Todos os animais que se alimentam de peixes,
sem exceção, engolem as peças pela cabeça. Para o pescador, esse procedimento
dá ótimas dicas. Confira.
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Cascudo
A razão principal para que a regra de engolir peixes pela
cabeça seja seguida à risca por todas as espécies de predadores resume-se em
alguns fatos bastante simples, mas de vital importância, já que assim
procedendo, o predador conseguirá se livrar de certos “imprevistos” que pode
lhe custar a vida. Ou seja: ferrões, espinhos, barbilhões, escamas e outros
detalhes anatômicos um tanto indigestos que são comuns à maioria dos peixes,
sejam eles de água doce ou do mar. No simples ato de observar uma ave ictiófaga
em ação, por exemplo, veremos que sua preocupação maior consiste em primeiro
pegar o peixe com o bico e prepara-lo de forma que, na hora engoli-lo, tenha
condições de faze-lo pela cabeça da presa, evitando assim que haja qualquer
atrito em sua garganta: assim procedem todas as espécies terrestres que se
alimentam de peixes.
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Mandi
No caso de peixes predadores – apesar de na maioria das vezes
esse ato não ser presenciado pelo pescador – não há diferença alguma, já que os
predadores também procedem da mesma maneira que as aves para evitar possíveis
problemas. Por várias vezes (é raro, mas não impossível) encontramos espécies
de peixes, aliás grandes peixes mortos sem causa aparente, a boiar tanto em água
doce como no mar. Se nos preocuparmos em olhar esses peixes, vamos perceber que
muitas vezes o óbito se deu por estarem com peixes entalados na garganta, sendo
que os ferrões da espécie engolida são responsáveis por mais de 90% dessas
mortes. Ora, para um pescador amador consciente, a natureza está dando uma
excelente dica a ser observada quando for iscar seu anzol com isca natural.
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A maneira correta de iscar iscas vivas ou mortas
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No entanto, esse ato envolve outras preocupações, pois as
iscas naturais dividem-se em duas categorias: iscas vivas e iscas mortas. Ao
usarmos uma isca natural morta, devemos começar o ato de fisgar com a entrada
com a entrada da ponta do anzol sempre pelo rabo da isca, terminando com essa
ponta saindo pela cabeça (veja ilustração). No caso de isca viva, além da
preocupação de fazer com que o anzol fique na cabeça da mesma, devemos ter o
cuidado de não mata-la para que ela não perca os movimentos naturais, pois
ficará mais atrativa ao predador. Então teremos, no caso de utilizarmos
pequenos peixes vivos, o cuidado de fisga-los pela boca ou pelo dorso, e jamais
pelo rabo, pois desse modo tiraríamos seu movimento natural, já que ele se
utiliza principalmente da cauda para nadar.
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Siri
Um outro exemplo bem característico se dá com o camarão e o
pitu, iscas excelentes para a pesca do robalo e outras espécies. No caso desses
crustáceos em especial, a maneira certa de isca-los será sempre na região da
cabeça, e mesmo assim, no lugar certo. Em tempo algum iscaremos o camarão pelas
costas, pois a vida dessa isca será mínima, já que estaremos rompendo seu
intestino. Também não poderemos isca-los pelo rabo, pois dele se utiliza o
camarão para nadar. Além do mais, mesmo que o camarão fique vivo e sem
movimento, e ainda assim provoque o ataque de um peixe, lembre-se de que esse
ataque se dará pela cabeça, ou quase. Explico: todo predador que ataca um
camarão o fará de modo que ao engoli-lo, a isca entre em sua garganta dobrada e
pelo meio.
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Bagre
O predador age assim porque o camarão e o pitu têm ferrões
poderosos na cabeça, além de placas no corpo e na cauda que pode ferir sua
garganta. Existem ainda outros exemplos e outras iscas, como siris e
caranguejos. Neste caso, deveremos sempre fisga-los pela parte traseira de seu
corpo, ou seja, entre as duas ultimas patas. Desse modo eles permanecerão vivos,
e o predador irá encontrar o anzol muito mais rápido. Aliás no caso de siris e
caranguejos essa observação poderá ser feita e comprovada a qualquer hora.
Experimente pegar um desses animais na areia pela frente e veja como ele irá
defender-se, mostrando ao atacante primeiro suas garras, que são sua defesa. Lá
embaixo, no fundo das águas, quando vão ser atacados pelos peixes, eles guardam
a mesma posição.
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Aves ictiófagas cabeças secas
Por experiência própria podemos afirmar que os peixes, após
terem essas iscas na boca, arrumam-nas de modo que ao engoli-las, as mesmas
entrem de lado e com as garras “fechadas”. Como se vê, com algum raciocínio
poderemos melhorar e muito nossas pescarias no que se refere à maneira de
iscarmos nossa isca natural. Um outro ponto a salientar é que não é necessário
ter a preocupação de esconder a ponta do anzol. Tal prática, além de inútil,
poderá fazer-nos perder a fisgada. Quer uma prova? Pois bem, a maioria dos
pescadores que têm a preocupação de esconder a ponta do anzol “para que o peixe
não desconfie” e, esquece do “cabo”, ou se preferirem, haste do anzol, que é
muito maior do que a ponta e acaba ficando sempre aparente.
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Abotoado ou armau
Isso para não falar de chicotes ou empates de aço. Vamos
agora falar de iscas artificiais. Como as iscas vivas, as artificiais também
serão atacadas sempre pela cabeça, ou seja, fisgaremos os peixes predadores nas
garatéias, principalmente quando estivermos usando iscas que “trabalham”, ou
seja, aquelas que ficam se mexendo na superfície. No entanto, muitas vezes
acontece de fisgarmos peixes justamente na ultima garatéia, ou seja, a do rabo
da isca. Tal fato é facilmente explicável, pois ocorre na maioria das vezes
quando o pescador está corricando de barco ou então recolhendo a isca após o trabalho.
E mais, iscas que fisgam pela garatéia do rabo, em 99% das vezes, serão modelos
providas de barbelas. Aí está portanto mais uma boa dica para o pescador amador
testar e aproveitar em sua próxima pescaria.
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Revista Aruanã Ed:47 Publicada em 10/1995
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