sexta-feira, 18 de maio de 2018

DICA - NÃO PERCA O BALANÇO










“Um pedacinho de pau pintado”. Quem se refere a uma isca artificial desta maneira, por certo não tem intimidade com ela, já que, na mão de um especialista, este equipamento adquire vida. Como tudo, a isca artificial tem seus segredos, e o principal é o seu balanço. Confira.


Dúvida: qual é o anzol certo?

Uma isca artificial, principalmente as que trabalham na superfície ou simplesmente boiam (floating), devem obedecer alguns requisitos básicos, para que possam adquirir vida quando trabalhadas pelo pescador. Alguém já disse que a melhor isca natural é aquela que mais natural parece, imitando com perfeição um pequeno peixe. Para conseguir tal resultado, o pescador deverá fazer com que a isca se movimente e faça barulhos iguais aos produzidos pelos peixes que são o alimento dos predadores. Em princípio, uma isca artificial pode ser feita com madeira ou material plástico. 

A montagem das garateias em uma isca artificial

As iscas que boiam podem ter ou não barbelas, que, quando puxadas, fazem-nas afundar a determinada profundidade e “nadar”. Este processo é obtido pela ação da barbela na água. É a hidrodinâmica. É normal quando compramos uma isca artificial, que o fabricante do equipamento nacional ou importado, tenha testado seu produto e nele colocado garatéias de tamanho ideal para um perfeito alinhamento, flutuação e balanceamento da isca. Normal seria – mas não o é – que os peixes fisgados com a isca obedecessem ao tamanho das garatéias usadas pelo fabricante e na hora da briga, estas não abrissem, fazendo que, com isso, o peixe obtenha sua liberdade. 

Isca certa, peixe fisgado

E o pescador amador, quando isso acontece, pensa de imediato em colocar uma garatéia maior e mais forte. Esse é o primeiro e principal erro, já que com um anzol maior, na maioria das vezes, sua isca artificial irá perder o balanço, deixando então de ser natural, além do que começará a dificultar o trabalho do pescador por fatores como enroscos entre anzóis, perda de flutuabilidade, etc. Pensar, além dos fatores negativos apontados, que o problema está resolvido, é engano, já que, com anzóis mais fortes, o que não irá aguentar será a linha, que normalmente é de bitola fina, quando se pesca com iscas artificiais. 

Não use empates

Evidente está que há uma solução, que aliás, é a única a ser adotada. Usa-se neste caso o mesmo número de garatéias, porém, com tratamento diferente, e assim sendo, teremos garatéias estanhadas ou então o que o fabricante chama de “strong” (forte), veja quadro. Obedecendo o mesmo número original, teremos garatéias, duas, três ou até quatro vezes mais forte (x4 strong). Pronto nosso problema de aumentar a segurança e manter a originalidade da isca está resolvido. Essa é a opção correta. Entretanto, são vários os pescadores amadores que ainda cometem outros erros graves na pesca com iscas artificiais.


O tamanho do alfinete obedece ao tamanho da isca 

São eles: A) Amarrar a linha diretamente na isca artificial. Tal procedimento é errado. O certo é usar-se um colchete ou alfinete (snap), pois isso dá liberdade ao trabalho da isca, além do que fica mais fácil se a quisermos substituir durante a pescaria. Só se admite linha diretamente amarrada quando se dá um nó especial formando então uma laçada que não aperta. B) É errado usar um alfinete muito grande, pois isso irá fazer com que a isca fique inclinada para a frente, mudando sua característica original. 

Garateias: escolha a certa

C) Em hipótese alguma, use um chumbo para fazer a isca afundar mais. Para isso, existem as iscas de barbela longa ou então as que não flutuam. Estas ultimas são chamadas em Inglês de sinking. D) Os empates de aço com giradores também atrapalham o trabalho de uma isca de superfície, além do que também atrapalham o arremesso de precisão. Com o peso do empate, a tendência da isca é ficar sempre voltada para a frente e mergulhar diretamente para baixo. E) A linha de bitola muito grossa também costuma pesar demais, fazendo a isca artificial sempre pender para a frente e para baixo. E ainda dificultar o arremesso de precisão. 

Garateias grandes tiram o balanço da isca

Todos os itens aqui apontados referem-se principalmente ao trabalho das iscas artificiais usadas na superfície. No entanto, quando se usa uma isca artificial no sistema de corrico, devemos levar em consideração todos os itens apontados como errados para as iscas de superfície. Uma dica final para a pesca de corrico: quanto maior for a bitola de sua linha, mais sua isca “nadará” na superfície. Empates, lideres ou arranques também obrigam a isca de corrico a nadar mais para cima. 

A falta de equilíbrio prejudica o trabalho da isca

O mais correto é ver qual o peixe que estamos pescando e usar a linha certa ou no limite para o peso do peixe que estamos tentando. Para ajudar a linha a não se romper, lembre-se de que devemos ter em nosso equipamento, seja molinete ou carretilha, um dispositivo chamado freio, fricção ou embreagem. Esse equipamento, bem regulado, garantirá o seu peixe. Há casos no entanto, em que várias espécies de peixes, assim fisgados (robalos, tucunaré, caranha, etc.), correm direto para os enroscos e não há quem os segure.
Garatéias grandes enroscam entre si 

Isso pode até acontecer, mas é exatamente desse ponto, onde o peixe tem uma chance, que conseguimos diferenciar o verdadeiro pescador amador esportista daquele que só vai pensando no peixe. A esportividade de uma pescaria reside exatamente nesse ponto. O peixe, como o pescador, deverão ter sempre as mesmas chances, em pé de igualdade, afinal, a pesca amadora é um esporte/lazer, e não uma competição ou afirmação do pescador com ele mesmo ou com os amigos. É exatamente a mesma diferença de quem sabe pescar com iscas artificiais daqueles que as olham com desprezo e as continuam chamando de “pequenos pedaços de pau pintados”.






Revista Aruanã Ed:22 publicada em 06/1991

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