de peixes que entravam nesse estuário, contadas pelas pessoas mais antigas? Mariscos, ostras, caranguejos e outros organismos aquáticos existiam à vontade e serviam de alimento e atração a várias espécies de peixes, além do consumo humano. E para o turismo e mesmo para o pescador artesanal o quanto tal ato será benéfico? 
Basta haver boa vontade e vamos sanar um grande problema. E que não venham os ambientalistas ou defensores de “causas perdidas”, dizendo que se a barragem for fechada, rio acima vamos ter novamente grandes enchentes. Para esses, convido a fazerem uma visita a Praia do Leste e verificarem in loco o quanto a junção do rio Ribeira do Iguape com o Mar Pequeno, mudou a foz desses dois cursos d’água, chegando mesmo a mais de um quilômetro de largura desde margem sul da Juréia até a margem norte da Ilha Comprida.




Aguapés soltos. Destino: praias da Ilha Comprida

Uma pergunta final e que pode ser respondido por quem de direito: qual a utilidade atual do Valo Grande? E que fique bem claro a afirmação de que “é obrigação de qualquer politico, seja dos poderes Executivo ou Legislativo, e em qualquer esfera municipal, estadual e federal, trabalhar, pois para isso foram eleitos, pelo bem estar, segurança e qualidade de vida da população”.
E, é incrível como certos ditados ou frases populares caem bem, quando estamos falando sobre políticos e administrações. No atual momento político brasileiro, a corrupção e assuntos relacionados a essa prática, tomam conta dos noticiários. Nas redes sociais, podemos ver os citados ditados e frases, postados por diversas pessoas das mais diferentes classes sociais. Pelo menos nesses locais, a democracia impera e cada um, posta o que quer. Já o jornalista tem o dever de denunciar toda e qualquer ação, de interesse público. E o meio ambiente, como é o caso desta publicação, tem todo o direito de ser defendido. Democraticamente


Antonio Lopes da Silva




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