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O eterno vigiar
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Muitos pescadores que são hoje considerados
grandes em nosso segmento começaram suas pescarias fisgando pequenos acarás.
Esses peixes eram a nossa alegria em represas, pequenos lagos e lagoas onde sua
presença era constante, e isso em todo o Brasil. Se porém o pescador começou a
pescar no mar, um pequeno peixe, com a mesma presença do acará, também iniciou
muito pescador. Vamos conhece-lo: a betara.
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A Menticirruhus americanus – família
Scianidae
A presença da betara em nossas praias e rios do litoral,
principalmente em sua foz com o mar, é garantida, e mesmo que a pesca seja
feita em um mau dia, dificilmente deixaremos de fisgar um peixe dessa espécie.
Se analisado, este peixe, apesar de ser bastante comum, tem algumas
particularidades bem interessantes, e em livros científicos, é um dos peixes
que têm mais nomes, variando de acordo com a região do Brasil, que são no
mínimo curiosos. Pertencendo à mesma família das corvinas, pois é um Scianidae, tem como designação
científica Menticirrhus americanus.
Seu colorido vai do cinza-claro ao escuro e a parte ventral é esbranquiçada.
Embaixo de sua boca, que é iliófaga - voltada para baixo devido ao seu habito de alimentar-se no fundo lamacento do mar - tem um barbilhão duro e sua principal alimentação é
constituída de pequenos peixes, crustáceos, moluscos e algas. Sua área de atuação
estende-se por todo o Brasil.
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Costumam, nas praias, andar em
cardumes
Mas há uma particularidade que chama muito a atenção: é a
maneira de se pescar a betara: alguns pescadores gostam de fisga-la apenas
usando uma pequena vara de bambu, tendo como isca camarão descascado. Entram na
praia com água pela cintura e ficam pescando ao seu redor. Já outros, que são a
grande maioria, pescam com linha longa, usando molinete ou carretilha. Usam
dois anzóis pequenos e um chumbo em formato triangular, com peso que varia de
acordo com a correnteza e linha – e que aqui está o grande segredo – bem fina,
como por exemplo 0,15 ou 0,20 mm. Uma vara de 3 metros com ponta bem flexível
vem complementar um ótimo equipamento para a pesca da betara. A maior e melhor
diversão do pescador amador é a oportunidade que um peixe pode proporcionar, e
a briga com a betara usando material descrito é sensacional.
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Os barbilhões na boca
Em uma praia, é muito difícil dizer onde a betara está, mas
algumas dicas podem ser apontadas. Devemos começar procurando por ela nos
canais de praia, tanto de um lado como de outro. Podem estar tanto em canais
rasos como nos mais fundos e até fora dos canais, em profundidades de um palmo
de água. Por aí já começa sua esportividade, pois o pescador amador tem que
procurar até encontra-la. Seu tamanho máximo atinge os 50 cm, e nos indivíduos grandes
aparece uma nova coloração, um rosa prateado que se espalha pelas laterais do
corpo. Falar nos anzóis ideais para betaras não é fácil, já que podem ser
pequenos e até médios, Tudo vai depender da região onde o pescador estiver. Em
nossa opinião, devemos começar com anzóis pequenos e, de acordo com o tamanho
dos peixes, irmos nos adaptando.
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Um grande espécime em se tratando de
litoral de São Paulo
Sua fisgada pode acontecer de várias maneiras: um puxão forte
e firme; dois ou três pequenos toques; um afrouxamento de linha que significa
que a betara “pegou” a favor da linha e uma corrida forte. A fisgada deve ser
firme e segura, pois não se pode esquecer de que, pela própria característica
do equipamento, a linha dentro da água fica a grandes distâncias, e por sua
elasticidade, desde o pescador até o peixe – no caso de uso de molinete ou
carretilha -, a fisgada se traduz muito reduzida. O freio do equipamento deve
ser fechado para o lance e, após este, deve ser totalmente aberto, já que estaremos
usando uma linha muito fina e de pouca resistência. Mas a esportividade de uma
betara de tamanho regular é enorme, pois ela irá lutar bastante fazendo a fricção
do equipamento “cantar” por diversas vezes. O importante nessa pescaria é não
ter pressa e aproveitar ao máximo a luta com a betara.
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Iniciando os “trabalhos”
Como diria um velho pescador, o importante em uma pescaria é
descobrir a esportividade que ela pode nos proporcionar. Guardada as proporções,
uma pequena betara dará ao pescador que estiver usando equipamento ultra-leve,
a mesma esportividade que dá um tucunaré, um dourado e até um grande marlin. O
importante é o pescador sentir e descobrir este prazer. Afinal de contas, essa
é a razão principal da pesca amadora. Para finalizar sobre a betara, o nosso “acará
da praia”, vamos dar uma relação pelos quais ela é conhecida ao longo do
litoral brasileiro: carametara, caramutara, corvina-cachorro, embetera, judeu,
mbetara, papaterra-do-mar-grosso, perna de moça, pirásiririca, pomba-de-mulata,
sambetara, siririca, tambetara, tembetara, tremetara e “made in USA”:
king-fish.
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Revista Aruanã Ed:19 publicada em
12/1990
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