sábado, 10 de setembro de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - PACA









Antigamente, a caça feita por caçadores amadores, devidamente licenciados para tal, era considerado um esporte. Com o tempo, praticamente em todo o Brasil, o termo “caçar” foi proibido de ser falado e executado,  ferrenhamente defendido por ecologistas. Habitante de nossas matas, ainda hoje presente, mas, em menor número, não se proibiu a derrubada de matas e capoeiras, estas sim, em fase de extinção. Mas no interior do nosso país, índios e caboclos ainda tem nesse animal, uma grande fonte de alimentação.










Roedor da família Caviídeos – Coelogenis paca – que atinge 70 cm de comprimento; pelo feitio geral pouco difere de uma capivara nova ou então pode ser comparada a uma cutia, porém bem maior e tendo, como esta, a cabeça um pouco alongada. O colorido é que a melhor lhe caracteriza; de cor geral bruno-amarelada, destacam-se nitidamente 5 séries longitudinais de malhas, um pouco alongadas, branco amareladas. Vive de preferência nas capoeiras, dormindo de dia na toca, para sair à noite, em procura de toda sorte de frutos e raízes, de que se alimenta. É caça de primeira ordem, sendo a carne comparável à do leitão. A caçada de paca é uma das mais apreciadas. Em noite de luar esperam-na junto às árvores frutíferas, ficando o caçador dissimulado no “mutá”, um tanto elevado. A caça da paca, por meios de esperas nos aceiros ou caminhos, é a mais incerta e geralmente enfadonha. Além do que, a paca, perseguida, não é tão constante como o veado a seguir o caminho que conhece e varia às vezes por outros, se a isso a obrigam os cachorros.
“Diga: Paca, tatu, cutia não” é uma locução muito conhecida, porém de significação e emprego não definidos. Originalmente, parece que circulou apenas como jogo de palavras, cuja graça está em serem repetidos os três nomes pelo interpelado, quando, ao contrário, se lhe pedira claramente a supressão da palavra cutia.

Desenho e texto (adaptado) do original.

Obra consultada:
Dicionário dos Animais do Brasil – Rodolpho V.Ihering

2 comentários:

  1. Eu poderia dissertar por páginas e páginas, mas vou tentar sintetizar. Antigamente, caçávamos paca com auxílio de cachorros. Considero isso, uma modalidade do esporte, uma subdivisão, ou até mesmo, uma categoria. Como poderia optar por caçar com ceva/espera em fruteira, ou caçar no 'esbarro', ou sei lá quais e quantas modalidades existam, haja visto, que pode-se até colocar uma armadilha na toca, que consegue-se o abjetivo.

    Considero, por experiência de campo, que a caçada com cachorros, é a que a paca, e quaisquer outros animais, tem mais chances de escapar. Para os que não conhecem, precisa se soltar um ou mais cachorros, em trilhas onde a pacas frequentam. Os cachorros farejando, precisam encontra vestígios de passagem de paca na trilha, a partir daí, eles começam a 'tocar' a paca, geralmente em direção a um curso de água, ou do buraco onde ela mora. O caçador (de longe) precisa identificar a posição da tocada, e decidir correr pra uma trilha(existem muitas) em que a paca vai passar(geralmente muitos metros na frente do cachorros) antes de cair na água, ou entrar no buraco. Há muitas variáveis. Corre-se pra toca, a paca vai pro rio. Corre-se pro rio, ela vai pra toca. Espera-se numa trilha, ela vai pra outra. Mas supondo-se que você corra pra trilha que a paca vai passar. Precisa-se acender a lanterna (sim, tudo isso é a noite), e ofegante por causa da corrida e da adrenalina, precisa avistar a paca, no foco da lanterna e atirar e ACERTAR. Lembrando que segura-se a espingarda e a lanterna com a mesma mão! Com muita sorte, alguma experiência, matávamos uma paca na noite.

    Hoje em dia, não dá mais pra fazer isso, porque mesmo aqui na roça, todo lugar tem sinal de celular, e todo mundo tem celular. Se alguém ouve os cachorros, ouve a movimentação de gente, liga pra polícia e aí, já viu.

    Ficamos vulneráveis.

    Bem, isto posto, vamos ao raciocínio. SE, eu disse, SE, as autoridades brasileiras fossem sérias, se a caça fosse permitida, se os impostos pagos por nós caçadores fossem usados pra infra estrutura do esporte, e pra pesquisa, e pra repovoação, ainda hoje, caçaríamos com cachorros, e as pacas ainda teriam todas essas chances que falei aí em cima.

    Paramos de caçar?

    Não.

    Hoje, compra-se milho, colhe-se abacate, leva-se em um lugar onde tenha paca, faz-se um poleiro (https://i.ytimg.com/vi/awYpL-1YsGU/mqdefault.jpg) e mata-se duas, as vezes três pacas numa noite. Se insitir, em uma semana, mata-se a família inteira.

    Quem sai perdendo com a 'proibição'?

    Triste realidade.

    O que mais eu fico impressionado, é que mesmo com a quantidade que se tem matado nestes últimos anos, a pacas estão se reproduzindo e tem muita. Pelo menos aqui na serra, todo matinho tem. Elas são heroínas.

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    1. Sandro: Eu sou filho de caçador de pacas e veados. A turma de meu pai, tinha mais de 30 cães, americanos puros e mestiços, em sua maioria mestres. Passei minha infância vendo o urro de cães atrás do que tinha farejado. Sobre pacas, conheço alguns detalhes como trepeiro, fruteira, ceva de milho etc. Mas a minha grande paixão era a caça de campo, com pointer inglês ou braco e todos com pedigree e mestres. Bereta calibre 12 e só atirar em codonas/perdizes voando. Os campos em que eu caçava, são hoje, sem exceção, extensos canaviais. Eu pagava licença de caça, para ir atrás de coleirinhas ou pintassilgos, quando criança ainda. Acho que não precisamos dizer mais nada. Aliás apenas uma afirmação: o Brasil é um dos poucos países no mundo, onde a pesca profissional em águas interiores é permitida e a caça, seja qual for, é proibida. Abraço amigo e obrigado pelo desabafo. Sei muito bem como é sentir assim.

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