Uma mistura de águas
entre a Corrente do Brasil e a Corrente das Malvinas está distribuída por toda
a costa brasileira. Por esse motivo, são várias as espécies que estão à
disposição do pescador amador, e a melhor maneira de pesca-las é corricando no
mar.
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Varas na
espera
“A pesca de corrico no mar não tem segredo nenhum”. Quem
assim pensa está redondamente enganado. Simples a princípio, pois é “só” largar
a isca para trás e vir puxando com o barco que o peixe pega. Mas os fatos
demonstram que na prática a teoria é outra. Se assim não fosse, como explicar
que muita gente sai para pescar nessa modalidade e volta sem nenhum peixe?
Vamos começar pela análise do barco. Este pode ter qualquer tamanho e isso não
tem importância, guardada a proporção que se terá que percorrer mar adentro. Um
bom barco para corricar terá que ter obrigatoriamente alguns equipamentos que
auxiliarão no resultado da pescaria. Assim sendo, podemos citar o sonar, que
nos indicará profundidade, parceis e tudo o mais que estiver sob a superfície
do mar; dois out-riggers, que nos
auxiliam para separar melhor os equipamentos quando corricamos com várias
iscas; um ou dois down-riggers, que
levarão nossas iscas a profundidade maiores; um ou dois teasers, para vir corricando logo após a popa
do barco (com seu barulho característico, “chamam” e atraem várias espécies de
peixes); varas fortes e carretilhas de bom tamanho, pois o trabalho é árduo;
iscas artificiais de vários tamanhos e cores; um bom bicheiro, já que às vezes
grandes exemplares são fisgados, e a principal dica: acertar na velocidade do
barco.
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Iscas usadas
(dilaceradas)
Quando nos referimos à velocidade, queremos dizer que ela
pode se situar entre 4 a 12 nós para esta modalidade, variando conforme a
espécie pretendida e a isca usada. Um nó equivale a uma milha marítima, ou 1853
m. Por exemplo: quando se corrica com as tradicionais lulas e o alvo são os
grandes marlins, uma boa velocidade será entre 9 a 12 nós, ou seja, cerca de 22
km/h. Já com o uso das Rapalas, o negócio é ir variando entre 4 a 8 nós. Isto
porque as iscas com barbelas precisam “nadar”, e neste caso a velocidade será
sempre menor. Ainda com referência às iscas de barbela e à sua velocidade, leve
em conta ventos, mar agitado e movimento das marés, já que esses itens terão
influência para determinar a velocidade certa. A melhor dica é deixar a isca de
barbela próxima ao barco e observar se a mesma está trabalhando corretamente.
Uma outra dica também importante para esse tipo de isca é verificar
constantemente a ponta da vara, pois uma isca trabalhando corretamente fará com
que a ponta da vara fique tremendo quando estivermos corricando. No caso de
lulas artificiais, esse efeito é visual, pois o trabalho dessa isca é vir
surfando e vez por outra dar saltos na água, simulando um pequeno peixe nadando
na espuma do barco.
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Olhete
Um outro ponto muito importante é a distância entre isca e
barco. No caso de lulas, essa distância deverá variar entre 20 a 50 m. No caso
de iscas com barbelas, a distância é menor, entre 15 a 40 m. O certo mesmo é
manter uma distância diferenciada entre uma isca e a outra para cada vara que
esteja corricando. As iscas de barbela também devem ter cores variadas. Aqui
uma dica: o segundo peixe que fisgar na mesma isca de uma determinada cor nos
indicará, naquele momento, qual será a melhor cor, que poderá mudar durante a
mesma pescaria. Por isso que afirmamos que só após o segundo peixe fisgado na
mesma isca é que poderemos ter certeza. Se de repente houver uma “paradeira”
total e não houver mais fisgadas, volte a testar a variedade de cores e vamos
esperar novamente o segundo peixe. As melhores cores de iscas serão a preta,
azul, verde, vermelha, amarela e as brancas de cabeça vermelha. Nas lulas,
temos tido sucesso com as vermelhas e suas variações, como também nas amarelas
ou azuis. No que se refere à bitola de linhas, dependendo da região e dos
peixes, aconselhamos entre 20 a 50 libras (mais ou menos entre 0.45 a 0.80 mm),
não esquecendo que quanto mais grossa for a linha, mais para a tona ela trará a
isca.
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“Lulas”
Outro detalhe não menos importante é o que se refere aos
empates ou líderes antes das iscas artificiais. Dependendo da grossura do
líder, ele também trará a isca para cima. No que se refere aos snaps
(alfinetes), estes devem ser fortes e resistentes e têm a seu favor a
facilidade que proporcionam para a operação de troca de iscas. Outro ponto que
deve ser citado e que se reflete diretamente no resultado da pescaria é a
temperatura da água. Nesta época do ano podemos dividir essas temperaturas de
acordo com a região. Assim sendo, teremos no sul e sudeste do país uma variação
entre 14 e 22 graus centígrados. Já no norte e nordeste, esta variação fica
entre 23 e 28 graus. Com certeza, pescar nessas temperaturas com o equipamento
e a velocidades certos, é sinal de pescaria farta. Pronto – poderíamos dizer
“ufa” – estamos preparados enfim para uma pescaria de corrico no mar, e a época
é esta. Sabendo de todas essas dicas, fica fácil dizer que “pescar de corrico
no mar não tem segredo nenhum”. Agora não tem mais. Boa pescaria.
NOTA DA REDAÇÃO: O corrico no mar pode ser praticado o ano
inteiro. Porém um detalhe a mais devemos acrescentar: para os peixes de bico e
na “água azul” a melhor época ainda será entre os meses de outubro até março, já
que nessa época, é quando a chamada água azul, mais se aproxima da costa. No
resto do ano, a partir da região sudeste e sul, ela fica muito longe do litoral
desses estados.
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Revista
Aruanã Ed: 35 Publicada em 08/1993
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