Quem vê o rio Tietê na cidade de São Paulo (uma
vergonha) nem imagina que, algumas centenas de quilômetros à frente, ele volta
a ter suas águas limpas, potáveis e o melhor com muitas espécies de bons peixes
e, sem a ajuda de qualquer órgão governamental. É o caso da Barragem de Três
Irmãos, nosso roteiro desta edição.
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Tucunaré
azul
Só para que o pescador amador faça uma ideia do que é Três
Irmãos, podemos dizer que a represa tem 130 km de extensão, e isso sem contar
os braços que saem do canal principal. Uma boa dica também é saber que,
pescando em Três Irmãos pode-se, através de um canal de ligação, chegar a outra
importante e boa represa para a pesca, que é Ilha Solteira, sendo esta já no
rio Paraná. Os principais peixes encontrados nestas duas represas são o
tucunaré (três tipo: o azul, o amarelo e o “paca”) e as corvinas, que
facilmente atingem dois quilos. Para a pesca do tucunaré além das iscas vivas
(na região vende-se muitos lambari), existem também as iscas artificiais. Para
as corvinas, as iscas mais usadas são as naturais, e em pedaços. Dentre estas,
podemos destacar o lambari, a minhoca, e a tuvira. Segundo informações lá
obtidas, com um pequeno pedaço de tuvira é possível fisgar até 10 peixes sem
trocar a isca. Como se sabe, as corvinas pegam no fundo, e aqui citamos um fato
incrível: chega-se a pegar corvinas em locais com 40 metros de profundidade.
Conforme dissemos, há um canal de ligação entre as duas represas, que foi
construído para facilitar a navegação das grandes barcaças de carga, que
percorrem o trajeto entre o Tietê e o Paraná. Para que essa seja segura, foram
colocadas bóias sinalizadoras na superfície da água.
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Melhores
pesqueiros: galhadas
Pois bem, os pescadores costumam amarrar seus barcos nessas
bóias para ali pescar as corvinas, que tanto podem ser pescadas durante o dia
como à noite. São várias bóias espalhadas pela represa, em locais com
diferentes profundidades, que costumam ter entre 20 e 50 metros. Mas as
corvinas também podem ser pescadas em outros locais como galhadas e mesmo
grotas, onde a profundidade é bem menor. A respeito dos tucunarés, continuamos
a afirmar que a melhor opção ainda é a pesca com iscas artificiais, já que a
esportividade é maior e há mais movimento por parte do pescador amador, pois
muda-se constantemente de local e vai-se em busca do peixe. São muitos os
locais onde o tucunaré está presente, e como não poderia deixar de ser – já que
se trata de um peixe predador -, o pescador deve dar preferência às galhadas,
principalmente quando elas aparecem nos braços laterais da represa e, do meio
para o fim desses braços. Pescar nesse tipo de local, o ideal é dispor de um
motor elétrico, pois esse equipamento permitirá que o pescador “bata”
facilmente toda a extensão das galhadas, o que, em certos casos equivale a uma
distância entre 100 e 200 metros. A essa operação costumamos dar o nome de
“pentear” os pesqueiros. Ou seja: bate-se a isca metro a metro em toda a
extensão das galhadas. Após fisgar um peixe, procure, sem fazer barulho, dar
mais lances no mesmo local ou imediações, já que o tucunaré – é um hábito
próprio da espécie – costuma andar em cardumes.
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Tucunaré
paca
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Isca
artificial: Popper
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Aqui veremos uma particularidade especifica de Três Irmãos
que normalmente não encontraremos em outras represas. Fisgamos diversos peixes,
em locais bastantes rasos, com pouca vegetação e praticamente com nenhuma
galhada. Nesses locais, se o pescador preferir, pode descer do barco, já que as
margens são firmes, e ir batendo iscas que trabalhem na superfície. As
colheres, jigs e spinners também dão bons resultados. Esse tipo de pesca
consiste em andar na margem, sendo que com sua aproximação os tucunarés vão
mais para o fundo. Os lances devem ser dados num ângulo de mais ou menos 30
graus a partir da margem e sempre à frente do pescador. Vez por outra, é
conveniente dar um ou dois lances para trás, já que o peixe se afasta com sua
aproximação, mas logo em seguida à sua passagem, volta para o mesmo local. Uma
boa dica quando se está pescando dessa maneira é, quando fisgar um peixe,
agachar-se para tirar o peixe do anzol e em silêncio continuar a dar lances,
sem caminhar. Mais uma vez, citamos o hábito do tucunaré andar em cardumes.
Outra boa dica é que, andando, muitas vezes conseguiremos ver os tucunarés
saindo da água rasa e indo para o fundo, o que se traduz em ricos na superfície
da água, ou então em desabalada carreira, causando uma verdadeira “bagunça” na
rasura, tal a agitação com que se movem. Outros pontos também muito bons para
tentar fisgar os tucunarés de Três Irmãos são os fundos de grotas que tenham
pequenos riachos a desaguar na represa.
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Grotas: um
bom pesqueiro
Esses locais são muito comuns, e estão disponíveis em várias
grotas lá existentes. Aqui a pescaria deve ser feita com o barco. Basta vir,
movido pelo motor elétrico, bem no meio da grota. Assim que percebermos o
riacho, começaremos a dar lances com as iscas artificiais nas laterais. À
medida que se vai avançando, o riacho vai ficando estreito, e é então que devemos
dar o lance bem no meio dele, trabalhando a isca como se fosse um pequeno peixe
saindo dele. Importante: procure dar lances longos, pois se o tucunaré perceber
sua presença irá fugir rapidamente do local. A dica aqui é a seguinte: não
desça do barco, pois suas passadas nas margens serão percebidas pelos peixes e,
se assim ocorrer, o fracasso será inevitável. Podemos afirmar que tanto Três
Irmãos como Ilha Solteira são excelentes pesqueiros, e os tucunarés lá atingem
facilmente os 3 ou 4 quilos. Temos conhecimento inclusive de um exemplar que
pesou 5.460kg, o que, convenhamos, não é muito comum, mas tomando por base a
média de peso citada, esses tucunarés podem ser classificados como grandes
peixes. Em um bom dia de pescaria, consegue-se fisgar de 20 a 50 tucunarés
nessas duas represas. É bom que observemos que não há a necessidade de se matar
tantos peixes, mas esse é um problema que fica a cargos do discernimento
ecológico de cada pescador.
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O mapa da
região
No entanto, é muito
importante observar o tamanho mínimo de 25 cm estabelecidos para a captura do
tucunaré, pois ao respeitarmos essa medida, estaremos dando ao peixe a
oportunidade de desovar pelo menos uma ou duas vezes. A propósito, a APAB
(Associação de Pescadores Amadores do Brasil) já está com uma minuta elaborada
em uma portaria tramitando no IBAMA de São Paulo, onde essa medida está citada,
bem como medidas de proteção a esse magnífico peixe esportivo. Tal preocupação
se justifica, como a de Itumbiara (GO) onde havia muito peixe e era uma delicia
pescar. A depredação acarretada pela pesca profissional e infelizmente por maus
amadores (que chegavam a matar 500 peixes de qualquer tamanho em uma só
pescaria) tornaram Itumbiara uma represa com pouco peixe. Ainda há peixes lá,
só que fisgar bons exemplares, atualmente, não é tarefa muito fácil. Aí está,
portanto mais um roteiro testado e aprovado pela equipe Aruanã, sendo que desta
feita nos fixamos na cidade de Pereira Barreto, mais precisamente na Dinâmica
das Águas. Confira na ilustração.
Em nossa NOTA DA REDAÇÃO da época, mostramos o apoio da
Dinâmica das Águas. Convém hoje, salientar mais uma vez que, essas informações
devem ser atualizadas antes de ir pescar nessas barragens.
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Dinâmica das
águas.
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Publicada
Revista Aruanã Ed:44 em 04/1995
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