sexta-feira, 31 de agosto de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - MAJOR RABELO








    O major PM Rabelo é hoje comandante da Policia Florestal de Mato Grosso do Sul. Sob seu comando estão centenas de Policiais Florestais que estão ligados diretamente aos pescadores amadores que pescam no Pantanal. Vamos conhece-lo um pouco melhor.




Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, 32 anos de idade, casado com Paula Helena Rabelo e pai de três filhas, Fernanda, Flávia e Maíra, o Major PM Rabelo pode ser considerado como um verdadeiro defensor do meio ambiente e mais, já que o conhecemos pessoalmente, como uma pessoa que antes de tudo, a honestidade e a hombridade podem ser colocadas a público, tal é o seu comportamento como policial florestal. A primeira vez que a Revista Aruanã teve contato com esse militar foi há alguns anos atrás, quando ele ainda era tenente e o motivo foram as várias apreensões de iscas artificiais que “sua” Polícia Florestal estava praticando. Fomos a Corumbá, sede da florestal matogrossense e lá, após mostrarmos as injustiças que estavam sendo cometidas contra os pescadores amadores, tivemos então a resposta imediata do então Ten. Rabelo. Firmamos um documento, com base em portaria (na época) Sudepe e as iscas artificiais, providas de anzóis simples ou garatéias (anzóis múltiplos) não foram mais proibidas dentro do Pantanal Sul. A prestação imediata desse servidor mostrou que finalmente tínhamos alguém dentro do órgão fiscalizador que além de conhecer a lei, tinha a responsabilidade de faze-la cumprir, sem tentar nenhum desvio ou não assumir responsabilidades, Desde esse episódio, uma firme e boa amizade cresceu entre a Aruanã e o Major Rabelo, que a bem da verdade é nosso contato quando algum problema acontece com qualquer um de nossos leitores. Falar da capacidade de Angelo Rabelo, à frente da Polícia Florestal de MS é desnecessário, bastando apenas dizer que em seu curriculum vamos encontrar mais de cem cursos feitos por esse oficial, nos mais diversos estabelecimentos e em vários estados brasileiros, além de vários atestados e diplomas, dentre os quais destacamos alguns internacionais, bem como um prêmio do Fundo Mundial para a Vida Silvestre – Word Wildlife Fund, como jovem conservacionista brasileiro. 



O Major Rabelo nos fala de suas principais metas atuais; “Estamos tentando realizar um bom trabalho frente à Polícia Florestal, de fiscalização e orientação, para reconhecimento por parte da sociedade, do Ibama, da Sema, para que o trabalho de todos os policiais do país, que somam mais de 6.000 homens em todo o Brasil, conseguindo com isto, melhores condições de trabalho e recursos.” E ele continua:” Ser um policial florestal é saber que cada soldado de nossa corporação muita vezes renuncia a família e conforto para enfrentar todas as adversidades da natureza, para protege-la.” Como maior alegria, o Major Rabelo cita a oportunidade de conservar o Pantanal através do seu trabalho diário, e isto sem abusos ou arbitrariedades. Por outros lado, sua tristeza é continuar a apreender toneladas de pescado, animais silvestres mortos e ainda encontrar pessoas que quando estão no meio ambiente não tem o mínimo respeito pela flora e fauna, muitas vezes pescando com redes e tarrafas ou então praticando tiro ao alvo em pássaros e animais. “Contra esse tipo de pessoas é que a nossa ação será sempre enérgica e imediata”, finaliza ele. Para encerrar, o Major PM Angelo Rabelo que colocar a todos os leitores da Revista Aruanã o endereço e telefones diretos da sede do quartel em Corumbá, onde ele está diariamente, para como ele mesmo diz, prestar qualquer informação ou auxílio, principalmente ao pescador amador, que é um verdadeiro esportista e defensor do meio ambiente.
COMPANHIA INDEPENDENTE DE POLÍCIA FLORESTAL – Rua Domingos Saib, 300 Corumbá – MS – CEP 79300 – Fones (067) 231-3433/3431/5201 (NR: Deve ser atualizado).


sexta-feira, 24 de agosto de 2018

ESPECIAL - ECOLOGIA CABLOCA





Edição Encadernada nº1

Um dia frio e chuvoso. A vontade de sair do conforto do lar é pouca, mas necessária. Até a vontade ser maior, pego uma edição – número 1 - da Revista Aruanã encadernada. E essa matéria me chamou a atenção, pois da data de sua publicação no Jornal da Tarde, é de 33 anos atrás e, atual como nunca. Uma lição à aqueles que apregoam o pesca e solta.

                                 
                         Uma verdadeira lição de pesca, ecologia e esportividade foi o que presenciei no ultimo fim de semana. Estava eu indo ao sítio, quando o avistei pescando em um pequeno córrego na estrada de Ibiúna, mais ou menos 10 quilômetros após o entroncamento com a Raposo Tavares. Pescando com uma varinha de bambu, chamou-me a atenção, principalmente pelo pequeno curso d’água. O que poderia dar de peixe? Parei o carro no acostamento, voltei alguns metros e fiquei debruçado na pequena ponte. Cumprimentos de praxe. O meu um “bom dia”, o dele apenas “dia”, com sotaque de nossa gente do interior. O popular “caipira”.

                             Anzol iscado com o muito cuidado e lá foi a isca
                 Perto da outra margem, no lugar mais fundo em busca do peixe.

Vou tentar descrever o quadro: o “rio” não tem mais de um metro de largura; numa margem bastante raso, na outra um pouco mais fundo, no máximo uns 90 cm. O homem, sentado bem no meio de uma moita de capim. À sua direita, uma latinha de massa de tomate, com um pouco de terra e algumas minhocas; um samburá pequeno feito por ele mesmo, de casca de bambu, simetricamente trançado e de aspecto muito bonito; chapéu de palha e um cigarro de fumo de corda no canto da boca, que teimosamente insistia em apagar. Ofereci um dos meus, que foi recusado com muita educação. Anzol iscado com muito cuidado e lá foi à isca perto da outra margem, no lugar mais fundo, em busca do peixe. Foi cair n’água e o homem deu a fisgada, e lá veio o primeiro Tetragonopterus astianax ou Astyanax fasciatus. Para os íntimos, lambari.
                                 
                                 Pescando com uma varinha de bambu,     
            chamou-me a atenção principalmente pelo pequeno curso d’água.

Com um sorriso, como se estivesse manuseando uma peça de alta precisão, tirou o pequeno peixinho do anzol, samburá na água, e começou a contagem. Não o vi errar uma fisgada sequer. Parecia um ritual sagrado, que só foi quebrado quando, em vez do lambari, veio um pequeno acará. Tirado do anzol com o mesmo cuidado, foi solto, junto com esta observação: “vai chamar teu pai, teu avô, que fico aqui esperando”. 



                             

                          A esta altura, sentei na beira da ponte, já que os compromissos de um sábado não são lá muito importantes, e fui gostosamente me deixando ficar, fascinado por aquele homem simples e sua arte. Tracei um parâmetro com os pescadores de água azul, com suas potentes lanchas, varas e carretilhas importadas, cadeiras giratórias e um marlim lindo, em seu pulo característico. Quantos “anos luz” os estavam separando, ligados apenas pelo prazer de pescar? Fiquei com vontade de contar-lhe das pescarias em Mato Grosso, dos tucunarés do Araguaia, da emoção de um jaú dos grandes, brigando igual a um burro bravo. Quanta coisa eu poderia contar àquele homem sobre pescarias e peixes! Graças a Deus, calei a minha boca grande, pois naquele exato momento, ele fisgou outro lambari. Tirou o peixe com o mesmo cuidado e colocou no samburá, só que desta vez o anzol não foi iscado.

                                       Pousou a vara de lado,
                      pegou o samburá e começou a contar os peixes.    
 
Em cada peixe que pegava, dava um pequeno aperto na cabeça, que segundo ele, era “para o pequenino não sofrer, se debatendo até morrer”. Um, dois, três... vinte e quatro e vinte e cinco. Para minha surpresa, soltou os outros cinco lambaris, dizendo que no sábado que vem, ele voltaria para buscá-los. Perguntei a ele porque fazia aquilo e a resposta veio pronta: “É que hoje, sendo sábado, a minha veia tá cozinhando uma comidinha melhor e estes bichinhos é para fritar e comer junto com uma cachacinha da boa”. Retruquei: “quem come 25, come 30”. Respondeu: “prá que? Eles não vão fugir daqui, e quem sabe nesses dias que vem, eles não vão fazer mais uns “fiozinhos” pra eu pescar daqui a algum tempo”.   Ah, seu Ditinho (esse era seu nome), como eu gostaria que o senhor estivesse lendo hoje esta coluna, para poder saber que, após estes anos todos de pescarias por este Brasil, o senhor foi um dos maiores pescadores que eu conheci.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              
Revista Aruanã Ed: 1 publicada em 08/1987

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - HERALDO A. BRITSKI







O nosso entrevistado desta feita, é hoje considerado como a maior autoridade mundial em peixes de águas interiores brasileiras. Nosso amigo e colaborador, há muitos anos presta informações à Revista Aruanã a respeito de nossos peixes. Vamos conhece-lo um pouco melhor.


Prof. Dr. Heraldo Antonio Britski  

O Prof. Dr. Heraldo Antonio Britski. É paulista de Corumbataí, e tem hoje 57 anos e é casado com Dona Peny Britski, tendo desse casamento duas filhas. Formado em História Natural na Universidade São Paulo (USP), fez especialização na mesma faculdade em Ictiologia. Desde 1960 trabalha no Museu de Zoologia da USP, que fica na Av. Nazareth 481 no bairro do Ipiranga em São Paulo. Para mostrar um pouco da personalidade e capacidade científica do Prof. Britski, temos como referência a sua colaboração em mais de 90 colaborações, resumos e artigos científicos. No Museu, trabalha na seção de peixes, onde é o responsável por uma área de 700m2, onde estão catalogados e estudados mais de 1 milhão de peixes de várias espécies e conservados em mais de 60 mil frascos. Na comunidade científica, onde é reconhecido mundialmente, mantém contato e recebe visitantes cientistas da França, Suécia, Holanda, Inglaterra, Suíça, Estados Unidos, Canadá e toda a América do Sul. Ainda troca informações e colabora com cientistas de todo o mundo. Para que o leitor tenha uma idéia do seu trabalho ele nos diz: 


Em visita a Aruanã
“Uma pesquisa cientifica, completa, é algo que pode demorar alguns meses e vários anos, dependendo do peixe estudado. Por exemplo, nós participamos da EPA – Expedição Permanente da Amazônia – e ficamos durante 10 anos, nessa região, fazendo o levantamento de espécies locais.” Como influências científicas, o Prof. Britski diz, que em especial gosta de citar dois cientistas, o Dr. Paulo Vanzolini atual Diretor do Museu e o Dr. Frans Steidachener, um austríaco que estudava peixes brasileiros de 1860 a 1915. “Os trabalhos desse cientista austríaco, até hoje, são por mim muito pesquisados e lidos.” Na parte de apoio, Britski o recebe do Conselho Nacional de Pesquisas e da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo. Mas algumas curiosidades que tínhamos, esse cientista nos esclareceu dizendo que as bacias onde existe o maior número de peixes podem ser classificadas como: em primeiro a Bacia Amazônica, depois a Bacia do Prata e finalmente a Bacia do rio S.Francisco, isso em território brasileiro. Depois dessas há ainda bacias menores, mas é importante saber que só em espécies de águas interiores, o Brasil tem cerca de 1.500, sendo então considerado o maior país do mundo em espécies de peixes. 



Apapá – Pellona castelnaeana – Fam: Clupeidae

Para mostrar quem é o Prof. Britski, vamos relatar dois fatos pitorescos: o primeiro aconteceu com nosso editor Antonio Lopes da Silva, quando de uma viagem ao rio Guaporé, onde fisgou um peixe que não sabia qual era. Segundo os pescadores da região, o tal peixe era chamado de “peixe novo” e “peixe banana”. Nosso editor trouxe o peixe para São Paulo e o levou ao Prof. Britski. Foi só abrir o isopor, que o Prof. Britski, só de olhar, descobriu que era um apapá. Sobre o mesmo apapá, certa ocasião um articulista famoso de um grande jornal paulista, pescando no Araguaia, também fisgou um desses peixes. No Araguaia chamam o apapá de “tubarana ou tabarana”. Pensando em tratar-se de nossa tabarana, que é da família do dourado, escreveu um artigo a respeito. Modestamente o Prof. Britski escreveu uma carta pessoal ao articulista, informando-o do erro. Qual não foi sua surpresa, quando soube que além de não aceitar sua informação científica, o tal articulista “desceu o pau” em sua pessoa. Perguntei-lhe o que tinha feito. Resposta: “achei melhor deixar para lá.” Sobre pescarias nosso entrevistado afirma gostar, e seu maior peixe fisgado foi uma raia (Potamo trygom)

Trecho de seu prefácio em nosso livro Dicionário Aruanã de Pesca Amadora

Mas já viu e estudou peixes enormes como piraíbas e pirararas de 100 quilos e pirarucu de 70 quilos. Deve ser interessante ter o Prof. Britski como companheiro de pesca, pois por certo, não haverá nenhum peixe pescado que não seja identificado. Aliás, aproveitamos essa dica para dizer aos nosso pescador, que ao não identificar o peixe que pescou, faça uma visita ao Museu de Zoologia que o Prof. Britski terá muito prazer em informa-lo. Nosso entrevistado tem como maiores alegrias as descobertas de novas espécies de peixes. Só ele descobriu e identificou mais de 20. Como tristeza ele cita a mistura indiscriminada de espécies de peixes, de bacias diferentes feitas por leigos. Aliás sobre isso, perguntamos ao Prof. Britski qual era sua opinião sobre o tucunaré no Pantanal. Segundo sua opinião pessoal, “o tucunaré prolifera muito, mas será inevitável que daqui a algum tempo ele entre em equilíbrio. Dizer que ele irá acabar com outras espécies, como o dourado, por exemplo, não é verdade”. Aí está portanto, o nosso entrevistado dessa edição, o qual temos orgulho e satisfação em te-lo como amigo, colaborador e conselheiro, pois sem dúvida alguma, é a maior autoridade mundial em peixes de águas interiores brasileiras. E o que é melhor, tem reconhecimento público.

NR: O Museu de Zoologia da USP, continua no mesmo endereço e o Prof. Britski, "ocasionalmente" pode ser lá encontrado, pois goza de merecida aposentadoria.




sexta-feira, 10 de agosto de 2018

É ÉPOCA DE PIRAPUTANGAS




Em nossas pescarias no Pantanal, além dos peixes mais procurados, temos também  à nossa disposição, e sem atrapalhar a pescaria principal, uma espécie bastante esportiva e boa de briga, a piraputanga. Vamos descobrir juntos essa nova emoção.


Detalhe do peixe e equipamento

Apesar de ser simples de pescar, a piraputanga têm na sua identificação algumas confusões causadas por alguns que insistem em chama-la de matrinchã. Apesar de ser da mesma família, ou seja, Characidae, e ter nome parecido, pois a matrinchã é Brycon melanopterus, o nome da piraputanga é Brycon orbinyanus. Enquanto a primeira é da Bacia Amazônica, a segunda é da Bacia do Prata, portanto do Pantanal. Sua aparência é também bastante diferente, pois enquanto a matrinchã tem seu colorido mais para o prateado, a piraputanga é mais amarelada, chegando às vezes a ser confundida com um pequeno dourado. Em tupi-guarani, a tradução ao pé da letra significa “peixe vermelho”, já que a exemplo de outros de sua espécie como a piracanjuba e a citada matrinchã, tem sua carne uma coloração avermelhada que até originou de nosso pescador ribeirinho dizer que “é um peixe muito bom de comer pois já vem preparado com massa de tomate”. Sua pesca é bem simples, pois pega em diversos tipos de isca e não é raro ver-se pescadores munidos de uma pequena vara de bambu usando como isca pedaços de pão, frutinhas, pedaços de peixe, etc, pescando-a perto de locais bem movimentados, como portos, cais, em frente ao pesqueiro onde se limpam peixes e mesmo no acampamento, no local onde se lava louças. 


Piraputanga

Costuma aparecer também com frequência em nossas pescarias de pacu, atacando muito bem as iscas a estes destinadas, tais bolas de massa, tucum ou frutas da época e da região. Para nós sua pesca é especializada e quando a ela nos dedicamos, é com material específico e especial. Pescamos a piraputanga com vara especial para iscas artificiais, molinete ou carretilha pequena, linha o.30 ou 035 milímetros e spiner de um só anzol. A coloração do spiner pode ser variada, apesar de gostarmos muito dos que tenham a predominância do cromeado prata. A explicação para um só anzol vem, de nossa experiência em usar antes um spiner com garatéias. Também pega, mas no primeiro pulo da piraputanga, 70% delas escapam, o que não acontece com o spiner de um só anzol. Um bom anzol para se colocar no spiner pode ser o Mustad 92676, 5/0, que é do mesmo tipo usado para a pesca do pacu. Fisgada, a piraputanga dá vários saltos e sua característica principal ao saltar é tremer violentamente o corpo todo, que dá para ouvir, e nessa hora a garatéia escapa facilmente. A pesca com equipamento específico é muito esportiva e também muito produtiva, pois fisgam-se muitos peixes, uma vez que costuma andar aos pares.


A matrinchã "oficial"

Os melhores locais, além dos já citados, são os remansos dos corixos, bem como em toda a sua extensão; locais onde hajam pedras e pequenas corredeiras; locais onde hajam árvores de frutas (qualquer uma) e que estas estejam caindo na água é um local todo especial e onde temos feito as melhores pescarias; embaixo dos ninhais de pássaros ou mesmo no pouso de dormida destes. Aliás, tais locais quando achados são uma verdadeira mina de espécies de peixes e outros animais, que ali estão à espera não só dos excrementos dos pássaros, mas também de ovos e mesmo filhotes. Já vimos embaixo de um ninhal espécies como piranhas (lógico), pacus, piaus, sauás, sardinhas, jacarés, sucuris e muita piraputanga mesmo. Na pesca com o spiner, é só dar o lance e puxar com o molinete ou carretilha, pois o spiner faz todo o trabalho para atrair o peixe. A velocidade do recolhimento o próprio pescador é quem determina, mas a dica principal é que a colher do spiner rode continuadamente em torno de seu eixo. 

Spinner de um anzol

Apesar de continuamente dizermos que na pesca com isca artificial não é preciso nada além da isca e da linha, na pesca de peixes predadores aconselharíamos o uso de um pequeno empate aço/nylon, munido de um girador e um snap (grampo) para a eventual troca da isca. Esse empate deve ter no máximo trinta centímetros e de resistência entre 15 e 20 libras. É uma segurança a mais, pois a piraputanga costuma estar em companhia de outros predadores que costumam cortar, se fisgados, a nossa linha. Só nos resta dizer que em uma pescaria no Pantanal, ali estamos para nos divertir, na eterna luta do peixe com o pescador.  Pela esportividade, a piraputanga deve ser colocada como uma espécie das mais esportivas. E esta, sem dúvida, é a melhor época para testarmos nossa perícia e a esportividade desse pequeno peixe que atinge no máximo um quilo e meio, mas nem por isso deixa de brigar e saltar como nenhuma outra espécie do Pantanal. A propósito, a carne da piraputanga é de sabor todo especial, apesar das várias espinhas. Para se saborear o peixe e sanar o problema das espinhas, após escama-la, dê talhos em todo o seu corpo, que atravessem a carne até a espinha central, em espaços de aproximadamente um centímetro. Dê preferência por frita-la inteira e descubra um dos melhores peixes do Pantanal em sabor, principalmente como tira gosto, acompanhando nosso aperitivo preferido.



Revista Aruanã Ed:28 publicada em 06/1992

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

ESPECIAL - UTOPIAS POLÍTICAS








Stop Logs


Recentemente tivemos em Iguape, uma visita a Barragem , pelos ilustres políticos Marcio França atual governador de São Paulo e candidato a reeleição e seu filho Caio França deputado Federal e candidato também a reeleição, ambos do PSB – Partido Socialista Brasileiro. Visivelmente política, essa visita gerou esta crítica, que antes de seja um monólogo, gostaria que fosse um diálogo, abrindo espaço para suas respostas, no mesmo tamanho e no mesmo local, já que para mim, é mais uma utopia praticada por candidatos a véspera de eleição. Vejamos


Tudo era uma festa na ocasião

                                                           Esclarecimento


Utopia é a ideia de civilização ideal, fantástica, imaginária. É um sistema ou plano que parece irrealizável, é uma fantasia, um devaneio, uma ilusão, um sonho. Do grego “ou+topos” que significa “lugar que não existe”.
No sentido geral, o termo é usado para denominar construções imaginárias de sociedades perfeitas, de acordo com os princípios filosóficos de seus idealizadores. No sentido mais limitado, significa toda doutrina social que aspira a uma transformação da ordem social existente, de acordo com os interesses de determinados grupos ou classes sociais.
Utopia foi um país imaginário, criação de Thomas Morus, escritor inglês (1480-1535), onde um governo, organizado da melhor maneira, proporciona ótimas condições de vida a um povo equilibrado e feliz. Fonte Net

                                                  
A "turma" toda e os inevitáveis discursos
                                            Objetivos para a construção da barragem
A barragem foi construída com os objetivos de: 

a) evitar a descarga contínua de água do Ribeira de Iguape para proteção ambiental do Mar Pequeno; 

b) interligar a rodovia SP-222, onde a travessia era feita por balsa; 
c) evitar a erosão contínua das margens. 
Com o barramento, porém, começaram a ocorrer inundações em áreas ocupadas por agricultura e áreas urbanas, dada a incapacidade de drenagem do leito antigo do Ribeira de Iguape, por este estar assoreado devido ao longo período de permanência com vazão, que passou a veicular preferencialmente (estima-se cerca de 60% do total) pelo Valo Grande. 

Como solução para atender de forma conciliadora os conflitantes interesses de, por um lado, à necessidade de mitigar os impactos das cheias à montante da obra e, de outro, possibilitar a proteção ambiental da região do Mar Pequeno, à jusante, o DAEE contratou, em 1980, estudos para melhor avaliação dos impactos socioeconômicos e ambientais devidos à obra. 

Dentre as diversas alternativas estudadas, foi aprovada pelo CEEIGUAPE (Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape) a que contempla a implantação de mecanismo de controle de vazão, de tal forma que as águas sejam barradas durante as estiagens, para proteção ambiental à jusante, e maximizada a capacidade de drenagem, para diminuir os problemas advindos das cheias à montante. 

Local: Iguape/ canal artificial Valo Grande
Quantas comportas: 18
Vertedouro: controlado por comporta
Eclusa para pequenas embarcações (dimensões da câmara da eclusa: 5x15m) 
Vazão regularizadora: capacidade máxima de vazão: 1.600 m3/s
Quando foi construída: Barragem (1977/78); Vertedouro (1990/1992) Fonte DAEE
                                                 
A Barragem de Iguape 05/2017
  O prefeito (na época) Décio Ventura, da Ilha Comprida, agradeceu ao deputado Samuel Moreira e ao governador José Serra pela obra. “Dentre todas as obras que você conquistou para a região, eu não tenho dúvida que a construção das comportas do Valo Grande é a de maior impacto porque permitirá vermos de novo o Mar Pequeno como era e fará a diferença para a região de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia”, afirmou.

                                           A Luz do Direito

Em Agosto de 2011, a Juíza de Direito Fernanda Alves da Rocha Branco de Oliva Politi, da 2ª Vara Judicial de Iguape, determinou que a barragem do Valo Grande fosse concluída, o canal limpo e drenado e definitivamente fechado, com a esperança de que os peixes e mariscos voltem ao Mar Pequeno, e que o Porto de Iguape volte a ser um importante entreposto agrícola. Só o tempo dirá se a determinação será cumprida. Texto de Frederico Landre. (NR: não obedecida)

O que passa pela barragem vem para as praias de Ilha Comprida

Os aguapés são plantas aquáticas da família das Pontederiaceae e seu nome científico é Eichomia crassipes. São também conhecidos pelos nomes vulgares como jacinto d’água, gigoga, mururé, camalote, rainha-dos-lagos, etc.Quando em abundância como é nosso caso, impede a proliferação de algas responsáveis pela oxigenação da água, causando a morte dos organismos aquáticos. A solução/fórmula para exterminar essa “praga” de aguapés, sem prejudicar ainda mais o meio ambiente, é simples e rápida. Se a barragem for fechada, a água salgada voltará a circular com mais intensidade no Mar Pequeno e, qualquer leigo poderá constatar que o aguapé não resiste à água salgada. E que não venham os ambientalistas ou defensores de “causas perdidas”, dizendo que se a barragem for fechada, rio acima vamos ter novamente grandes enchentes. Para esses, convido a fazerem uma visita a Praia do Leste e verificarem in loco o quanto a junção do rio Ribeira do Iguape com o Mar Pequeno, mudou a foz desses dois cursos d’água, chegando mesmo a mais de um quilômetro de largura desde margem sul da Juréia até a margem norte da Ilha Comprida. (NR: Recentemente, mesmo com a barragem aberta, houve inundações em Registro e Eldorado)

A parte de concreto que fecha a passagem das águas
 
Uma pergunta que pode ser respondida por quem de direito: qual a utilidade atual do Valo Grande? E que fique bem claro a afirmação de que “é obrigação de qualquer político, seja dos poderes Executivo ou Legislativo, e em qualquer esfera municipal, estadual e federal, trabalhar, pois para isso foram eleitos, pelo bem estar, segurança e qualidade de vida da população”.


Os trilhos de aço por onde "passaria" o guindaste
Quantas obras, em se tratando deste país, foram prometidas e não cumpridas por nossos representantes nas diferentes esferas do poder legislativo/executivo? Podemos contá-las as dezenas? Ou seriam centenas? Podemos chegar a milhares? Uma coisa é certa: estão presentes em todos os estados do Brasil. A Barragem de Iguape é apenas mais uma delas. 


O guindaste que instalou os trilhos
                                         
                              NINGUÉM ESTÁ ACIMA DA LEI? 
                    
No último (13/08/2017) o juiz da 2ª Vara de Iguape, Filipe Mascarenhas Tavares, julgou procedentes os pedidos do Ministério Público para condenar o Estado de São Paulo a realizar – em até 180 dias – o fechamento definitivo e em tempo integral da barragem do Valo Grande, no Complexo Estuarino Lagunar de Iguape-CananéiaA decisão levou em conta os danos ambientais causados ao local, considerado o terceiro maior criadouro de animais aquáticos do mundo.
 De acordo com a sentença, a administração pública deverá ainda controlar e retirar a vegetação exótica acumulada no Complexo, que domina a área de mangue e impede o desenvolvimento da vegetação típica natural, além de tomar providências para a despoluição e descontaminação ambiental, com a devida compensação dos danos irrecuperáveis.
Por fim, o Estado foi condenado ao pagamento de indenização por danos morais difusos pelos impactos ambientais ocorridos na região – o valor será apurado em liquidação de sentença. De acordo com a sentença, a administração pública deverá ainda controlar e retirar a vegetação exótica acumulada no Complexo, que domina a área de mangue e impede o desenvolvimento da vegetação típica natural, além de tomar providências para a despoluição e descontaminação ambiental, com a devida compensação dos danos irrecuperáveis. Por fim, o Estado foi condenado ao pagamento de indenização por danos morais difusos pelos impactos ambientais ocorridos na região – o valor será apurado em liquidação de sentença.
        A discussão em torno do Complexo busca solucionar os impactos ambientais pelo desvio do rio Ribeira de Iguape. O que se discute é a manutenção do canal aberto, da forma como se encontra atualmente, o que causa impactos nos manguezais e outros ecossistemas ambientais, como erosão de margem, assoreamento do porto de Iguape, deterioração e desequilíbrio da fauna e flora marítima da região lagunar do Mar Pequeno. A região onde se localiza o Estuário tem um grande potencial turístico e sua economia gira em torno da pesca artesanal e de subsistência, daí a importância de se garantir um meio ambiente preservado.
Processo nº 0002225-57.2011.8.26.0244  -   Comunicação Social TJSP –  imprensatj@tjsp.jus.br(NR: Decisão não cumprida)
Esta é a herança da barragem às praias de Ilha Comprida                                                                                                               

NINGUÉM ESTÁ ACIMA DA LEI?????

Finalmente Deputado Caio França, caso seja de interesse de V.Excia e do sr. seu pai S.Excia Governador do Estado de São Paulo Márcio França, coloco-me à sua inteira disposição para outras informações aqui não citadas. Permita-me apenas uma informação: em nosso estado, os pescadores amadores somam mais de 4 milhões de adeptos, conforme pesquisa particular, que no entanto apesar disso, podemos provar. Os números são muito maiores como o senhor deve saber. E todos nós, estamos completamente desamparados, já que não existe nenhuma lei de fato, que nos reconheça e proteja. Quanto a sua promessa, prometo que voto no senhor e em seu pai, já que sou, modéstia à parte, razoavelmente conhecido nesse segmento e poderia angariar um “pouco” mais de voto ao sr. e seu pai, se a barragem for fechada antes da eleição. Fraterno abraço. Antonio Lopes da Silva                                                                                                               

             UM EXEMPLO DE UTOPIA, ESTA  DO DEP. SAMUEL PEREIRA

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

EQUIPAMENTO - O BARCO DE PESCA













Há muito anos o alumínio naval está sendo utilizado para a fabricação de barcos para a pesca. Hoje, nossas embarcações podem e devem ser consideradas como as melhores para essa atividade. Neste artigo nós mostramos ao leitor tudo sobre seu barco de alumínio.


A chata Aruanã da Levefort

O alumínio naval utilizado nas embarcações é fornecido ao fabricante de barcos em chapas de várias dimensões, variando ainda a espessura, de acordo com o tamanho, finalidade e capacidade da embarcação. A parir de um projeto de engenharia naval, a embarcação reúne todas as características para a segurança do pescador em rios, lagos, ou mar. Após a entrada das chapas de alumínio no processo de fabricação, elas serão cortadas já nas medidas futuras do tipo de barco a ser construído. Algumas outras são dobradas por prensas especiais para serem acopladas às já cortadas. A essa altura já se percebe o “esqueleto do barco” começando a tomar forma. Aplica-se então as chapas que serão o fundo da embarcação, costado, assentos e popa, somadas a várias outras peças que formam o barco. Nas juntas do alumínio é colocada então uma massa e só depois os rebites são colocados pneumaticamente conforme a necessidade para a total segurança da embarcação. Já com o formato definitivo, o próximo passo é verificar em tanques especiais a estrutura e vedação do barco. 

Subindo corredeiras

Quando há um novo projeto, o protótipo é exaustivamente testado em diversas condições de navegação, com motores de potência variada. Os novos modelos, só após passarem por esses testes, entram em processo de fabricação em linha. Com certeza o modelo usado por você, desde que fabricado por empresas idôneas, passou por todos esses testes. Voltando ao nosso barco de linha, após estar montado e testado, vai para a seção de pintura onde é utilizada linha automobilística mantendo assim as características físicas do alumínio naval. As cores obedecerão aos padrões de cada modelo. Após essa fase, o barco receberá então os estrados e outras peças de acabamento, estando pronto para a entrega ao consumidor. Quando um conjunto de operações se completa, cada barco recebe o certificado de garantia de 5 anos, a partir da data de emissão de nota fiscal do revendedor autorizado. Só elas estão estruturadas para dar total garantia. De posse da nota fiscal e da licença de construção naval (fornecida pelo fabricante), o barco de alumínio recebe uma placa de identificação fixada normalmente na proa da embarcação. 

Barco com formato em bico da Metalglass

Com esses dois documentos, o proprietário deverá ir então à Marinha do Brasil e na capitania ou agência da Marinha responsável pela área de sua residência para registrar a embarcação, recebendo então uma espécie de certificado de propriedade, que dará permissão para a navegação em águas brasileiras. O passo seguinte é a identificação do barco. Escolhido o nome para ele, este deverá ser pintado em letras visíveis de tamanho regular e dos dois lados da proa. Deverá ainda constar logo após os nomes a classe à qual pertence à embarcação. Na parte detrás da popa deve haver o número de inscrição da embarcação e o nome da cidade onde o barco está registrado. Pronto. Seu barco de alumínio, que agora você conhece muito melhor, está pronto para lhe proporcionar as maiores alegrias e satisfações. Um lembrete: não se esqueça de que para pilotar qualquer tipo de embarcação, você deverá estar habilitado pela Marinha do Brasil. É a chamada “carta de arrais”. Lembre-se, qualquer embarcação deverá ter salva-vidas para todos os ocupantes. Usar salva-vidas é uma questão de inteligência e segurança, e não usa-los como assento. Boa pescaria.
NOTA DA REDAÇÃO:Queremos agradecer à Levefort e à Metalglass, cujas informações tornaram possível a realização dessa matéria. São duas marcas usadas e aprovadas pela Aruanã.

Revista Aruanã Ed:26 Publicada em 02/1996