sábado, 30 de julho de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - IÇÁ













Nada melhor do que transcrever na íntegra, o texto do livro Dicionário dos Animais do Brasil, de Rodolpho Von Ihering, sobre o içá. Senão vejamos.




“É a fêmea da saúva, a rainha do sauveiro, conhecida como tanajura no norte do Brasil.”. De outubro a dezembro, os iças virgens saem do ninho e, voando, encontram-se com os machos (chamados sabitus) também alados. Depois, cada fêmea, tendo escolhido o local onde vai fundar o novo ninho, desfaz-se das asas por auto-amputação e cava a primeira panela, o início do futuro sauveiro. Enclausurando-se então por toda a vida, fecha a porta de entrada, e seu primeiro cuidado é iniciar o horto de cogumelos, de que única e exclusivamente se alimenta esta espécie de formiga. O iça tem o cuidado de levar consigo, antes do vôo nupcial, uma partícula do fungo, como semente, guardando-a em um recanto especial da cavidade bucal. O primeiros ovos que o iça põe, ao que parece, destinam-se a um fim todo especial – e será certamente este um caso raro em toda a série animal: a própria mãe os desmancha, espalhando a preciosa substância sobre o chão, para servir de meio de cultura para os cogumelos. De fato, o içá precisa cuidar com todo o carinho da sementeira, pois nesta primeira fase ele não conta ainda com o auxilio da prole, que depois se encarregará desse trabalho, trazendo continuamente vegetais frescos para as ‘panelas’; é sabido que toda a folhagem que as saúvas carregam para o ninho, tem unicamente a serventia de meio de cultura para o cogumelo, alimento de toda a população do sauveiro. Logo após a postura dos ovos, que começa em 45 dias do início do ninho, provém as primeiras formigas operárias e com elas o sauveiro começa a funcionar, isto é, a depredar a vegetação circunvizinha e principalmente a lavoura. “Para combater os iças, muitas pessoas do interior fazem de seu abdomens roliços, uma fritura denominada de paçoca, que ao serem fritos, lembram no cheiro, o torresmo frito”. Mas a grande guerra aos iças, incumbe aos pássaros que, voando os comem avidamente. Que prazer sente o lavrador, ao ver o caçador emplumado apanhar o iça no ar, saboreando comente sua bola de ovos e solta o resto, que não lhe apetece. Assim mutilada, a formiga ainda tem vida por algum tempo e já vimos um iça nessas condições ocupado em cavar sua panela, quando, claro está, nada mais há a temer, pois os ovos não os tem mais. Nas escolas rurais, as crianças são dispensadas pelo professor, no momento em que começarem a aparecer os primeiros içás, mas com a recomendação de catarem, na roça, quantas dessas formigas puderem encontrar. No dia seguinte, à vista do resultado obtido, serão conferidos prêmios aos que mais formigas cataram e assim, além do estímulo e do proveito direto, as crianças sempre mais se compenetrarão dessa necessidade absoluta de combate aos içás, para impedir a formação de outros sauveiros novos”. De nossa parte, acrescentaríamos apenas que os iças e sabitus, nos dias de hoje, também são catados pelos pescadores, já que são excelentes iscas para a pesca de tilápias, e como prêmio, fazem ou recebem boas pescarias.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - TABARANA














Aqui está um peixe que pode ser considerado como o mais importante de nossos rios. Presente em todo o Brasil, a tabarana tem sua história. Confira.







Há várias razões para considerarmos a tabarana como um peixe muito importante. Vamos a elas. Diferentemente de outras espécies, ela está presente em todo o Brasil, pois vamos encontra-la na Amazônia, na Bacia do rio Paraguai, no rio Paraná, no rio São Francisco, no rio Jaguaribe e até no Orinoco, na Venezuela. Seu nome científico é Salminus Hilarii e sua família pertence a espécie Characidae, o que desde já nos afirma que ela é prima-irmã do famoso dourado. Mais um detalhe a afirmar esse parentesco é a maneira de se identificar machos e fêmeas, já que na aparência todos os peixes são iguais: a nadadeira anal do macho é áspera e a da fêmea é lisa. No dourado é do mesmo jeito. Caso você não saiba como fazer isso, aqui vai uma dica: a nadadeira anal é aquela perto do anus do peixe. Com dois dedos (polegar e indicador) alise lentamente nessa nadadeira e teremos a resposta que identifica macho e fêmea. Um outro dado muito importante é salientar que a tabarana foi o primeiro peixe a ser identificado e estudado, quanto à idade, pela contagem dos anéis das escamas, e esse fato aconteceu em 1931 por Rodolpho Von Ihering e C.Penteado. Sua desova acontece nos rios e pode ser considerada como um peixe de piracema, pois executa essa trajetória entre outubro e fevereiro. Uma fêmea com apenas 30cm a 34cm de comprimento chega a ter suas gônadas 52.000 óvulos. Após a desova, as larvas eclodem entre 6 a 8 dias dependendo da temperatura das águas. Sua principal fonte de alimentação são os pequenos peixes e entre estes destacamos os lambaris, piquiras, saúas, saguairus, acarás e tilápias entre outros. Na pesca com iscas artificiais, pega e muito bem em pequenos plugs de meia água ou de superfície, colheres e spinners. 



São muitos os pescadores amadores que também usam como isca, pequenas rãs, pitus e gafanhotos. A tabarana prefere locais onde haja correnteza, com pedras e fundos arenosos, mas também não é difícil de ser encontrada em represas onde a água é mais calma, principalmente em barrancos altos, onde dá caça aos pequenos peixes. Quando fisgada costuma dar saltos espetaculares e é nessa hora que costuma soltar-se do anzol que a prende. A exemplo do dourado sua carne é boa, apesar do número de espinhas. Um bom material para sua pesca pode ser o de categoria leve, com carretilha ou molinete pequenos, linha o,25mm a 0,35mm e, se for o caso de iscas naturais use anzol 1 ou 2/0, com pequeno encastoado de 10cm. Nas iscas artificiais, os plugs podem ser médios e pequenos, bem como as colheres. No caso de spinners, use um só anzol em vez de garatéia, pois com esse método é mais difícil do peixe escapar quando saltar após ser fisgado. A opção de pesca com equipamento de fly também costuma ser muito produtiva. O formato do seu corpo é o mesmo do dourado, só que a cor predominante na tabarana é um branco prateado, com parte do rabo (nadadeira caudal) vermelho e uma estria preta no meio dele. Por incrível que pareça, as maiores tabaranas em peso e comprimento eram as fisgadas no rio M’Boi Guassu, que abastece a represa de Guarapiranga, na cidade de São Paulo. Aliás, Guarapiranga em tupi-guarani, significa “garça vermelha”, que com certeza não existem mais na represa, bem como, e infelizmente, já que as águas dessa represa estão bem poluídas, poucas ou nenhuma tabarana, que em tupi-guarani significa “faca de lâmina larga”.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

DICA: TEMPO E CONDIÇÕES CLIMÁTICAS.















Quais são as condições climáticas que podem atrapalhar uma pescaria? Vamos analisar uma a uma e descobrir mais esta dica. Confira.










Neblina                                                                                                                                                                                                      
  
Pode parecer impossível, mas as três condições climáticas citadas no titulo desta matéria podem e muito influenciar o resultado de uma pescaria. Vamos analisar cada uma delas e ver qual sua influência, seja positiva ou negativa.
                                             
                                                      CHUVA

Começando pela chuva, podemos dizer que quem fica mais atrapalhado com ela é o pescador amador, pois é irritante pescar com chuva, por causa da roupa molhada, uso de capa, etc. No entanto, se vamos pescar em praias costões ou alto mar, a chuva não vai atrapalhar em nada a nossa pescaria. Já nos rios e canais de litoral, onde a água é salobra, temos de ter certos cuidados, pois normalmente os rios e canais do litoral são alimentados por cursos de água que correm do interior para o litoral.
                                                                                                                                                                                                   


Mandi

Se chover nas cabeceiras desses rios é inevitável que a água fique suja, e quando a mesma descer para o mar, pronto, nossa pescaria fica prejudicada. Aqui, ainda, uma curiosidade. Caso o rio seja de manguezais, e na hora que você lá estiver chova forte, há duas opções: se a maré estiver cheia, ou seja, cobrindo o mangue, a água não sujará; se a maré estiver baixa e a chuva cair direto no “barro” do mangue, a água irá sujar, já que a enxurrada da chuva irá trazer para o rio uma água acinzentada que irá descer junto com a maré, beirando as margens do rio. Com chuva forte de um dia ou de dias anteriores, devemos evitar as praias ou costões que tenham perto a foz de algum rio ou canal de litoral. Nesse caso, o que atrapalha é uma imensa mancha de água suja, em torno na foz do rio, chegando a sujar a água do mar com largura de alguns quilômetros.


Barômetro 

Se a praia for de bom comprimento, basta afastar-se dessa mancha, que teremos então boas condições de pesca. Nas represas a chuva atrapalha, mas muito pouco, já que a água suja concentra-se perto do rio que alimenta a represa, ou então em algum vale por onde desçam enxurradas. Em rios, a chuva só irá atrapalhar a pescaria se a água do rio mudar bruscamente de cor. Mesmo assim, a pesca de peixes de couro como bagres, mandis, etc., fica mais produtiva: perde-se de um lado e ganha-se de outro. Em grandes rios, se a chuva for passageira, nada muda, ou por outra chega até a melhorar, já que as enxurradas que virão para o rio trarão junto muita alimentação. O ideal então é pescar na “divisão” da enxurrada com a água limpa do rio. Falamos então da chuva.


Um dia de sol                                                                                                                                                                                                          
       
                                        FRIO

Mais uma vez, quem se incomoda com o frio é o pescador. Os peixes e a pescaria não. Seja no mar, rios e canais do litoral, represas ou rios do interior, o frio pouco atrapalha. Evidente está que temos exceções. Determinadas espécies de peixes preferem as águas frias (somente nas represas) e outras a detestam. No primeiro caso podemos citar as carpas e no segundo caso, as tilápias, que chegam a hibernar durante todo o inverno. Em água salgada, temos espécies que se aproximam mais da costa com o inverno, tais como cações, miraguaias, corvinas, etc. As outras espécies continuam com sua mesma rotina. Não podíamos deixar de citar a pesca no Pantanal ou em rios da Bacia do Prata quando chega o frio. Assim que esfria, com uma queda brusca de temperatura, os peixes costumam parar de comer. 



Pesca de praia

Ficam parados, pois sabem que esse frio é passageiro, ou seja, costuma durar de 2 a 4 dias, pois veio por causa de uma frente fria. Quando a frente fria passa, tudo volta ao normal, ou por outra até melhor, já que os peixes se alimentam com muito mais vigor. Esse fenômeno só aparece entre os meses de maio a meados de setembro. E sobre o frio, estamos conversados.
                                                                   SOL       
Em princípio, o sol não atrapalha a pescaria em nada. Pelo contrário chega a ser muito mais gostoso pescar em um dia de sol do que em um dia de chuva. Mas mais uma vez, o pescador deve tomar certos cuidados no que se refere ao sol. Um protetor solar forte, que deve ser passado pelo menos meia hora antes de começar a pescaria, evitará muitos problemas futuros, inclusive um câncer de pele. 

Corvina

A exposição demasiada ao sol pode também desidratar, e então será necessário tomar bastante líquido. Aqui tem gente que não vai ter problema, pois de certo estará pensando que uma cervejinha é o líquido ideal, além de gostoso. Não podíamos deixar de citar uma única exceção que pode atrapalhar uma pescaria em um belo dia de sol. Estamos nos referindo à pressão barométrica. Já falamos por diversas vezes, aqui na Aruanã, que a pressão ideal é acima de 1.010 milibares. No entanto, às vezes, com a chegada de uma frente fria, poderá estar fazendo sol, não haver uma nuvem no céu e a pressão barométrica estar baixa, pois a pressão muda com a aproximação de uma frente fria, mesmo sem alterar as condições climáticas. Se isso acontecer, pode-se prever que no dia seguinte à sua pescaria com sol, a chuva chegará e então a pescaria, mesmo com chuva, pode ser boa, pois com a chegada da frente fria a pressão barométrica volta a subir. Parece complicado, mas é 100% correto. Boa pescaria, portanto, com chuva, frio ou sol.

Revista Aruanã  Ed.74 - Publicada em 06/2000

sábado, 16 de julho de 2016

FOLCLORE BRASILEIRO -- COBRA NORATO









Segundo esta lenda, originário do Rio Amazonas, Cobra Norato assustava os moradores das regiões ribeirinhas porque acreditava-se que comia pessoas. Fama injusta. Seu desejo era se tornar gente, mas para isso era preciso a coragem de alguém em dar-lhe crédito...



Trabalhava na roça uma mulher. Foi à beira do rio beber água e sentiu uma dor no ventre. Já se sabia, estava grávida. Quando deu à luz, viu que era um casal de gêmeos na forma de duas cobras. Filhos do pecado quase sempre nasciam cobras. Zelina, ao nascimento dos filhos, teve vontade de matá-los. O curador, o velho pagé, a aconselhou que não fizesse isso. Jogou as cobras no rio, onde então se criaram. Foram crescendo. Honorato possuía bom caráter e costumava visitar sua mãe. Já Maria Caninana era cobra má, sempre fazendo coisas que sua mãe não gostava. De tantas maldades praticadas, resolveram por matá-la um dia. Honorato era um moço encantado em uma cobra. Para visitar sua mãe, deixava sua pele, a casca da cobra, na beira do rio, à noite. Mas antes de amanhecer, era preciso vestir novamente sua pele e voltar a ser cobra, vivendo no grande rio e percorrendo por ele as grandes cidades. Nas suas visitas, pedia à mãe que o desencantasse. Para isso era preciso que alguém lhe jogasse umas gotas de leite na boca, quando estivesse como cobra, e lhe fizesse um corte na cauda para que o sangue saísse. Era um moço muito bonito e algumas noites se tornava gente para aparecer nos bailes, mas antes de clarear o dia, desaparecia. Aproveitava essas ocasiões para pedir aos demais que o desencantasse. Ninguém tinha coragem. A cobra era feia, enorme, tão horrenda, e ainda corria o boato que poderia comer as pessoas que se aproximassem. Quem se arriscaria a ajuda-lo? Já cansado de pedir, encontrou um dia um soldado muito corajoso. Pediu-lhe então. O soldado, para mostrar sua valentia, aceitou a incumbência. Na beira do rio, pela manhã, Honorato em forma de cobra, encontra-se com o soldado no lugar marcado. Este, sem medo, levou o leite e a faca. Jogou-lhe o leite na boca e com a faca abriu-lhe um corte na cauda, quando jorrou sangue. Imediatamente Honorato desencantou-se. Transformou-se finalmente em gente, e não trouxe mais medo aos moradores do grande rio Amazonas, nem se viu mais Zelina chorando pelo filho.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - PIRANHA







Considerada por alguns como uma terrível ameaça, a fama da piranha é injusta e irreal. Senão vejamos



A respeito das piranhas, vamos encontrar nos livros científicos que ela pertence à família dos Characidae; seus nomes científicos começam sempre com Serrasalmus e aí vem o segundo nome que a identifica. Para nós, pescadores, isso não chega a ter total importância, apesar de que saber nunca é demais. Mas como esta é uma revista de pesca, vamos procurar nos fixar nos tipo de piranhas que costumamos encontrar e fisgar em nossos rios e lagos. Assim sendo, vamos explorar a piranha através das principais regiões por onde pescamos.


Piranha preta.
                                        
                                       AMAZÔNIA
Vamos citar apenas duas espécies que costumamos fisgar: a preta e a vermelha. No Araguaia, por exemplo, vamos encontrar uma piranha vermelha, de tamanho que raramente ultrapassa 25cm. Chega até a ser bonita, já que sua coloração é azulada no dorso, barriga branca e nas imediações da boca, apresenta um colorido vermelho forte, parecendo muito com a cor do sangue vivo. É um terror de nossas iscas naturais e artificiais. Em outros rios da Amazônia, vamos encontrar a piranha preta, que é a campeã em tamanho, pois há notícias de exemplares com cerca de 5 quilos. Seu colorido é quase totalmente preto, passando a barriga à cor cinza escura. Uma curiosidade são seus olhos na cor vermelha, com uma pequena listra vertical na cor preta. Voraz também, ataca todo o tipo de isca, natural ou artificial. Só que essa piranha para o pescador amador, é importante, pois ao ser fisgada briga esportivamente, chegando mesmo, a dar muito trabalho ao pescador para cansa-la. Vamos encontrar na região ainda a mesma pirambeba, igual à do Pantanal. Aliás a pirambeba está presente em todo o Brasil, principalmente em represas. Sobre essa atuação da pirambeba, houve estudiosos que afirmaram que esse peixamento foi realizados por aves aquáticas, principalmente patos, que trouxeram grudados em suas penas os ovos da pirambeba. 

Piranha da Amazônia

Até acreditamos que essa possibilidade seja real, já que ninguém, pelo menos em bom juízo, iria fazer um “peixamento” dessa espécie, que, a bem da verdade, não serve para nada, a não ser encher nossa paciência e comer nossas iscas. Já a piranha do Pantanal, apesar dos mesmos defeitos, tem excelente sabor em sua carne, apesar das espinhas abundantes. Aliás, quem é que já não provou ou escutou falar do famoso caldo de piranha, que alguns dizem ser afrodisíaco? Se é afrodisíaco ou não, é impossível saber, mas o que mais se aproxima da verdade é que quem começou com isso, talvez tenha tido a idéia de aumentar o consumo da piranha. Não vamos falar sobre sua pesca, já que ela pega em qualquer isca natural ou artificial, em qualquer equipamento, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer anzol, ou seja, em qualquer coisa. Mas podemos indicar um tipo de pescaria que chega a ser gostosa de fazer, e com material bem simples. Usa-se uma vara de bambu ou telescópica, com linha do tamanho da vara, e um anzol Mustad tipo 92676 e do tamanho 6/0, com encastoado e sem chumbo. O importante é tirar a farpa do anzol, já que fica mais fácil tirar a piranha do mesmo. Pegamos um peixe qualquer e tiramos um filé dos dois lados, e desse filé fazemos pedaços de no máximo 2cmx2cm. Iscamos o anzol e vamos pescar igual à pesca de pacu na batida, dando batidas na água com a isca, duas ou três vezes, que é para chamar a piranha. A fisgada é imediata e a briga muito esportiva. Pode-se fazer o pesque-e-solte, mas querendo, a carne da piranha é de excelente sabor, tanto no caldo como frita. 

Piranha do Pantanal.                                         
                                                 PANTANAL
Em todos os rios do Pantanal brasileiro vamos encontrar a piranha, que antes de mais nada é o terror de nossas iscas naturais, Mede aproximadamente 30cm e tem como coloração no dorso uma cor parda azulada, quase roxa. Na barriga e embaixo da boca sua cor é branca, com grande incidência de amarelo. Seus dentes, e isso em todas as espécies, são pontiagudos em grande número em toda sua arcada dentária. Merecem respeito, e grandes acidentes já provocaram. Temos ainda nessas águas a pirambeba, que é um pouco menor do que a primeira e com cores diferentes, já que tem tons cinza-escuro e barriga branca, e uma espécie de focinho, diferente da primeira, que tem a cabeça arredondada. Como não poderia deixar de ser, é também muito voraz. Boa pescaria.




Revista Aruanã Ed. 73 publicada em 04/2000.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

DICA: O SEGREDO ESTÁ NO NÓ!






Deixar um dourado escapar porque o nó correu é coisa que não se admite. Em matéria de nó, cada pescador tem o seu. E briga por ele.








                                                                  Nó de enforcado
Não há nada mais irritante do que um pescador perder seu peixe pelo simples fato do nó ter corrido. E na maioria das vezes, esse incidente acontece com um grande peixe, talvez o único fisgado em um dia inteiro de pescaria. Certamente há alguma maneira de se evitar esse acontecimento, desde que se conheça melhor a linha de nylon e suas limitações. Como sabemos, toda a linha monofilamento é feita de poliamida (que o leigo chamaria de uma espécie de plástico), que é um derivado de petróleo. Por experiência, em testes realizados, pode-se afirmar que os nós que sobrepõe linha sobre linha, em princípio seriam mais fáceis de, se não correr, romper. Sobre isso poderá o pescador fazer um teste, com dois pedaços de linha de nylon de diferentes bitolas. Amarre firmemente e esticada uma linha. Com a outra linha, vá friccionando sempre no mesmo local a linha esticada. Pronto, é questão se segundos para a mesma romper-se, pois o nylon entra em atrito violento com o próprio nylon. Ora, se sabemos disso, é nossa obrigação evitar de toda a maneira nós que sobrepõe a linha sobre ela mesma. É apenas uma questão de fazermos um teste para verificar se o nó em nossas pescarias apesenta tal detalhe. Por essa razão é que no início desse artigo, dissemos que o pescador tem o seu nó preferido e briga por ele. “Por que mudar, se meu nó nunca deu problema algum?”






A essa pergunta responderíamos com outra: por que não conhecer mais um nó, testado nas fábricas de linha e que mais resistência apresentou? Nós, da Revista Aruanã, particularmente usamos o nó demonstrado neste artigo e o chamamos de “nó de enforcado”, que se aperta, tem o aço do anzol ou girador a servir de isolamento sobre o próprio fio. Sobre ele informamos ainda que, em testes de resistência, a linha rompeu em outros lugares e não no nó.
                                       NÓ DE EMPATE OU LIDER
Para quem pesca com linhas mais finas, como é o caso de pescadores com iscas artificiais ou pesca em praias, o grande problema é a fragilidade de seu material. No caso de iscas artificiais, um líder do tamanho variando de 1 a 3 m, auxilia e muito na hora de embarcar o peixe, pois dá ao pescador alguma resistência a mais em seu material. (NR: Com o tempo, abolimos essa prática, pois o uso de um puçá ou bicheiro dará essa segurança). Na praia, o problema maior é no arremesso, que às vezes é longo e portanto feito com força. Com uma chumbada pesada, é comum a linha quebrar no nó onde se faz o arranque ou a pernada para os anzóis no arremesso. Nesse tipo de nó, inevitável é colocar-se nylon sobre nylon. Mas o problema maior não é este, e sim a passagem do nó pelos passadores das varas sem o menor atrito, no caso do arranque. 



Nó Palomar

Pois bem, o nó demonstrado neste artigo não enrosca nos passadores. A bem da verdade, recomenda-se fazer este nó com muita calma e precisão, tomando-se cuidado para que a linha fique perfeitamente nas voltas que dá, além de, na hora do aperto final, usar-se um pouco de saliva como material lubrificante, para evitar-se atrito maior do fio. O comprimento desse empate ou arranque deve ser sempre maior do que o comprimento da vara e uma regrinha básica é deixar que a linha mais grossa dê uma ou duas volta completas no molinete ou carretilha. Para que não haja problemas de linhas de bitolas diferentes, recomenda-se usar sempre linhas pouco diferentes entre si. Assim sendo, elaboramos esta tabela com as linhas para o empate:
LINHA MESTRA                                            LINHA DO EMPATE
0,30 mm                                                                  0,35 mm
0,35 mm                                                                  0,45 mm
0,40 mm                                                                  0,50 mm
0,50 mm                                                                  0,60 ou 0,70 mm
0,60 mm                                                                  0,70 ou 0,80 mm
0,70 mm                                                                  0,80 ou 0,90 mm
Usando esta tabela, o nó sugerido fica mais uniforme, e portanto, passará com mais facilidade pelos passadores, além do que, terá sua resistência aumentada. Um outro detalhe muito importante é após apertar bem o nó do empate, cortar a linha excedente o mais rente possível à emenda.
NOTA DA REDAÇÃO: Com o aparecimento das linhas multifilamento, pouca coisa mudou. Mas, recomendamos no nó junto ao anzol, com o multifilamento o chamado ”Palomar”. No arranque ou empate podemos usar o mesmo nó aqui sugerido.E mais: todos os testes efetuados e aqui relatados, foram feitos em um dinamômetro profissional.


Revista Aruanã Ed.04 publicada em 02/1988

sábado, 2 de julho de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - SERELEPE












O serelepe é o nosso esquilo. Dependendo da região do país, ele também é conhecido por outros sinônimos. Saiba mais sobre o serelepe.





O serelepe pertence à família Ciurídeos do gênero Sciurus, aliás do mesmo dos esquilos da Europa, onde porém as respectivas espécies são maiores e têm um pincel de pelos maiores nas orelhas. Caracteriza-os a cauda longa, peluda, mais comprida que o corpo. São essencialmente arborícolas e muito ágeis e espertos: sobem ou descem pelos troncos das árvores e pulam de um galho a outro com extrema facilidade. Isto é possível graças às suas unhas aguçadas que se fixam nos paus roliços. Nas taquaras do mato, é comum encontrar-se pequenos furos quadrangulares, abertos como que a canivetes, com os bordos talhados obliquamente; parecem que são vestígios de serelepes que aí procuram não só a água para beber, contida entre os nós, como também algum inseto, cujo ruído não escapou ao ouvido atento desse roedor. Carece mais informações de que nessas taquaras está a lagarta roliça da mariposa, chamada de bicho-da-taquara, que faz parte de sua alimentação. Comporta-se diferentemente dos esquilos da Europa e dos Estados Unidos, onde tais roedores são muito mais encontrados, pouco esquivos e curiosos, podendo até ser considerados como quase amigos do homem. No Brasil, esses encontros, em nossas matas, são muito mais raros, e por esta razão pouco ou nada se sabe de sua vida íntima. A espécie mais comum no Brasil meridional é a Sciurus aestanus, de cor pardo-bruna e finamente salpicada de ocre. 



Das doze espécies brasileiras, sem dúvida as amazônicas são as mais interessantes, pelo colorido ruivo ou vermelho com a barriga branca, como o Sciurus langsdorffi, do Brasil central. No folclore amazônico, afirmam os caboclos que as mães o invocam para que façam dormir as crianças, pois é ele o mais dorminhoco de todos os quadrúpedes da fauna amazônica. Alguns historiadores citam a frase das mães: “Acutipuru, empresta-me o teu sono, para minha criança também dormir”. Acutipuru, como se vê, é um dos sinônimos como o serelepe é conhecido, porém outros também lhe são atribuídos, dependendo da região do nosso país: caxinguelê, caxinxe, quatiaipé, quatimirim, quatipuru e agutipuru.
Bibliografia consultada: Dicionário dos Animais do Brasil – Rodolpho Von Ihering

sexta-feira, 1 de julho de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL --- CAÇÃO MARTELO











Nesta edição vamos conhecer um parente muito especial do tubarão, que tem no formato de sua cabeça o principal detalhe a distingui-lo





Denominado cientificamente de Sphirna makaran e pertence à família Sphynidae, o cação-martelo é considerado o gigante do gênero, pois chega a alcançar o tamanho de 5,5m. A expansão lateral sobrepassa a dos seus congêneres. Realmente, na parte dianteira deste animal, insere-se uma cabeça que se dilata para a esquerda e para a direita, salientando-se do corpo de um lado e do outro, à maneira de um martelo cravado em seu cabo.        Em cada extremo desta dilatação, os olhos estão inseridos, dando-lhe um aspecto um tanto sinistro. Tem o dorso acinzentado e o ventre branco-amarelado na parte inferior. A nadadeira caudal é grande, sendo o lóbulo inferior duas vezes e meia menor que o superior. Sendo parente do tubarão, é considerado como uma espécie agressiva. Seus dentes são serrilhados e alimenta-se de peixes, lulas e crustáceos. Quando nada à superfície da água, o cação-martelo deixa ver sua nadadeira dorsal. Estes peixes são encontrados em todo o litoral brasileiro, podendo ser pescado durante todo o ano, diminuindo sua incidência no verão. Sua carne é considerada boa ou, ao menos, melhor do que qualquer outro congênere. Por outro lado, o óleo do fígado desta espécie revelou-se aos que o estudaram, de 35 a 40 vezes mais rico em vitaminas, que o óleo de fígado de bacalhau. O material para a pesca do cação-martelo deverá ser aquele considerado dentro da categoria média a pesada ou seja: vara com molinete ou carretilha, linha 0.40 a 0.70 mm e anzóis números 1/0 a 8/0. É conveniente usar empate de aço. São sinônimos do cação-martelo: cambebá, carnuda, cambeca, peixe-canga, martelo.
Bibliografia consultada: Nossos Peixes Marinhos (Eurico Santos)