segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

UM PEDÁGIO EM ILHA COMPRIDA





PEDÁGIO EM ILHA COMPRIDA

JUSTIÇA FINALMENTE




Existem determinados fatos que, mesmo sendo vistos à luz da realidade, são difíceis de acreditar. É o caso de Iguape e Ilha Comprida que até poderiam ser chamadas de “coirmãs”, mas não o são. Entenda o porquê.



  FEVEREIRO DE 2018



Uma das muitas praias de Ilha Comprida em seus 74km de extensão

Finalmente, segundo informações oficiais, vai ser construído aqui em Ilha Comprida, um pedágio para veículos automotores. Antes que apareçam críticas contrárias, vamos explicar o porquê de tal pedágio. Todos nós, moradores sabemos do grande problema causado pelos chamados “turistas” de temporadas e finais de semana prolongados, que a bem da verdade nada contribuem para nosso município, mas sim depredam e deixam seu lixo aqui em nossas ruas e praias. A coleta de tal lixo então é paga na forma de impostos pelos moradores. Isso é injusto e sem cabimento algum que explique. Mas essa história tem dois lados a mais para informar nossos munícipes. Um pouco antes de o motorista chegar à ponte que dá acesso a Ilha Comprida, existem instalações de um antigo pedágio no município de Iguape. Essas instalações estão prontas e sem qualquer utilidade em uso. 

O pedágio de Iguape - Desativado

No entanto, segundo informações, o prefeito de Iguape Sr.Wilson Almeida Lima, “debutante no cargo” – foi eleito no ultimo pleito- não concordou em ceder o espaço citado para a instalação do pedágio. Ou melhor, concordou em parte, já que sob sua regência a prefeitura não arcaria com nenhuma despesa e apenas entraria no rateio do lucro da taxa cobrada. As autoridades da Ilha Comprida não concordaram com tal exigência e resolveram então construir o seu próprio pedágio, que ficará localizado logo no fim da ponte, na Av. Vereador Carlos Roberto de Paula. Essa lei de cobrança de pedágio foi votada pela Câmara Municipal de Ilha Comprida e já está em vigor. A inauguração do pedágio está prevista para o mês de maio/junho do corrente ano. Estarão isentos da taxa de cobrança, somente os veículos que tenham placas das cidades de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia e algumas isenções se, devidamente comprovadas. 
Local do novo pedágio

Esse pedágio, que foi instituído pela Lei nº1454 de 20/12/2017, é uma TPA – Taxa de Preservação Ambiental – pois nosso município é muito visitado e procurado pelas pessoas que aqui vêm usufruir de nossas praias e ar limpo e saudável. Portanto, nada mais justo que nos ajudem a continuar assim, para que todos nós possamos conserva-lo para as novas gerações.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

ESPECIAL - O PRÍNCIPE DO GROTÃO




O macuco, chamado cientificamente de Tinamus solitarius (Viellot), tem seu habitat nas matas. Sua caça está proibida, pois muitos afirmam que a espécie está em extinção. Porém poucos informam que a Mata Atlântica, um de seus principais habitats, está reduzida a 5% de seu volume original. Fica a pergunta: extinção por ser caçado ou extinção por não ter onde viver? Este artigo refere-se a quando se podia caçar e trazer para casa o maior de todos os prêmios de um caçador amador. O chamado “caçador de pio” que carinhosamente chama o macuco de “príncipe do grotão”.





Ainda é escuro e não há sinal do sol quando o caçador de macucos chega no início da picada, sua porta de entrada para a mata virgem. Essa picada muitas vezes é uma simples trilha, aberto pelos animais de palmiteiros ou pelos bois do cortador de toras. Em alguns lugares ainda, pode ser o divisor da propriedade ou alguma linha antiga de telégrafo. Isso ao caçador pouco importa. A picada está lá e ele vai usa-la. Devidamente uniformizado, com roupas de cores escuras ou tecido camuflado, botas florestais, cantil, um facão longo e afiado, cinturão de cartuchos, mochila (onde estão a borracha, os pios, capa de chuva, etc.) e sua velha, mas de confiança, “36”, o caçador aguarda impaciente que o dia clareie um pouco mais para iniciar sua jornada. Com o nascer do sol, uma última olhada para ver se nada ficou para trás, e começa a marcha, lenta, cuidadosa e silenciosa. Após adentrar uma considerável distância na mata, cujo percurso foi todo observado, pois às vezes o macuco está na picada, ao limpo, o caçador depara com uma raiz de uma grande figueira (ou seria um jatobazeiro?) a lhe propor uma parada, para um descanso e o primeiro assoprar do pio do dia.

Macho com filhotes no poleiro, à noite 
Solenemente, devagar, encosta a espingarda na grande árvore, tira a mochila, dá um gole no cantil, acende um cigarro e assopra o pio. Um som breve e agudo ecoa pelos grotões, com ansiedade e esperança. A feição do caçador está agora totalmente modificada. Tenta aparentar tranquilidade, mas as batidas de seu coração estão mais rápidas e fortes. Sua visão passeia pelos arredores do lugar onde está, mas sua atenção está voltada exclusivamente para a resposta do macuco, que pode vir a qualquer momento. O tempo passa, arrastando-se e parecendo uma eternidade. De repente ele escuta o som tão esperado... “fiau”. O macuco respondeu ao seu pio. O caçador, tal é sua prática, já determinou a direção entre si e a ave. Novamente de pé, equipado, sai da picada e entra na mata, onde irá “trabalhar” o macuco. Determinado o local, ele sempre dá preferência a fazer a “choça” tendo uma grande árvore a lhe proteger as costas. O material da cabana é tirado dos pés de palmito e folhas de guaricanga. As folhas do palmito são cuidadosamente cortadas, para não fazer barulho e também para proteger a planta, que continuará a crescer. 

Fêmea piando ao entardecer
Uma a uma, essas folhas vão sendo simetricamente espetadas no chão, em forma de círculo, e a choça começa a tomar forma, faltando apenas as folhas da porta. Com o facão, faz uma pequena limpeza no terreno, tirando uma ou outra folha que poderá atrapalhar-lhe a visão da ave. Seu coração dispara outra vez, pois o macuco piou, agora mais perto. Mentalmente, o caçador sabe “que o bicho está querendo pio.” A borracha (aproximadamente 10m de um tubo flexível, com outro pio na ponta) é esticada, ficando solta pelo chão e o pio da ponta dela, enroscado em um galho a mais ou menos 1 metro do chão.  Uma ultima olhada nos arredores, para algum detalhe final e entra na choça, com toda a sua tralha. Sentado no chão, arruma as últimas folhas e fecha totalmente seu esconderijo. Olha por entre as frestas para certificar-se da totalidade de visão do terreno à sua frente. Afinal de contas, a realização de um bom piador “é trazer o macuco embaixo do pio.” Acomodado na choça, sua vontade é de piar imediatamente, mas sua vivência diz que não. 

Ninho e ovos do macuco
Não demora e a ave, agora muito mais perto, pia novamente. Agora sim, o caçador leva a ponta da borracha à boca e assopra. E 10m à frente, seu pio responde, breve e agudo, igualzinho ao macuco. E tome emoção. Começa o “diálogo” entre o caçador e o macuco. Um pia lá, o outro responde cá. A distância entre os dois, por iniciativa da ave, está diminuindo.  A mata está cheia de ruídos naturais. Um sabiá laranjeira canta suas mágoas lá no espigão. Um vira-folhas teima em fazer barulho à sua frente. Um bando de periquitos passa voando por sobre as copas das árvores. O caçador registra tudo isso, mas sua atenção está voltada para uma só direção. Os intervalos entre os pios da ave são agora de mais ou menos 10 minutos e ela está bem perto. O coração do caçador bate forte em todo o seu corpo. Agora a certeza de que o macuco “pegou” no pio, pois em vez do “fiau”, a ave faz um “quac” fora do tom, e logo atrás de suas costas. O caçador dá um leve toque no pio, traduzido em pequeno assopro.  Chega ao seu ouvido o som da ave andando à sua volta. Mil perguntas lhe assaltam a cabeça.



 “Será que ele me viu?” “A choça está bem feita?” “E esse maldito pernilongo a me morder o nariz. Não posso nem espanta-lo, pois o macuco pode perceber o movimento.” Só quem já esteve nessa situação pode avaliar o que isso representa para um caçador de macucos. Finalmente, como em um passo de mágica, lá está o Tinamus solitarius, bem embaixo do pio. Daqui para frente, paramos a narrativa, já que a caça está fechada, e deixamos o leitor usar sua imaginação. O apertar do gatilho poderá ser o de uma máquina fotográfica, por exemplo. O fim dessa caçada será de sua autoria.


                                                    As notas musicais do piado do macuco

Essas fotos que publicamos (somam mais de 200 no total do trabalho) demoraram alguns anos para serem feitas. Em nossa redação caso seja do interesse do leitor, temos por doação do Dr.Werner, outras fotografias do macuco. A este cientista bastante honesto, de pouca fala mas muito preciso e cuidadoso em suas observações, sugerimos até um título (e isto será para ele uma surpresa com a qual temos certeza de que não irá concordar), com todo o carinho e pelo muito que nos impressionou seu conhecimento: “o pai do macuco”. 
                                             
                                                  CURIOSIDADES

As fêmeas de macuco são o sexo dominante. Sempre são de tamanho maior que o macho (em todas as espécies). Cabe ao macho chocar os ovos e cuidar dos filhotes, o que faz uma vez por ano. O macho somente chororoca para chamar os filhotes. No poleiro, ao entardecer, somente a fêmea pia. O filhote do macuco, ainda dentro do ovo, emite piados. Quando pinto, tem outro tipo de piado. A flauta doce é o instrumento musical que consegue imitar o piado do macuco. Usando um medidor de frequência musical Korg, e com a assistência de Abel Santos Vargas (músico) chegou-se a conclusão que esse piado pode ser descrito como a nota FA3 menos 20 cents ou MI3 mais dois cents. No piado chororocado, usa as mesmas notas, porém, em trinado, e com acentuado fator MI.

Revista Aruanã Ed:02  publicada outubro/1987

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - METALGLASS










Publicidade da Metalglass na época


A Metalglass, fabricante de barcos de alumínio, já ocupa hoje, em seu segmento, um lugar de destaque entre os consumidores desse tipo de embarcações. Vamos conhecer um pouco mais dessa empresa e de seu diretor presidente.




Guilherme Waldir Luiz, 43 anos natural de Campinas (SP) é o diretor presidente da Metalglass Ind. E Com. Ltda. Formado em administração de empresas, trabalhou mais de 20 anos no setor de embarcações, para finalmente, em novembro de 1987, formar sua própria empresa. Hoje, a Metalglass conta com 62 funcionários, fabrica 12 modelos diferentes de barcos de alumínio e exporta parte de sua fabricação para o Caribe e as Guianas. Casado, com duas filhas, Cristiane e Adriana, que também pescam, este paulista de Campinas tem muito orgulho do que faz e a cada dia mais, procura dentro de seu segmento, melhorar a qualidade de seus produtos, pois para ele, “o pescador amador é a pessoa mais importante do mundo”. “Os barcos fabricados por sua empresa estão dentro dos mais modernos padrões de fabricação e contam com pintura especial à base “Wash Primer”, são testados um a um antes de chegar ao consumidor, têm flutuadores especiais nos assentos, estrados de madeira e garantia de 1 ano contra qualquer defeito de fabricação. “No entanto”, diz Waldir, “fazemos e garantimos a manutenção de nossos barcos, pelo prazo de 10 anos”. 

Guilherme Waldir Luiz, diretor da Metalglass

Desde sua criação em 1987, a Metalglass já fabricou 7.435 unidades de todos os seus modelos, e só de alumínio, consumiu perto de 800 toneladas no total da fabricação. Atualmente sua empresa fabrica 300 modelos/mês. Uma curiosidade que Waldir faz questão de contar é que na recente novela Pantanal, seus barcos apareceram em várias cenas e segundo ele, sem um único centavo de despesa, já que os barcos eram da própria fazenda onde estava sendo filmada a novela. Pescador amador inveterado tem como seu maior peixe um tucunaré, fisgado na região de Manaus, onde trabalhou durante 7 anos. Suas maiores alegrias são, como ele mesmo diz: “mandamos um barco nosso para o Exército Brasileiro e fomos aprovados sem restrições; hoje, vários desses barcos, usados em patrulha e fiscalização, estão espalhados por todo o Brasil. É muito bom também”, continua ele, “ver barcos nossos, sendo usados por pescadores amadores, nas mais remotas regiões deste país”.

Aspecto da fábrica
Como não podia deixar de ser, sua maior tristeza e ver atualmente a depredação de nosso meio ambiente, onde dia a dia, são destruídos vários locais em que antes era um paraíso. Como clientes famosos, a Metalglass tem vários e Waldir destaca um deles que é o presidente Collor. Segundo ele, “nosso presidente usou durante a sua campanha um barco Aruak 600”. Hoje, Collor tem em Brasília e navega nas águas do Lago Paranoá, com uma chata Juruá de 5 metros. Como projetos futuros, Waldir diz que cada vez mais vai desenvolver projetos na linha de embarcações e já para este ano, os pescadores amadores terão ótimas novidades. Para finalizar, o presidente da Metalglass lembra de suas pescarias e comenta: “as melhores pescarias que já consegui fazer foram nas regiões do Amazonas, rio São Francisco, represas e litoral de São Paulo”. E com destaque todo especial, cita a represa de Furnas em Minas Gerais. “Aquilo é um paraíso”, finaliza ele. Ai está portanto, mais um Quem é Quem , mostrando um empresário de nosso segmento, que, por sua simpatia e dedicação, mostra que nem tudo está neste país. Com segurança, se cada um fizer a sua parte, vamos conseguir resolver todos os nossos problemas, principalmente em nosso sofrido meio ambiente.


Revista Aruanã Ed:20 Publicada em  02/1991


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

ESPECIAL - LENDAS E MITOS NA PESCA AMADORA















Em conversa entre pescadores amadores, muitos são os assuntos que buscam cada vez melhorar mais nossas pescarias. Sempre há alguém que conhece uma dica a mais, à qual os “peixes simplesmente não resistem”, fazendo então os resultados da pescaria serem muito melhores. Evidente está que dicas são importantes, porém, milagres ninguém faz. Vamos descobrir o que é ou não realidade em nosso esporte.




              Cor da roupa do pescador

É só um pescador amador comentar entre amigos que sua pescaria não foi boa, para surgir sempre um “mestre”, para mostrar o que estava errado e, por conseguinte, explicar o fracasso. É comum vez por outra também, aparecerem produtos milagrosos, que farão o pescador ser o melhor de todos e pegar muito mais peixes. Ao longo dos anos temos percebido que a pescaria depende antes de tudo, de muita dedicação, observação, estudo e principalmente ter-se pleno conhecimento do que se está fazendo, e, de acordo com o peixe a ser pescado, saber tudo sobre ele, tal como hábitos, melhores iscas, épocas propícias, desova, comportamento, etc. Sabendo então de tudo isso, é que vamos então nos preocupar com os outros detalhes que serão também muito importantes, mas nem sempre determinantes nos resultados da pescaria. Evidente está que entre detalhes existem os que são realidades e outros que são mitos. Vamos procurar analisar todos, ou pelo menos os mais conhecidos e saber o que é verdade ou não. 




O peixe vê o pescador 

Vejamos. Hoje nosso leitor já sabe que o peixe não vê cores, conforme matéria publicada anteriormente. Ora, se peixe não vê cores, a roupa não terá então tanta importância. Mas neste ponto há um detalhe. Se estivermos pescando em um local onde haja um verde intenso, e a nossa roupa for branca, evidente está que haverá o contraste entre as cores. Já que o peixe só vê em branco e preto, conseguira distinguir o branco mais facilmente e ainda mais, com o movimento constante do pescador. Portanto, use roupas em tons neutros, ou seja, que possam se confundir com o fundo dominante no local da pescaria. Há, no entanto situações em que a cor da roupa, seja qual for, jamais interferirá na ação do peixe. Exemplo: pesca de praia, de costão, embarcado, de barranco com lances longos. Afinal, o anzol com isca está tão longe do pescador, que jamais o peixe irá conseguir vê-lo. Portanto, a cor da roupa é mito.



Gotas milagrosas para se colocar nas iscas
A verdade é que com uma roupa de tons neutros e de preferência claros, o pescador sentirá muito menos calor e será um alvo muito menor para o ataque de mosquitos. Faça a seguinte experiência: use uma roupa azul clara e depois troque-a por uma roupa marrom ou preta. Sinta a diferença em calor e no ataque de mosquitos. Isto sim é realidade.
                        
                       O PEIXE VÊ O PESCADOR

Este é outro mito. Conforme matéria já publicada, e na opinião dos cientistas, o peixe é um individuo bastante míope. Sua visão é de apenas alguns metros e mesmo assim ele não consegue distinguir com perfeição o objeto ou pessoa visualisado. Esse mito tem maior frequência quando os peixes estão no raso, e, com a aproximação do pescador, fogem rapidamente. A verdade no entanto é que o peixe não viu, mas sim ouviu o pescador chegando. O ruído dos passos na margem é que assusta os peixes. Faça uma experiência.
Esconder muito bem a ponta do anzol 

Quando o peixe fugir, sente-se em silêncio e sem movimentos e veja como o peixe irá retornar lentamente ao local onde estava. Conseguir ver o pescador portanto, é mito. Que o digam os pescadores submarinos, pois se os peixes enxergassem bem, não ficariam à mercê de arpões.
                                             
                                   O BARULHO ATRAPALHA A PESCARIA

Isto sim é realidade. Como vimos, o peixe não vê cores, não enxerga bem, mas a audição nos peixes equivale a 10 vezes mais do que qualquer animal terrestre. Em assim sendo, realmente o barulho atrapalha e muito a pescaria: que tanto pode ser em margem ou embarcado. Porém convém salientar que são determinados ruídos que atrapalham mais. Por exemplo, em um barco, o cair de um remo ou então de um outro objeto qualquer, produz ruídos ensurdecedores embaixo da água. Já o ruído do motor, não é tão prejudicial assim, pois caso contrário, as pescarias de corrico seriam bastante prejudicadas. Nas margens, o ruído que atrapalha mais são as pisadas do pescador durante as pescarias, andando de um lado para o outro.                                           

O barulho atrapalha a pescaria 

Já conversas não atrapalham a pescaria, seja ele de barranco ou de barco. Finalizando, diríamos que determinados barulhos atrapalham e outros não. Um exemplo disso é que em nosso litoral é comum ver-se pescadores profissionais que antes de tarrafear uma área, jogam primeiro um pedra na água para depois jogar sua rede. Segundo eles, no barulho da pedra, o peixe vem verificar o que caiu dentro da água. Tem fundamento.
                             
                          GOTAS MILAGROSAS PARA SE COLOCAR NA ISCA

Isto além de ser mito, é uma das maiores mentiras. Tais produtos apregoam que se usados irão aumentar e muito a captura de peixes, mas não passam de pura tapeação. Nós da Aruanã, tivemos inclusive o cuidado de testar tais produtos e o resultado, como não podia deixar de ser, foi nulo. Um dos “fabricantes” de tais produtos foi por nós desafiado a provar que seu produto funcionava. Essa prova seria feita em público. É evidente que ele não respondeu. No item a seguir, falaremos do olfato do peixe. 




Isca em contato com produtos estranhos

ISCA EM CONTATO COM PRODUTOS ESTRANHOS

A maior preocupação do pescador que pesca embarcado é não tocar na isca quando mexeu em gasolina. Esse cuidado tem fundamento, como também outros produtos usados frequentemente pelo pescador. Entre esses destacamos: desodorante, perfume, sabões, sabonetes, detergentes, etc. Mas que fique bem claro uma coisa, visto que o peixe tem seu olfato junto com o paladar, ou seja: só quando ele põe a isca na boca é que sentira o gosto dos produtos estranhos. No caso de iscas artificiais, tal produto não atrapalha, e a maior prova disso é que as tintas usadas nas iscas, bem como o verniz, na maioria dos casos são a base de petróleo. No caso de iscas naturais, e só nestas é que esses produtos atrapalham pois o peixe, antes de engolir a isca, apalpa-a na boca e assim o olfato do peixe acusa o gosto estranho. Sabendo disso, caem por terra todos os mitos dos produtos para atrair peixes, e mais: segundo cientistas, só o tubarão consegue distinguir cheiros de determinadas substâncias dentro da água. 

Qual a maneira correta de iscar um anzol

                              ESCONDER MUITO BEM A PONTA DO ANZOL
Esse é um dos maiores mitos na pescaria. Não é verdade que a ponta do anzol não pode aparecer. Vamos raciocinar juntos. Enquanto se preocupa esconder a ponta do anzol na isca, o cabo do anzol e às vezes até o encastoado ficam para fora da isca. Será que o peixe sabe o que é ponta e o que é cabo de anzol? É evidente que não. O anzol não atrapalha em nenhuma hipótese o ataque do peixe à isca, como veremos a seguir.
                              QUAL A MANEIRA CORRETA DE ISCAR UM ANZOL?

Alguns mitos existem em torno desse item. Raciocine e veja se temos razão. Uma isca morta pode ser iscada de qualquer maneira, desde que fique firme no anzol. Já uma isca viva deve ser iscada de maneira que continue viva. Assim sendo, temos, no caso de pequenos peixes, que iscar ou pela boca ou pelo dorso do peixe, para que ele fique vivo e não perca o movimento. No caso de camarões, o anzol deve ser colocado na cabeça, na parte logo atrás em direção à ponta do intestino. 


O peixe quando está criando não pega
Assim o camarão fica vivo e não perde os movimentos. Na cauda nunca deve ser iscado, pois é com ela que o camarão nada. Não se preocupe em esconder a ponta do anzol.

    O PEIXE QUANDO ESTÁ CRIANDO NÃO PEGA!

Isto pode ser considerado como uma meia verdade, já que algumas espécies realmente não fisgam quando estão na época da desova. No entanto, outras, para defender os alevinos fisgam em qualquer coisa que se mova em volta delas. Preferimos dizer a esse respeito, que quando um peixe está desovando, não deve ser pescado ou molestado. A época de desova deve ser considerada um período que ninguém deve praticar a pesca, seja ela do tipo que for.

                                 SORTE NA PESCARIA. EXISTE?

Particularmente, nós achamos que sorte não existe na pescaria. Senão vejamos: coloque-se frente a frente um veterano pescador e um novato, e que a pescaria aconteça em local de conhecimento dos dois.       

Sorte na pescaria existe?

Por certo o pescador veterano se sairá melhor no confronto. Dizer-se que um pescador pesca mais porque tem sorte é praticamente uma heresia. Antes de sorte, pode ser que esse pescador conheça profundamente o peixe que está pescando, seu material de pesca é o correto, suas iscas são as ideais, o local é o melhor para peixes daquele tipo, etc. Evidente está que, se alguém pega mais peixe que nós, ele também é um pescador melhor, apesar de ser duro admitir tal hipótese. Mas, com certeza, sorte não é. Seria mais ou menos como dizer que o Sena ganhava corridas por sorte.


                                          A LUA INFLUI NA PESCARIA?

Com certeza é este um dos assuntos mais polêmicos no nosso esporte. Vamos dar nossa opinião e explicar o porquê de dizer que a lua não influi absolutamente em nada no resultado de uma pescaria. Começamos pelos famosos calendários, que dizem que a lua cheia é ótima; quarto minguante, regular; quarto crescente, boa e que a lua nova é neutra. 




A lua influi na pescaria?



Ora, então o pescador é um felizardo, já que a lua ruim não é citada. Então, como explicar que mesmo quando a indicação é de uma lua ótima, fazemos uma péssima pescaria? Pois bem, em nossa opinião, em água doce a lua não influi em absolutamente nada na pescaria. No mar, a lua tem muita influência é nas marés e estas sim, de acordo com a movimentação e altura, determinam melhores ou piores períodos de pesca. Dizer que ela influi diretamente na pescaria é dizer uma meia verdade. Isto porque em uma “excelente lua” poderemos fazer uma pescaria péssima, pois contra o “poder da lua” , estão os ventos, as ressacas, a pressão atmosférica, etc, que decidirão o resultado da pescaria. E mais, uma maré de “praia” em sua altura, não pode ser equiparada ou usada em uma maré de “rios e canais do litoral”. Há diferenças enormes entre uma e outra. Podemos também falar de suas correntes. Enquanto nos rios se pesca na vazante, em praia se pesca na enchente. 
Qual a maneira correta de iscas um anzol

Existem discordâncias nessa opinião. Já em mar alto, tanto faz. Aí está portanto, meu prezado pescador, alguns mitos e lendas da pesca amadora. Procure pesquisar com inteligência e raciocínio e verá como muita coisa que dizem não é verdade. O importante de tudo é pescar bem, procurando sempre se aperfeiçoar no nosso esporte/lazer, pois só assim conseguiremos ser bons pescadores, daqueles que mesmo sem sorte fazem boas e ótimas pescarias. É importante também procurar com humildade a explicação para o fracasso da pescaria. Se nós somos bons pescadores e mesmo assim não formos bem sucedidos em uma pescaria, com certeza algum motivo há para que isso tenha acontecido. Às vezes, uma boa explicação é a pressão atmosférica, que influi e muito em nossa pescaria. Aliás, a pressão atmosférica já foi assunto em edições anteriores da Aruanã.


NOTA DA REDAÇÃO: nós publicamos esta matéria em fevereiro de 1991 e, não mudaríamos um só vírgula no que se refere à prática da pesca amadora. Aliás, estamos cansados em informar que nada mudou desde os tempos passados para os atuais em pescar como amadores. O que aconteceram e isto sim concordamos, foram as “novidades” dos fabricantes que antes de serem mudanças, são simples adendos ao assunto principal. Antonio Lopes da Silva


Revista Aruanã Ed:20 Publicada em 02/1991




sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

ROTEIRO I - PLATAFORNA DE MONGAGUÁ







Estivemos em Agenor de Campos – Mongaguá (SP), conferindo esta que é considerada uma das maiores plataformas de pesca da América do Sul: a Plataforma de Mongaguá. Confira este novo roteiro.





Entrada da plataforma

Localizada no município de Mongaguá, mais precisamente no bairro Agenor de Campos, a plataforma de pesca é uma ótima opção de pesca para o pescador amador. Partindo da areia, tem 400 metros de comprimento, alongando-se por 200 metros no chamado “T”, ou seja, na parte frontal. A profundidade, dependendo da variação das marés, chega a atingir 5 metros. A largura ao longo de toda a plataforma, é de 8 metros e, nas duas laterais existem, a pequena distâncias uns dos outros, uma série de bancos para que o pescador possa se sentar e praticar seu esporte confortavelmente. Uma outra providência tomada durante a construção da plataforma foi criar pequenos buracos na grade de proteção para facilitar o encaixe das varas. 

Betara

Esses buracos estão presentes em toda a extensão da plataforma. A exemplo de outras construções semelhantes já visitadas por nossa reportagem anteriormente, a Plataforma de Mongaguá foi construída apoiando-se em pilastras de sustentação, que são sem dúvida a chave para a explicação da alta concentração de peixes no local, já que desde sua construção em 1979, vários organismos marinhos como cracas, mariscos e ostras se fixaram ali, servindo como alimentação e atrativo aos peixes. As melhores dicas para os locais de pesca na plataforma (veja quadro) podem ser descritas da seguinte maneira: no vão central, onde existem postes de iluminação, citaríamos o espaço existente entre o segundo e terceiro poste, pois exatamente ali está um canal de praia (o segundo), onde os peixes costumam circular. 


Bancos para o conforto do pescador

O terceiro canal de praia, por sinal também muito bom, está localizado logo após o terceiro poste de iluminação. Nos dois casos, pode-se pescar tanto de um lado como de outro, e os lances não precisam ser muito longos. Aliás, é aconselhável que o pescador use duas varas de pesca, pois com uma poderá pescar logo abaixo da plataforma, enquanto que com a outra poderá dar lances variando entre 20 a 40 metros, sempre à frente, para não sair do meio do canal de praia. No terceiro canal, a prática deverá ser a mesma. Outros bons locais de pesca serão os quatro cantos do cruzamento na junção da “cruz” da plataforma. 


Braço direito da plataforma; bom pesqueiro de espadas

Nesses locais deveremos pescar com a linha reta, logo abaixo da construção e o mais próximo possível das pilastras de sustentação. Finalmente, um último bom pesqueiro, que fica no braço à direita do observador que esteja na praia olhando para o mar. Toda a extensão e a lateral desse braço são excelentes locais para pescar. Aqui, além de descer uma linha junto à plataforma que obrigatoriamente deve ser de maior diâmetro (0.70 mm, por exemplo) poderemos usar mais varas de pesca, dando lances sempre à frente, cuja distância deverá oscilar entre 20 e 40 metros. Nessas varas usaremos linhas mais finas, o que facilitará com que o arremesso seja feito de modo a atingir a maior distância possível. 




Oveva
Quanto às iscas, podemos dizer que na plataforma usa-se de tudo, ou seja: camarão morto, corrupto, filé de sardinha, filé de parati, lulas, siris, etc. E um conselho: quando fisgar peixes pequenos, não os despreze, principalmente se forem savelhas ou betaras. Mantenha-os vivos e os utilize como iscas para as linhadas junto às colunas de sustentação. É dessa forma, e utilizando essas iscas, que os pescadores amadores de Mongaguá têm fisgado vários peixes grandes como pescadas amarelas e cações, por exemplo. São muitas as histórias de bons peixes fisgados, e entre eles podemos destacar as raias, robalos, cações, sargos, miraguaias, pescadas, corvinas, espadas e prejerebas, além dos tradicionais pampos, savelhas, canguás, roncadores, betaras, ovevas e várias espécies de bagres. 
Cação-martelo

Para trazer os peixes menores, bastará içar diretamente a linha, mas no caso de um peixe maior, usaremos uma espécie de puçá redondo, de bom tamanho, o qual baixaremos com auxilio de uma corda para então fazer com que o peixe maior venha para dentro dele. É conveniente levar seu próprio puça, mas se não for possível, não se preocupe, já que com certeza algum outro pescador mais prevenido irá ceder-lhe o tal puçá, pois quando um peixe maior é fisgado, a plataforma toda fica sabendo e muitos outros pescadores se prontificam a vir ajudar o pescador felizardo. 

Roncador

A pesca realizada em plataformas pode ser enquadrada na modalidade de pesca de praia, portanto, as marés mais favoráveis serão sempre as de luas “grandes” (cheia ou nova), devendo ainda o pescador optar pelas ocasiões em que a maré esteja subindo, ou enchendo. Veja nesta edição as melhores marés para 1995 (NR: Era comum publicarmos marés para o ano todo) e escolha a data mais propícia para realizar sua pescaria. Observando as marés, escolha entre o dia ou noite (nós por exemplo preferimos pescar à noite), já que a plataforma funciona24 horas por dia e durante todos os dias. 

“O sempre presente baiacu”

Para entrar na plataforma de Mongaguá, o pescador amador vai pagar uma taxa de R$1,20 (um real e vinte centavos) sendo que para os aposentados, desde que sejam cadastrados na prefeitura da cidade, a entrada é grátis. (Isso na época). Não se esqueça de levar um carrinho ou qualquer outro objeto semelhante, já que não é fácil carregar toda a tralha desde a entrada até o pesqueiro escolhido. Finalizando, devemos citar que a plataforma oferece as seguintes comodidades: um amplo estacionamento à frente e vários qiosques (dezessete no total) onde o pescador encontrará alimentação e bebidas, além de iscas naturais como sardinha e camarão. 

A melhor dica para pescar

Savelha

Queremos agradecer ao Mauro Ferraz, proprietário da Pousada Plataforma, pelo apoio a nossa reportagem. A pousada conta com 27 apartamentos de bom nível e além de acomodação, oferece ainda o café da manhã incluso na diária. Por ocasião de nossa visita, estava sendo inaugurado o restaurante. A Pousada Plataforma está situada em frente à plataforma de pesca, e seu telefone é: (0132) 96-1844. É conveniente que se faça reservas. Agradecemos também ao amigo Nelson de Mello, que nos acompanhou em mais esse roteiro, testado e aprovado pela equipe Aruanã.

NOTA DA REDAÇÃO: A Plataforma de Mongaguá, passou por uma ampla reforma em sua estrutura e, segundo informações, está em perfeito funcionamento. Como sempre, ao citarmos algum número de telefone ou outras dicas, será conveniente atualiza-las.




Revista Aruanã Ed:43 publicada em 02/1995