domingo, 15 de setembro de 2019

ILHA COMPRIDA - UMA MENTIRA VERDADEIRA??




Foto 01 – Olhando com mais cuidado esse folheto de publicidade, os peixes embarcados seriam uma piapara e um dourado? Na foto à direita não dá para ver qual peixe é.


Pode até parecer coisa do destino e até mau olhado, se é que isso existe, mas Ilha Comprida sofreu muito até se tornar um município independente. Foram anos e anos de luta inúteis e sem qualquer resultado prático. É isso que nós contamos nesta postagem que, no final acaba muito bem, por ironia do destino que lhe estava reservado. 

Foto 02 - O imposto para construir a ponte: inicio de cobrança: 30 de junho de 1986.

Pode até parecer coisa do destino e até mau olhado, se é que isso existe, mas Ilha Comprida sofreu muito até se tornar um município independente. Foram anos e anos de luta inúteis e sem qualquer resultado prático. É isso que nós contamos nesta postagem que, no final acaba muito bem, por ironia do destino que lhe estava reservado.
“Há cinco mil anos, quando se separou do continente, a Ilha Comprida, no litoral sul paulista, não era assim tão extensa, media cerca de 18 quilômetros. Como todas as demais porções de terra no Planeta, ela também sofreu alterações e hoje tem mais de 74 quilômetros de comprimento. (Net – Ambiente Brasil)”

Foto 03 – Começando a construção da ponte.

"O processo de ocupação da Ilha Comprida começou na década de 80, com a saturação da Baixada Santista – Santos, São Vicente, Itanhaem, Guarujá, Praia Grande, Bertioga. Na época a ilha pertencia ao município de Iguape, que a loteou toda para venda (Tese de Mestrado do geógrafo Wendel Henrique - Net)."
A partir destas publicações encontradas na Internet, começamos então nossa postagem com fatos que conseguimos apurar após o trabalho junto a antigo moradores que nos forneceram documentos que vamos publicando em seu teor. 

Foto 04 – O prefeito de Iguape Plínio, tenta justificar a cobrança do “imposto”.

Aqui na Ilha Comprida existe uma citação de que a Ilha – usada por muitos moradores -, sempre foi a “galinha dos ovos de ouro, e isso de pronto se percebe na frase de que Iguape a loteou para venda”. Nada demais essa colocação, já que a Ilha era apenas um bairro ou distrito da cidade mãe/Iguape. O consumo desses espaços foi como uma corrida ao ouro, e nem sempre - por pessoas/empresas que os vendiam – eram, digamos, a real condição e situação/localização dos lotes vendidos. Era muito comum ouvir frases de que alguns lotes, só seriam visíveis quando a maré vazava, e mesmo assim a determinar em qual onda da praia ele se localizava. 

Foto 05 – Mais uma vez o Prefeito de Iguape Plínio, “mata a cobra e mostra o pau”.

Conforme publicação (foto 09) eram vendidos principalmente pela empresa G2 Empreendimentos Godoy Ltda. com o Creci nº11.532 com sua sede em São Paulo – Capital. Existia ainda um cidadão, de relativa importância pessoal na cidade, que pegava seu carro e ia direto para São Paulo parando nas portas de fábricas, oferecendo lotes na Ilha Comprida a preço muito bons e confirmava de que iria ser o negócio de futuro. Muitos compravam assim, confiando no “honesto vendedor”. Esses eram aqueles que o seu lote comprado ficava visível somente após a maré baixar. Esse tipo de negociação deu má fama aos terrenos que aqui se vendia na época. 

Foto 06 – A última folha do carne: 15 de janeiro de 1992. Cinco anos pagando.

Atualmente ainda existem lotes que foram comprados, que tem proprietários e que ainda recebem carnês para pagamento dos impostos devidos pela Prefeitura da Ilha Comprida. A maioria os ignora, mas ainda de vez em quando aparecem nas Imobiliárias locais, alguns desses proprietários querendo saber ou localizar “seus lotes”, sendo então informados das condições deles e aconselhados, por alguns, a fazerem “dação” dos mesmos à Prefeitura. Percebe-se claramente que nas informações dos “corretores de então que, aqui seria o paraíso da pesca e o maior criadouro natural de peixes e camarões e mais, que seu terreno estaria localizado junto ao mar”. (foto 10). 

Foto 07 – Não dá para ver claramente se é uma maquete ou a ponte sendo construída.

Mais uma prova desses argumentos de venda podemos observar na foto 01, onde nos parece salvo engano, que os peixes seriam um dourado (Salminus maxillosus) e uma piapara (Leporinus elongatus) peixes estes somente encontrados em água doce. Olhando com mais cuidado, vamos ainda perceber, na foto do dourado, fica visível uma pequena corredeira atrás do barco. Talvez os corretores fossem bons vendedores, mas com certeza eram maus pescadores. No entanto, muitos compradores vieram e tomaram posse de seus imóveis, com compromisso de compra e venda registrados em Cartório construíram suas casas e passaram a morar na Ilha Comprida. É sobre estes que vamos comentar.

Foto 08 – Aqui o prefeito de Iguape Ariovaldo Trigo Teixeira apela “melosamente aos contribuintes”.

Para se locomoverem para o continente, eram obrigados a usar o serviço de balsa, que o governo estadual disponibilizou aos moradores. Essas balsas chegavam há demorar várias horas até que pudessem embarcar. Começaram então as primeiras conversas de um sonho em construir uma ponte, o que tornaria esse trajeto muito mais seguro e rápido. Com o início das obras de construção, quem usava o serviço de balsas conseguia ver um esqueleto de uma ponte feita até a metade. Ficou parada essa obra por mais de 16 anos e, por vários motivos tais como, embargos de meio ambiente, ações judiciais por falta de pagamento, etc.

Foto 09 – G2 Empreendimentos Godoy Ltda. , apela e muito para vender os “lotes”.

E o sonho começou a se tornar realidade, mas, com um detalhe bem simples: os moradores de Ilha Comprida teriam que pagar um imposto, feito em carnês, cobrados do ano de 1986 até 1992, conforme pode ser observado pelas fotos 02 e 06, de autoria da Prefeitura de Iguape, a título de contribuição de melhoria. Somente os moradores da Ilha Comprida é que tinham que pagar tal imposto. Os moradores de Iguape não, mesmo sabendo que, com a construção iriam usa-la à vontade: mero detalhe! Nesta parte da matéria somos obrigados a pedir ao leitor para verificar as fotos 04 – 05 de autoria do Prefeito Plínio Roberto Costa (já falecido) – e a 06, onde o Prefeito Ariovaldo Trigo Teixeira, faz um apelo aos moradores para que não deixem de pagar o tal imposto. 

Foto 10 - E tome propaganda mentirosa. Em vendas vale tudo?

Chega a emocionar os mais duros corações, tal apelo. E a ponte foi finalmente construída e inaugurada no ano 2000 com o detalhe de que foi criado um pedágio em Iguape em 1999, com leis dos prefeitos de Iguape e de Ilha Comprida, cujas primeiras cobranças foram totalmente destinadas ao pagamento da Construtora Tardelli S/A da dívida de Iguape. Esse pedágio vigorou até 2014, quando foi então extinto.
Depois de tantas incertezas, pagamentos, mandados judiciais e etc, finalmente Ilha Comprida teria sua ponte, sendo usada por todos os que aqui nos visitam. Há que se dizer ainda de que em 5 de março de 1992, data que marca a fundação da cidade, Ilha Comprida tornava-se independente e livre de continuar a ser apenas um bairro/distrito de Iguape. 

Foto 11 - Uma maquete da ponte feita pelo então prefeito Laércio Ribeiro (falecido em acidente no mar).

Porém os problemas não acabariam por aqui, já que mais uma obra seria inaugurada pelo Governador – na época – José Serra e chamada como a “obra do século” por alguns. Um desastre ambiental, que talvez demore sim um século para ser terminada e cumprir de fato, a justificativa de sua criação.  Mais outra notícia, não mais do que de repente, mostra que a Ilha Comprida é mesmo a galinha dos ovos de ouro, mas agora em benefício próprio e exclusivo:
A existência de petróleo na camada pré-sal em todo o campo que viria a ser conhecido como pré-sal foi anunciada e posteriormente confirmado pela Petrobras em fins de 2006. Em 2008 a Petrobras confirmou a descoberta de óleo leve na camada sub-sal e extraiu pela primeira vez petróleo do pré-sal. Os royalties de petróleo são os valores em dinheiro pagos pelas empresas produtoras aos governos para ter direito à exploração. SALVE ILHA COMPRIDA E SEUS 74 KMS DE EXTENSÃO DE SUAS PRAIAS. (que recebe esses “petro dólares”).

Um agradecimento em especial a Luiz Massalli que tinha em seu acervo pessoal, todos os documentos aqui mostrados. Muito obrigado.


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