sexta-feira, 30 de setembro de 2016

FOLCLORE DO BRASIL - A MÃE DO OURO









A solidão dos garimpeiros que vasculhavam os grotões em busca do ouro e pedras preciosas em tempos idos neste Brasil, criou-lhes o medo. E este deu-lhes asas à imaginação. A lenda da Mãe do Ouro surgiu da crença de que nos locais onde o fogo-fáctuo se desprendia da ossada dos animais mortos, existiam tesouros escondidos.




Naquela caverna por onde as águas do rio das Garças desaparece, mora a Mãe do Ouro. Ela só sai de seu esconderijo no lusco-fusco da tarde porque não gosta da luz do sol. Ela é irmã gêmea do luar. Ela vive no meio da pedraria preciosa, dos brilhantes, turquesas e safiras, onde tem seu leito encantado. Quando sai da gruta, vão caindo de sua cabelereira luzente como as estrelas pingos de luz pelo chão, que se transformam em pedras preciosas da cor dessa luz. Feliz é a mulher que, ao ver a Mãe do Ouro enquanto um pingo vai caindo, lhe fizer um pedido antes que este toque o chão. O pedido será atendido e a mulher passará a pertencer para sempre à Mãe do Ouro. Todas as noites de lua cheia, ao dormir, deixará a pele de seu corpo na cama e sairá para aparecer no Palácio da Mãe do Ouro, sem que ninguém perceba. Na gruta, gozará das festas e delícias permanentes que ali existem: música, canto, dança, amor e alegria. Ao penetrar na gruta, seu corpo é coberto por um traje vaporoso. Mas embora sejam vistosos, ninguém pode falar com a outra e nem se tocar. Caso isso aconteça, virará carvão. As grutas são profundas, e a luz do sol não penetra lá. Mas há muita luminosidade, que as pedras preciosas lhe emprestam. Cada salão é mais bonito que o outro e cada qual possui uma cor.  As estalactites têm reflexos ofuscantes e suas cores variam a cada instante. As águas do rio que penetram terra adentro cantam uma sinfonia sem fim, de uma suavidade ímpar. Somente os gênios das águas podem possuir as mulheres encantadas que vão para a gruta. O leito macio do rio é o leito dessa noite nupcial. Quando o galo canta pela primeira vez, as mulheres encantadas saem da gruta, como se fossem um nevoeiro de nuvens brancas. Voltam para suas casas, retornam à sua pele e continuam sua vida normalmente.
Obra consultada: Brasil – Histórias, Costumes e Lendas.

Alceu Maynard Araújo

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